Oficina Literária

Atrás da Porta




por
André Colson Scorza
&
Anatula Axiotelis







1)APRESENTAÇÃO:



A idéia para a construção dessa Oficina surgiu durante a leitura do livro Gabriel García Márquez conta como contar um conto.. O livro é uma descrição minuciosa da oficina anual "Como se cuenta un cuento", que Gabriel García Márquez dá na escola de San Antonio em Cuba, destinada a roteiristas e escritores de língua espanhola e portuguesa.

"O processo dessa oficina é simples e instigante: os alunos sugerem idéias, o professor abre várias portas de desenvolvimento dramático destas idéias, fecha outras, e outras deixa apenas encostadas. Neste redemoinho de possibilidades os autores das idéias encontram, desencontram e tornam a encontrar articulações, norteamentos, que lhes levem a um drama, a uma emoção."
(Orlando Senna, Prefácio do livro anteriormente citado.)

A partir da idéia inicial da oficina de García Márquez, acrescentamos alguns conceitos laçados por autores como Bakhtin, Vygotsky, Piaget e Paulo Freire para fundamentarmos aquilo que pretendíamos. Também fizemos uso de nossas experiências pessoais como educadores e educandos, além de seguir, acima de tudo, as nossas crenças individuais.






2) OBJETIVOS GERAIS:



"Nós, educadores, que usamos a palavra como instrumento de trabalho, somos submetidos ao desafio de dividi-la, de forma criativa com o outro. Para que o outro, afinando este instrumento, possa potencializá-lo na reconstrução de si mesmo."(Garcia, Pedro, 2000: 5).

Ler e escrever consiste numa relação: quanto melhor se lê, melhor se escreve, quanto mais clara é a expressão escrita mais esclarecida será a leitura, e assim por diante. O desenvolvimento de ambas as atividades depende do conhecimento de cada um e de como se dá a estruturação desse conhecimento, derivando num processo contínuo, inacabado como o próprio ser humano. Todo aquele que se apossa de sua própria experiência é capaz de se apropriar de si mesmo e começar a ler o mundo e a sociedade em torno de si e além. O fundamental, então, é, como diz Paulo Freire, "aprender como aprender".

Partindo dos pressupostos piagetianos de que a inteligência deriva da ação - ação esta que pode acontecer de forma interiorizada e reflexiva - e que "conhecer um objeto é agir sobre ele e transformá-lo"; temos como projeto enfocar como objeto do conhecimento a própria existência vivida, sentida e vista pelo aluno, buscando uma maior consciência sobre a sua realidade e, a partir disso, uma postura ativa e positiva perante o mundo.

A aprendizagem jamais se dará através de uma situação de ensino na qual o professor apenas repete coisas para que seu aluno decore . Há um provérbio alemão que diz: "formação é aquilo que resta, depois que se esqueceu tudo". Ou seja, o que se decora ou que apenas se reproduz, desaparece com o passar do tempo. Para que o aluno realmente aprenda é necessário que dele parta um esforço reconstrutivo. Além disso, ele precisa pesquisar, elaborar e reconstruir conhecimento condizente com a sua subjetividade. Apesar de o esforço do aluno ser fundamental, a orientação crítica de um professor dinâmico e que propicie um ambiente humano favorável é fundamental. A relação entre o professor e o aluno deve ser sempre uma relação ativa, de vinculações recíprocas, portanto todo professor é sempre aluno e todo aluno, professor.

O indispensável no ensino de qualquer língua deveria ser o domínio da arte de se comunicar. É importantíssimo que as pessoas aprendam a falar e escrever de maneira clara e eficiente. Quanto tempo não é perdido na escola com o ensino de normas burocráticas que servem apenas para que os alunos não desenvolvam o seu raciocínio lingüístico. Os professores parecem confundir o estudo da língua com o estudo da Gramática. Luft nos lembra que:

Geralmente, nos começos de sua vida estudantil, a criança sente prazer em lidar com a língua. Gosta de contar histórias, oralmente ou por escrito. À medida que suas folhas se enchem de correções do professor, e ela é censurada na sua linguagem, submetida a normas puristas, ao estudo da Gramática, a criança perde espontaneidade, e parte importante de sua personalidade se encolhe, fica tolhida, murcha.
(LUFT , Celso Pedro,1998:23)

Acreditamos, portanto, que o elemento propulsor da criatividade seja, antes de tudo, o prazer. A criança, dentro de um espaço lúdico, pode, brincando, conhecer melhor a Língua, reinventá-la através de múltiplas experiências, inventar a sua maneira de se dizer, se colocar nas palavras sem medo de se expor e ser reprimido, enfim, compreender que existe a possibilidade de estudar, trabalhar e se divertir ao mesmo tempo - e que isso pode ser uma opção de vida.






3) OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Vivemos numa era trágica, de fragmentação existencial, em que o ser humano leva a vida - não vive propriamente - alternando-se ora como sujeito, ora como objeto, ou seja, só como uma idéia - mesmo que importante - abstraída da totalidade do ser. Dilacerando-se entre duas verdades: a do corpo (estância da realidade objetiva) e a do espírito (estância da idealidade subjetiva), o mundo sensível e o mundo inteligível. Não se pode olhar nos olhos do sujeito, tocá-lo, sentir seu calor, escutar sua voz, dialogar com ele ou fazer alguma troca afetiva, no entanto, parece que "estamos condenados, dentro de uma cultura esquizofrênica, a viver com o espírito, mas sem o corpo, no mundo inteligível, e com o corpo, mas sem o espírito, no mundo sensível"(Sousa, Ronaldes de Melo,1997). O homem só pode ser ou sujeito ou objeto, então toda relação - onde o paradigma do sujeito é tido como a única verdade admissível - passa a ser de poder: as pessoas como objeto da mídia, o cidadão como objeto do sistema político-econômico, o empregado objeto do patrão, a mulher como objeto do homem e vice-versa, o aluno como objeto do professor, os filhos como objetos dos pais, e assim por diante. Com um pouco de intersubjetividade seria possível amenizar as conseqüências dramáticas dessa relação: a violência, a solidão, a desorientação, a desesperança, a devastação ambiental e cultural, o vazio, a insatisfação...

A sociedade moderna, ao incentivar o individualismo nos cidadãos, deixa-os incompletos e desarticulados. Os seres humanos quando isolados tornam-se fracos, desse modo, é preciso que haja união e troca de vivências para que um dia atinjamos uma sociedade mais justa e igualitária. Não é à toa que a nossa sociedade tem produzido tanta pornografia. No pornográfico, onde sempre haverá um sujeito que deseja um objeto, o ser humano vai cada vez mais tornando-se desumanizado, alienando-se, e um ser alienado é muito mais fácil de ser controlado.

Dentro desse contexto, o conhecimento, é claro, não poderia estar mais desintegrado. É comum que ao terminar ou o ensino Fundamental, ou o Médio , ou alguma graduação, o indivíduo não tenha a menor formação cultural, mas sim um amontoado de informações superficiais, um confuso quebra-cabeças em que não consegue juntar as peças. Ele está apto a ser mais uma peça na engrenagem que funciona num contexto limitado, não se dando conta que na sua integralidade como ser humano é co-responsável pela integridade do mundo inteiro.

Ora, resgatando o senso estético (perdido em algum ponto da nossa história) somos capazes de reagregar as peças soltas desse quebra-cabeças através de uma melhor percepção do todo. Dentro da nossa proposta de trabalho, a capacidade perceptiva de dar sentido à existência passa por três momentos: identidade, alteridade e síntese. Sendo que essas três etapas acontecerão de forma mais ou menos simultâneas no decorrer da aprendizagem. Em determinadas situações um ou outro aspecto será mais enfatizado, porém um jamais excluirá o outro:

1º momento - Identidade:

"Fortifica o que de melhor tiveres em ti. Não prestes atenção à opinião alheia. Faze de ti mesma e de teu próprio Eu o teu mestre. Quando ele estiver bastante fortalecido, despertará e coisas jamais sonhadas te serão reveladas."
(LISPECTOR, Clarice, 1992:122)

O primeiro passo do indivíduo: através da Literatura, entrar em contato consigo mesmo e traduzir pensamentos e sentimentos em palavras, com plena liberdade para ser. Tal processo desencadeia auto-conhecimento e auto-reflexão, permitindo maior comunicação e conseqüente afirmação e aceitação de si mesmo, porém com a consciência de seu inacabamento, de que não se "é." mas que se "está sendo..." .Seria amor àquilo que se chama de "eu", seja lá quem e como "eu" for, respeitar a si mesmo é fazer-se respeitado por todos.

2º momento - Alteridade:

"(...) Mas sei de uma coisa: meu caminho não sou eu, é o outro, é os outros. Quando eu puder sentir plenamente o outro, estarei salva e pensarei: eis o meu porto de chegada."
(LISPECTOR, Clarice,1992:119)

Da comunicação surge o diálogo: ouvir e ser ouvido, aceitar e ser aceito, ensinar e aprender com o outro na sua igual e diferente constituição/condição. Na literatura vislumbra-se a criação de outro universo, de outro ambiente, de outro cenário, e principalmente, de outra subjetividade, ou seja, de um personagem.

A criação do personagem implica no exercício da alteridade: colocar-se no lugar do outro, usar uma máscara. A partir disso, experimentar e apresentar diferentes mundividências através "do concreto dos sentidos, do corpo, do homem na natureza, de uma relação de eu-tu (e não eu-isto), no sentido que a relação em si passa necessariamente pela relação no outro". Com a leitura em voz alta, na sala de aula, após a devida autorização do autor, de textos produzidos pelos alunos , acontecerá um intercâmbio de diferentes versões da realidade, então, baseado no respeito mútuo, o espaço para o diálogo estará aberto. É nesse espaço, mediado pela linguagem, que ocorre o encontro eu-tu, onde "cada um se constitui na reciprocidade da confirmação pelo outro, mediante mútua responsabilidade." Começa aí o aprendizado da com-paixão, ou seja, ser companheiro, sofrer a mesma paixão, seja ela desejo, medo, felicidade, sofrimento, coragem, dúvida, fé, etc. Pois partilhar o que se escreve é partilhar o que se sente, o que se sonha, o que se teme, o que se acredita, o que se quer, enfim, o que se é. Criando um ambiente de compromisso consigo e com a coletividade, estabelecendo autoconfiança e confiança no outro, todos participam na realização dos sonhos.

3º momento - Síntese:

"Cada ser humano recebe a anunciação: e, grávido de alma leva a mão à garganta em susto e angústia. Como se houvesse para cada um, em algum momento da vida, a anunciação de que há uma missão a cumprir. A missão não é leve: cada homem é responsável pelo mundo inteiro."
(LISPECTOR, Clarice, 1992:163)

A partir do auto-conhecimento, o ser "assume-se não só como sujeito, mas também como objeto" (FREIRE, Paulo,1996). Há então a quebra do racionalismo radical que desintegra a individualidade e a criatividade, impondo o individualismo e o burocratismo que regem a sociedade. Na relação sujeito x objeto - que não passa de uma abstração da Vida, mas que não é a Vida - há uma separação: tudo o que não é sujeito é objeto, incluindo os outros seres humanos, não se reconhecendo o outro como sujeito. Através da criação artística, buscamos a implosão dessa relação e o estabelecimento de uma fusão: homem + mundo. Em vez de adaptar-se ao mundo, o ser passa a se inserir nele, agindo, intervindo e transformando-o. Abrindo o espaço para a criação, abrimos também o caminho para a autonomia e para a afirmação do indivíduo dentro da sociedade.






4)SUPORTE TEÓRICO:

Este projeto está baseado no método semiológico originário do chamado Círculo de Bakhtin, escola que se formou em torno de Mikhail Bakhtin. Uma proposta de ensino fundada nesse método tem por objetivo transformar a aprendizagem numa prática cotidiana de trocas e coexistência de diferentes valores, que têm a linguagem literária ou outras linguagens como veículos de circulação. Bakhtin compreende a sociedade como um conjunto de vozes, atitudes e ações, individualizadas, que se não forem castradas podem conviver mesmo na dissonância e nas contradições, alimentando-se justamente dos desvios.

O Círculo de Bakhtin vê a linguagem humana como um produto eminentemente social, resultante da relação entre os seres, um retentor dos valores das diversas classes que compõem a sociedade. A linguagem, então, abarca, ao mesmo tempo, a individualidade do falante, seus interesses e projetos pessoais, além da coletividade de que ele toma parte historicamente.

Bakhtin entende o signo ideológico como um segmento da realidade que remete a algo fora de si mesmo. Para ele, um signo não existe apenas como parte da realidade, ele também "reflete" e "refrata" uma outra. Ele pode distorcer esta realidade, ser fiel a ela, ou apreendê-la de um determinado ponto de vista. Todo signo está sujeito aos critérios de avaliação ideológica.

Assim, linguagem, sociedade, economia e ideologia se interpenetram e interdeterminam dentro de um contexto social concreto, real, e não num sistema ideal. A enunciação para Bakhtin é o produto da interação de dois indivíduos socialmente organizados. Ao debruçar-se sobre qualquer texto, Bakhtin irá analisá-lo a partir da enunciação, seja do narrador ou dos personagens, pois o discurso narrativo supõe a interação de duas ou mais vozes que o constituem, sob o comando do narrador que tanto pode ser monológico, impedindo-os de se manifestarem quando se opõem a ele ideologicamente, quanto dialógico, quando permite que expressem valores divergentes dos seus.

"(...) o objeto da intenção do autor não é em absoluto este conjunto de idéias em si mesmo, como algo neutro e idêntico a si mesmo. Não; o objeto de sua intenção é precisamente a variação do enredo em muitas e diversas vozes, um polivocalismo e heterovocalismo fundamental e insubstituível ao enredo. (Bakhtin, 1997)

A atitude semiológica é aquela que percebe as intenções ideológicas dos signos, uma vez que os signos não podem ser pensados fora de seu uso social efetivo, dentro dos conflitos ideológicos da sociedade.

O desvelar da multiplicidade de vozes em um ou mais textos que circulem no meio social possibilita a conscientização do sujeito para as ideologias a que está submetido. A conscientização dessas diversas possibilidades de justificação dos modos de vida que os textos contêm dá ao semiólogo condições de interpretar mais globalmente a realidade, entendendo a sua heterogeneidade e tornando-o mais receptivo a posturas divergentes. Nesse processo fazem-se necessárias as habilidades de análise, inferência e extrapolações, que possibilitam descobrir as intenções autorais na escolha do material e nas formas de organização do mesmo. Uma compreensão semiológica requer o domínio das técnicas de composição dos produtos culturais, captando o modo particular do signo ser combinado com outros em cada uma dessas manifestações e o efeito alcançado sobre o consumidor em termos ideológicos.

O processo semiológico se completa pelo grau de conscientização que o semiólogo alcança de sua inserção cultural e social. Ao estabelecer a polifonia ou monofonia do texto, compara-se com seus próprios modos de relação autoritária ou liberal com o próprio texto e com os seres humanos em geral. Com isso Bakhtin explica as relações entre a cultura e a sociedade sem se refugiar na idéia de que uma é reflexo da outra. Ambas interagem dialeticamente. Em diálogo com as diferentes vozes textuais o leitor passa a fazer parte de um mundo social mais completo, no qual ele pode reconhecer-se como um sujeito ativo do grupo social e não um mero observador.






5) METODOLOGIA:



"(...)para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós(...)E, para escrever, o único estudo é mesmo escrever. Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder. E no entanto cada vez que vou escrever é como se fosse a primeira vez. Cada livro meu é uma estréia penosa e feliz. Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que eu chamo de viver e escrever."
(LISPECTOR, Clarice, 1992:99)

5.1)Fertilizar as idéias:

Como ponto de partida, pretendemos por em prática diversas dinâmicas que evidenciem o exercício da fala. A prática da fala, a perda da vergonha do falar, se expor, se assumir e se reconhecer como um sujeito é o primeiro passo para a afirmação de si mesmo. Esse processo inicial tem a intenção de liberar e desbloquear o fluxo das idéias. Começando também, ainda num momento embrionário, o esboço ou o "esqueleto" do que mais tarde virá a ser escrito.

É como um espelho: a realidade exterior reflete a realidade interior e vice versa, o conhecer o mundo e o conhecer a si mesmo são processos recíprocos e simultâneos. No nosso trabalho abarcamos essa relação, "afinal quem conta um conto acrescenta um ponto", o seu ponto. Contar é contar-se.

"Ao homem de baixa auto-estima, que a si mesmo se nega, é necessário conceder espaço e dar instrumentos para que possa reverter a postura do 'eu não sei', 'eu não posso'(...)"(Garcia, Pedro,2000: 6), "eu não levo jeito para isso", "eu não consigo", "eu não gosto", "eu não tenho paciência", em "eu posso", "eu gosto", "eu consigo", "eu quero", "eu estou descobrindo, "eu estou aprendendo".

Para conseguir nossos objetivos pretendemos partir da gratuidade, opondo-se ao pragmatismo, e através da alimentação das diversas fantasias fazer com que todos demonstrem suas diversas perspectivas da realidade. A inspiração deverá vir de diversas atividades como: leitura de diferentes textos (feitas com múltiplas abordagens), exercícios de improvisação, experiências táteis e olfativas, músicas, quadros, fotografias, filmes, etc.

Ler não é só dar sentido às palavras, é recriar o mundo a sua volta. Cada indivíduo ao ler irá interpretar segundo a sua subjetividade, podendo aí, dar a aquilo que estiver lendo o sentido que quiser. A partir da leitura de textos de diversos autores será demonstrado ao aluno que uma criação artística é uma porta para a liberdade.

Cada um tem a sua própria porta, e através do trabalho que propomos o aluno poderá descobrir por si mesmo a sua. Pois ele não vive numa casa fechada feita só de paredes, que como proprietário só a ele cabe o direito e a responsabilidade de abrir ou fechar a porta e, se quiser, ficar à porta. A interpretação é ampla, pois o texto nada mais é que um tecer de palavras, onde a metáfora media o diálogo da subjetividade do ser com o mundo. O conhecimento não se fecha, abre-se em múltiplas possibilidades, e a verdade não se instaura em nenhuma delas. Todos devem perder o medo de opinar sem o "fantasma do erro". No entanto, nesse momento, o sentido será negociado por todos.

5.2)Trocar as idéias

Nesta fase de nosso trabalho, pretendemos estimular debates acerca das diferentes idéias surgidas no momento anterior. Queremos com isso, enriquecer as diversas subjetividades dos envolvidos na Oficina, a fim de abastecer a ânsia criativa de cada um. Aqui também serão produzidos textos "embriões", feitos em grupo.

5.3)Produzir

Neste momento, o aluno terá total liberdade de exercer a sua individualidade. Esse momento será só dele, aqui ele iniciará o seu próprio caminho. Por exemplo, a partir dos textos "embriões", feitos anteriormente em grupo, cada aluno poderá construir a sua própria versão. Aqui, é a hora do aluno assumir o risco e a responsabilidade de criar sua própria obra, pois criar é recriar-se.

5.4)Trocar novas idéias

Neste estágio do projeto, os alunos palpitarão acerca dos textos produzidos pelos companheiros. Através da troca de idéias, cada aluno poderá enriquecer as produções dos colegas, e se divertir, ter prazer lendo algo que um companheiro tenha escrito. A troca de idéias é lugar do apoio mútuo, aqui, os alunos aprenderão a assimilar e a fazer críticas de uma maneira positiva. O aluno terá a oportunidade de constatar se o que disse foi realmente aquilo que quis dizer, e também se surpreender com as mais diversas reações dos colegas.

5.5)Rever a produção

Pretendemos mostrar nesta etapa do trabalho a importância de um texto ser revisto antes de ter a sua forma "final". A partir das críticas recebidas, o autor poderá refletir e aprender a filtrar as opiniões alheias de acordo com suas idiossincrasias. Queremos, aqui, estimular no aluno a capacidade de autocrítica e senso estético, para com isso saber despojar-se do que há em excesso no seu texto, e/ou desenvolver o que estiver insuficiente. O aluno precisa entender, acima de tudo, que o objetivo não é ter um "produto final", e sim ter uma melhor coerência entre o que se quer dizer e o que se diz.

5.6)Colhendo os frutos

Durante o desenrolar do curso promoveremos "Rodas de Leitura", que funcionarão como espaços democráticos onde os alunos poderão apresentar textos de sua autoria, além de qualquer outro que ele tenha curtido durante a sua vivência. Essa atividade será aberta para outros participantes. Em última instância, pretendemos publicar um livro contendo uma antologia dos trabalhos escritos pelos alunos, e promover uma tarde de autógrafos, onde os alunos poderão divulgar os resultados da Oficina.






6)PERSPECTIVAS DE CONTINUIDADE:



As possibilidades de continuidade desse trabalho são infinitas, na medida em que o fazer criativo é inesgotável. Criar é o que nos mantém vivos.






7)PÚBLICO DE INTERESSE:



Este projeto é aplicável a estudantes de todas as séries do Ensino Fundamental e Médio.






8) BIBLIOGRAFIA:



1)BAKHTIN, Mikhail.Problemas da poética de Dostoiéviski. Trad. Paulo Bezerra. 2.ed. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1997.


2)CALVINO, Ítalo. A palavra escrita e a palavra não escrita. In: Marieta de Moraes Ferreira e Janaína Amado (org.). Usos & abusos da história oral. FGV, Rio de Janeiro, 1996, p.139-147.

3)CHARTIER, Roger. A biblioteca entre reunir e dispersar; O numérico como sonho universal. In: A aventura do livro - do leitor ao navegador. Editora UNESP, São Paulo, 1998.


4)COLL, C. et alii. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva. Porto Alegre, Artes Médicas, vol. 1, 1995.


5)DARIS, Cláudia. Piaget e Vygotsky: diferenças e semelhanças, São Paulo, Pontifícia Universidade Católica, 1998.

6)FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996.

7)___ ___ ___. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 7.ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1984.

8)FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Trad. Raquel Ramalhete. 17.ed. Petrópolis, Vozes, 1998.

9)GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever brincando. 7.ed. Rio de Janeiro, Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1978.

10)GARCIA, Pedro Benjamim. Roda de leitura: identidade e formação do leitor em processo de alfabetização. Texto apresentado no III Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação, de 23 a 26 de Fevereiro de 2000, Coimbra, Portugal.

11)LISPECTOR, Clarice. As três experiências. In: A descoberta do mundo. 3.ed. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1992.

12)LUFT, Celso Pedro . Língua e liberdade. 6.ed. São Paulo, Ática, 1998.

13)MÁRQUEZ, Gabriel García. Gabriel García Márquez conta como contar um conto. Trad. Eric Nepomuceno. Niterói, Casa Jorge Editorial, 1995.

14)OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky - Desenvolvimento e aprendizado. São Paulo, Scipione, 1997.

15)SOUZA, Ronaldes de Melo. A poética dionisíaca de Clarice Lispector. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1997.

16)YUNES, Eliana. Leituras da leitura. In: Caderno Ler, Simpósio Nacional de Leitura: Leitura, saber e cidadania. Rio de janeiro, FBN/ Proler, CCBB, 1994.



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