Zeus, o Senhor do Céu e da Terra
É impossível falar de Zeus e desprezar sua origem mítica. Aquele que foi salvo de ser devorado por Cronos. Que cresceu e recebeu toda sua força divina, vindo a reclamar o sue reinado, conforme a previsão das terríveis Erínies, quando Cronos castrou o pai. Após libertar os Ciclopes do Tártaro, eles o presentearam com o Raio, que se torna um de seus principais atributos. Após a guerra de dez anos com os Titãs, Zeus recebe o reinado sobre o Céu e a Terra, conforme o sorteio com seus irmãos. Zeus foi o principal deus dos Gregos e posteriormente, como Júpiter, dos romanos. Representava a luz, a fonte de toda a vida. Notabilizou-se por seus infindáveis amores. Sua primeira esposa foi Métis, a personificação da prudência. Métis havia dado ao esposo a poção mágica que forçou Saturno a expelir os filhos. Quando estava grávida, Zeus foi advertido pelo Céu e pela Terra que ela geraria um filho que o destronaria, assim como ele fizera com o pai. Aconselhado pela Terra, Júpiter engoliu Métis antes que a criança nascesse. Dessa forma ele incorpora uma série de atributos femininos, de sabedoria e prudência. Passado algum tempo quando cessava o período de gestação, tomado de uma terrível dor de cabeça, Zeus pediu para Hefestos que abrisse sua cabeça com um machado. Surgindo Athena toda armada, vestida de armadura e capacete, emitindo um ressoante grito de guerra. Mais tarde, desposaria Hera, que viria a compartilhar de seus atributos e reinado. Gerando com seu marido Hefestos, Ares, Ilítia, Hebe e segundo outras versões, Afrodite. Enciumada por Zeus ter gerado Athena sozinho, gerou o monstro Tifão sem sua participação, conforme algumas versões. Segundo a tradição mais corrente Tifão é filho de Gaia (Terra). Os Gigantes, irmãos dos Titãs e filhos de Gaia (Terra), seriam vinte e quatro terríveis criaturas altíssimas com cauda de serpentes ao invés de terem pés, com espessa cabeleira e barba hirsuta, demonstravam serem portadores de energias instintivas e eróticas puras. Nasceram do sangue de Urano quando em contato com Gaia, após esse ter sido mutilado por Cronos. Muito embora de origem divina, eram mortais. Por determinação do Destino não poderiam ser vencidos a não ser por um deus em colaboração de um mortal. Preocupada, a Terra gerou uma erva da qual os Gigantes ficariam imunes aos golpes dos mortais, mas Zeus, sabendo disso, rapidamente colheu essa erva antes que os Gigantes pudessem tê-la. Decididos a destronar Zeus e reinarem sobre o universo, declararam uma terrível guerra. Lançaram árvores inflamadas e enormes rochedos, tentando escalar o Olimpo. Os Gigantes foram mortos um a um, por diversos deuses e mortais, o que provocou a terrível ira da mãe Gaia. Gaia então une-se ao Tártaro com o intuito de gerar um terrível monstro. E dessa união nasce Tifão, o mais terrível monstro que já existiu. Foi criado em Delfos, pela serpente Pitão. Era maior que todas as montanhas. A cabeça tocava as estrelas, e os braços iam além do horizonte. O corpo era coberto de plumas e, da cintura para baixo, rodeado de serpentes. Dos ombros emergiam cabeças de dragões. Crinas cingiam-lhe a cabeça e os olhos lançavam chamas. Ao vê-lo, os deuses fugiram para o Egito e disfarçados de animais se esconderam no deserto. Apenas Zeus e Athena permaneceram no Olimpo para resistir ao monstro. Após ser ferido por Zeus, tifão o aprisionou em uma caverna na Cilícia e cortou-lhe os tendões dos braços e das pernas. Envolveu seus músculos em uma pele de urso e confiou-os a Delfina. Hermes e Pã conseguiram vencer Delfina e recolocaram os tendões no corpo de Zeus. De volta ao Olimpo, Júpiter perseguiu Tifão entre raios e chamas, vencendo até mesmo as montanhas que eram arremessadas ao seu encontro. Por fim, tendo alcançando a Sicília, Tifão foi prensado por Zeus contra o monte Etna. Hefestos colocou-lhe sobre a cabeça pesadas bigornas, impedindo-o de libertar-se. Desde então, diz-se, o Etna cospe fogo para testemunhar a violência e agonia de Tifão. Essas terríveis batalhas de Zeus, mostram algumas facetas interessante do deus. Contra os Titãs, primeiramente, as forças primordiais da natureza e organizadoras do Cosmos, ele as vence e toma as rédeas do Universo. Mas essa luta era algo necessário para a organização do mundo e do homem. Zeus representa a libertação do mundo primordial, onde a civilização vem a dominar vencendo as forças obscuras e criativas. Mesmo assim, os Titãs continuam a ter importante relevância na evolução de todos os mitos. Contra as forças obscuras e violentas que representam Tifão e os Gigantes, Zeus vence os aspectos interiores da terrível mãe Terra. A Terra, representa as forças da matéria. Terríveis guerras vem a existir entre a matéria e o espírito, entre a luz e as trevas. Mesmo que o "mal" pareça vencer inicialmente. A mitologia grega sabiamente coloca o bem e o mal em cada divindade e ser de sua cosmologia, mostrando que os seres são resultado de diversas forças em conjunto. Zeus também se notabilizou pelos seus diversos amores e filhos. Filhos esses, sempre perseguidos pela terrível e vingativa Hera. Uniu-se com Mnemósine, gerando as Musas; com Deméter, gerando Perséfone; com Latona, gerando Apollo e Ártemis; com Maia, gerando Hermes; com Égina, gerando Éaco. Com mortais, uniu-se com Níobe, gerando Argo e Pelasgo; com Io, gerando Épafo; com Europa, gerando Minos, Radamanto e Sarpedão; com Danae, gerando Perseu; com Sêmele, gerando o deus Dionisio; com Leda, gerando Pólux e Helena; com Alcmene, gerando Hércules. Esses profícuos amores, deram a Zeus o epíteto de Pai dos Deuses. Além de senhor do Céu e da Terra e o portador da luz, juntamente com Apollo, senhor do espírito, de sabedoria e conhecimento infindável, Zeus é também tirano. Ele engole Métis para não ser destronado. E rejeita Tétis, conforme prevenido por Prometeu, que geraria também um filho que o destronaria. São infindáveis as referencias de Zeus-Júpiter na mitologia greco-romana. Ele é quase onipresente em todos os mitos e sua atuação é vasta. Mas o significado de Zeus é realmente o do grande rei, o benevolente. Aquele que reina após o seu pai Cronos, que deverá voltar a comandar o universo, em uma futura e remota Era de Ouro. Ele é tudo o que é externo ao homem, é a manifestação da personalidade, do ego. É o senhor da vida social e da origem da criatividade. É também o grande gerador da vida, de deuses, heróis e personagens importantes. Com ele, a função criativa de Urano, de fecundidade e virilidade que havia sido destruída por Cronos, volta em um mundo organizado, onde a fertilidade não gera mais monstros terríveis. Diferente de seus irmão Possêidon e Hades, ele governa o mundo visível, o mundo do tangível. É sempre ameaçado por forças obscuras, mas sempre triunfa sobre elas, por que o ego deve vencer ao inconsciente e ao desconhecido. Zeus representa a descoberta de si mesmo e a manifestação das energias da personalidade sobre o mundo exterior. Harmonizar-se com o Pai dos Deuses, significa harmonizar-se com si mesmo e com o mundo exterior e social. Ele é o mensageiro do eu para o outro. É o senhor do espírito e de sua vitória sobre a matéria.