Paulo Neto
Paulo Neto dominava as técnicas de construção de modelos e a mecânica dos motores, mas era também muito bom na electrónica de voo. Estava sempre disposto a ajudar qualquer outro aeromodelista. Ainda recordo como o conheci: numa portagem da auto-estrada, onde eu me encontrava depois de ter ficado sem gasolina no carro; ele viu-me com um recipiente do combustível tomou a iniciativa de parar para me dar boleia, pois já me conhecia de vista da Siderurgia. Várias outras vezes o Paulo Neto me ajudou, nomeadamente quando tive uma avaria prolongada no automóvel e ele me emprestou um dos seus. Apesar da sua disponibilidade para ajudar qualquer pessoa, Paulo Neto gostava de voar sozinho e preferia ir para a pista em dias de semana a ter de aturar as tricas e os exibicionismos típicos dos aeromodelismo nacional. O Paulo Neto deu também uma grande ajuda ao Clube de Aeromodelismo de Setúbal, particularmente durante os Encontros de Hidroaviões, para os quais trazia o seu barco de borracha motorizado, sendo incansável na recuperação dos modelos que paravam na água. A sua casa, na Praça do Brasil, em Setúbal, era um santuário do aeromodelismo, com numerosos modelos espalhados por todas as salas, e um stock impressionante de ferramentas, peças, motores, componentes electrónicos, rádios, etç. O Paulo Neto era um apreciador do voo, gostando especialmente de voos lentos e de aterragens controladas. Um dos seus modelos de estimação era o Chipmunk, do qual possuía diversas versões. Devido à paixão que ele tinha pelos modelos, entreguei-lhe vários dos meus aviões quando decidi reduzir drasticamente a minha actividade aeromodelística - nomeadamente a Cessna da Topflite, o AT6 Texan e o Piper Pawnee - pois sabia que ele os estimaria e, sobretudo, lhes daria nova vida. Morreu um homem bom. Onde quer que estejas, Paulo Neto, espero que te encontres bem, porque o mereces. João Aldeia |