RPG quer dizer jogo de interpretação
de personagens (Role-Playing-Game) e é
basicamente isso.
Esta sessão é dirigida
a jogadores novatos e a pessoas que nunca ouviram falar em RPG, não
se surpreenda se o que você lê parecer familiar. Jogos existem
em uma grande gama de tipos: Jogos de tabuleiro, jogos de cartas, jogos
de palavras, jogos com figuras, jogos de miniatura. Mesmo estas categorias,
se subdividem em outras subcategorias. Jogos de tabuleiro, por exemplo,
podem ser divididos em jogos de trilhas (caminhos), jogos de simulação
militar, jogos de estratégia abstrata, jogos de mistério,
e uma variedade enorme de outros. Ainda assim, nessa massa de jogos, os
RPGs são únicos. Eles formam uma categoria própria
que não se aproxima de nenhuma outra. Por esta razão os RPGs
são difíceis de descrever. Comparações não
funcionam pois não há nada com o que compara-los. Ao menos
não sem forçar sua imaginação além do
limite normal da sua extensão cotidiana. Mas RPGs são exatamente
forçar sua imaginação além do limite cotidiano.
Então vamos tentar uma analogia. Imagine que você está
jogando um jogo simples de tabuleiro, chamado Escadas e Escorregadeiras.
Seu objetivo é chagar da parte de baixo do tabuleiro ao topo antes
dos outros jogadores. Ao longo do caminho existem armadilhas que podem
enviar você escorregando de volta à posição
inicial. Existem também escadas que o ajudam a subir, e chegar mais
perto do objetivo final. Até aqui é simples e bem padronizado.
Agora vamos mudar algumas coisas. Ao invés de um tabuleiro plano
e sem características com um caminho sinuoso que vai de um lado
para o outro, tenhamos um labirinto. Você está de pé
em sua entrada e sabe que há uma saída em algum lugar, mas
não sabe onde. Você tem que encontra-la. Ao invés de
escadas e escorregadeiras, coloquemos portas ocultas e passagens secretas.
Não jogue um dado para saber quão longe você pode ir.
Mova-se quanto quiser. Ande corredor abaixo até a intercessão.
Você pode ir em frente, dobrar à direita, à esquerda
ou voltar por onde veio. Ou enquanto você está lá você
pode procurar por uma porta secreta. Caso você ache uma ela pode
abrir passagem para um novo corredor que poderá leva-lo direto para
a saída ou a uma armadilha mortal. A única maneira de descobrir
é entrar e começar a andar. É Claro que dado um certo
tempo você eventualmente achará a saída. Para manter
o jogo interessante vamos colocar outras coisas no labirinto com você.
Coisas pavorosas como morcegos-vampiros, ogros, zumbis ou soldados imperiais,
ou cowboys ou dinossauros ou PMs armados e mau pagos. É claro que
lhe daremos um escudo e uma espada, ou uma winchester, ou um tacape, ou
uma arma lazer ou um 38. Você sabe usar estas armas, não ?
E há outros jogadores no labirinto também. Eles também
tem espadas e escudos. Como você acha que eles reagiriam ao lhe encontrar
? Eles podem
atacar, mas podem também oferecer ajuda.
Afinal de contas até mesmo um ogro pensa duas vezes antes de enfrentar
duas pessoas carregando espadas afiadas e escudos brilhantes. Finalmente
vamos por o tabuleiro em um lugar onde você não possa vê-lo.
Vamos dá-lo a um dos jogadores e torna-lo um arbitro.
Ao invés de olhar o tabuleiro
você ouve o arbitro enquanto ele descreve o que você pode ver
de sua posição no labirinto. Você diz a ele o que quer
fazer e ele modifica o jogo de acordo. Enquanto o arbitro descreve as redondezas
tente visualiza-las mentalmente. Feche os olhos e construa as paredes do
labirinto ao redor de si mesmo. Imagine enquanto e arbitro
descreve, os zumbis, grunindo e cambaleando pelo corredor em sua direção.
Agora imagine como você reagiria nesta situação e diga
ao arbitro o que você vai fazer sobre ela. Mais importante : Quem
é você ? Ou que é seu personagem ? O que ele está
fazendo neste labirinto ? Onde ele vive ? O que vai fazer quando e se sair
deste labirinto ? Ele é rabugento ou alto-astral ? Um guerreiro,
um mago, um agente do FBI ou o melhor amigo do Flash Gordon ? Nós
acabamos de construir um simples RPG. Não é um jogo sofisticado,
mas possui todos os componentes de
um RPG: O jogador é colocado em meio a uma situação
desconhecida e/ou perigosa e deve trabalhar como sair dela. Este é
o coração de um RPG.O jogador cria um personagem e então
interpreta o papel deste personagem guiando-o durante a aventura. O jogador
toma decisões, interage com outros
personagens e outros jogadores, e essencialmente
finge ser este personagem no decorrer do jogo. Isto não quer dizer
que o jogador deva pular, abaixar-se , correr ou gritar e agir como seu
personagem. Significa entretanto que quando o personagem tiver que fazer
algo ou tomar uma decisão, o jogador deve fingir estar nessa situação
e escolher o caminho apropriado para a ação. Fisicamente
os jogadores estarão sentados confortavelmente em uma mesa com o
arbitro à cabeceira. Os jogadores vão precisar de bastante
papel, lápis, bebidas e lanches. O arbitro necessita de espaço
extra para suas anotações, dados, mapas ... Objetivo : Outra
diferença básica entre os RPGs e outros jogos é o
objetivo final. Todos assumem que em um jogo deva haver um início
e um fim e que o fim chega quando alguém ganha. Isto não
se aplica ao RPGs porque ninguém ganha em um RPG.O objetivo não
é vencer mas se divertir e socializar. As aventuras geralmente tem
um objetivo, como proteger a vila dos monstros ou resgatar o presidente
seqüestrado por aliens. Normalmente este objetivo pode ser atingido
em algum tempo de jogo: quatro a oito horas é o padrão. Isso
pode exigir que os jogadores se reunam uma, duas ou até mesmo três
sessões para atingir o seu objetivos completar a aventura. Mas o
jogo não acaba quando a aventura acaba.
Os mesmos personagens podem ir em novas aventuras.
Tal série de aventuras é chamada Campanha.
Existem casos relatados de campanhas que
já duram décadas, com jogadores que vão, que voltam
e novos jogadores também podem se juntar aos primeiros.