ANADJE L. DO PRADO (FLORÍSTICA E FISIONOMIA) -Mestre em Botânica/UFMT
ALBERTO PEREIRA FILIPALDI (Geologia) Geólogo /FEMA
BEGAIR PEREIRA FILIPALDI (Uso do Solo) Geógrafa/EMPAER
CLÁUDIA TASSO CALLIL (Biologia) Bióloga/FEMA
FRANCISCO B. FERREIRA (Geografia) Geólogo - Bolsista CNPq
JORGE BELFORT MATTOS JÚNIOR (História) Historiador/Especialização/História de Mato Grosso
JOSÉ GUILHERME AIRES LIMA Guia Ecológico/IBAMA
MARIA LÚCIA FRANCO PARDI(Arqueologia) Arqueóloga/SPHAN IBPC.
MAYNARA M. COTINHA DE OLIVEIRA Geógrafa/FEMA
NATILDE GARCIA DE QUEIROZ (Clima) Engenheira sanitarista/FEMA Especialização em Climatologia
RAQUEL QUADROS (Paleontologia) Dra. em Paleontologia/UFMT
RENATO BRUNO DOS SANTOS Tecnólogo em Administração de Empresas Rurais/FEMA
SUSAN HELENA DAMASCENO (Florística e Fisionomia) Engenheira Florestal/FEMA
SUZANA SCHISUCO HIOOKA (Espeleologia) Geóloga/FEMA
TERCIO SOARES BARRETO (Arqueologia) Arqueólogo/Fundação Cultural de mato Grosso
WANDA DE FÁTIMA MODESTO KOHLHASE ( Hidrografia) Engenheira Sanitarista/FEMA
Colaboradores:
ALBIMARCIA ESPINDOLA Bióloga/FEMA
JÚLIO CÉSAR DALPONTE Biólogo/FEMA
RENATO MARANHÃO Engenheiro Sanitarista/UFMT
MARLENE MIRANDA MUNDIN Geomorfóloga/UFMT
ESTAGIÁRIOS/UFMT:
André Luís de Almeida
Edoilde Souza Porto
Jerry Magno
Jucyellil Ribeiro Pereira
Marilene Gouveia de Oliveira
Rosângela M. T. Magalhães
Sandra Moreira Laet
DESENHO:
Edgar da Silva Rezende
Joilson Corrêa
COORDENADORES:
Edina Oliveira Fonseca Kátia Moser Borges de Oliveira Susan Helena Damasceno Suzana Schisuco Hirooka
ÍNDICE
- INTRODUÇÃO
- HISTÓRIA
- FAUNA
- PALEONTOLOGIA
- GEOLOGIA
- ARQUEOLOGIA
- FLORÍSTICA E FISIONOMIA
- GEOGRAFIA
- CRONOGRAMA E DIRETRIZES GERAIS DE USO
GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO DR. JAIME VERISSÍMO DE CAMPOS
SECRETÁRIO ESPECIAL DO MEIO AMBIENTE E PRESIDENTE FEMA DR. EUCÁRIO ANTUNES QUEIROZ
DIRETORIA TÉCNICA DR. JOAQUIM BIVA DE PAULA
COORDENADORIA DE ESTUDOS E TECNOLOGIA AMBIENTAL DR. EULINDO DE CAMPOS LOPES
SECRETARIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE
FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
" CARACTERIZAÇÃO E DIRETRIZES GERAIS DE USO DOS MONUMENTOS ECOLÓGICOS DA REGIÃO DE CHAPADA DOS GUIMARÃES - MT."
CUIABÁ-MT
A região de Chapada dos Guimarães desperta o interesse de pesquisadores e exalta turistas e curiosos. Hércules Florense, em 1827, já registrava estas sensações reservando comentários à Chapada como:
" Pela grande variedade das paisagens, não teria aqui um pintor em que exercitar o seu talento; ao geólogo também não faltaria assunto de interessantes indagações, pois nas formas abruptas do são Jerônimo e nas camadas das montanhas estão sem dúvida impressos os vestígios das resoluções que se estenderam por todo o centro da América ".
Estes sentimentos não se alteraram com o passar do tempo. Para tanto, Lúcio Costa, em 1979 descreve no Plano Diretor da Chapada dos Guimarães os seguintes comentários:
" Em certos momentos, a estrada muda de rumo e a pessoa se sente envolvida pela fantástica muralha recortada pelo vento, variado de cor entre o rosa e o roxo, além de todos os tons de terra e alguns cinza, e a escarpa cai a pique sobre o campo e as árvores do cerrado, de um verde novo, quase prateado. O penhasco, com seus avanços, recuos e contrafortes, cria um espaço natural inusitado, de incrível beleza e serena dignidade, que toma a pessoa de surpresa ". " ... trata-se de encontrar o modo de propiciar uma infra-estrutura de conforto sem subtrair do que existe o atrativo enorme de coisa nativa, passível de ser descoberta em seu estado original ... fazer muros, ou bancos ou pisos ou mirantes que se integrem à paisagem, ... trata-se de sugerir picadas para longas caminhadas a pé ou a cavalo".
Chapada ainda comporta um sítio espeleológico detentor de várias grutas de arenito, possuidoras de um ecossistema toda próprio e sensível a qualquer alteração do meio cavernícola ou do meio externo.
Nas rochas da Chapada estão registradas as marcas de animais que viveram há milhões de anos; esta evidência um ambiente marinho onde a maioria de seus animais foram preservados como fósseis. Após a passagem deste mar, um clima árido se instalou na Chapada, e nestas rochas são encontrados fósseis de grandes répteis, os dinossauros.
A passagem do homem pré-histórico nesta região está documentada através dos sítios arqueológicos; alguns com material lítico e/ou cerâmico. Ai são encontradas, também, várias pinturas e gravações rupestres que despertam a curiosidade e a imaginação de várias pessoas.
A diversidade das espécies, da flora e da fauna é grande. Na região encontram-se vegetações rupestres, veredas, matas, cerrados e campos, propiciando a sobrevivência de várias espécies animais, tais como: tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), tatu-canastra (Priodontes máximos), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), onça-parda (Felis concolor), veado-campeiro (Ozotoceros bezoaticus), etc.
A destruição crescente do ambiente natural por parte de turistas, garimpos e agropecuárias vem descaracterizando vários monumentos naturais e culturais da Chapada dos Guimarães. O acúmulo de resíduos sólidos, a depredação da fauna e da flora, a erosão e o solapamento do solo, as queimadas e o assoreamento dos rios constituem um problema agravante e que vem aumentando com bastante rapidez.
A SEMA/FEMA e o governo do Estado de Mato Grosso vêm desenvolvendo um convênio com a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste/Polonoroeste, o qual abrange vários projetos. Dentre esses está o projeto de caracterização e Diretrizes Gerais de Uso dos Monumentos Naturais e Culturais da região de Chapada dos Guimarães. Este relatório apresenta o resultado dos trabalhos desenvolvidos dentro do projeto supra-referido.
Este trabalho envolveu uma equipe multidisciplinar com o objetivo de identificar, caracterizar e elaborar diretrizes gerais de uso, principalmente turístico, dos principais monumentos naturais e culturais da Chapada dos Guimarães. Espera-se assim, que a atual ocupação da área seja mais bem ordenada, ocasionando um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e meio ambiente. Para tanto, espera-se que este projeto seja um instrumento para conciliar o imperativo econômico com a necessidade de se proteger e melhorar estes monumentos.
ANTECEDENTES E MARCO CONCEITUAL DO PROJETO
ANTECEDENTES:
Este projeto surgiu a partir das discussões e propostas do grupo de trabalho sobre a Chapada dos Guimarães desenvolvidas durante o I Seminário sobre uso e proteção dos monumentos ecológicos da bacia do Alto Paraguai, realizado pela Fundação do Meio Ambiente, no período de 7 a 08/04 de 1988, com recursos do Programa de Preservação do Pantanal Polonoroeste/Sudeco.
Durante o seminário, o grupo da Chapada dos Guimarães notou a necessidade de ordenar e disciplinar a atividade turística na região como medida a ser realizada a curto prazo (In: Ata do I Seminário sobre Uso e Proteção dos Monumentos Ecológicos da bacia do Alto Paraguai, FEMA/SEMA, MT. 1988). Foram mencionadas também várias questões referentes às atividades antrópicas impactantes na região, tais como as chácaras de lazer, atividades agropastoris, garimpo, etc., bem como a necessidade de se inventariar, cadastrar as expressões ambientais para subsidiar os estudos sobre uso e manejo, incluindo nestas expressões, cachoeiras, nascentes, cavernas, sítios arqueológicos e paleontológicos, entre outros.
O documento ,porém, foi mais enfático na questão do turismo e sua conciliação com a conservação ambiental. Neste sentido, o grupo chegou a apresentar e aprovar uma proposta para a realização de um seminário específico sobre o turismo e meio ambiente, que seria realizado a partir de propostas, levantamentos e posições concretas de várias entidades tais como a FEMA, EMBRATUR, Conselhos Municipais de Meio Ambiente e Sociedade Civil.
O seminário teria por objetivo propor diretrizes básicas de um plano diretor turístico. Desse modo, surgiu a idéia da realização deste projeto, cujo objetivo maior foi estudar o uso turístico atual de áreas especificas da Chapada dos Guimarães, fazendo um diagnóstico dos impactos negativos ao meio ambiente provocados por essa atividade e, ao mesmo tempo propor alternativas de uso compatível com a conservação ambiental.
O diagnóstico e as alternativas foram subsidiados por levantamentos no campo , executados por profissionais de diversas áreas (história, geografia, arqueologia, paleontologia, engenharia sanitária, geologia, biologia, etc), mantendo , dessa forma, o nível de objetividade necessário em trabalhos dessa natureza e uma abrangência tal que possa englobar os múltiplos aspectos que a região oferece.
MARCO CONCEITUAL
O trabalho se fundamentou no conceito de " monumento ecológico" e foi desenvolvido analisando-se principalmente, a sua interação com a atividade turística.
O conceito foi apresentado no seminário pela Dra. Maria José de Araújo Lima, coordenadora técnica do evento, que definiu monumentos ecológicos como " formações que se destacam dentre de um ambiente como beleza cênica, com base cultural e científica onde a interação entre seus elementos formadores é traduzida em alto grau de especificidade e singularidade " (Op. Cit.Pág. 05). Disse também que " os elementos deste conceito encontram-se dispersos na literatura sobre ecologia de paisagem, conservadorismo e ecologia humana e que ainda é de pouco domínio".
Na prática, o conceito serviu para dar embasamento aos critérios de seleção das microáreas de interesse para o trabalho e o seu conjunto definiu a região onde estes monumentos estavam inseridos. A sua aplicação, no entanto, mostrou que, alguns casos, se tornou muito abrangente e genérico, capaz de abrigar uma infinidade de áreas, o que causaria uma dispersão do trabalho. A solução encontrada foi considerar apenas os monumentos que estavam sofrendo algum tipo de uso que poderia ameaçar sua integridade.
Desse modo, identificamos o turismo, a agropecuária e o garimpo com as atividades que mais têm ameaçado a integridade dos monumentos e a partir dessa definição foi possível selecionar um número mais reduzido e com maior objetividade.
ÁREA DE ATUAÇÃO
A região em estudo é o conjunto de micro áreas denominadas de monumentos, localizados nos municípios de Cuiabá e Chapada dos Guimarães (mapa em anexo).
Os monumentos foram selecionados considerando-se o valor cênico, científico e a descaracterização que vem sofrendo, principalmente pelo turismo.
O Parque Nacional de Chapada dos Guimarães engloba sete dos monumentos, sendo que os outros não estão enquadrados em nenhum tipo de unidade de conservação.
O último monumento do extremo leste da região em estudo é a área da gruta Aroe-Jari, que está localizada a mais ou menos 50 Km da sede do município de Chapada dos Guimarães. É uma das áreas em estudo de maior fragilidade e que vem sofrendo grande pressão agrícola.
O morro do Cambambe é o monumento do limite norte Parque Nacional da Chapada dos Guimarães e o morro de São Jerônimo é o limite do extremo sul.
OBJETIVO
O projeto visa, de imediato, traçar diretrizes gerais de uso para alguns monumentos previamente selecionados, possibilitando assim um maior ordenamento nas áreas que possuem maior impacto. O objetivo principal é a conservação do ambiente natural, traçando recomendações para o uso mais compatível, possibilitando assim a sua preservação.
Dentre os objetivos específicos, podem ser citados os seguinte: 1 - nomear áreas que comportem o livre fluxo do turista, o fluxo moderado e o inacessível, com base em:
- beleza cênica
- valores culturais
- valores científicos
- fragilidade do ambiente 2 - conter os processos degradatórios através de:
- trilhas
- muretas
- áreas reservadas a acampamento
3 - Disciplinar o uso e a ação depredatória através de:
- fiscalização
- programas de educação ambiental O objetivo a longo prazo é promover o ordenamento das atividades turísticas, conciliando essa atividade econômica com conservação ambiental.
JORGE BELFORT MATTOS JÚNIOR (História) Historiador/Especialização/História de Mato Grosso
OCUPAÇÃO HUMANA DE CHAPADA DOS GUIMARÃES
A região que hoje é denominada Chapada dos Guimarães, possuiu intensa movimentação, desde os tempos mais remotos quando a região era dominada apenas pelos sul-americanos nativos, que nos deixaram muitas inscrições e desenhos rupestres em diferentes pontos da Chapada. Posteriormente equipes espanholas de reconhecimento mapearam a região, estabelecendo inclusive, algumas estradas e caminhos que seriam reabertos pelos colonizadores portugueses oitenta anos depois.
Após a chegada dos bandeirante paulistas, Chapada conheceu um novo dominador de suas terras que, atraído pelo ameno clima e a fertilidade de seus úmidos vales aliados a salubridade da região, se instalou, produzindo alimentos para a região mineradora que dominava a região de Cuiabá até Diamantino, expandindo este comércio até as colônias espanholas.
No primeiro momento de 1779 a 1751, os comerciantes detentores da burocracia colonial em mato Grosso dominaram todos os canais de circulação e pontos estratégicos.
Num segundo momento 1751 ao final do séc. XVIII, já vemos uma corte preocupada num primeiro instante com a concorrência da mão-de-obra indígenas com a negra, criando inclusive, uma redução em Chapada para catequizar índios, construindo a primeira igreja onde é chamada de Aldeia Velha, com telhado de palha. Em 1759, o marquês de Pombal expulsou os jesuítas vindo os padres seculares substituí-los. Embora não interessasse tanto à corte portuguesa a instalação de fazendas em áreas de garimpo, muitas sesmarias foram doadas incrementando a produção. Em 1779, o Juiz de fora José Carlos Pereira, promoveu a construção de Igreja matriz fortalecendo o núcleo produtor que revertia sua produção a Cuiabá e a zona de garimpo.
A partir da construção da Igreja Santana, a população de garimpeiros e colonos concentrou-se no entorno da Igreja. Muitas fazendas instalaram-se na região caracterizando-se como uma região importante para o abastecimento urbano de gêneros de subsistência. A instalação destas fazendas aconteceu num momento em que a corte portuguesas não estimulava essa atividade em área de mineração para poder trocar o minério pelos produtos trazidos pelas moções. Durante o período de escassez de minérios o que sustentou a região foram estas fazendas, responsáveis pela alimentação básica dos colonos.
Em Chapada instalaram-se diversas fazendas nesta época com a produção de cana-de-açúcar, mandioca, carne seca, café para pequeno consumo e frutas da época. A mão-de-obra era a escrava negra e a do assalariado em funções de comando. As fazendas coloniais de que temos notícia são:
Buriti/Monjolinho - 1720
Glória - 1763
Lagoinha - 1784
Ribeirão de Jardim - 1785
Abrilongo
Engenho
Ribeirão Costa
Jamacá
Capão do Boi
São Romão
Santa Eulália
Laranjal
Capão Seco
O meio de transporte mais comum eram os caminhos tropeiros que ligavam a Cuiabá. Existia também o " caminho de terra para Goiás" , que foi aberto em 1737, num momento em que os índios Paiaguás ocupavam o caminho via Paraguai, no qual trouxeram o primeiro gado vacum para a região. Com o desenvolvimento de Chapada na época imperial com a produção de alimentos, o comércio fronteiras no sentido oeste, obtendo em troca de gêneros alimentícios e gado, a preciosa prata espanhola, isto escondido dos olhos oficiais, pois este comércio era considerado contrabando.
Após a abolição da escravidão Chapada vai mergulhar numa profunda recessão pois a produção era essencialmente feita pela mão-de-obra negra. A população havia diminuído bastante em virtude da peste da varíola que foi trazida pelos que voltaram da guerra do Paraguai, enfraquecendo ainda mais a produção local. Os grandes proprietários descapitalizados com a abolição, estavam desanimados, mas há notícia de que os primeiros anos do séc. XX ainda existiam negros cativos trabalhando para patrões que faziam questões de ignorar a Lei Áurea. Na década de trinta e início da de quarenta, chegou à Chapada a missão de saúde Franciscana que organizou melhor a comunidade, criando um posto de saúde que mais tarde transformou-se no Hospital Santo Antônio e a Escola São José administrada pelas irmãs franciscanas. Desde 1923 existia a Escola Evangélica de Buriti, que em 1913, quando estava bastante abandonada pelos "Siqueiras", ex-proprietários, foi comprada pela missão evangélica interessada em instalar no Brasil Central uma obra para disseminar o seu pensamento religioso. Na primeira do séc. XX, a região desenvolveu-se nas áreas do garimpo; surgiu o distrito diamantífero de Água Fria que se notabilizou pela produção em seus primeiros anos e pela instalação de cabarés muito famosos na época. Mas houve um período de interrupção de alguns anos de estrada que ligava a Cuiabá, sendo feito o trajeto apenas pelos caminhos tropeiros. Após a década de sessenta, o município, que na época era o maior do mundo com suas fronteiras chegando ao Estado do Pará e dividindo-se com São Félix do Araguaia, começou a ser mais ocupado. Na década de setenta começaram a se desenvolver núcleos de colonização com Alta Floresta, Colider, Sinop, Nova Brasilândia, Paranatinga e outras.
O cultivo do arroz começou a ser mecanizado e a pecuária intensificou-se mais. Com a construção e pavimentação de estrada Cuiabá - Chapada, o turismo começou a ser mais intensificado sendo encomendado um " Plano Diretor de Turismo para Chapada dos Guimarães", que foi feito pelos competentes arquitetos Maria Elisa Costa e Lúcio Costa, que definiram um zoneamento turístico para Chapada dos Guimarães, mas do que, infelizmente, quase nada pôde ser cumprido.
É necessário a implantação de uma política ambientalista em Chapada; um primeiro passo foi feito - o Parque nacional de Chapada dos Guimarães mas ficou muito aquém das áreas que devem ser preservadas tanto por sua natureza como pela cultura, que correm riscos de total descaracterização.
Um turismo direcionado para a preservação é o grande trunfo de Mato Grosso, pois é cada vez mais rara no mundo a paisagem natural, e quando aliado à preservação histórica toma um caráter cultural de grande importância, pois o turista conhecerá um pouco da história local e a população vai valorizar cada vez mais o seu passado e ajudar a preservar um pouco mais o nosso planeta.
O tombamento do patrimônio ecocultural pela SPHAN é urgente, pois somente assim poderemos preservar um pouco da cultura mato-grossense.
CASA DE PEDRA
A casa de Pedra é uma formação muito característica, pois sempre abrigou espécimes animais e naturalmente tem muita história. Os sinais mais antigos foram descaracterizados; existem citações de escravos e visitantes que lá se abrigaram durante noites ou friagens. Para evitar sua total descaracterização são necessárias algumas normas de conduta para os eventuais freqüentadores: delimitação da área, onde os carros possam vir a ter acesso; lixeira; e proibição de riscar, sujar e depredar a área.
TAPERA DO CAPÃO SECO
A tapera pertencia a Antônio Eloy Paixão, que possuía um comércio de gêneros alimentícios produzidos na região e comerciava também alguns produtos industrializados. Seu Antônio Eloy tinha uma tropa de animais e freqüentemente descia para Cuiabá para vender a farinha de mandioca produzida em Chapada. No início da década de sessenta a terra vendida e a casa abandonada, vindo a ruir alguns anos depois; a área foi subdividida e novas construções foram erguidas distante uns mil metros a sudeste.
CAVERNA AROE-JARI
A região em torno da caverna Aroe-Jari está praticamente preservada apesar da ocupação mecanizada e extensiva e com possibilidade de uso de agrotóxicos e defensivos a cerca de oito km de caverna. Uma fazenda na baixada Cuiabana e aos demais limites ser ocupação visível do ponto mais alto da região.
ADJACÊNCIAS DO MORRO DE SÃO JERÔNIMO
Esta região de excepcional beleza cênica está relativamente preservada. Há criação extensiva de gado, vestígios de uma antiga construção, formações rochosas modeladas ao evento - " uma Pedra Chapéu de Sol ou Cogumelo de Pedra" - e as casas da fazenda.
Existe um caminho que desce a serra, o " Quebra-Gamela", devido a ser íngreme, mas muito usado no trajeto para Cuiabá e Coxipó do Ouro. Na serra abaixo um garimpo devasta uma grande porção de terra.
CACHOEIRA DO VÉU DA NOIVA
É de incrível beleza cênica, tanta que impressionou Dom Aquino Corrêa, que quando lá esteve escreveu um poema intitulado " Véu de Noiva "; originando o nome da cachoeira. Já foi alvo de muitos cinegrafistas, artistas e fotógrafos, pesquisadores e turistas, que caminham pela beira do paredão até o rio, e os mais dispostos descem até o lago que forma, onde cai a água.
O turismo desordenado causa acúmulo de lixo e até risco para as pessoas que descem a trilha, ao atirarem pedras lá de cima.
VALE DO JAMACÁ - CAPÃO DE BOI
No Jamacá existe uma ocupação intensiva chácaras de lazer e algumas fazendas nas áreas superiores. A atividade é a pecuária, além da agricultura de subsistência. A vegetação primária na cabeceira está ameaçada bem como mais abaixo, antes da confluência com o Capão de Boi, onde a capoeira já está bem reformada.
A ocupação original foi em 1892, como atesta a carta de Sesmaria; a partir desta data, o vale foi sendo subdividido, e imigrantes alemães instalaram-se na década de 1920 até que o INCRA subdividiu a área em 25 a 46 ha. Já foi subdividida em áreas de até dois ha, sendo transformada em área urbana, com aspectos de chácaras de lazer.
MATA FRIA
A Mata Fria era uma região conhecida como Portão do Céu, pois a estrada antiga passava sobre uma ponte toda protegida com muro de arrimo de canga, atualmente uma curva na estrada sem Guard-rail; já ocasionou vários acidentes graves, tornando a parte baixa do aterro da curva um cemitério de automóveis e cruzes. O aterro descaracterizou totalmente o vale, mas a vegetação já cresceu bastante, tornando uma bela região para caminhada. Existe na parte mais alta que margeia a rodovia uma erosão acentuada no antigo leito da estrada velha. Um quilômetro acima da Mata Fria, temos formações de arenito sugestivas e curiosas.
Seria interessante disciplinar o uso turístico para evitar perigo e depredação.
CAPÃO DA RUÇA
A região é marcada pela existência de uma mata seca de topo (uma das últimas da região), uma área de campo utilizada para pasto onde recentemente foram instaladas as salas de aulas e alojamentos da clínica.
Existem o sítio Alto do Céu de Fernando Almeida, de Cuiabá, que faz divisa com a base do radar e com o aviador - Pouso da Águia, para onde só há acesso de avião, instalado em um degrau da cuesta onde está o campo de pouso, o hangar, a casa e uma mata na beira do paredão, instalada na década de 70.
A "Irmã Scheila" faz divisa com as propriedades de Fernando Almeida e José Luiz, que atinge até o vale do Capão da Ruça. Lá existe uma antiga tapera onde se plantavam milho arroz e feijão e por onde freqüentemente os tropeiros passavam.
CACHOEIRA PRAINHA
É uma região onde as cachoeiras se multiplicam e temos dois acessos mais usados, uma pela própria cachoeira em plano inclinado na pedra e outro alto do morro da margem direita que segue pela mata descendo até a praia.
CACHOEIRA DAS ANDORINHAS
A ocupação do entorno da cachoeira não chega a descaracterizar a região, exceto pela enorme construção no plano á esquerda feita pelos presbiterianos; diversas trilhas entrecruzam-se. Existem acesso à cachoeira Independência, ao morro em frete (morro do "Romano") que dá acesso ao morro do Gavião.
A subida à margem direita dá acesso ao estacionamento. Seguindo o córrego há inúmeros poços, cachoeiras e lagoas excelentes para um banho. As trilhas podem ser melhoradas principalmente nas veredas, pois o uso intenso causa erosão; encontram-se muitos cacos de vidro na areia da cachoeiras, trazidos por turistas inescrupulosos, que põem em risco outros usuários. as descidas também precisam de obras de contenção, como instalação de degraus de pedra com corrimão de cordas presas em palanques enterrados nas veredas; serão necessários seixos largos, de forma que possibilitem o trânsito sem afundar o pé na areia fofa e úmida, e placas indicando as direções.
CACHOEIRA DO DEGRAU
A região é de uma natureza exuberante, com uma sucessão de lugares aprazíveis e cada curva ou desvio do rio Sete de Setembro. No entanto ,está se modificando pelo uso intensivo e desordenado, com freqüentes desmates por inexperientes campistas. A trilha já apresenta sinais de desgaste, provocando uma erosão, e muito lixo se acumula ao redor.
No passado, a região já foi alvo de garimpagem, que há muitos anos não é praticada.
CACHOEIRA INDEPENDÊNCIA
A região dessa cachoeira já foi área de garimpo, mas atualmente o Turismo domina o fluxo humano. A vegetação está bem conservada e a presença do homem é marcada pela existência de alguns seixos de concreto rolados pela águas e lixo dos visitantes.
Seria interessante se a trilha fosse consolidada com a colocação de pedras em locais íngremes, pois além de dificultar um pouco o acesso, evitaria o desbarrancamento e a utilização de outras trilha não adequada. Nas próprias árvores poderiam ser fixados corrimãos; pedras de arenito seriam colocadas semi-enterradas e os corrimãos amarrados.
CACHOEIRA DO SONRISAL
A área está descaracterizada na região de acampamentos, com diversas pedras para servir de apoio nas fogueiras.
CACHOEIRA DO PULO
A humanização da paisagem é mínima, exceto pelos que eventualmente rolam pela cachoeira ou são deixados por turistas inconseqüentes. Durante as fortes chuvas, as correntes de água chegam a modificar o banco de areia e as folhas no fundo, no lugar do "pulo".
A trilha de acesso poderia ser consolidada e um corrimão rústico de madeira poderia ser apoiado nas árvores.
MONJOLO DOS PADRES
Foi um monjolo que os Franciscanos instalaram na década de 1940 para fabricar farinha, abastecendo, assim a cidade de Chapada. O produto era disputado no mercado com a fama até em Cuiabá.
Depois de desativado, o local agora é utilizado para moradia, com horta e pequenas criações.
FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE - " F E M A " Diretoria de Estudos e Planejamento Ambiental Departamento de Estudos para Conservação
CLAUDIA TASSO CALIL Outubro/89 CUIABÁ MT.
A elaboração deste relatório, contou com a colaboração de JÚLIO DALPONTE ( Biologia-FEMA), ROSÂNGELA E JERRY (estagiários da UFMT).
"INTRODUÇÃO
Em Chapada dos Guimarães, a situação natural presente, é o resultado de uma interação de fatores, sendo que o " status " da fauna, depende de atributos geomorfológicos, climáticos, hídricos, edafológicos e vegetacionais.
A ocupação desordenada feita por atividades agropastoris e mesmo a crescente visitação turística, estão modificando drasticamente os habitats naturais e provocando um declínio acentuado da diversidade biológica.
De acordo com os diferentes ambientes que caracterizam a paisagem das árvores estudadas, bem como a composição florística e arranjamento espacial das espécies vegetais, propicia que se estabeleça uma fauna ainda rica e variada; isto se dá porque a mobilidade da fauna permite um deslocamento entre os diferentes ecossistemas onde estejam disponíveis as condições básicas para sua sobrevivência, principalmente aquelas referentes à satisfação das necessidades alimentares e reprodutivas. No entanto, os gradientes vegetacionais observados na região, do campo limpo ao cerradão, incluindo cordões de mata ciliar, vegetais e paredões rochosos, apresentam também, uma fauna que lhe são próprias, das quais as espécies podem ser apresentar mais ou menos dependentes. Isto torna Chapada dos Guimarães, um ambiente singular, onde o campo de estudo de bioecologia representa um fascínio aos pesquisadores e curiosos.
Já no final do século passado, J. A. Allen publicou uma série de trabalhos " The birds of Chapada" (1891, 1892 e 1893),baseado principalmente na coerção feita por Herbert H. Smith anteriormente.
No período de 1983 e 1985, durante o projeto de pesquisa ecológica na região do POLONOROESTE, foram feitas várias viagens de reconhecimento e caracterização sob a área de influência da BR 364, onde diversas instituições efetuaram levantamentos faunísticos na região de Chapada dos Guimarães.
Listas parciais de aves e mamíferos que ocorrem na região de Chapada dos Guimarães encontram-se em preparação por DALPONTE FRIEDLANDER & YAMASHITA.
No entanto, muitos esforços ainda devem ser empregados para que se possa obter um melhor conhecimento do imenso potencial Faunístico que habita esta região, e como se mostra, é de fundamental importância que somente em condições ecológicas, com a aplicação de técnicas de ocupação racional adequada à cada tipo característico de ambiente será possível entender o significado evolutivo e adaptativo da fauna silvestre e do ambiente que lhe dá suporte.
METODOLOGIA
A equipe de fauna visitou 13 dos 23 pontos denominados como " Monumentos Ecológicos" entre eles: Córrego dos Médicos, Cachoeiras do Córrego Independência, Casa de Pedra, Atmã, Buriti, Monjolo dos Padres, Salgadeira, Aricá-Açu, Refúgio de Fauna, Aroê-Jari, Cambambe, Jamacá.
Devido ao curto tempo de permanência em cada um destes pontos, foi necessário adotar uma metodologia adequada e que fosse a mais eficiente possível para obter informações sobre a fauna de cada um dos pontos. Foi elaborado um questionário para ser aplicado aos moradores residentes nas proximidades dos locais a serem caracterizados, com a finalidade de levantar o máximo de informações possíveis.
Adotou-se como metodologia formas diretas e indiretas de observações feitas pela equipe. Para isso, foram traçados transectos aleatórios que procuraram cobrir a maior parte possível das áreas em estudo, seguindo as mais diversas direções. Durante o percurso, a avifauna foi observada e identificada " in loco " segundo FRISH (1981) e DUNNING (1882). Para mamíferos as observações tornaram-se mais difíceis, uma vez que a maioria deles possuem hábitos discretos, tendo atividades crepusculares e noturnos, no entanto, os rastros, pegadas e fezes podem fornecer uma identificação muitas vezes até mesmo a nível de espécie. Para auxiliar a identificação dos mamíferos em campo utilizou-se um guia de pegadas BECKER & DALPONTE (no prelo).
Após os trabalhos efetuados em campo, iniciou-se a etapa procedente em gabinete que consistiu basicamente na organização dos dados obtidos onde juntamente com o levantamento bibliográfico específico, foram elaboradas as tabelas quais contém informações sobre a fauna de Chapada dos Guimarães, agrupadas por monumentos ecológicos (áreas especificamente caracterizadas) e também por influências fitosionomicas.
RESULTADOS
Os resultados gerais estão apresentados nas tabelas subsequentes, onde as espécies observadas são descritas por Monumentos Ecológicos e tipos de ambientes, nestes, sendo consideradas as características fitofisionômicas de cada área visitada, acompanhado assim, o levantamento florístico executado por outra equipe, neste mesmo projeto.
Pode-se observar, de um modo geral, que a diversidade de animais se encontra diretamente ligada com a diversidade de ambientes que existe em cada localidade estudada, e pela ação antrópica que as determinadas áreas vem sofrendo.
Muitas espécies existentes na região da Chapada dos Guimarães estão ameaçadas, inclusive, são citadas nos apêndices do CITES, que restringe e até mesmo proíbe a comercialização e limita o tráfico de peles e animais vivos. Entre estes animais, podemos começar, cintando o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) que ocupa os cerrados onde contém áreas com elevadas concentrações de cupins; certamente, as populações encontram-se em decadência, pois apesar de terem hábitos noturnos, raramente são observados no ambiente de forma direta, mas com comprovação de sua ocorrência, pois seus rastos geralmente são visualizados. Outro animal da classe Edentata, ameaçado de extinção, é o tatu-canastra (Priodontes maximus), que habita áreas florestadas e de mata ciliar, sua presença não é comprovada de forma direta mas há indícios de ocorrência ao sul de Chapada dos Guimarães em direção às florestas de transição na morraria de São Vicente.
O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), apesar de ter a população aparentemente maior que a do tamanduá-bandeira, é um animal de difícil visualização, mas de ocorrência comprovada em áreas de significativa importância, tal como a fazenda Buriti. É um animal considerado de topo de cadeia alimentar, necessitando de extensas áreas de cerrado para a alimentação, e mata de galeria para abrigar-se durante o dia, uma vez que possuem hábitos predominantemente crepusculares e noturnos. Raríssima de ser observada, a lontra (Luta Longicaldis) é muito exigente em relação ao seu habitat, não tolerando muitos distúrbios ambientais. Sua ocorrência poderá ser comprovada na região das cabeceiras do rio Aricá-Açu.
Certamente, os grandes felinos, são os animais que mais vem sofrendo com ação antrópica, seja pela ocupação indevida das áreas de preferência destes animais, ou pela atividade de caça que cada vez mais ameaça às devidas populações. A onça parda (Felis concolor) e a pintada (Pantera onça) possuem populações pequenas, seriamente ameaçadas de extinção, ocorrendo em áreas ainda intocadas, protegidas, contendo matas de galeria. A jaguatirica ( Felis pardalis), de hábito predominantemente noturno, encontra-se em vias de desaparecimento; muitas peles de pequenos gatos também vem sendo encontradas, como o mourisco (Felis yaguarundi), de hábitos diurnos, o maracajá (Felis weidii) de hábitos noturnos, demonstrando que sofrem uma pressão significativa de caça.
Ainda em vias de desaparecimento, em Chapada dos Guimarães, está o veado campeiro, (Ozotecerus bezoaticus) que, vivendo em áreas de cerrado aberto e veredas, são ativamente caçados com o auxílio de cães.
Quando a avifauna, não há quem não fique extasiado quando, apreciando a cachoeira Véu de Noiva, um dos pontos turísticos mais procurados em Chapada dos Guimarães, ou ainda nas bordas dos paredões e até mesmo sobrevoando os céus da pequena cidade, um casal de araras vermelhas (Ara clorotera) passa vocalizando sob nossas cabeças.
Estas aves apesar de utilizarem frestas que são praticamente inacessíveis a predadores nas encostas dos paredões, para fazerem suas posturas, provavelmente utilizam as florestas para obterem alimentos. Para uma melhor preservação desta espécie, devem ser efetuados estudos para definir o local de forrageamento e uma racionalização quanto ao processo de ocupação das matas. Outras aves de significativa importância, encontradas na região que abrange os "monumentos ecológicos" propostos para serem caracterizados neste projeto: são o gavião-real (Harpia harpyjia), o Mutum (Crapias fasciolata), a jacutinga (pipili) e o gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus).
Os principais representantes do grupo de Répteis existentes na Chapada dos Guimarães, são apresentados na Tabela 4. Como não foram feitos levantamentos específicos para répteis, as informações obtidas baseou-se em referências bibliográficas e comunicações pessoais.
Quanto a ictiofauna, levantamentos efetuados através do projeto de Pesquisa ecológica na região do POLONOROESTE, efetuados por MACHADO, principalmente nas cabeceiras do Rio Claro e Mutuca. Foi observado uma espécie nova de Leporinus dentre as coletadas e também, uma ocorrência difícil de explicar do gênero, Pseudo cetopsis, pertencente à família cetopsidal.
O B S: TABELA 6 - MEDIDAS PRIORITÁRIAS
FAUNA
CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA NA CHAPADA DOS GUIMARÃES
No tocante do contexto da análise faunística, tornou-se inviável um levantamento fidedígno, já que esta área de pesquisa diferencia-se das demais pelo fato destes espécimes possuírem grande deslocamentos. Para uma avaliação faunística dentro do projeto " caracterização e diretrizes gerais de uso dos monumentos ecológicos da região de Chapada dos Guimarães -MT", seriam necessário no mínimo dois anos de observação para uma conclusão aceitável no meio científico.
Diante destes fatos, tornou-se mais coerente uma revisão, Bibliográfica, de onde através de trabalhos de pesquisa na área e em áreas próximas foi possível compilar informações a respeito da fauna local.
Corroborando estes dados estão as informações dos moradores e freqüentadores locais.
FAUNA DA CHAPADA DOS GUIMARÃES
A fauna da região da Chapada dos Guimarães constitui-se de elementos provenientes da região Amazônica e das áreas abertas que cercam, os cerrados. Essa região é um dos refúgios pleistôcenicos do Brasil segundo Hafer 1967, tendo por isso, importante valor zoogeográfico.
A fauna invertebrada (que compõe bem mais de 90% das espécies animais) tem uma grande tendência de acompanhar os vegetais, dos quais ele depende dos seus alimentos muito específicos, na sua riqueza e abundância. Assim, não é de estranhar que a variedade de invertebrados, especialmente insetos na Chapada de Guimarães é mais rico de que em qualquer outra região neotropical. Em certas épocas menos chuvosas do ano a abundância de insetos e especialmente lepdópteros, é tanta, e sua sede é de tal forma, que chegam a formar verdadeiras pilhas acima de qualquer fonte de umidade, como estrume fresco de vaca; algumas espécies de lepdópteros diurnos ou crepusculares, maiores e muito coloridas, são freqüentemente encontradas no chão dentro da floresta, onde pousam durante horas sugar a umidade das fezes humanas ou caninas.
Mais interessante ainda é o fato que esta riqueza é composta de mistura da fauna vinda dos quatros lados da Chapada: das bacias do Rio Amazonas e do Rio Paraguai, dos Andes da Bolívia e do Peru, a da Mata Atlântica Brasileira, através da Chapada Goiana. Assim, forma-se uma zona de transição e polimorfismo que participa dos caracteres zoogeográficos das regiões faunísticas adjacentes, constituindo-se um verdadeiro laboratório contemporâneo de mistura e evolução de espécies e formas. Os estudos genéticos que poderiam ser visualizados dentro de populações polimórficas na Chapada, como por exemplo a do lepdóptero Mechanitis Lysemia que já recebeu o nome de connectens, simbolizando a posição intermediária da população), são quase infinitas e de grande significação evolucionária. É provável que especialistas em quase quaisquer campos da zoologia invertebrada achariam na Chapada uma riqueza e variabilidade excepcional das espécies nos seus grupos de estudos.
Do mesmo modo, os vertebrados na Chapada são excepcionalmente abundantes e variados, embora talvez menos que a região do Pantanal. Aves de tamanho médio e grande, inclusive emas, seriemas, gaviões, pica-paus grandes, tucanos e garças, são freqüentemente vistos, e espécies, muito perseguidas em outros lugares como perdizes, mutuns, araras, papaguaios-amazonas, jacus e urus, inhanbus, juritis e outras pombas, fringilídeos cantadores como curiós e bicudos, ainda habitam as matas da Chapadas em quantidade. Uma profusão de plantas e de invertebrados certamente contribui para esta abundância de aves insetívoras ou frugívoras; a cadeia natural de alimento e predação estende-se faz inevitavelmente para cima, nos animais mais evoluídos.
Entre os mamíferos comuns na Chapada, sente - se uma falta em macacos (apenas mico e macacos pregos são mais freqüentes); jacarés e onças grandes são infreqüentes hoje em dia. Isto seria esperado numa região biogeográfica. Esta riqueza e variedade são mais evidentes nas plantas e nos invertebrados, mais a região também abriga boas quantidades de animais maiores inclusive algumas espécies já quase extintas no território brasileiro. É de interesse acrescentar que tanto a Serra dos Parecis ao Noroeste da Chapada, como a Serra do Roncador ao Noroeste da Chapada, parecem ser muito pobres em animais e plantas com relação á Chapada dos Guimarães. As razões para este contrastes são desconhecidas. Porém é fácil de verificar que nestas serras faltam regiões acidentadas extensas que são principalmente em mata, como a bacia da cabeceira do Rio Coxipó. Das 100 espécies de mamíferos descritos para o cerrado (Fonseca e Redford, 1986), 41 são roedores, 21 de carnívoros, 13 de marsupiais, 06 de primatas 01 de lagomorfos e 01 de perissodáctilos, agrupados em 67 gêneros.
Espécies mais representativas de ocorrência comprovada na área de Chapada dos Guimarães.
ESPÉCIES NOME VULGAR
Didelphis abbiventris Gambá - de orelha branca Didelphis marsupialis Gambá - de orelha preta Philander opussum Cuíca verdadeira Agouti paca Paca Dasyprocta sp Cutia Cavia aperea Preá Hidrochaeris hydrochaeris Capivara Coendou prehensilis Ouriço caxeiro Cerdocyon thous Cachorro do mato comum Chrysocon brachyurus Lobo guará Felis pardalis Jaguatirica Felis yagouroudi Gato maurisco Felis sp Gato do mato Eira barbara Irara Gallictis cuja Furão Nasua nasua Quati Procyon cancrívorus Guaxim Felis Weidi Maracajá Priodontes Maximus Tatu Canastra Dasypus Novencinctus Tatu Galinha Euphractus sexcinctus Tatu peludo Tamanduá tetradactyla Tamanduá mirim Mymecophaga tridactyla Tamanduá - Bandeira Tapirus terrestris Anta Mazama gouazoubira Veado - Catingueiro Mazama sp Veado Tayassu tajacu Cateto Alouatta caraya Bugio preto Cebus apelha Macaco - prego Cellithrix argentada Sagui Felis concolor Onça parda Panthera onca Onça pintada Lutra sp Lontra Ozotocerus bezoarticus Veado-Campineiro Duscyon vetulus Rapozinha
AVIFAUNA
Das 24 ordens registradas no território brasileiro, 20 estão presentes na área de influência direta e compreendem 45 famílias e 220 espécies. Listagem das espécies mais representativas na área de Chapada dos Guimarães. ESPÉCIES NOME VULGAR
Rhea americana Ema Pipile pipile Jacutinga Tinamus major Inhambu Crypturellus undulatus Jaó Rhnchotus rufescens Perdiz Nothura marculosa Codorna Podilymbus podiceps Mergulhão Phalacrocorar olivacens Biguá Ardea alba Garça branca grande Egretta thula Garça branca pequena Bulbulcus íbis Garça vaqueira Pipheroiéis pileatus Garça real Tigrisoma lineatum Saco boi Euxenura maguari Maguari Cairina moschata Pato do mato Coragyps atratus Urubu comum Cathartes aura Urubu de cabeça vermelha Buteo albicaudatus Gavião de rabo branco Buteo swainsoni Gavião para gafanhoto Buteo magnirostris Gavião carijó Aeterospizias meridionalis Gavião cabloco Harpia haryja Gavião real Milvago chimachima Carrapateiro Polyborus plancus Caracará Crax fasciolata Mutum de penacho Aramus guarauna Carão Carima cristata Seriema Columba spp Pomba Columbina spp Rolinha Scardafella squammata Fogo apagou Ara ararauna Arara canindé Ara macão Arara vermelha amarela Ara chloroptera Arara vermelha verde Ara maracana Maracanã Brotogeris versicolorus Periquito Pionus maximiliani Maritaca Amazona aestiva Papagaio verdadeiro Amazona amazonica Papagaio Crotophaga ani Anu preto Athene cunicularia Coruja buraqueira Otus spp Corujinha Ceryle torquata Martin pescador grande Chloroceryle amazona Martins pescador verde Ramphastos toco Tucano Furnaruis rufus João de barro Cynocorax cyanomelas Gralha Spizaetus oornatus Gavião de penacho
PEIXE - Sendo o especialista Dr. Garavelho, Júlio Cesar os peixes da região são todos Osteichthyes, podem ser agrupados em quatro ordens Characiformes, Siluriformes, Perciformes e Symbranchiformes. A maioria dos Characiformes são Characidal, com mais de 70 % das espécies de difícil indentificação. Os Siluriformes estão representados, basicamente por 04 famílias com 01 a 03 espécies de genêros distintos, Devendo ressaltar a familia Cetopsidae, onde o Pseudocetopsis representado deve ser nova, além de uma ocorrência difícil de explicar, perciformes é representada por uma única espécie de Cichlidae do gênero Crenicichla, bastante próxiam a C. Vittata, Symbranchiforme é representado Symbranchidae Symbranchus, bastante diferente de S.marmoratus.
Dentre as espécies de importância econômica destacam -se o Pacu (Colossoma mitrei) Surubins (Pseudoplatystoma corruscans e P.fasciatum) Dourado ( Salminus maxillosus) Curimbatá (Prochilodus lineatus), Barbado (Pinirampus pirinanpu) e a Piava (Leoporinus sp).
RÉPTEIS - Na região de Chapada concorrem principalmente:
01- Chelonia
1.1 - Testudinidae é frequente nesta família encontrar os jabotis: Geochilona carbonaria.
1.2 - Gekkonidae - é encontrada em casas e taperas abandonadas, muito frequentes á noite.
1.3 - Iguanidae - da fauna herpetológica de cerrados os iguanídeos tem se destacado com altas ocorrências, cabendo a supremacia dos tropidurus.
Nas matas de galeria, ou próximo aos cursos de água, o Iguana iguana é o grande representante desta familia, além de Hoplacercus spinosos e Anoles sp.
1.4 - Sincidae - ainda em áreas sombreadas encontra-se os Mabuya sp. 1.5 - Teidae - dos lagartos terrestres, estes interessantes fossadores são vistos com frequência, principalmente em clareiras onde a espécies Ameiva ameiva é bastante encontrada em áreas de transição com vegetação mais densa. Representantes de Cnemidophorus sp ai também são encontrados. Há ainda, possibilidades de encontrar os Kentropyx em clareiras abertas nas matas ciliares. Os grandes teídos fazem - se presentes com Tupinambis teguxins e Tupinanbis nigropunctatus.
OFÍDIOS:
A fauna ofídica está representada por vários exemplares de Crotalus durissum terrificus e, vale afirmar, que a ocupação maciça do cerrado com exploração agricola tem funcionada como agente concentrador destes importantes Crotalídeos; no que diz respeito a herpetofauna botópica como: Brotops jararacussu, B. neuwiedi matogrossense, B.Atrox já os boideos são representados pelas Eunectes nolarces com grande ocorrência, e mais esporadicamento, E.Murrinus. O gênero Boa é marcado principalmente pela presença de Boa constrictor, sendo observado muito raramente. Boa constrictor amarali, a Salamdra Epicrates cenochria, cobra de grande beleza.
RESULTADOS
Os resultados gerais estão apresentados nas tabelas subsequentes; as espécies descritas são classificadas por monumentos ecológicos e tipos de ambientes, sendo consideradas as características fitofisionômicas de casa área visitada, acompanhando assim o levantamento florístico executado por outra equipe, neste mesmo projeto.
Pede-se observar, de modo geral, que a variedade de animais se encontra diretamente ligada á diversidade de ambientes que existe em cada localidade estudada, e à ação antrópica que as áreas vêm sofrendo.
Muitas espécies existentes na região da Chapada dos Guimarães estão ameaçadas e, inclusive, citadas nos apêndices do Cites, que restringe e até mesmo proíbe a comercialização e o tráfico de peles e animais vivos. Entre estes animais, podemos comecar citando o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) que ocupa os cerrados, onde há elevadas concentrações de cupins; certamente, as populações encontram-se em decadência, pois apesar de terem hábitos noturnos, raramente são observadas no ambiente de forma direta, mas comprova-se sua ocorrência através de rastos geralmente visualizados. Outro animal da classe edentada ameaçada de extinção, é o tatu-canastra (Priodontes maximus), que habita áreas florestadas e de mata ciliar; sua presença é deduzida por indícios encontrados ao sul de Chapada dos Guimarães em direção às florestas de transição na morraria de São Vicente.
O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), apesar de ter a população aparentemente maior que a do taundúa-bandeira, é um animal de diícil visualização, mas de ocorrência comprovada em áreas de significativa importância ,tal como a fazenda Buriti. É um animal considerado de topo de cadeia alimentar, necessitando extensas áreas de cerrado para a alimentação, e mata de galeria para abrigar-se durante o dia, uma vez que possui hábitos predominantemente crepusculares e noturnos.
Raríssima de ser observada, a lontra (Lutra Longicaudis) é muito exigente em relação ao seu habitat, não tolerando muitos disturbios ambientais. Sua ocorrência poderá ser comprovada na região das cabeceiras do rio Aricá-Açu.
Certamente, os grandes felinos são os animais que mais vêm sofrendo com a ação antrópica, seja pela ocupação indevida das áreas de preferência destes animais seja atividade de caça que cada vez mais ameaça essas populações. A onça-parda (Felis concolor) e a pintada (Panthera onca)possuem populações pequenas, seriamente ameaçadas de extinção, ocorrendo em áreas ainda intocadas, protegidas, contendo matas de galeria. A Jaguatirica (Felis pardalis), de hábito predominantemente noturno, encontra-se em vias de desaparecimento;muitas peles de pequenes gatos também vêm sendo encontradas, como o morisco ` (Felis yagouaroundi),de hábitos diurnos o maracajá (Felis weidii) de hábitos noturnos, demonstrando que sofrem uma pressão significativa de caça.
Ainda p em vias de desaparecimento está o veado-campeiro (Ozoteceras bezoaticus)que, vivendo em areas de cerrado aberto e veredas, é ativamente caçado com o auxílio de cães. Quando à avifauna, não há quem não fique extasiado quando, apreciando a cachoeira Véu de Noiva, um dos pontos turísticos mais procurados em Chapada dos Guimarães, ou ainda nas bordas dos paredões e até mesmo sobrevoando os céus da pequena cidade, um casal de araras vermelhas (Arachoroptera) passa vocalizando sob nossos cabeças. Estas aves apesar de utilizarem frestas que são praticamente inacessíveis a predadores nas encostas dos paredões, para fazerem suas posturas, utilizam as florestas para obterem alimento. Para uma melhor preservação desta espécie, deem ser efetuados estudos para definir os locais de forrageamento e uma racionalização quanto ao processo de ocupação das matas. Outras aves de significativa importância , encontradas na região que abrage os monumentos ecológicos propostos para serem caracterizados neste projeto, são: gavião-real (Harpia harpyja), o mutum (Grax fasciolata), a jacutinga (Pipile pipili) e o gavião-de-penhaço (Spizaetus ornatus).
Os principais representantes do grupo de répteis existentes na Chapada dos Guimarães, são apresentados na Tabela 4. Como não forão feitos levantamento específicos para répteis, as informações obtidas basearam-se em referências bibliográficas e comunicações pessoais
Quando a ictiofauna, levantamentos realizados durante o projeto de pesquisa ecolólica na região do Polonoroeste, efetuados por F. Machado, principalmente nas cabeceiras dos rios Claro e Mutuca. Foi observada uma espécie nova de Leporinus dentre as coletadas e também uma ocorrência difícil de explicar do gênero Pseudocetopsis pertencente á familia Cetopsidae.
PROFESSORA DRA. RAQUEL QUADROS GEOLOGIA - FUFMT
Característica da área
Na característica de uma área dada é necessário que se estabeleçam, inicialmente, os pontos que são considerados para a sua efetivação. No caso específico, o principal parâmetro é a paleontologia. Contudo, faz-se imprescindível um pouco da história geológica da região , no contexto global, bem como um pouco de sua geologia atual. Só então poder-se-á caracterizar paleontologicamente os pontos selecionados pelo grupo de trabalho.
História geológica - contexto global
O espaço geográfico do projeto é parte da bacia do Paraná, unidade geotécnica com uma extensão de 1.000.000.000 de Km2. No Brasil abrange os estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo , Santa Catarina e rio Grande do Sul (Mapa 2). Nela tem-se o registro de desde o Paleozóico (Fig. 1).Trata-se de uma das mais bem estudadas bacia sedimentar brasileira (Petri e Fúlgaro, 1993). Essa bacia se instalou no craton brasileiro a partir do período Siluriano, época em que ocorreu a primeira invasão marinha. Registros desse evento são encontrados nos estados de Goiás e Mato Grosso (Alto Garças, subsuperfície. Nesses locais tem-se o depósito de sedimentos da Formação Vila Maria (Farim Lima, 1976).
A segunda invasão marinha ocorreu durante o Devoniano e corresponde á maior transgressão marinha em território brasileiro (Schneider etalii, 1974). A presença deste grupo Paraná (Formações Furnas e Ponta Grossa ). Ao final do Devoniano, o mar se retira, ficando restrito às porções sul e sudeste da bacia do Paraná. Rochas sedimentares do Grupo passa Dois (Formações Irati e Estrada Nova) atestam a presença dessa situação ambiental ocorrida no permocarbonífero (Petri e Fúlgaro, 1983).
Durante o Mesozóico ,um acentuado fenômeno de desertificação tomou conta de toda a superfície correspondente á bacia do Paraná. Rochas da formação Botucatú são os registros dessa fase. No final do Mesozóico(Cretáceo) processos tectônicos e vulcânicos ocorrem em toda a bacia. Seu registro pode ser constatado pela presença de rochas ígneas da Formação Serra Geral e Vulcanossedimentares da Formação Bauru (Schneider et alii,1974).
No Cenozóico, sedimentos terciários/quartenários com características ambientais localizadas recobrem todo o pacote de rochas, anteriormente depositados. Desse período são, também, os depósitos fossilíferos de vertebrados encontrados em cavernas calcárias, distribuídas no território brasileiro (Petri e Fulgaro, 1993)
Geologia da região - breve resenha
A área de estudo é formada por rochas metamórficas, sedimentares e vulcanossedimentares . Sua história geológica inicia-se no Pré-Cambriano e vai até o Cenozóico (Fig.2).
As rochas metamórficas constituem o Grupo Cuiabá, de idade estimada em 1.500 m.a., com base em datação radiométrica. Sua litologia é constituiída de sucessões de camada meta-areníticas ou conglomeráticas e zonas de filitos ardosianos. Apresentam-se fortemente dobradas segundo eixos orientados para NE-SO (Luz et alii, 197).
Na área ocupa as porções N?NO e S?SW e serve de embasamento á seqüência sedimentar superior. Segundo Almeida (1954), representa o grande peneplano sobre o qual transgrediu o mar Devoniano. As rochas sedimentares compõem o Grupo Paraná (Formações Furnas e Ponta Grossa) e Grupo são Bento (Formação Botucatú). O primeiro grupo do Paleozóico (Devoniano) e o segundo do Mesozóico (Triássico-Cretáceo). Em termos de tempo geológico, m.a. separam o término da deposição do primeiro e o início da deposição do segundo.
Grupo Paraná - As rochas deste grupo é que formam toda a escarpa e o platô da região de estudo , no município de Chapada dos Guimarães (Fig.04). A formação Furnas pertence á seqüência à seqüência arenosa da base.
Os relictos do topo, portadores de rica fauna de invertebrados marinhos , constituem os sedimentos da Formação Ponta Grosso (Quadros, 1987).
Grupo são Bento - Formação Botucatú - litologicamente constituído por arenitos avermelhados de granulação média a grossa e superfície fosca. Grandes estratificações cruzadas evidenciam seu caráter eólico (Oliveira & Muhlmann, 1967). Na área selecionada sua melhor exposição ocorre no Terminal Turístico de Salgadeira e arredores. Sua distribuição areal situa-se na região centro-norte da área objeto de estudo.
A seqüência vulcanossedimentar grupo Bauru (Weska, 1988) ocupa a porção nordeste da área, estendendo-se para além dos limites da mesma .
Especificamente a porção fossilífera deste grupo é encontrada no Morro Cambembe (Fig.5), distrito de Água Fria, município de Chapada dos Guimarães. Segundo Derby (1890), desse local foram coletados restos de quelônios e dinossauros.
De maneira geral, a litologia do grupo é constituída por conglomerados e arenitos de granulação grossa a fina. Ocasionalmente ,níveis argilosos. Como estruturas primárias ocorrem estratificações plano-paralela e cruzada (rara) (Weska,1988).
Caracterização paleontológica
De acordo com a definição do grupo de trabalho, 15 foram os pontos selecionados para caracterização global, segundo a área de atuação de cada profissional. Desse contexto será discriminado a seguir a caracterização paleontológica ponto a ponto. A localização geográfica de cada um pode ser observada no Mapa I.
1o - Caverna Aroe-Jari (Caverna do Francês) - Até o momento nenhum registro paleontológico existe na região conhecida pela toponímia acima. A área da caverna e arredores foi checada através de caminhamentos, e á época do trabalho de campo não se constatou nenhuma evidência fossilífera. Dado que corrobora com o que existe na bibliografia pesquisada.
2o. - Lagoinha - Segundo Carnier (In: Clarke, 1913) e Caster (1942), na região de Lagoinha temos, aflorando, uma seqüência devoniana, possivelmente a porção superior da formação Ponta Grossa. A fauna de invertebrados é pobre em quantidade e qualidade. A visita feita, durante este trabalho, permitiu comprovar a efetiva existência de um afloramento fossilífero pobre. As poucas amostras coletadas registram a presença do gênero Lingula (Braquiópoda inarticulado), fragmentos de Palecípoda e alguns traços fósseis. Esse material encontra-se depositado no Laboratório de Paleontologia da UFMT. Essas amostras foram encontradas em um sedimento pelítico predominantemente argiloso. No - Jamacá - Segundo a autora, com base em pesquisa em desenvolvimento desde 1988, existe na confluência dos rios Capão-de-Boi e Olho-d'água, ou seja, no início do rio Jamacá, um afloramento fossilífero estratigraficamente posicionado, na porção média da Formação Ponta Grossa.
Os fósseis encontrados Iropidoliptus carinatus, Chonetes ssp., Terebratu lídos indeterminados (Braquiópodes articulados), Anéis de Crinóide (Equinodermata), sugerem, a princípio, uma idade Devoniano Médio.
A litologia aflorante é constituída por arenitos por vezes siltosos. Preferencialmente maciços, sendo que em alguns níveis se observa incipiente estratificação planoparalela. A visita feita durante este trabalho objetivou mais a verificação atualizada das condições ambientais do afloramento.
4o. - Lapa Frei Canuto - O local e seus arredores situam-se estratigraficamente na mesma posição que a Caverna Aroe-Jari - porção basal de Formação Furnas. E igualmente á anterior, inexiste na bibliografia referência á presença de afloramento fosssilífero. O caminhamento realizado não alterou os dados já existentes na literatura. Nada do que foi visto pode ser atribuído á atividade orgânica preservada na rocha.
5o - Monjolo dos Padres - Situado na área urbana da cidade de Chapada dos Guimarães, o registro deste afloramento fossilífero na literatura data de 1942 por Caster. Em seu trabalho esse autor salienta a importância deste afloramento como a existência do Devoniano Médio no pacote sedimentar da Chapada dos Guimarães - Mt. Como resultado de pesquisa realizada em 1988, Quadros & Melo (1988) apresentam novos dados sobre o conteúdo fossilífero desse afloramento.
A sua posição estratigráfica eqüivale aquela ocupada pelos sedimentos aflorantes no Jamacá (ponto 3). Igual similaridade é mantida por seus componentes litológicos. Assim como pontos anteriores a visita feita durante o trabalho serviu para checar as condições ambientais do afloramento.
6o - Serra Atimã - Topograficamente, representa um dos pontos mais altos do platô da Chapada dos Guimarães - 800 metros de altitude. A presença de afloramento fossilífero na área foi registrada por Quadros (1977). O conteúdo fossilífero descrito assinala a presença exclusiva do gênero Lingula (Braquiópode inarticulado). A rocha matriz é pelítica, com predominância de de sedimentos argilosos. Estratigraficamente é correlacionável ao afloramento Lagoinha, que representa o topo da Formação Ponta Grossa na região - idade presumível Devoniano Superior. Durante a fase de campo deste trabalho, foi possível coletar algumas amostras que se encontram depositadas no Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal de Mato Grosso.
7o - morro de São Jerônimo - Estratigraficamente, representa a melhor exposição a média exposição a média distância da fase de transição das Formações Furnas e Ponta - Devoniano (Fig.6). O " nível fossilífero" do topo do morro está reduzido a escassos fósseis rolados. Possivelmente porque o real nível de fóssil já foi erodido.
8o - Cachoeira da Independência - Por sua posição estratégica - zona de contato do Grupo Cuiabá com o Grupo Paraná (Formação Furnas), provável ambiente fluvial de grande competência e composição sedimentológica grossa (conglomerada) - é pouco provável que se tenha na área o registro de fósseis. Na bibliografia disponível é considerado seqüência afossilífera.
Na área global denominada Independência é considerado seqüência afossilífera.
Na área global denominada Independência ,nas colinas suaves que recobrem a escarpa, Quadros (1977) registrou a presença de afloramento fossilíferos de idade Devoniano Inferior. O seu conteúdo faunístico é rico em quantidade. Foi registrada a presença de representantes dos filos Braquiápode, Molusca , Arthrópode e equinodermas, além de numerosos traços fósseis. A litologia predominante é o saltilo folhelhos de cores variadas. A sua posição estratigráfica é de base da formação Ponta Grossa.
9o - Salto Véu de Noiva - Por correlação, é o equivalente lateral dos afloramentos encontrados na Independência. O registro de fósseis nesta área foi feita por Quadros (1977). A composição faunística dos fósseis é praticamente a mesma daquela encontrada em seu equivalente lateral. Merece destaque o fato de que nesse local tem-se uma das melhores exposições de transição Formação Furnas X Formação Ponta Grossa com os variados tipos de traços fósseis.
10o - Buriti - Segundo Quadros (1987), área com essa denominação no município de Chapada dos Guimarães, situa-se estratigraficante acima da seqüência fossilífera da Independência e Véu de Noiva. Á autora (op.cit.) cabe o registro desse jazido fossilífero. Os fósseis registrados pertencem ao fito braquiópode. Os fósseis registrados pertencem ao fito braquiópode. A visita feita a esse afloramento serviu para avaliar as condições ambientais do mesmo.
11o - Mata Fria - Essa área situa-se em terrenos mesozóicos da Formação Botucatú. Na bibliografia nada existe registrado. A visita de campo confirma essa informação. 12o - Ponta Rio Claro - No tocante á paleontologia nada existe, sobre a presença de fósseis nessa região. A principal razão é sua posição estratigráfica, seu constituinte litológico são rochas pré-cambriana pertencentes ao Grupo Cuiabá.
13o - Cidade de Pedra/14o - Morro Só - Neste local o que aflora são rochas arenosas da Formação Botucatú. Basicamente sua origem eólica inviabiliza a preservação de formas de vida. Portanto, até o momento nenhum jazido foi registrado em rochas dessa formação.
15o - Bom jardim - estratigraficamente posiciona-se na Formação Bauru. Na visita de campo nenhuma evidência de fósseis foi constatada.
Além desses pontos, foi visitado o Morro Cambembe, que se constitui no único afloramento de vertebrados (Fig.8) que se tem notícia comprovada, na região de Chapada dos Guimarães. Os sedimentos deste morro fazem parte do Grupo Bauru (Weska,1988) de idade cretáceo. Os moradores da região comentam a existência de outros jazidos de " ossos de gigante", porém, a limitação do projeto impossibilitou o trabalho científico de busca de outros afloramentos.
- Avaliação das condições ambientais
Por se tratar de um relatório de cunho paleontológico, restringir-se-à o item apenas aos locais com existência comprovada de fósseis. Como pontos de avaliação dos afloramentos serão considerados: condições de acesso e estado de preservação.
Lagoinha - O acesso para observação é facilitado porque situa-se ao lado da estrada secundária que leva ao rio da Casca. Todavia, por se tratar de uma elevação topográfica de aclive acentuado o deslocamento fica prejudicado.
O afloramento possui bem desenvolvida área exposta. Portanto totalmente passível á ação dos gentes de intemperismo. Na porção mais basal é possível se observar formação de grande voçoroca.
Jamacá - As rochas deste afloramento são visíveis nas laterais do rio homônimo. São barrancos de altura variável (1 m - 4 m), o que compromete um acesso fácil. Um fator complicado é a necessidade, por vezes, de cruzar o rio.
Por sua posição topográfica de acesso difícil, o afloramento se mantém inalterado em suas condições ambientais. Maior ou menor erosão ficam a cargo do período de chuva ou seca. Lembrando que a mata ciliar existente nas laterais do rio ajudam a evitar a ação erosiva.
Monjolo dos Padres - Apesar de situado na área urbana, o acesso a este afloramento não é fácil. Situa-se nas laterais de um vale com declive acentuado. A densa vegetação chega a dificultar a visualização de rocha aflorante, pois desenvolve solo espesso.
No tocante às condições ambientais, mesmo localizado em área urbana, ele se encontra inalterado. A vegetação exuberante é uma frágil proteção. Frágil porque constantemente esta exposta aos risco de queimada.
Serra de Atimã - O deslocamento até a Serra de Atimã é facilitado porque parte da estrada está asfaltada e outra parte é uma secundária em excelente estado de preservação. O acesso ao afloramento propriamente dito é difícil. É necessário descer aproximadamente 8 metros de declive acentuado - borda da serra.
Desde seu registro em 1977 (quadros) ele se mantém inalterado exceto por maior densidade da vegetação que o recobre. Fato este vinculado ao período das chuvas ou da seca.
Cachoeira da Independência - Arredores - o acesso aos afloramentos é excelente, pois estão localizados praticamente ao lado da estrada secundária que corta toda essa região. Trata-se de ravina naturais de pouca espessura. O deslocamento a pé não chega a atingir 10 m.
Por se tratar de uma área de intensa visitação turística a cobertura vegetal está diminuindo ano a ano. Com isso, os afloramentos são mais e mais expostos à ação do intemperismo.
Salto Véu de Noiva - Esse é o local cujo acesso é o melhor de todos. O afloramento situa-se nas bordas da estrada secundária que leva ao salto (fi. ). mais precisamente ao longo da descida que conduz ao observatório ali construído.
As suas condições ambientais assemelham-se ao que existe na Independência. Neste local específico, a ausência de vegetação expões o afloramento à constante lixiviação provocada pela chuva.
Buriti - O afloramento localiza-se ao lado da estrada (fig. ), o que facilita o acesso. Por se tratar de um corte de estrada em ambiente tropical, o solo se desenvolve com muita rapidez cobrindo totalmente a rocha aflorante. Rocha esta que contém os fósseis.
Morro do Cambembe - até a localidade de Água Fria a estrada é razoável. Existem pontos onde a grande quantidade de areia prejudica a movimentação de veículos. Alguns pontilhões não se mostram muito confiáveis, principalmente no período das chuvas. De Água Fria ao morro do Cambembe a estrada é de péssima qualidade, principalmente porque grande parte de seu leito é constituído por espesso areal. Da estrada até o morro o deslocamento tem que ser a pé, através de um cerrado denso.
O caminhamento efetuado em patamares do morro permitiu visualizar a existência de escavações artificiais produzidas por pesquisadores anteriores. Essas escavações não chegam a comprometer a integridade física do morro. A proteção é boa, mesmo nas ravinas naturais, o que impede a ação dos agentes erosivos. - Recomendações de uso e manejo
A ocupação humana é um fato incontestável e a ele não se pode virar as costas. Portanto, é necessário que se faça uma conscientização do povo da região e dos turistas para a preservação de tão valioso patrimônio da vida.
Como orientação, sugerimos os pontos abaixo listados:
a) montagem de uma cartilha instrutiva para alunos de 1º e 2º Graus do município, com texto claro e acessível, para despertar o interesse dos alunos no conhecimento da história paleontológica da Chapada dos Guimarães. Farta ilustração para permitir o reconhecimento de peças fósseis. Conteúdo informativo sugestivo da necessidade de preservação dos jazigos fósseis;
b) cursos de paleontologia específicos para guias de turismo. O objetivo é credenciá-los e torná-los habilitados a usar o assunto como forma de atração turística;
c) seleção d afloramentos para visitação pública feita por profissional qualificado. Nesta seria, inclusive permitida a escavação com liberdade de levar peças. Tais procedimentos incentivariam ainda mais o turismo;
d) montagem, na cidade de Chapada dos Guimarães, de um museu que tivesse um setor de Paleontologia. A UFMT poderia participar com a supervisão e apoio técnico propriamente dito;
e) fomento à pesquisa desenvolvida por grupos emergentes. Esse apoio pode ser dado de formas diversas, com integração dos vários órgãos envolvidos (UFMT, FEMA e prefeitura de Chapada dos Guimarães), com financiamento externo.
Obs: A ausência de pesquisa impede a renovação e o acréscimo de conhecimento. A produção de conhecimento é o retroalimentador de todas as sugestões supra-referidas. Sem ela a informação torna-se rotineira e acaba por não mais despertar o interesse.
- CONCLUSÕES
A execução do projeto "Reordenamento da Chapada dos Guimarães", sob a coordenação e gerência de financiamento da FEMA-MT, representou a execução de proposta elaboradas pela parcela da comunidade, preocupada com a preservação dos monumentos ecológicos da Chapada dos Guimarães. Nesta primeira aproximação, foi possível realizar a paleontologia da região sob o prisma preservacionista. Como resultado têm-se:
a) cadastramento bibliográfico e caracterização paleontológica de sete afloramentos fossilíferos, quais sejam: Lagoinha, Jamacá, Monjolo dos Padres, Serra de Atimã, Independência, Véu de Noiva e Morro do Cambembe;
b) estabelecimento dos itens (05) sugestivos para uso e manejo do conhecimento sobre a paleontologia da área delimitada.
Portanto, já existem as bases para um trabalho mia detalhado e elucidativo, que possa servir de base ao real aproveitamento da comunidade, da produção científica produzida nos meios acadêmicos. E sem dúvida acredita-se ser esse o objetivo, o caminho da preservação do meio ambiente.
MARIA LÚCIA FRANCO PARDI ARQUEÓLOGA - SPHAN - MT
- Aspectos Arqueológicos
Embora no âmbito de um projeto de preservação tenhamos traduzido fielmente, resumido e transcrito alguns aspectos do Relatório de pesquisa do explorador Jean Perie no sentido de ter sido o único trabalho efetuado até o momento, a despeito de algumas restrições de cunho teórico-metodológico, consideramos relevante a inserção de uma abordagem da pesquisa pois a entendemos como o contraponto dialético que viabiliza a forma ideal de preservação , na medida em que possibilita à comunidade a compreensão sobre a importância e singularidade do patrimônio arqueológico.
Infelizmente, a despeito de ter produzido algum conhecimento o trabalho de J. Perie foi completamente ilegal, por não ter sido autorizado pelo CNPq e SPHAN conforme reza a legislação brasileira. As peças provenientes de sondagens, coletas de superfície e doações de populares, que chegam ao número de cem, foram retiradas ilegalmente do país e a publicação de seus dados foi efetuada em relatório de circulação restrita, dirigida e em língua francesa, não tendo se preocupado em fornecer um retorno à comunidade científica brasileira e à local matogrossense.
Em resumo, seu trabalho baseou-se em sítios arqueológicos de representações rupestres numa área bastante ampla, enquanto vamos nos restringir à área do projeto em tela.
O autor enfocou basicamente três aspectos: temática e organização espacial; orientação geográfica e meio ambiente; e distribuição geográfica e inserção nas diferentes paisagens.
Este primeiro item pode ser sintetizado através do quadro
Os resultados obtidos o autor constata, entre outros, que, o tema de representação humana está bastante presente, embora seja tratado de formas diferente, configurando duas vertentes. Discorre e cita a seguir os tipos de arte e sua organização espacial, a temática da arte gravada, os motivos predominantes das representações humanas, as associações e conjuntos, o plano gráfico, a busca do movimento na pintura, as escalas, o estilo de gravuras, o número de espécies encontradas nas pinturas e sua freqüência, a utilização de pigmento e os estilos de execução.
Buscando comparações amplas, coloca que todas as evidências e abordagens correspondem a tendências artísticas regionais, inseridas em duas correntes culturais artísticas; pinturas e gravuras.
O primeiro parágrafo é concluído com a constatação da existência de zonas geográficas artísticas, definidas por uma série de sítios diretores que poderiam corresponder a santuários.
Dos resultados obtidos o autor constata, entre outros, que o tema de representação humana está bastante presente, embora seja tratado de formas diferentes, configurando duas vertentes.
Discorre e cita a seguir os tipos de arte e sua organização espacial, a temática da arte gravada, os motivos predominantes das representações humanas, as associações e conjuntos, o plano gráfico, a busca do movimento na pintura, as escalas, o estilo de gravuras, o número de espécies encontradas nas pinturas e sua freqüência, a utilização de pigmento e os estilos de execução.
Buscando comparações amplas, coloca que todas as evidências e abordagens correspondem a tendências artísticas regionais, inseridas em duas correntes artísticas: pinturas e gravuras.
O primeiro parágrafo é concluído com a constatação da existência de zonas geográficas artísticas, definidas por uma série de sítios diretores que poderiam corresponder a santuários.
Eles reúnem numerosos motivos com temáticas regionais e simbolismo característico, mas pelo menos uma vez a representação humana está presente.
Frei Canuto como sítio de pintura, Letreiro dos Bugres e Fecho do Morro da Lagoinha representam as gravuras, cujo simbolismo é ainda mais acentuado.
Em relação ao segundo item - orientação geográfica e meio ambiente - foram utilizados gráficos comparativos, incluindo o aspecto da incidência solar, conforme reprodução a seguir.
Cada segmento do círculo representa um sítio arqueológico, sendo que dois destes são blocos sem orientação precisa.
Constatou-se que em geral os sítios de pinturas e gravuras não possuem as mesmas orientações geográficas, o que o remeteu á insolação dos sítios.
Cada segmento de círculo corresponde a um sítio arqueológico. Assim, o autor constatou que as representações - são de " preferência" expostas ao sol da manha.
O meio ambiente dos sítios rupestres está resumido no quadro abaixo, sob comentários relativizantes, sobre a validade desta abordagem que produz apenas as condições atuais, na medida em que as mudanças climáticas e a intervenção humana podem ter alterado seu aspecto original.
Através deste, o autor constata que o meio ambiente dos sítios de pintura são mais homogêneos que o de gravuras; eles se localizam no pé de falésias, orientados para as planícies. São envolvidos por uma floresta densa ou uma savana arborizada (cerradão ?), geralmente próximas a um riacho.
O terceiro item - repartição geográfica e inserção na paisagem contém observações que afirmam a existência de uma concentração de sítios na região; está de forma geral defendendo a teoria da existência de um corredor habitável em todos as estações do ano, em função da seqüência de relevos tabulares que se encontram ao longo deste eixo, que serve de divisor das grandes bacias hidrográficas do Amazonas, Araguaia, e Paraguai. Os sítios de pinturas e gravuras da Chapada dos Guimarães fariam parte destes eixos geográficos paralelos. Ainda de forma mais ampla, Perie, discorre sobre o material lítico encontrado, sendo que na Chapada ele cita a obtenção de grandes quantidades que estavam em poder de particulares, além das coletas superficiais que realizou. Na Chapada especificamente, cita as três peças desenhadas abaixo, procedência não esclarece ( o material não se encontra em nenhuma instituição local).
Finalizando suas conclusões, coloca que a análise comparativa dos fatos arqueológicos demonstra, entre outros,
- a ocupação de áreas situadas dentro de um corredor que corresponde á seqüência de relevos, que separam as três grandes bacias do Amazonas, Araguaia e Paraguai; e
- a distância das duas formas de expressão artística (pinturas e gravuras) inteiramente autônomas, ocupando dois eixos geográficos paralelos, corresponde cada uma a ambientes e paisagens diferentes.
Sobre o problema da identificação destas questões pré - históricas, coloca que ele não será resolvido sem a execução de pesquisas específicas sobre os planos estratigráficos e estilísticos. Apenas ela poderia determinar a relação entre culturas e estilos, inserindo assim os sítios dentro de seu contexto cultural e temporal.
A seguir, o autor discorre sobre como se deve imaginar a ocupação humana e, na ausência de maiores dados, fornece uma listagem de populações indígenas, cujas características culturais, se não podem ser diretamente extrapoladas, também não ser negligenciadas.
Em um último item de conclusão sobre a arte rupestre do Mato Grosso, o autor retorna aos dois pontos essenciais, das duas formas de expressão artística autônomas, ocupando eixos geográficos paralelos com meio ambiente e paisagens diferentes e ainda a teoria do corredor.
O trabalho de Jean Perie apresenta aspectos divergentes do nosso, como a associação da água com sítios de gravuras, o que se verifica na maioria dos sítios que temos cadastrados na Chapada além de ser uma característica bastante comum na literatura científica brasileira.
Em relação a suas conclusões principais de que as representações de pinturas e gravuras aparecem de forma autônoma como característica da arte rupestre do Mato Grosso, pudemos observar que não se verificam em todos os assentamentos conhecidos no estado.
Inúmeros são os sítios com superposições como o "Complexo Urubu-Rei " e " Bicho Morto", entre outros , em Jaciara, no Pantanal etc.
Citado " Bicho Morto" inclusive foi também visitado por Perie, que não faz referência ás pinturas.
Outra questão se refere ás bacias do Paraguai, Araguaia e Amazonas, que demonstram pouca intimidade com a hidrografia local na medida em que o Araguaia é afluente do Tocantins que se inicia no Amazonas. Existem portanto apenas duas bacias: do Paraguai e do Amazonas.
Considerando também prematuro se concluir sobre a arte rupestre do Mato Grosso, devido á sua extensão e á diversidade ambiental, que envolve floresta Amazônica, pantanal, cerrado, campos, este aspecto se agrava na medida em que a metodologia utilizada de informações orais, que mostra provavelmente uma visão distorcida dos dados, provocando uma exacerbação dos vestígios de representações rupestres.
Portanto, considerando suas conclusões como uma hipótese a ser testada quando prospeções sistemáticas puderam ser efetuadas de forma que se cadastrem, pelo menos, todos os tipos de sítios em todos os tipos de ambiente.
A guisa de melhor compreensão pela comunidade, quando nos referimos a prospeções sistemáticas podemos exemplificar com o trabalho de Walter Alves Neves (1984), A Evolução do Levantamento Arqueológico na bacia do Alto Guaporei-Sp que se reutilizou de um programa de campo em multiestágios que se iniciou com o tradicional levantamento proposto por Evans & Meggers (1965), e que envolve a verificação das informações orais e caminhamento do terreno, tendo por base as margens dos cursos d’água. Assim se teriam dados como :
a - um inventário genérico da ocorrência de sítios que visava sobretudo delinear eventuais preferências de ocupação topomorfológica;
b - uma amostra da cultura material, para conhecer as tradições culturais e sua distribuição ;e
c - a indicação dos sítios potencialmente por escavações sistemáticas em superfície amplas. A necessidade de contornar alguns problemas - o conceito de " sistema de sítios" como unidade de análise, escalonada segundo a arqueologia espacial de Clark (1977) e a busca de informações no exterior; - mudou a orientação teórica do projeto para uma arqueologia contextual completa, abordando todos os níveis de análise. A nova fase de projeto objetiva a definição de padrões de estabelecimento e subsistência de Chapada dos Guimarães nas coordenadas de lat. 15º8' a long.55º39' e lat. 15º36' a long. 55º48'.
Caracterização científica - Nesta bacia principal do ribeirão do Couro, estão localizadas as nascentes do ribeirão Sumidouro apresenta um comprimento axial desde a nascentes principal até a foz com o ribeirão do Couro de 21,2 km de extensão, uma extensão média de drenagem na bacia de 3,58 km e uma área de contribuição de 75,89 Km2. Esta bacia fica caracterizada como de segunda ordem, apresentando uma diferença de elevação entre a nascente e a sua foz nas cotas 760 m e 176 m respectivamente de 584 m de desnível, com um padrão de drenagem do tipo dentrífico, formando cascatas que caem do topo da escarpa, de caráter perene e intermitente. O seu perfil longitudinal e/ou curva hipsométrica apresenta-se bastante deformada e irregular devido á existência de rápidas corredeiras e alguns pontos singulares.
Avaliação das condições ambientais - A micro-área é ocupada por fazendas, cujas atividades principais são a criação de gado de corte e a mineração (ouro). Próximo ás nascentes formadoras do ribeirão do Couro, passa a linha de transmissão (Cemat), que tem área totalmente descaracterizada pelo desmatamento ao longo do seu trajeto principal. Os locais de atividade agrícola apresentam-se com vestígios de queimadas nas áreas planas dos terraços; bem como áreas próximas ás veredas encontram-se pisoteadas. A região apresenta-se com solos de média coesão (pouco permeável) favoráveis a processos erosivos e retenções de água.
Conclusões e recomendações - Os agentes degradantes do solo dessa sub-bacia são provenientes da própria conformação hidrogeológica, topografia local, devido principalmente ás atividades minerais e agrícolas. A presença de resíduos sólidos e sedimentos tem provocado alterações substanciais no meio ambiente biótico, comprometendo a qualidade da água e a vida desses mananciais. Para que sejam amenizados esses impactos, são necessários campanhas de conscientização desses freqüentadores. As nascentes deverão ser conservadas, evitando a derrubada e a queima de árvores. Deverá ser feita a recuperação dos trechos das margens dos rios, com plantio de árvores de espécies nativas do local.
Mirante
Localização da Área - A micro-área em estudo pertence na sua maioria á bacia principal do ribeirão Formosa, observada do mirante na cota 797 m, cuja bacia em questão está situada entre os quadrantes ( nascente-foz) na lat. 15º 28' - long. 55º 38' e 36' e alt. 15º34' e long. 55º38 lat. 15º 34' - long. 55º 40', onde está localizada a sudeste da cidade de Chapada dos Guimarães.
Caracterização científica - Próximo da micro-área em estudos, estão localizadas partes das nascentes do ribeirão Formosa, apresentando um comprimento do rio principal desde a nascente principal até a foz com o córrego Urubamba de 14,30 km, extensão média de drenagem da bacia de 6,31 km e uma área de drenagem de 90,23 Km2. Esta sub-bacia fica caracterizada como uma bacia de terceira ordem, apresentando uma diferença de elevação entre a nascente e a foz nas cotas 765 m e de 589 m de desnível, com um padrão de drenagem do tipo dentrítica, formando quedas rápidas e corredeiras que caem do topo da escarpa de caráter intermitente e perene. O perfil longitudinal e/ou curva hipsométrica é bastante irregular devido a topografia e geomorfologia local. Dentro da sub-bacia principal do ribeirão Formosa, existe um tributário bastante expressivo denominado córrego Urubamba, apresentando um comprimento axial de 12 km, uma extensão média de drenagem de 4,10 km e uma sub-bacia de drenagem de 49,20 Km2. Esta sub-bacia está situada desde a nascente até a sua foz com o ribeirão Formosa entre as coordenadas de lat. 15º33' - long. 55º40' apresentando um desnível entre a nascente e a foz nas cotas 725 e 176 m de 224 m de desnível, ficando caracterizado como um curso d' água de segunda ordem e um padrão de drenagem do tipo dentrítico.
Avaliação das condições ambientai - Esta micro-área é freqüentada por turistas em busca de lazer e belezas cênicas. Foi observado in loco a existência de vários acessos que adentram várias cachoeiras e até a borda do paredão. Este local propicia do ponto de vista turístico um visual da planície cuiabana. Notou-se também a ocupação a jusante dessa referida área, com atividades agropecuárias, cultura de subsistência e pastagem, descaracterizando a paisagem natural, devido ás ações antrópicas.
Conclusões e recomendações de pessoas nesse local e a abertura desses acessos sem levar em consideração a topografia e a geomorfologia local vêm provocando erosões naturais bem acentuadas, devido á ocorrência de pluviosidade do tipo orográfica que contribui para o lixiviamente dessas partículas sólidas para os cursos d' água naturais, com uma certa freqüência no período sazonal chuvoso. A presença visual dos resíduos sólidos tem provocado um aspecto negativo, necessitando-se da instalação de "container" para o acondicionamento desses materiais e que haja colaboração por parte dos órgãos municipais para a coleta. É necessário que se faça um rígido controle á abertura de novos caminhos e uma recuperação dos já existentes, através de bacias de amortecimento ( degraus). As nascentes deverão ser preservadas, pelo fato de já existir a presença de erosões localizadas que estão contribuindo para modificações nas calhas fluviais a jusante das escarpas, podendo no futuro se transformar em voçoroca.
Monjolos dos Padres
Localização da área - Situa-se a leste da cidade de Chapada dos Guimarães, onde as suas nascentes encontram-se próximas ao divisor de águas entre as sub-bacias do córrego Jamacá e córrego Vassouras, possuindo a nascente principal nas coordenadas de lat. 15º 28' e long. 55º45' e sua foz localizada nas coordenadas de lat. 15º 25' e long. 55º40' no rio Cachoeirinha.
Caracterização científica - O córrego Vassouras, um dos afluentes do rio Cachoeirinha, possui configuração em vales tipo V (vales profundos), matas do tipo galeria, possuindo um comprimento axial de 6,4 km e uma área de drenagem de 16,83 Km2 apresentando o perfil longitudinal em corredeira tipo sistema cascatinha, apresentando-se das nascentes até a confluência com o rio Cachoeirinha cotas entre 820 e 585 m.
Avaliação das condições ambientais - A sub-bacia do córrego Vassouras apresenta-se parcialmente depredada em relação ás matas ciliares e de galerias ao longo do seu curso, para formação de pastagem e pequenas lavouras.
O vale fica bastante evidenciado pela presença de intensas erosões, encontrando-se ao longo deste riacho grande número de blocos rolados, ocasionado pela presença de grande umidade na parte lateral da bacia provocando solapamento de margens devido á ação antrópica localizada. Em decorrência dessas ações verificou-se in loco a deposição em grande quantidade desses sedimentos principalmente nos meandros. Verificaram-se também tombamentos de várias árvores para dentro do córrego, obstruindo o fluxo de água natural e provocando em alguns trechos transversais escavações na calha fluvial do leito natural. A litologia predominante na área é evidenciada pela presença de areia, seixos rolados, matacões, arenitos e argilitos muito finos, que propiciam de uma certa forma o surgimento de vários nascentes na parte lateral do rio principal, bem como pela própria caracterização do fundo de vale.
Conclusões e recomendações - Os principais agentes degradadores dessa área são provenientes principalmente de áreas desmatadas, queimadas e focos de erosões laterais ao longo do curso d' água principal, devendo existir por parte das autoridades governamentais normatização dessa área, pelo fato de que ela se situa numa região de fundo de vale , propícia ao desmoronamento e escavações favoráveis a intensas produções de sedimentos. As nascentes devem ser conservadas, evitando derrubadas e queimadas da vegetação.
CONCLUSÃO GERAL E RECOMENDAÇÕES
Os impactos ambientais causados tanto nos ecossistemas aquáticos como fora deles, devido ás atividades desenvolvidas através das mineradoras (ouro) desmatamentos ( matas ciliares e de galerias), e o não uso de técnicas conservacionistas tanto na agricultura como na pecuária poderão provocar um desequilíbrio grave nesta área estudada, trazendo como conseqüência alterações irreversíveis em determinados ambientes (micro-área), comprometendo em parte todos os recursos hídricos, nos meios abióticos e bióticos.
O impacto causado pelas mineradoras nas áreas em questão tem promovido gênese de áreas propícias á erosão, fornecendo o aumento significativo do lixiviamento nessas microáreas ou sub-bacias, contribuindo de uma certa forma para a ocorrência de assoreamentos dos corpos d' água próximo ao desmonte.
Esta atividade promove ainda a poluição das águas por materiais em suspensão ( argila, silte) e químico, como é o caso das rochas que se alteram em superfície; alteração da drenagem natural, provocando focos de erosões e voçorocas; instabilidades nas encostas dos rios; alteração na morfologia dos cursos d' água; revolvimento do material sedimentado no fundo dos rios; destruição do leito natural e das margens.
A presença de mercúrio no sedimento pode causar mortandade e ocorrências teratogênicas em, por exemplo, ovos de peixes. O sedimento contaminado pelo mercúrio tem se mostrado mais letal para os ovos e embriões que para as larvas livres no ambiente.
Os desmatamentos e as queimadas, causados pelos projetos agropecuários, desnudam a superfície fértil e removem o solo superficial, provocando vários fenômenos ecológico, principalmente causando erosões, empobrecendo o solo e ocasionando mudanças nas características físicas locais.
Outro fenômeno ambiental importante é a mudança climática devido ao superaquecimento do solo e, conseqüentemente, do ar que está adjacente a ele, podendo provocar com freqüência precipitações do tipo Convecção térmica violenta.
A ocorrência dessa amplitude térmica faz com que caso ocorra a formação de fumaça nas horas de crepúsculo ou de manhã cedo, essa fumaça não suba, dificultando o advento de precipitações e de trocas de energia.
As queimadas afetam todo o ecossistema, com diminuição das chuvas, prejudicando destacadamente a agricultura de subsistência, pecuária (pastagens) e principalmente ocasionando a falta de visibilidade para operação de alguns aeroportos.
Com base nos fatos apresentados acima, é necessário que as autoridades envolvidas com problemas ecológicos promovam aplicação da política do meio ambiente e de leis ambientais vigentes, por todos os órgãos competentes.
É também importante que se desenvolvam estudos visando diagnosticar precocemente a presença de substância tóxicos nos ambientes, assim como revisar os critérios estabelecidos para os limites máximos permissíveis da sua presença nos ecossistemas.
Ao mesmo tempo, devem ser feitas campanhas para conscientização dos agricultores de alternativas técnicas de plantio, minimizando dessa forma impactos ambientais causados por esse setor econômico tão importante do país.
A questão do garimpo deve ser estudada com mais rigor, dando-se prioridade absoluta á questão do meio ambiente. O uso do mercúrio nos garimpos de maneira indiscriminada pode seguramente resultar, em curto prazo, num quadro tão assustador que, sem dúvida, se transformará na doença do século, trazendo conseqüências gravíssimas aos campos sócio-econômico e de toxicologia humana.
Deverá existir, por parte dos órgãos ligados ao turismo regional, uma orientação no sentido de convencer os turistas a não depredarem esta área conhecida mundialmente, para que, num futuro próximo, essas belezas cênicas possam ser apreciadas por outras gerações, bem como toda biota aquática da planície pantaneira.
ANADJE L. DO PRADO (FLORÍSTICA E FISIONOMIA) -Mestre em Botânica/UFMT
RIOS CLARO E MUTUCA
Áreas próximas do município de Cuiabá, situado a noroeste da cidade de Chapada dos Guimarães, cortadas pelos riachos dos mesmos nomes, que possam suas vertentes ao pé da escarpa calinosa, sobre terrenos sedimentares, desembocando o primeiro no rio Salgadeira nas proximidades da confluência deste com o rio Coxipó e o segundo , diretamente no Coxipó.
Assim como em outras regiões da Salgadeira, com suas características morfológicas no tocante á vegetação, além dos cerrados dos platôs e dos campos cerrados e cerrado rupestre dos paredões , a planície banhada pelas nascente dos riachos recobre-se de cerradão nas cabeceiras, constituído por espécies de estruturas desenvolvida (8 a 10 m de altura), dentre as quais, Physocalymma scaberrinum, Bursonima pachyphilla e outras também típicas do cerrado ( Qualea grandiflora, Q. multiflora, Curatella americana, Lafoensia paccari, Simarouba versicolor). Em seguida esta vegetação é substituida por mata semidecídua ciliar em grande parte do trecho superior destes rios e de seus afluêntes. Ao longo do rio Claro, principalmente, a mata é exuberante, compreendendo faixas relativamente larga. Em áreas mais distantes das cabeceiras, o embasamento de arenito da Formação Furnas e Botucatu é substituído por filito do Grupo Cuiabá. Nessas áreas a vegetação é representada também por manchas de cerradão, onde se evidênciam com frequência espécies de carvoeiro ( Callisthene fasciculata), timboeiro ( Magonia pubescens) e cumbaru ( Dipteryx alata) e extensas áreas de campo cerrado.
As espécies da mata semidecídua ciliar, notáveis pela frequência e porte " desenvolvido" com cerca de 20 m de altura e até 2m de circunferência, formam um substrato superior uniforme destacando-se os guanandis (Callophyllum brasiliensis), os cambarás (Vochysia haenkeana, Vochysia sp), as lináceas (Humiria sp) e as mulateiras (Apuleia sp), os pombeiros (Tapira guianensis), almecegas ( Protum heptaphyllum) figueiras (Ficus sp), crisobalanáceas (Hirtella glandulosa), pindaíba (Xylopia emarginata) e muitas outras. No estrato arbustivo e arbóreo deste mata com cerca de 4 a 8 m de altura, evidenciam-se nitidamente as espécies de Bactris sp. Myrcia sp, Hirtella gracilipes, Siparuna guianensis, Alibertia educalis; e o estrato herbáceo tem aparentemente uma configuração de áreas brejosas, onde as ciperáceas, tais como capins-navalha (Rhychospora sp), propagam-se entremeadas por aráceas e outras.
As matas semidecíduas ciliares são, na área, comumente contornadas por campos úmido (veredas), onde destacam-se também com frequência os buritis (Maurita flexuosa) que evidenciam á distância as diversidades vegetacionais alí encontradas. Esta espécie aparece também nos canais de drenagem geralmente próximos ou entremeada com a mata semidecídua ciliar. As áreas interfluviais colinosas são recobertas por cerrados, destacando-se neste ambiente os muricis (Byrsonima verbascifolia, B. crassiflora), os paus-terra (Qualea grandiflora), os paus-doce (Vochysia rufa, V. tucanorum), as lixeirinhas (Davilla grandiflora), o cajuzinho (Anacardium humile); e campos cerrados com as espécies típicas sobre latossolos e litossolos, respectivamente. Destacam-se ainda nestas últimas formações, entre várias outras espécies, a lixeira (Curatella americana), e embiruçu ( Pesudobombax longiflorum), as primenteiras (Erythroxyllum spp ), os paus-santos (Kielmeyera coracea, K. rubriflora), os timboeiros (Mogonia pubescens) e os aricás (Physocalymma scaberrimum). Estas duas espécies, conforme mencionado acima, participam também das formações de cerradões, principalmente nas proximidades das confluências do rios claro com Salgadeira e deste e o Mutuca com o Coxipó.
AVALIAÇÕES DA CONDIÇÕES AMBIENTAIS
As áreas dos rios Claro e Mutuca vêm sendo descaracterizadas pelo desmatamento com o intuito de instalação de chácaras, bem como a retirada da vegetação ciliar substituída por monocultura de subsistência tais como: mandioca, milho e abacaxi. Os locais decapados da vegetação nativa expõem os solos ás intempéries, causando assoreamento dos riachos que funcionam como verdadeiros criadouros naturais de muitos peixes regionais.
As trilhas indevidas de acesso aos riachos são uma das principais causadoras das voçorocas verificadas nos locais de vereda e/ou áreas desnudas. Deve-se ressaltar que estes ambientes são extremamente suscetíveis aos processos erodíveis quando desprovidos de vegetação natural.
RECOMENDAÇÕES
Diminuição das trilhas das mesmas que cortam, atualmente, as áreas de veredas para as áreas menos sensíveis ( sem retirar plantas herbáceas) ao tráfego como o cerrado e as bordas da mata;
As trilhas devem obedecer as situações topográficas do terreno; em caso inevitável á travessia pela vereda, as trilhas devem ser construídas com material típico da região, como rochas areníticas;
As áreas com voçorocas devem receber aterro e plantio de espécies do local. Os cerrados e matas com cultura de subsistência devem ser deixadas livres para o repovoamento natural da vegetação; e
Distribuir aos visitantes folhetos informativos e colocar placas educativas esclarecendo sobre o potencial e maneira de usufruir as áreas sem trazer-lhes graves impactos. Fazer o mesmo nas escolas, utilizando recursos audiovisuais, e visitas educativas in loco periodicamente.
SALGADEIRA
Localiza-se a noroeste da cidade de Chapada dos Guimarães e a noroeste da Baixada Cuiabana, uma das áreas de contato do planalto chapadense com o início da planície cuiabana. Do platô à toda planície local sucedem-se patamares estruturais de transição (paredão) que congregam uma diversidade de flora, fisionomia exuberante, a qual pode ser considerada, com base em Bordest (1984), com reflexos dos aspectos de transição nas suas características geológicas, climáticas e morfológicas.
O colorido reluzente das flores do paus-santos (Kielmeyra grandiflora e K. rubriflora), dos algodõezinhos-do-campo (Cochlospermum regium) , dos para-tudo e piúvas (Tabebuia spp), das quaresmeiras (Macairea sp. Tibouchina sp. Miconia sp), das cássias (Cenostigma gardenerianum, e Cassia desvaux), dos paus-doces e cambarás (Vochysia rufa, Vochysia haenkeana), das iridáceas (Iris sp) , das xiridáceas (Xyris sp)< das ciperáceas (Bubostylis sp) e dos buritis (Mauritia flexuosa) comprova o potencial florístico da área. As plantas agrupam-se formando arranjos (fisionomias ) conforme suas necessidades intrínsecas e as imposições fisiográficas e edáficas locais.
O extenso platô tem solos arenosos secos recobertos de cerrado (fruticeto), substituído por campo cerrado e cerrado rupestre no paredão; já na planície suavemente ondulada, formações de veredas interceptadas pela palmeira buriti recobrem as partes mais úmidas próximas aos riachos. As nascentes muitas vezes cedem lugar ás faixas de transições (cerradões, mata semidecídua e mata semidecídua ciliar). Os cerradões com frequência formam-se nas reentrâncias das escarpas e nas nascentes dos riachos. Algumas de suas espécies margeiam os rios que se avolumam. ã medida que os rios recebem os outros afluentes ou percolam os desfiladeiros íngremes que se secedem, apresentam variada fisionomia e em faixas relativamente estritas.
Paulatinamente os cerradões cedem lugar á mata semidecídua ciliar ou restringuem-se ás borads de mata. Frequentes nestas duas formações são justacontas (Sclerolobium paniculatum), os cabriteiros (Emmotum nitens), os cambarás (Vochysia haenkeana), as pindaíbas (Xylopia emarginata), as almecegas (Protium hepataphyllum, Protium sp), as tapiriras (tapirira guianesis), os paus-de-óleo (Copaifera longsdorffii) e especies variadas de Chrybalanaceae ( Hirtella glandulosa, Hirtella gracilipes e Licania spp).
As formações de cerradão compostas por Hirtella glaudulosa já foram identificadas por Oliveira Filho (1984), Oliveira-Filho e Martins (1986) para essa área e por Ratter (1971) e Ratter et al. (1973) no nordeste de Mato Grosso. Estes autores relacionaram também com a mata seca na transição para a hilea.
As áreas onduladas, arenosas interfluviais, relativamente mais secas, geralmente alinhadas com as lombadas das escarpas, recobre-se de cerrado. Em algumas áreas a palmeirinha (Syagrus comosa) principalmente na transição para as verdas, já em outras partes, a palmeirinha tucum (Astrocaryum campestris), a canela-de-ema (Vellozia seubertiana) e em direção ao interior da formação, as plantas tornam-se mais agrupadas, onde se destacam os paus-terra (Qualea parviflora Qualea grandiflora), coroa-de-frade (Mouriri elliptica), o jacarezinho (Mycia albo-tomentosa), os muricis (Byrsonima verbascifolia, B. crassiofolia), os paus-santos (Kiel meyra coriacea, K. rubriflora), os paus-doces (Volchysia rufa, V. cinomamea) e em pontos equidistantes o jatobá (Hymenaea stignocarpa), a fruta-de-veado (Pouteria ramiflora), a mocergueira (Andira cuyabenesis), o pequi (Caryocar brasileinsis), e o açoita-cavalo (Luehea paniculata). Entre as herbáceas e subarbustivas os capins (Thrrasia sp e Eleonurus sp.) e o cajuzinho-do-campo (Anacardium humile) respectivamente sendo este muito procurado pelos saborosos frutos que produzem.
As diferenças fisionômicas observadas ora em um grandiente contínuo ora em manchas separadas bruscamente estar intimamente relacionadas com o lençol freático, hipótese já proposta por Askew et al. (1971), Eiten (1972), Ratter et al. (1984) e Oliveira-Filho & Martins (1986). Ainda com base em Goldsmit (1974), o fogo pode ser um dos fatores a atuar no sentido de induzir formação de touceiras e o consequente agrupamento vegetacional, diminuindo formas de gradação entre os tipos vegetacionais e os fatores geomorfológicos da área.
Avaliação Das Condições Ambientais
Área dotada de beleza cênica singular na região, tem um terminal turístico de arquitetura inadequada e sistema de saneamento precário.
A vegetação natural e os cursos d' água estão sendo descaracterizados devido ao desmatamento da mata ciliar, área de camping, trilhas sobre voçorocas nas proximidades dos leitos d' água, aparecimento de plantas alienígenas como o capim-colonião (Panicum maximum), capim-gordura (Melinis Minutiflora), periquiteira (Trema micrantha), imbaúba (Cecropia af. pachystachya e outras invasoras de áreas alteradas.
RECOMENDAÇÕES
Sugere-se evitar novas construções na área que ainda tem capacidade turística considerável. Se for bem conduzida pode somar divisas numéricas á economia regional. Para tanto, determinadas precauções devem ser tomadas tais como:
Programas de educação nas escolas e distribuição de folhetos para os usuários e a população em geral, fortalecendo o pensamento de conservação de áreas verdes;
Sistema de saneamento efetivo para evitar poluição local; e ainda deve-se ressaltar que nesta área estão localizadas as nascentes do rio Coxipó, rio que banha várias chácaras de lazer e bairros residenciais até a sua foz no rio Cuiabá;
Recuperação das margens dos rios com reposição da vegetação nativa;
Construção de passarelas e trilhas em áreas mais propícias como o cerrado com calçamento de rochas típicas do local, eliminando com isso as trilhas nas veredas e barrancos das rochas;
Controle e manejo do fogo devem ser viabilizados para a conservação da área, com construção de aceiros e torres de fiscalização
Posto de fiscalização é necessário para a orientação dos usuários e intervenção dos agentes causadores dos danos ambientais, como ateamento de fogo, abertura de áreas, retirada de plantas.
MATA FRIA
Esta área situa-se a noroeste da cidade de Chapada dos Guimarães nas proximidades da rodovia MT-305 logo após o local denominado " Portão do Inferno". Área também próxima ao paredão do Planalto chapadense, onde há formação, no sentido leste-oeste, de um vale (canyon) relativamente pouco profundo, sinuoso e drenado por um riacho com carredeiras, quedas rápidas formando cachoeiras de aproximadamente 8 m de altura. Destacam-se 5 tipos de fisionomia vegetal: campo cerrado rupestre, cerrado, cerradão, mata semidecídua ciliar e campo úmido.
As amplas faixas do planalto sedimentar ao norte do monumento são recobertas por cerrado com vegetação de porte baixo, onde se evidenciam com freqüência os elementos subarbustivos como Anacardium lumile, Palicourea xantophylla, Anemopaegma arvense, Jacaranda decurrens, Phyllanthus sp, espécies conhecidas regionalmente como cajuzinho, douradinha, catuaba ou vergatesa, carobinha e quebra-pedra, respectivamente. Á medida que se direciona para o lado leste do mesmo local, o cerrado modifica-se paulatinamente para o campo cerrado. Nas imediações do vale, junto ás escarpas encontra-se o cerradão, onde os pequizeiros (Caryocar brasiliensis), as faveiras (Pterodon polygalaefolius) e as justacontas (Sclerolobium paniculatum) fazem-se presentes.
Contactando com os elementos do cerradão, descortina-se uma paisagem aberta, o campo úmido. Esta fisionomia evolui, numa extensão relativamente pequena, margeando as nascentes do mesmo riacho ( na segunda plataforma do relevo), á margem direita da rodovia acima citada. Limita-se na direção sul e oeste daquela local com faixas de cerrado de interflúvio e campos cerrado, no lado leste da área. Representantes da eriocauláceas, ciperáceas, gramíneas, além de xiridáceas, labiadas e melastomatáceas ornamentam o campo úmido com suas folhas e flores.
Nas imediações da rodovia, crescendo entre e sobre os monumentos ruiniformes encontra-se o campo cerrado rupestre com ocorrência de espécies subarbustivas e hebáceas como Cenostigma gardenerianum, Calliandra parviflora, Eschuweilera nana, representantes das gramíneas, amarilidáceas e orquidáceas típicas deste ambiente, tais como Echnolaena inflexa Hippeastrum sp e Epidendrum sp respectivamente. Broméliáceas e cactáceas estão presente sobre as rochas.
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS
A Área da cachoeira com a vegetação bastante alterada está sendo usada para rituais religiosos, o que se deduz pela presença de restos materiais como vales, panos, garrafas, utilizados freqüentemente nesses cultos. Também nota-se a existência de canos que evidenciam o bombeamento da água para uma fazenda próxima ao local.
A limpeza de vegetação ás margens da rodovia vem contribuindo para o processo erosivo da área que tem uma estrutura litológica aparentemente frágil.
Os elementos do cerrado, principalmente os de potencial alimentar e medicinal reconhecidos ( pequi, faveiras e outros) estão sendo constantemente arrancados sem o mínimo cuidado de preservação.
RECOMENDAÇÕES
Orientar com placas informativas os usuário do local, no que tange ás conseqüências provenientes da poluição por restos de materiais e retirada de plantas;
Plantar espécies nativas que ocorrem com freqüência no local, de preferência gramíneas e pequenos arbustos como Tvibouchinas, Miconias, e realizar outras medidas de efeitos a longo prazo, como campanhas de concientização nas escolas que produzirão resultados posimtivos na conservação de áreas naturais;
A conservação da área proporcionará ótimo ambiente de lazer em virtude da cachoeira ser de declividade razoável cerca de 5 - 6 m de altura, excelente para crianças. Deve-se tomar cuidado com " risco" de uma vazão incontrolada d' água e uma " boa" correnteza no período chuvoso; e
Conscientizar a população com relação aos riscos podem causar na área (falta de alimentos e habitat adequado para os pequenos e médios animais, voçorocas) com a retirada ou depredação das plantas de qualquer área da região.
BURITI
A localidade assim denominada é relativamente plana, cortada pelos rios Coxipozinho, no sentido leste-oeste. A vegetação remanescentes concentra-se numa extensão de aproximadamente 20 km, consistindo principalmente de cerrado, cerrado e mata semidecídua ciliar sobre solos arenosos.
Na primeira formação as espécies que mais se destacam pelo seu aspecto desenvolvido, 8 - 10 m de altura, copa esgalhada são as canjiqueiras (Byrsonima pachyphilla), justacontas (Sclerolobium paniculata), mataíba (Taipirira guianensis), e a mata semidecídua ciliar, espécies com cerca de 12 - 20 m de altura, como as lauráceas (Ocotea sp), as mircináceas (Rapanea guianensis), burseráceas (Protium heptaphyllum), as moráceas (ficus sp), as leguminosas (Inga sp, Hymenaca courbaril, copaifera langsdorffil) constituem espécies que evidenciam certas adaptações a condições de umidade e anoxia no estrato superior.
No estrato mais inferior, encontram-se melastomatáceas ( Miconia sp), solanáceas (Solanum fycocarpum) e ciperáceas (Rhynoaspora). Sempre presente nos cursos d' água e vereda está o buriti (Maunritia flexuosa), planta que provavelmente pela sua frequência na área originou o nome dado para localidade.
As demais fitosionomias sào representadas por grande extensão de cerrado e pastagens em torno da área. Manchas de campo úmido nas cabeceiras e campo sujo ( áreas ecotonais) na transição para o cerradão onde são frequentes os aglomerados de gravatás ( Ananas ananassoide e Bromelia balansae.
Ainda sobressai pela densidade, cor verde-limão e movimento pelo toque da correnteza no leito do rio Monjolinho, uma macrófita (cf. Mayaca sp), área relatfivamente aberta.
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS
Esta vegetação parcialmente descaracterizada pode ser considerada como testemunha de uma cobertura verde outrora exuberante. A retirada de grandes árvores da mata foi constatada pelas clareiras e resíduos das árvores sobre o solo, além de espécies invasoras no interior da mata como Solanum lycocarpum. A atividade de cerâmica nas proximidades do rio Coxipozinho vem contribuindo para alteração da vegetação. Verificou-se ainda a construção de barragens no rio Coxipozinho. Estas atividades podem alterar o funcionamento natural dos rios bem como provocar ações prejudiciais ao meio, tais como assoreamento do leito dos cursos d' água, modificações ecológicas nas áreas atingidas pela erosão e/ou assoreamento em função da retirada da vegetação ciliar.
RECOMENDAÇÕES
Por se tratar de uma área particular e que faz limites com o Parque Nacional, recomenda-se:
- orientação dos administradores da área no sentido da conservação das formações remanescentes e construção de aceiros para evitar entrada de fogo; - Fiscalização pela Política Florestal na área, evitando a caça depredatória e o desmatamento; e
- trabalho de conscientização ás crianças, através da própria escola evengélica e outras, que poderão agir como agentes multiplicadores da informação.
CACHOEIRINHA
Esta região situa-se a jusante de Buriti, sendo atravessada pelo mesmo rio Coxipozinho e um afluente deste. Apresenta os canais de drenagens rasos porém relativamente em funções das condições edáficas e do relevo. Na área ocorre o planalto interrompido resultando os paredões e concavidades com sedimentos arenosos, formando as conhecidas cachoeiras e piscinas naturais voltadas para o lado oeste, também constituindo o vale.
A vegetação local obedece a estes padrões gemorfológicos, edafoclimáticos, entre outros, constituindo-se essencialmente de mata semidecídua de interflúvio e cerradão, sendo este último observado nas áreas adjacentes, estendendo-se na áreas planas em grande faixa a montante do local. A área é bastante interessante pela diversidade florística que apresenta como espécies de estrutura desenvolvida, verdadeiras árvores, entre as quais: pindaíbas (Xylopia cf. aromatica), orelha-se-negro (Enterolobium tamboril), ingás (Inga spp), paus-de-óleos (Copaifera langsdorffii), Sloanea sp, (Rapanea guianensis), olho-de-boi (Diospyros sericea), cambará de caule amarelo (Vochysia haenkeana, Vochisya sp), louro (Cordia bicolor); sobreponde-se em grandes alturas com cerca de 15 a 20 m espécies adaptadas a condições especiais de luminosidade e nutrientes, com as orquídeas, aráceas e polipodiáceas, também ciateáceas com fetos arborescentes e muitas plantas jovens, com potencial ornamental inquestionável. Também parecem resistir a condições, principalmente luminosidade direta e possível escassez de nutrientes no paredão, algumas espécies de aráceas (Phydendron sp; Anthurium sp ), cactáceas, ocnáceas (Cespedesia spathulata) e moráceas (Ficus sp)
AVALIAÇãO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS
A área encontra-se bastante descaracterizada devido á exposição das rochas e solos e retirada indiscriminada de plantas ornamentais.
As orquídeas, pteridófitas, entre outras provavelmente em troca de umidade funcionam como protetoras dos paredões e barrancos na área. A abertura de clareiras na mata ciliar e vegetação adjacentes para instalações de lanchonetes e áreas de lazer é outro fator degradador do local. As trilhas inadequadas nas bordas dos barrancos provocam acentuada erosão, tombamento acelerado das árvores ( assim como clareiras) e assoreamento dos leitos dos riachos. Constatou-se ainda a poluição por resíduos sólidos ( garrafas sacos plásticos, latas ) deixandos pelos usuários do local.
RECOMENDAÇÕES
Sugere-se para diminuir os impactos ambientais, que vem sofrendo o local, a construção de trilhas e escadarias com rochas típicas da região para evitar interferência ao máximo, tal como na alteração e carreamento de solo aos canais de drenagem e fratura de barrancos. A plantação da área com espécies nativas faz-se necessária como medida amenizadora da erosão e assoreamentos dos riachos, assim como a manutenção da vegetação local em equilibrio.
Fixar placas explicativas sobre a importância daquele ambiente para os visitantes, orientando-os sobre a forma correta de utilizá-lo. Evitar retirada de plantas e viabilizar adequadas condições de higiene e controle da poluição no local. Persistir com educação ambiental nas escolas, mostrando a utilidade de tais plantas para o solo, rios, cachoeiras, assim como as razões dos banhos naturais para a saude da pessoas.
VÉU DE NOIVA
Localiza-se a noroeste da cidade de Chapada dos Guimarães, entre os locais denominados Mata Fria e Cachoeirinha, adentrando-se cerca de 2 km á direita da rodovia MT-305 (sentido Cuiabá-Chapada). Local de variada fitofissionomia, o que é descortinado da região próxima da Cachoeirinha ( á direita da rodovia Cuiabá-Chapada). Quando o rio Coxipozinho atravessa o paredão de rochas de rochas sedimentares da Formação Furnas, abruptamente se lança ao vale com uma queda d' água de aproximadamente 70 m de altura, e torna-se, assim a cachoeira Véu de Noiva, prosseguindo então seu curso por um canyon profundo, relativamente aberto.
Dando um aspecto pitoresco ao lugar, ás suas adjacências, tem-se o campo cerrado com sua espécies típicas de flores alvas, róseas, lilases e amarelas principalmente. Espécies como Mandevilla sp, Piptocarpha rotundifolia, Eremanthus sphaerocephalus, Kielmeyera coriacea, Himatanthus obovata, Vellozia, seubertiana recobrem os solos rasos do platô. Aparecem revestindo os paredões e as margens destes, que de certa forma retêm umidade, as espécies de velosiáceas (Vellozia sp), Melastomatáceas (Tibouchina sp, Miconia sp, Macairea sp), cactáceas, ciperáceas, orquidáceas (Cyrtopodium sp), icacináceas (Emmotumnitens), e malpighiáceas (Byrsonima crassiflora). Estas duas últimas também foram encontradas no campo cerrado rupestre. A mata semidecídua ciliar, constituída de espécies que alcançam cerca de 20-25 m de altura, como pindaíba (Xylopia emarginata), morototó (Didymopanax morototoni), cambará de caule amarelo (Vochysia haenkeana), pau de óleo (Copaifera langsdorffii), Ingá ( Ingá sp) e a palmeira bacaba ( O nocarpus distichus) predomina nas margens do rio , estendendo-se em todo o vale. No planalto adjacente, entre a Cachoeirinha e Véu de Noiva os solos arenosos espessos, avermelhado, são recobertos por cerrado. Vegetação essa que ocorre em manchas nas áreas planas das proximidades da região. Chega-se a ter extensão considerável rumo norte a partir daí em direção a Água Fria. Nessas áreas o cerrado se torna ora mais fechado, ora mais aberto. A vegetação é bem diversificada, mas com frequência têm-se as palmeiras Syagrus comosa, Kielmeye rubriflora, Palicourea xanthophylla, Eremanthus mathogrossensis e outras que se destacam pela real beleza das folhas e/ou flores.
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS
Área de beleza cênica ímpar, vem sendo alterada devido a construções de lanchoentes estradas e trilhas inadequadas que contribuem para o carreamento de sedimentos sobre o mirante ali construído.
Evidências de ação antrópica como ateamento de fogo, retirada de plantas dotadas de potencial ornamental das margens do paredão e desmatamento nos platôs expòem rochas e solos ás intempéries, bem como a presença de residuos sólidos (plásticos, garrafas, latas, etc.). Tudo isso vem contribuindo sensivelmente pra a descaracterização do local.
RECOMENDAÇÕES
construção de estradas e trilhas que obdeçam as condições topográficas do terreno, evitando com isso o carregamento de sedimentos para o canyon;
melhorias de lanchonete ali construída em estruturas rústicas, porém com sistema de saneamento básico. A lanchonete deveria estar localizada na parte mais plana do local;
orientação aos usuários com materiais informativos (folders, cartazes) no que tange a poluição por resíduos sólidos e retirada de plantas; e
fiscalização do uso indiscriminado do fogo e desmatamento, na area e circunvizinhaças
INDEPENDÊNCIA
O rio Independência, localizado a noroeste da cidade de Chapada dos Guimarães, corre no sentido sudeste-noroeste.
Caracteriza-se esta área pelas elevações convexas recortadas por grotas ou riachos e vales de desfiladeiros íngremes. O principal canal de drenagem desta região é o córrego Independência. Este, no seu percurso, forma várias cascatas de diferentes alturas, sendo as principais: Sonrisal, do Pulo, Andorinhas e Independência.
A vegetação que ocorre ao longo destas grotas ou riachos constitui-se de estreita faixa ( 4 - 6 m de largura em média, alargando-se nos vales mais profundos) de mata semidecídua ciliar, com inclusões de espécies ou mesmo formações de cerradão típicos da fitofisionomia da região. Entre as espécies arbóreas atingindo cerca de 5-8 m de altura estão as crisobalanáceas (Licania sclerophylla, Hirtella glandulosa, H gracilipes), burserácea (Protium heptaphyllum), anacaridácea ( Tapirira guiaanensis), voquisiácea (Voshysia sp), anonácea (Xylopia cf. aromatica), leguminosa Capaifera langsdorffii) e ocnácea (Cespedesia spathulata). A poucos metros dos canais de drenagem em direção ás elevações, fazendo transição para o cerrado, destacam-se faixas de campo úmido. Nessas faixas os estratos herbáceo e subarbustivo, constituídos por ciperáceas, gramíneas e melalastomatáceas principalmente, sobressaem pelo arranjo pitoresco típico. Também dependendo do lugar, a fisionomia da vegetação muda abruptamente, ora para cerrado ora para campo rupestre, dotada de uma considerável diversidade florística semelhante a outras áreas aqui tratadas, como São Jerônimo, caverna Aroé-Jari e Véu de Noiva.
AVALIAÇÕES DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS
As diversas trilhas inadequadas decapeiam o solo. Originam processo erosivo na área de declive e assoreiam o leito dos riachos. A busca constante de atividades de lazer submete o local a pertubações e causa o desmatamento da mata ciliar.
A cobertura vegetal que ocorre na área é muito importante, pois além de propiciar um panarama visual característico e embelezador em meios ás esculturas rochosas certamente ameniza o impacto das torrentes. A própria litologia local evidência fragilidades ás intempéries.
A presença de resíduos sólidos ( latas, garrafas e plásticos) próximos dos riachos denuncia o turismo desordenado na área.
RECOMENDAÇÕES
Devido aos fatores negativos oriundos das trilhas inadequadas, recomenda-se que elas sejam calçadas com rochas típicas e se façam apropriadas com canais de escoamento da água proveniente das chuvas.
A vegetação das áreas desmatadas com espécies nativas já citadas torna-se uma ação necessária para manutenção destes ambientes.
As orientações aos usuários como já descritas em outras áreas são etapas para um turismo menos impactante do que o constatado na área.
BEGAIR PEREIRA FILIPALDI (Uso do Solo) Geógrafa/EMPAER
1. Véu de Noiva
Localiza-se a noroeste da Cidade de Chapada dos Guimarães, próximo a rodovia MT-251, com acesso através de estrada secundária.
Ponto turístico de grande visitação, compreende uma cachoeira de aproximadamente 53 metros de altura, cortando litologias de Formação Furnas, sobre o rio Coxipó; este logo abaixo recebe aguas do córrego Independência, já cortando litologias do Grupo Cuiabá. Nesta área o relevo cacacteriza-se por possuir formas tabulares de topo plano, constituindo o canyon do rio Coxipó, apresentando em suas encostas depósitos aluviais recentes. O mirante do Véu de Noiva, local de fluxo de turistas, tem um grande acúmulo de detritos. Logo acima, localiza-se uma lanchonete, construída em condições precária e sem planejamento.
É necessário destinar áreas para estacionamento, serviços, etc., e limitar o acesso até o mirante apenas a pedestres assim como fazer uma constante manutenção da estrada de acesso.
2. Mirante
Localiza-se a leste-sudeste da cidade de Chapada dos Guimarães, ás margens da rodovia Mt-251 e da escarpa formadora do planalto dos Guimarães. Local de grande visitação turística, de onde avista-se a peneplaníce cuiabana e a sudeste a continuação da escarpa. O seu topo caracteriza-se por apresentar um relevo plano, onde afloram camadas da Formação Ponta Grossa, encontrando-se fragmentos de fósseis limonitizados; descendo aflora o nível de contato gradacional com a Formação Furnas, com formas tabulares, escavando vales de paredes íngremes; abaixo avista-se o Grupo Cuiabá, com relevo de topo convexo, em forma de crista; em toda a sequência predominam os depósitos aluviais recentes.
Neste local a humanização da Paisagem é evidente, o acesso de carro se dá até a beira da escarpa, caminhos de pedrestes ativam a erosão; construções utilizadas para a exploração comercial, atualmente abandonadas, e o acúmulo de lixo são as características da passagem do homem por este local.
Para uma adequada utilização do local é necessário limitar o acesso de veículos, através da elaboração de um plano de ocupação da área.
3. Morro de São Jerônimo
Localiza-se a oeste da cidade de Chapada dos Guimarães, é um dos monumentos de destaque da escarpa estrutural que forma o planalto dos Guimarães, forma típica de relevo tabular (desenho 02.).
Tem aproximadamente 836 metros de altitude em seu topo; em toda a sua espessura estão registrados desde camadas do Grupo Cuiabá, até a altitude da escarpa, o contato com a Formação Furnas e no topo camadas da Formação Ponta Grossa. As características gerais da região são relevos de topo aplanado, formando vales em "V" na encosta da escarpa, predominado escarpas estruturais e erosivas da Formação Furnas. Em sentido leste, a região apresenta relevo de topo plano até os limites da escarpa, na serra do Quebra-Gamela. O relevo ruiniforme é característico por toda a área, encontrando-se formas esculturais e desfiladeiros no cerrado.
As rochas metassedimentares de Grupo Cuiabá têm como característica a esculturação do relevo ondulado, de topo convexo, formando cristas. Esculturando vales nas áreas de nascentes localizadas na escarpa, até chegar a altitude média de 250 metros, seus rios têm características de jovens a maturos, adquirindo a senilidade mais ao sul, na depressão paraguaia.
As estradas de acesso a esta área são predominantemente sobre arenitos, as áreas secas e planas encontram-se em bom estado de conservação, apresentando camadas de areia de até 20 cm, na estrada de acesso á sede da fazenda, passa-se por uma área acidentada com riachos de água cristalina e refúgio da fauna.
4. Salgadeira
O complexo social e turístico de salgadeira localiza-se a noroeste da cidade de Chapada dos Guimarães, na rodovia MT-251, no trecho onde tem início a mudança de altitude, para chegar até o planalto dos Guimarães.
Corresponde a uma área de lazer e recreação, com restaurante, quadras de esporte e locais para banhistas. Ponto turístico de parada obrigatória, situada na base de escarpa, recebe grande número de turistas e habitantes locais, qua são atraídos pelas cachoeiras do córrego da Salgadeira e da Paciência. O acúmulo de detritos nestes locais é grande, assim como a depredação do ambiente natural, com áreas desmatadas, assoreamento dos córregos e crescimento desordenado de estabelecimentos comerciais.
A área de nascente do córrego Salgadeira caracteriza-se por possuir relevos com formas tabulares de topo ruiniforme e relevo ondulado, em forma de cristas, de topo convexo, formando vales de fundo plano.
A ocupação desordenada deste espaço está alterando a taxa de erosão, assoreando os riachos, devidos a retirada da cobertura vegetal de suas margens e da vegetação rasteira. É necessário recobrir o solo, garantindo o suporte da pequena camada de solo ainda existente.
5. Cachoeirinha
Localiza-se sobre a ponte de rio Coxipó, na rodovia MT-251, a noroeste da cidade de Chapada dos Guimarães.
Este local é utilizado como ponto turístico de grande visitação. A cachoeira corta litologias da Formação Furnas, e é a principal atração turística do local. A área está totalmente descaracterizada, devido á instalação de lanchonetes, restaurantes, utilizando a sombra das árvores como estacionamento, escavando churrasqueiras no solo, construção de muro de arrimo nas margens do rio e da cachoeira. A utilização inadequada do local, levou a um grande acúmulo de detritos deixados pelos visitantes e com a falta de planejamento para a utilização da área, não foi destinado local para estacionamento. O restaurante está localizado ás margens do rio, na parte inferior da cachoeira, na área de deposição de sedimentos. Este local é utilizado como residência e todo o esgoto e lixo doméstico são depositados no rio. A criação de aves causa também acúmulo de detritos, que são carregados para o rio durante as cheias.
A grande frequência de visitantes e a falta de manutenção estão causando um alto índice de erosão local, comprometendo a vida da vegetação ás suas margens; árvores de grande porte estão sendo levadas pelas águas das cheias.
A solução para este grave problema de degradação ambiental e poluição de mananciais é o planejamento adequado para a utilização destas áreas, delimitando áreas para banhistas, áreas de serviços e estacionamento, e reconstituição do ambiente do ambiente natural. A intervenção do estado torna-se essencialmente necessária nesta área, para sua utilização adequada.
6. Caverna Aroé-Jari
Situada a aproximadamente 40 km da cidade de Chapada dos Guimarães, na região sudeste do município. Foi esculpida em formações areníticas.
Esta caverna encontra-se estratigraficamente entre o contato com a Formação Furnas e o Grupo Cuiabá. A Formação Furnas nesta área apresenta níveis com arenito médio a fino, síltico, com camadas de óxido de ferro, intercalados com níveis conglomeráticos, com seixos de médios a grandes, bastantes silicificados. O pacote apresenta falha de sentido nordeste, tendo uma espessura de aproximadamente 70 metros. Na parte posteior do pacote ocorem diversas formações de grutas, a maior delas chamada de Lagoa Azul, devido a coloração de suas águas, onde a água é represada depois de passar por cursos subterrâneos, passando a drenagens superficiais, formando canyons. A região caracteriza-se por apresentar escarpas areníticas, estruturais e erosivas, e escavação de vales em " V ", nas nascentes do córrego da Caveira. As esculturações do relevo que merecem destaque são: Cruz de Pedra, formada no arenito, tendo a forma de Cruz, preservando os planos de estratificação e a Ponte de Pedra, situada próximo ao caminho de entrada na caverna. Predominam formas erosivas tabulares, separadas por vales de fundo plano.
O acesso é através da fazenda Medianeira, onde estão localizados os terrenos utilizados para agricultura mecanizada, devido ás característica do relevo de topo plano (foto 03). Após a fazenda o acesso se faz através de pequenas estradas internas, construídas sobre o arenito, estando estas em péssimo estado de conservação, com inúmeras valas escavadas pelas águas das chuvas. A estrada de acesso á entrada principal da caverna localiza-se sobre uma vereda, sendo impraticável no período de chuvas, porém na estação seca é possivel a entrada até suas proximidades, prejudicando importantes nascentes. O solo rico em matéria orgânica transforma-se em atoleiros, quando muito frequentado. Toda a área possui diversos caminhos feitos pelo grande número de visitantes e acampamentos. Foi encontrada grande quantidade de lixo inorgânico na entrada principal e na Lagoa Azul. A visitação desse importânte monumento e local de refúgio da fauna deve ser orientada evitando qualquer forma de alteração do ambiente natural e degradação dos mananciais.
7. Cidade de Pedra
Localiza-se a noroeste da Cidade de Chapada dos Guimarães, próximo á rodovia MT-251, na zona centro-oeste da área delimitada para o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães.
Formações rochosas no arenito da Formação Botucatu, com formas de topo pontiagudo, podem ser consideradas áreas tipo deste forma escultural de relevo, recobetas por capas laterística que suportam a sua modelação. Esta formação caracteriza-se por apresentar arenitos de cor vermelha, pouco litificados, com estratificações cruzadas, depositados por processos, eólicos.
8. Portão do Inferno/Mata Fria
Localiza-se no trecho da rodovia MT-252, com as curvas mais perigosas, onde já ocorreram diversos acidentes automobilísticos fatais.
Região onde a rodovia acompanha a escarpa, com diversos despenhadeiros. Caracteriza-se por possuir relevo de formas ruiniformes, diferenciados onde afloram camadas da Formação Botucatu. A Formação Botucatu caracteriza-se por apresentar arenitos depositados em ambientes desérticos, pouco litificados, esculturando formas de relevo ruiniforme, pontiagudos, recobertos por capas laterísticas que mantêm a sua modelação. A Formação Furnas apresenta formas esculturais mais suaves, chegando próximo a um relevo plano; depositada em ambiente aquoso, a rocha apresenta-se bastante silicificada, com maior resistência. O Portão do Inferno representa o contato entre as duas formações. Os paredões que acompanham a rodovia, desde a Salgadeira até o Portão do Inferno, encontram-se totalmente alterados de seu padrão natural, com inúmeras pichações.
Seguindo em direção á cidade de Chapada dos Guimarães e Formação Botucatu aflora na escarpa superior próximo á estrada, onde localizam-se algumas chácaras, com construções na base, correndo o risco de soterramento, com o deslocamento de blocos de arenitos. No final da escarpa, fazendo parte do planalto dos Guimarães ocorrem por capas laterísticas modelando figuras que dão asas á imaginação.
Nas margens da rodovia encontram-se vestígios de uma antiga estrada, que atualmente está bastante erodita, formando diversas valas. São necessários o controle e a recuperação desta área.
9. Morro Cambambe
Localiza-se a norte-noroeste do distrito de água fria, no município de Chapada dos Guimarães. O acesso é através de etradas vicinais, não pavimentadas.
Na estrada de acesso, no local denominado Serrinha de Água Fria, encontram-se uma falha normal (graben), de sentido nordeste, cortando paralelamente uma escarpa erosional de sentido leste-oeste. As camadas expostas são da Formação Botucatu e do Grupo Bauru, apresentando relevos ruiniformes e tabulares, respctivamente. Os depósitos recentes são em leques aluviais, acompanhando a escarpa. Neste local o transporte de sedimentos atuais ocorre exclusivamente através de correntes intermitentes, formando vales de fundo palno; as nascentes localizam-se na região de planície.
A localidade de Água Fria, cujo nome é devido a um córrego, compõe-se de casas de arquitetura colonial e outras construídas de barro e palha, materiais encontrados na própia região. Composta por Chácaras e fazendas, seus habitantes praticam a agricultura e agropecuária, embora a atividade principal seja o extrativismo mineral. Possui um solo concrecionário, latossolo-vermelho distrófico.
Ricardo Weska, em 1987, conclui estudo na região a partir de uma compartimentação faciológica, indicando alforamentos da fáceis cambambe. A área em estudo apresenta relevo residual de topo aplanado, de superfície erosiva tabular, rodeado por terrações, seperados por vales em " U ", com nascentes na base de morro. Sua encostas estão recobertas por depósitos aluviais recentes. O morro Cambambe representa o início da escarpa estrutural que forma o planalto dos Guimarães. A transformação do espaço pelo homem está evidênciada pela alteração do ambiente natural, a erosão provocada pelo homem está presete desde a base do morro, encontrando-se também evidências de escavações com objetivos científicos.
10. Lapa do Frei Canuto
Localiza-e a leste-sudeste da cidade de Chapada dos Guimarães região de ocupação histórica pelos jesuítas, atualmente refúgio da fauna da região.
No topo da escarpa estão localizadas as nascentes do ribeirão Sumidouro, formado cascatas de caráter perene e intermitente, com escoamento superficial sobre as camadas argilosas da Formação Ponta Grossa. A região tem como característica peculiar a formação de terraços na base da escarpa, que é utilizada para a criação de gado de corte. A escarpa apresenta-se em alguns locais totalmente tomada pela vegetação, que se desenvolve a partir de depósitos em leques aluviais e em outros com paredões lavados pelas águas das cascatas. Nesta área, é possível descer a escarpa através de caminhos escavados na rocha, existindo tambem caminhos trafegáveis em direção á cidade de Cuiabá. O caráter antrófico da região se evidencia pela utilização desta área para pecuária e agricultura, com nascentes pisoteadas pelo gado e vestígios de queimadas no tronco das árvores.
A erosão causada pela águas da chuva escava esculturas nos arenitos. Abaixo dos terraços o relevo apresenta-se com formas de topo convexo em cristas, elaborando vales em " V ". Na altitude média de 250 metros o Grupo Cuiabá está sofrendo um processo de peneplanização e consequente deposição na bacia do Pantanal. Na região de planície próxima á escarpa, a ocupação do solo se dá através da atividade agrícola e extrativismo mineral, este responsável pela degradação dos mananciais.
11 - Independência
Localiza-se a oeste da cidade de Chapada dos Guimarães, dentro da área delimitada para o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães. Região onde afloram camadas da Formação Ponta Grossa e da Formação Furnas, em diversas estradas vicinais e no córrego Independência. Área onde existem numerosos monumentos espalhados. A casa de Pedra, formação rochosas onde o córrego Independência escavou uma gruta sobre a Formação Furnas, é local e grande visitação turística;
DIRETRIZES GERAIS DE USO
As Diretrizes Gerais de Uso, neste trabalho são consideradas como as Normas e Critérios de como devem ser usados estes monumnetos. Bem como a legislação que protege acerca de algumas situações. Muitas não possuem qualquer resguardo legal. Estas são merecedoras de estudo jurídico mais detalhado.
A memória destes monumentos também devem feitas de maneira ordenada, obedecendo um padrão nas obras civis, bem como dando prioridade de execução ás obras de maior necessidade na contenção da destruição do ambiente. Estas prioridades estão identificadas no cronograma de Diretrizes Gerais de Uso.
Para melhor clareza, os monumentos foram agrupados segundo a intensidade de impacto ambiental. Retendo, assim, uma maior visão do ambiente natural, legislação, grau de depredação e soluções minimizadoras.
Com isto, definem-se uma série de restrinções á ocupação desordenadas, seja ela já estabelecida ou com fortes pressões ao estabelecimento inadequado. Bem como, recomendações para conter a evolução de processos degradatórios do meio natural e sugestões para um uso compatível.
Esses grupos são:
Grupo I - Monumentos com uso turístico extensivo;
Grupo II - Monumentos com uso turísticop intensivo;
Grupo III- Monumentos com uso agropecuário e Garimpeiro
Estes grupos serão tratados a seguir.
GRUPO I - MONUMENTOS COM USO TURÍSTICO EXTENSIVO
DEFINIÇÃO
Os monumentos incluídos neste grupo possuem uma visitação turística moderada. Ao ponto de manter a maior parte da áreas naturais, mas podendo apresentar algumas alterações antrópicas.
MONUMENTOS: GRUTA AROE-JARI/MORRO DE SÃO JERÔNIMO
Objetivos específicos:
- proteger o ecossistema primitivo, no caso da gruta, através de uma unidade de conservação;
- possibilitar atividades recretivas primitivas,tais como passeios á pé, através de trilhas e caminhos pré-estabelecidos,num ambiente essencialmente natural e rústico;
- recuperação e um novo traçado das trilhas já existentes.
Diretrizes gerais de uso:
- visitação em grupos pequenos, média de 05 pessoas, acompanhadas por guias qualificados;
- a sinilização e trilhas deverão ser discretas, construídas com materias que compatibilizem com o ambiente e em número estritamente necessário. As trilhsd deverão evitar as áreas sensíveis ao pisoteamento como as veredas, o acesso e devem ser feitos no cerrados;
- a visitação á gruta deve ser feita apenas nos primeiros 20 metros a partir da entrada principal;
- o controle de agrotóxicos de erosão nas áreas de entorno, através de alocação de containes para armazenamento dos resíduos sólidos.
- Estes devem ser alocados no estacionamento;
- paralização do processo de desmatamento nas áreas das veredas e matas de galerias.
GRUPO II - MONUMENTOS COM USO TURÍSTICO INTENSIVO
DEFINIÇÃO
Estes monumentos são caracterizados por um turismo de grande ,intensividade, causando muitas vezes a descaracterização do ambiente natural. Este grupo possui facilidades de visitação, contendo estacionamento fácil e próximo aos monumentos. Muitos destes monumentos contém centro de visitantes , bares e outras facilidades e serviços.
MONUMENTOS: RIO MUTUCA, RIO CLARO, RIO SALGADEIRA, CACHOEIRINHA, VÉU DE NOIVA, MIRANTE, COMPLEXO DE CACHOEIRAS DO RIO INDEPENDãNCIA, CASA DE PEDRA.
Objetivos especificos:
- ordenar o turismo;
- proporcionar a recreação e turismo sem causar depredação e impacto.
- proporcionar ao visitante um contato com as belezas naturais da região (cachoeiras, paisagens cênicas etc.);
- atingir o público visitante destes monumentos, com a educação ambiental através de folhetos,cartilhas, audio visual etc.
Diretrizes gerais de uso:
- programas de educação nas escolas e distribuição de folders e cartilhas para os usuários, fortalecendo a consciência preservacionista;
- paralização do processo de desmatamento e recuperação das margens dos rios através da reposição da vegetação nativa e delimitação das áreas de banhismo;
- delimitação das trilhas principais, obdecendo a situação topográfica do terreno e vegetação sensivel. Em caso inevitável a travessia pela vereda, as trilhas devem ser construídas com material que compatibilize com o ambiente. As trilhas excessivas devem ser interditadas para recuperação;
- placa com informações gerais nas imediações dos estabelecimentos e no percuso das trilhas apenas pequenas placas educativas, em número o mais reduzido possível;
- construções civis devem ser controladas e normatizadas;
- controle e manejo do fogo, através de aceros e torres de fiscalização;
- as edificações já existentes deverão ter fossas sépticas e sumidouros, guardando uma distância mínima de 300 m na horizontal, dos curos d' água;
- coibir criações de animais domésticos;
- providenciar junto a Prefeitura de Cuiabá ou Chapada, o recolhimento do lixo armazenado nos containers e nos depósitos de lixo improvisados;
- recuperação das áreas degradadas em alguns trechos da bacia, com utilização de bacias de amortecimento.
GRUPO III - MONUMENTOS COM USO AGROPECUÁRIO E/OU GARIMPEIRO
DEFINIÇÃO
A pecuária e/ou agricultura são as principais ações degradatórias nestes monumentos; a ação garimpeira atua secundariamente nesta região. Muitos destes já sofreram grande impacto.
No momento, a visitação turística nestes locais não existe ou é moderada. Podendo futuramente ter grande potencial turísco/científico.
MONUMENTOS: MORRO DO CAMBAMBI, BURITI, VALE DO JAMACÁ, SERRA DO ATIMÃ.
Objetivos especifícos:
- ordenar as atividades agropecuária e garimpeira;
- proporcionar, no monumento Morro do cambabê e Buriti, um turismo cultural e ecológico.
Diretrizes gerais de uso:
- efetuar estudos sobre as aptidões agropastoris, bem como as respectivas pertubações ambientais;
- as edificações devem conter fossas sépticas e sumidouros;
- controle de agrotóxicos, desmatamento e caça pelos órgãos federal, estadual e municipal;
- controle por parte dos órgãos estaduais e municipal, das instalações de obras hidráulicas, exigindo-se estudos hidrológicos;
- construções de bacias de amortecimento;
- implantação de áreas de refúgios da fauna e flora;
- cadastramento e controle dos garimpos;
- construções de açudes para lavagem do cascalho diamantífero;
- todos os empreendimentos novos devem ser analisados pelos órgãos para tal competência (IBAMA),FEMA etc.);
- controle de queimadas através de aceiros;
- cadastramento e reconstituição dos monumentos culturais,
principalmente do Buriti, com a finalidade de desenvolvimento de turismo
cultural.
Página inicial / English Version / Passeio Virtual(Mapa/Fotos) / Ecoturismo Cultural Agência. / "Monte $eu Pacote" / Reservas On-Line / Guias de Turismo / Localização / Hotéis / Restaurantes / Art & Artes Artesanato / Textos com download / Dicas de Viagem / Experiências de Viagem / Links / Procura / Assine o livro de visitas / Ver o livro de visitas Traduções "Alta Vista" em diversos idiomas / Envie uma mensagem para: ecoturismo@chapadadosguimaraes.com