Brazilian Stock Market Report

Relatório do Mercado de Ações Brasileiro

07/2/1998

Fernando Eduardo G. Pinto Ferreira
PLACAS DO PARANÁ S.A.


ECONOMIA BRASILEIRA EM 1998

DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Após um final de ano conturbado em função da crise que se abateu sobre o sudeste asiático e ameaçou contaminar outras regiões do planeta - inclusive a América Latina - as atenções em 1998 deixarão de se concentrar apenas nas variáveis políticas e macroeconômicas brasileiras, atingindo um amplo cenário global, com atenção redobrada a fatores que antes eram apenas superficialmente monitorados, como a evolução da taxa de juro americana, das moedas dos principais países do mundo, o comportamento da Bolsa de Nova York, e a evolução da reestruturação econômica do Sudeste asiático. No Brasil, a agenda de 1998 estará centrada no âmbito político, devido às eleições de outubro. Do ponto de vista econômico, devemos continuar atentos ao ritmo de aprovação das reformas constitucionais, política cambial, trajetória de redução das taxas de juros, evolução dos déficits público e em conta-corrente, fluxo cambial, recomposição do nível de reservas internacionais, etc.

Este trabalho pretende apresentar um cenário para as principais variáveis que dominarão o cenário político-econômico para 1998. Para se chegar aos resultados obtidos neste estudo, quatro premissas básicas foram consideradas, de acordo com a seguinte ordem de importância:

1) Arrefecimento gradual da crise asiática, com retomada da oferta de liquidez internacional aos países emergentes;

2) Manutenção da atual política cambial;

3) Reeleição de FHC;

4) Manutenção do cronograma de privatização;



PROJEÇÕES MACROECONÔMICAS PARA 1998
1996
1997
1998
PIB
3,0%
3,6%
1,5%
DESEMPREGO (média ano-IBGE)
5,7%
5,9%
6,6%
DÉFICIT PÚBLICO OPERACIONAL
3,9%
3,0%
3,0%
DÉFICIT PÚBLICO NOMINAL
6,1%
4,7%
4,0%
EXPORTAÇÕES (US$ bi)
47,7
53,0
56,7
IMPORTAÇÕES (US$ bi)
53,3
61,5
60,1
BALANÇA COMERCIAL (US$ bi)
-5,5
-8,5
-3,4
BALANÇA DE SERVIÇOS (US$ bi)
-21,7
-27,5
-26,6
TRANSAÇÕES CORRENTES (US$ bi)
-24,3
-33,8
-27,4
TRANSAÇÕES CORRENTES (% PIB)
-3,2%
-4,2%
-3,5%
RESERVAS INTERNACIONAIS (US$ bi)
59,0
52,0
60,0
INFLAÇÃO (INPC / IBGE)
9,1%
4,0%
3,5%
INFLAÇÃO (IGP-M / FGV)
9,2%
7,7%
4,0%
JUROS NOMINAIS
27,0%
24,5%
25,0%
CÂMBIO
6,9%
7,4%
7,4%
JURO REAL (SOBRE O CÂMBIO)
18,8%
15,9%
16,2%


1) CENÁRIO POLÍTICO

De maneira geral, apesar das dificuldades políticas e econômicas, FHC sai da recente instabilidade mais fortalecido em suas pretensões quanto à reeleição. Pesquisas recentemente realizadas mostraram que o apoio da população ao governo e ao Plano Real pouco se alterou, mesmo após a adoção de medidas altamente impopulares, como o aumento das taxas de juros e a implantação do pacote fiscal, que incluiu aumento de impostos. Também a crise externa ajudou substancialmente o governo na implementação das urgentes reformas que pareciam estar sendo postergadas para um possível segundo mandato.

Neste momento, temos a impressão que novamente caminhamos para uma polarização ideológica entre as candidaturas de FHC e Lula. O candidato do PT deve utilizar como principal discurso de campanha o fraco desempenho econômico e o consequente aumento do desemprego em 98. Por outro lado, o governo tentará se beneficiar do consenso formado em torno da necessidade de manutenção da estabilidade, aliado ao alto grau de rejeição de Lula, à dificuldade de articulação dos partidos de esquerda em uma ampla frente de oposição, e à provável melhora da atividade econômica no segundo semestre. Estes fatores combinados transformam o presidente FHC no favorito das eleições de outubro.

Com relação às reformas constitucionais, no último trimestre houve um notável avanço, particularmente em função do temor de alastramento da crise asiática. Dessa forma, podemos imaginar como possíveis as aprovações ainda antes das eleições, das reformas administrativa e previdenciária. Já a reforma tributária, por ser mais polêmica e complexa, ficará para um eventual segundo mandato, com o governo aproveitando o ano para formatar a proposta final e iniciar o trabalho de conscientização da opinião pública e dos parlamentares.

Andamento das reformas constitucionais

Reforma

Estágio atual
Etapas a serem superadas
Previsão de término

Administrativa

CCJ do Senado
2 turnos no Senado

março/98

Previdenciária

CCJ da Câmara
2 turnos na Câmara

junho/98

Tributária
Formatação da proposta final

Todas

1999


2) ATIVIDADE ECONÔMICA

A atividade econômica deve sofrer sensivel redução nos primeiros meses do ano, em função do aumento das taxas de juros, da retração do nível de concessão de crédito por parte dos bancos, da maior dificuldade na obtenção de crédito externo, e da redução dos gastos do governo após o pacote fiscal de Novembro. Outro fator importante na determinação do nível de atividade nos próximos meses será a expectativa dos agentes econômicos. Desta forma, é possível que os resultados acima do previsto registrados pelo comércio no Natal possam contribuir para atenuar a queda do nível de atividade no primeiro trimestre.

O impacto das retração econômica será maior nos setores mais dependentes do crédito, como eletroeletrônico e automotivo. Já a agricultura deverá apresentar melhor performance, já que até o momento foi pouco impactada pelo fenômeno "El niño". Entre os setores mais beneficiados estão o de bens de capital e, principalmente, o de construção civil, pois em ano de eleições pode ser interessante para o governo estimular um setor que, além de empregar mão-de-obra intensiva, não gera pressão sobre as importações.

Todavia, a duração da retração econômica dependerá do comportamento das contas externas e da sua perspectiva de financiamento. Com a redução esperada dos juros, o nível de atividade deve começar a se recuperar já a partir do segundo trimestre.

Evolução anual da Taxa de crescimento do PIB
Ano
PIB Total
Agropecuária
Indústria
Serviços
1995
4,3%
5,1%
2,1%
6,1%
1996
3,0%
3,1%
2,5%
3,4%
1997 (*)
3,6%
5,3%
4,5%
2,2%
1998 (*)
1,5%
4,5%
2,0%
0,5%

(*) Projeções


3) DESEMPREGO

Em função do quadro acima descrito, haverá redução no nível de emprego da Economia. Esta redução, porém, dependerá da evolução da retomada do crescimento econômico (leia-se queda dos juros) e do tamanho da retração a ser observada no primeiro trimestre. Outro fator importante é a possibilidade de demissões no setor público, após a aprovação da reforma administrativa.

De qualquer forma, parecem um pouco exageradas as previsões recentemente realizadas de índices de desemprego (IBGE) em torno de 8% (alguns economistas chegaram a prever 10%), tendo em vista que representaria um aumento de 50% sobre o índice de novembro que foi de 5,35%, ou de 31% sobre o índice de junho, o maior de 97, que foi de 6,09%.




4) POLÍTICA FISCAL

O recente pacote fiscal, lançado pelo governo em outubro, com expectativas de ganhos da ordem de R$ 19,7 bilhões, devem fazer com que em 98 tenhamos o melhor resultado fiscal desde a implementação do Plano Real, mesmo considerando um forte aumento nas despesas com o financiamento da dívida pública, em função da elevação das taxas de juros. Este aumento, porém, não será suficiente para anular o ganho a ser obtido com as medidas de ajuste fiscal. Dessa forma, deverá ser mantida em 98 a tendência de redução do déficit público observada nos últimos anos, desde a implementação do Plano Real.

A médio/longo prazo (a partir de 99), o futuro das contas públicas dependerá de dois fatores básicos: 1) a aprovação das reformas administrativa e previdenciária, para reduzir os gastos do governo, e tributária/fiscal, para aumentar a arrecadação, através da otimização do sistema tributário via redução do nível de sonegação, e 2) manutenção no poder após as eleições, de lideranças no âmbito estadual e municipal comprometidas com o saneamento das contas públicas.
Vide os exemplos de São Paulo, Bahia e Ceará.



5) PRIVATIZAÇÕES

Em 98, a arrecadação do governo decorrente da privatização de empresas estatais baterá todos os recordes. Podemos estimar que a venda de empresas estatais, principalmente dos setores de telecomunicações, energia elétrica e bancário, gerem receitas próximas a R$30 bilhões aos cofres do governo. Mesmo com a recente queda dos preços das ações em função da crise asiática, podemos continuar otimistas com relação aos volumes a serem arrecadados e ao cumprimento do calendário de privatizações. Basta olhar para os leilões recentes (CPFL, Enersul, Cemat, Meridional) que perceberemos que os ágios sobre os preços mínimos foram tão elevados quanto nas privatizações anteriores à crise, mostrando que, os investidores continuam atraídos por investimentos de longo prazo no país, fazendo uma perfeita diferenciação entre o preço depreciado das ações e o valor real e potencial dos ativos que estão comprando.

A privatização também contribuirá para a manutenção da atual política cambial em 1998, uma vez que boa parte dos recursos arrecadados virá do exterior, ajudando a financiar o déficit em conta-corrente. Outro fator importante, será a utilização dos recursos arrecadados com a privatização para o abatimento do estoque da dívida pública. Se considerarmos uma arrecadação de R$ 30 bilhões (cerca de 4% do PIB), as receitas oriundas da privatização anularão o déficit público em 98, contribuindo para a manutenção da dívida líquida do setor público em um patamar razoável, próximo a 34% do PIB.

Expectativa de arrecadação com privatização em 1998

Esfera
Previsão de arrecadação

Setores
Principais empresas

Governo Federal

US$ 13,5 bilhões
Bancos, Energia, Telecomunicações, Ferrovias

Eletrosul, Telebrás (parte), Banespa

Governos Estaduais

US$ 16,5 bilhões

Bancos, Energia, Gás e Saneamento.

Eletropaulo, Cesp, Comgás e Sabesp

Total
US$ 30 bilhões


6) INFLAÇÃO

Novamente os índices de inflação voltaram a surpreender positivamente em 97, com os principais índices de preços ao consumidor fechando em torno de 4,5%, contra as previsões de cerca de 7% feitas no início do ano. Curiosamente, a queda só não foi maior devido à atuação do próprio governo, que aproveitou o ano para recompor os preços das tarifas públicas. Em 1997 houve também uma maior convergência entre os ítens que compõem a inflação. Os serviços que vinham apresentando as maiores elevações nos anos anteriores como saúde, aluguéis e despesas pessoais convergeram para níveis próximos aos da inflação média. Já o ítem vestuário, voltou a apresentar deflação pelo segundo ano consecutivo (-3,14% em 96 e -5,82% em 97, segundo a FIPE).

Em 98, a inflação continuará a convergir para os patamares dos países desenvolvidos, devendo se situar entre 3% e 4%. Já não existem mais os velhos temores do passado, como tarifas públicas defasadas, reindexação devido a aumentos salariais, e aumentos de preços em setores que não sofrem concorrência e tarifas públicas. Além disso, as recentes medidas tomadas pelo governo (aumento dos juros e pacote fiscal) devem contribuir ainda mais manter a inflação sob controle, através da retração econômica.





7) TAXAS DE JUROS

Uma dos aspectos determinantes do nível de atividade econômica em 98 é o ritmo de redução das taxas de juros a ser praticado nos primeiros meses de 1998. De maneira geral existe um certo consenso de que, até julho/agosto, as taxas deverão retornar ao patamar anterior ao da crise asiática. A questão principal é quão acentuada será a curva desta trajetória de queda.

Sem dúvida, o melhor cenário para uma redução rápida das taxas seria uma forte recuperação do fluxo de capitais, aliada a uma gradual acomodação na crise asiática, eliminando os riscos de contágio à outros países. Também devem ser levados em conta a política de juros a ser praticada pelo FED para os EUA, e o comportamento da bolsa de Nova York.

Porém, com exceção do fluxo cambial, que vem apresentando melhoras progressivas e surpreendentes, há ainda um forte conjunto de incertezas com relação às outras três variáveis, o que deve fazer com que o BC promova uma redução gradual das taxas.


8) CÂMBIO

Apesar da forte pressão a que foi submetida nos piores momentos da recente crise (principalmente entre a última semana de outubro e a primeira de novembro), não devemos esperar para 1998 uma mudança na política cambial, centrada nas desvalorizações mensais em torno de 0,6%.

Quem sabe, com uma maior tranquilização do cenário externo, o BC possa acelerar este nível de desvalorizações para 0,8% ou até mesmo 1%, reduzindo o tempo necessário para se corrigir uma eventual sobrevalorização do Real, e ao mesmo tempo recompondo um pouco o nível relativo do preço de nossa moeda, tornando nossos produtos mais competitivos no exterior. Porém, deve-se levar em consideração que uma eventual aceleração do atual ritmo de desvalorização cambial, combinado com a aceleração da queda nas taxas de juros reduziria o cupom cambial, afetando negativamente o fluxo de capitais.


9) BOLSAS

Desde o início da fase mais aguda da crise asiática (22 de outubro) as bolsas brasileiras apresentaram uma das piores perfirmances entre as principais bolsas do mundo, com altíssima volatilidade, aliada a fortes quedas nos preços. Porém, em dezembro, com o cenário começando a se normalizar, viu-se uma aceleração dos investidores no sentido de recompor suas carteiras, aproveitando-se do baixo preço das ações. Para 1998, a privatização dos setores elétrico e de telecomunicações, aliado a perspectiva de reeleição de FHC, à trajetória de redução das taxas de juros (quanto mais rápido cairem, melhor), e à aceleração do ritmo das reformas devem fazer com que o preço das ações retornem aos níveis pré-crise.

Obviamente, esta recuperação não se dará de forma homogênea. Novamente, as bolsas serão impulsionadas pelas ações de empresas estatais, notadamente dos setores de Telecomunicações e Energia elétrica. Ações de empresas do setor privado devem se tornar mais atrativas por volta do segundo semestre, com uma melhor percepção do ritmo de recuperação da atividade econômica.

Variação das principais bolsas do mundo em 1997




10) BALANÇA COMERCIAL

Em 97, as projeções inicialmente feitas sinalizavam um déficit na balança comercial entre US$ 10 e 12 bilhões, e, em alguns casos chegando a US$ 15 bilhões. Particularmente no final do ano percebemos uma melhora sensível no comportamento das importações e exportações.

Levando-se em conta o cenário de retração econômica que se delineia para 98, e considerando-se os coeficientes de elasticidade entre exportações, importações, crescimento do PIB e evolução da taxa de câmbio, podemos esperar um razoável crescimento das exportações, liderado principalmente pelos produtos manufaturados e semi-manufaturados, tendência que já se manifestava nos últimos meses de 1997. Pelo mesmo modelo, as importações apresentariam redução, principalmente nos bens de consumo e combustíveis. Isto deve ser suficiente para reduzir o déficit comercial de US$ 8,5 bilhões em 97, para US$ 3,4 bilhões em 98.

Do ponto de vista cambial, a despeito de a moeda brasileira apresentar alguma sobrevalorização, as recentes e fortes desvalorizações das moedas da Coréia, Indonésia, Malásia e Tailândia pouco deverão impactar na balança comercial brasileira, pois o nosso intercâmbio comercial com esses países é bastante reduzido, além de não competimos diretamente com eles por mercados significativos. Outros países asiáticos, como Taiwan, Cingapura, Hong Kong e China, muito mais importantes no nosso relacionamento externo, pouco desvalorizaram as suas moedas, sendo que os dois últimos continuam com taxas de câmbio fixas. De toda a forma, pela possibilidade de um maior impacto em nossa balança comercial, devemos acompanhar com muita atenção a trajetória do Iene Japonês, e das moedas européias.

Exportações

Em 97, as exportações de produtos manufaturados e semi-manufaturados foram beneficiadas pela desaceleração econômica a partir do terceiro trimestre, pela concessão de financiamentos a exportação e pela recuperação gradual do câmbio. Para 98, com a retração econômica, aliada às desvalorizações cambiais, à melhoria das condições de logística, à atuação financiadora do BNDES e do Banco do Brasil deverão contribuir para elevar as exportações em 7%, passando de US$ 53,6 bilhões em 97 para US$ 56,7 bilhões em 98.

Com relação aos produtos básicos, apesar do provável aumento na quantidade a ser exportada, não teremos uma receita de exportação crescendo na mesma ordem, uma vez que o preço de importantes commodities agrícolas brasileiras (principalmente soja e café) estão em queda. Desta forma, não repetiremos em 98 a excepcional performance dos produtos básicos em 97, quando registraram expansão superior a 20%.


Importações

As importações deverão atingir US$ 60,1 bilhões em 98, apresentando redução de 2,3% em relação a 97, em função da redução do ritmo de atividade econômica, aliado à entrada em vigor da elevação de 3% na Tarifa Externa Comum do Mercosul.

Se observarmos o comportamento das importações em 97, perceberemos que os Bens de capital lideraram a expansão das importações, o que deve se repetir este ano, em função da demanda criada pelos investimentos derivados das privatizações, mas não na mesma magnitude.

As importações de bens de consumo, que já vinham declinando sensivelmente nos últimos meses, serão particularmente atingidas pela retração da atividade econômica. Pelo mesmo motivo, não deveremos esperar

oscilações nos volumes de importações de matérias primas e produtos industrializados.

Com relação aos combustíveis e lubrificantes, o aumento da capacidade de produção interna (vide os recentes recordes obtidos pela Petrobrás na produção de petróleo), aliado a um arrefecimento da demanda devem contribuir para uma queda significativa nas importações.





11) TRANSAÇÕES CORRENTES

A melhora a ser observada na balança comercial, aliado à redução do volume de gastos com viagens ao exterior serão os principais fatores para a

redução do déficit em conta-corrente, que deverá cair de cerca de 4,2% em 97 para 3,5% em 98.

Como descrito no item anterior, a balança comercial deverá contribuir com uma redução de US$ 5,1 bilhões no déficit em conta-corrente. No que

tange à balança de serviços, somente o item viagens internacionais deve apresentar redução representativa, em função da retração econômica e da política de maior incentivo ao turismo nacional.

Porém, o déficit em conta-corrente continuará a ser um obstáculo para o governo no futuro, pois a melhora que veremos em 98 não deve se manter no longo prazo, pois ocorrerá em função do menor déficit comercial, que nos últimos anos tem respondido por apenas 25% do déficit total em conta-corrente. Ao contrário, o déficit da balança de serviços, que responde por 80% do déficit total em conta-corrente continuará a aumentar em função da expectativa de aumento dos gastos futuros com pagamentos de juros, remessas de lucros e dividendos, e menores gastos com transportes. Esta situação manterá o país dependente do fluxo de capital externo nos próximos, restando ao governo duas alternativas: tomar medidas que visem reverter o enorme déficit na balança de serviços, ou gerar superávits na balança comercial grandes o suficientes a ponto de neutralizar o déficit nos serviços, o que só seria possível mediante modificação na atual política cambial.





12) NECESSIDADES DE FINANCIAMENTO EXTERNO

Em 98, deveremos ter uma sensível melhora na necessidade de financiamento externo do Brasil, quando comparado a 97, ano em que se conjugaram um déficit em conta corrente de US$ 33,8 bilhões e um volume de amortização de dívida externa de US$ 23 bilhões, resultando em uma necessidade de ingresso estrangeiro da ordem de US$ 56,8 bilhões. Em 1998, teremos uma redução do déficit em conta-corrente (US$ 27,4 bilhões), conjugada a uma menor pressão de amortização de dívida (US$ 17 bilhões), gerando uma necessidade de captação total de US$ 44,4 bilhões.

De toda forma, mesmo com uma queda de US$ 12,4 bilhões ou 22%, as necessidades de financiamento externo continuam bastante elevadas. Todavia, haverá uma melhora no perfil do financiamento externo. Em 97, US$ 15 bilhões, ou 27% do total da nossa necessidade derivaram de investimentos diretos. Em função das privatizações, estes investimentos devem atingir US$ 19 bilhões em 98, o que corresponderá a 43% de nossa necessidade total de captação externa. Desta forma necessitaremos do ingresso de pouco mais de US$ 25 bilhões para manter estáveis nossas reservas cambiais, o que acontecerá sem maiores problemas, salvo alguma turbulência internacional grave, que afete a possibilidade de financiamento dos países emergentes.

Necessidades de financiamento externo em US$ bilhões





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