AVISTANDO OLIVENÇA


Bem me reconheceste à avistada!
Também te fitei. Eras a mesma
vila clara - a cal e lua, na lonjura
Transmitiam saudades, com ternura...
Porém, no azul do céu
pairava uma nuvem de amargura.
Oh! Bem nascida e malfadada,
dilecta do Guadiana!
A minha esperança
é de que voltes outra vez ainda
à nossa imagem e semelhança,
pois que o sinal dos tempos e a cruz da Raça
perpetuam-se no foral da tua graça...

Oh! Bem criada e desterrada,
dilecta do Guadiana!
Como o Rei menino, o encoberto,
o teu destino mais certo - será certo,
Pomba branca, com ramo de oliveira,
presa com uma fita traiçoeira
num laço que se desata um dia...
Hás-de voar, hás-de voar... Tenho a certeza...

Atinando com os rumos do caminho,
procurando na árvore portuguesa
aonde te espera o velho ninho.


Azinhal Abelho
«Dia da Raça» de 1958.

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