Vida e Obra de Bernardo Guimarães
  poeta e romancista brasileiro [1825-1884 - biografia]

 
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O parentesco dos Guimarães
com os Guimaraens

Não há aula de Literatura,  antologia poética  ou artigo literário  em que se deixe de comentar que o poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) foi apaixonado por sua prima Constança, filha do romancista Bernardo Guimarães, "a que se morreu silente e fria".

A transcrição do soneto  "Hão de chorar por ela os cinamomos", à direita da tela,  corrige um erro no site da Academia Brasileira de Letras, que registra os adjetivos "fulgente e fria" e não "silente e fria". 
(O lapso foi cometido a primeira vez pelo arguto crítico  M. Cavalcanti Proença e, embora ele próprio  tenha se corrigido em artigos posteriores,  outros críticos e professores de Literatura e mesmo a A.B.L. o copiaram... até no engano!) 

Correções devem ser feitas. Mesmo porque o que a maioria dos autores não sabe explicar é o grau de  parentesco.   Eis o esclarecimento.

Entre as irmãs de Bernardo Guimarães, havia Maria Fausta, que se casou jovem com João Inocêncio de Faria Alvim. Desse casamento nasceu Francisca Alvim (conhecida por Chiquinha Alvim), que mais tarde iria se casar com o comerciante Albino da Costa Guimarães (nascido no distrito de Braga, em Portugal).

Chiquinha e Albino tiveram vários filhos, entre eles Afonso Henriques da Costa Guimarães, ou Alphonsus, o grande poeta simbolista.

Há, portanto, uma coincidência entre os sobrenomes Guimarães. 

Como sinal da estética Simbolista  e, na prática,  para diferenciar os dois ramos da família, bem cedo Afonso Henriques latinizou seu nome e sobrenome tornando-se Alphonsus de Guimaraens. E como Alphonsus imortalizou-se com obras poéticas como Setenário das Dores de Nossa Senhora, Kyriale, Pastoral aos Crentes da Amor e da Morte. 

A latinização do  nome de Afonso Henriques  também  permanece  útil nos dias de hoje, especialmente entre os estudiosos de Literatura e estudantes de Letras,  para   distinguir o poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens  de seu primo, o romancista  Afonso da Silva Guimarães (filho de Bernardo Guimarães),  autor do  ótimo Os Borrachos, que se assinava Silva Guimarães. 

Afonso da Silva Guimarães (*Queluz de Minas, hoje Conselheiro Lafayette, MG, 30.04.1876 +Belo Horizonte,  MG, 24.11.1955 era o 5º filho de Bernardo Guimarães) 

Logo, o simbolista Alphonsus de Guimaraens era sobrinho-neto de Bernardo Guimarães, posto que era filho de uma sobrinha de BG, Chiquinha Alvim.
A diferença de gerações ocorre porque Maria Fausta casou-se cedo (por volta dos 16 anos) e seu irmão Bernardo, bem tarde, com 42 anos de idade. 

Constancinha morreu aos 17 anos, vítima de tuberculose. Consta na crônica familiar que Alphonsus era apaixonado pela prima. 

Constança da Silva Guimarães nasceu em 11 de novembro de 1871 em Ouro Preto, cidade onde também faleceu a 29 de dezembro de 1888.

Constancinha herdou de seu pai a verve humorística fina; a ironia e uma construção coloquial das frases que torna seus escritos muito agradáveis de serem lidos. Suas cartas a primas e amigas (especialmente à prima Elisa) revelam um texto surpreendentemente desenvolvido para uma adolescente. Com a morte de Constancinha, Alphonsus casou-se mais tarde com Zenaide.


Também é voz corrente nas histórias de família que a mãe do poeta simbolista  Alphonsus de Guimaraens, Chiquinha Alvim Guimaraens, era a mais generosa das  pessoas, tendo ajudado e socorrido  materialmente, em  incontáveis ocasiões,   a  viúva e os órfãos de Bernardo Guimarães,  após a morte do romancista.

Bernardo Guimarães vivia na prática de seus escritos. Quando morreu, a família dele ficou sem recursos, porque não havia na época Previdência Social ou leis que garantissem aos herdeiros o recebimento de direitos autorais. 

Descendentes e colaterais, do livro "Bernardo Guimarães, o romancista da abolição", de José Armelim.

O Olhar do Poeta , poema que Alphonsus de Guimaraens escreveu sobre BG.

Memória da família Guimaraens: Citava-se o bardo por dá lá aquela palha. De Nina de Guimarães Horta. Folha de S. Paulo de 3 de março de 2001

Hão de Chorar por
Ela os Cinamomos...

Alphonsus de Guimaraens

Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.

As estrelas dirão — “Ai! nada somos,
Pois ela se morreu silente e fria.. . ”
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.

A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.

Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: — “Por que não vieram juntos?”