Hades, o Senhor dos Infernos
O senhor das profundezas, Hades (Plutão) recebeu o mundo infernal e invisível na partilha com seus irmão do universo após a guerra com os Titãs. Senhor de um complexo mundo interior e dos mortos, Hades lá reinava absoluto e sem ingerências. Presidia o tribunal infernal composto pelos três justos: Éaco, Minos e Radamanto. Recebeu dos Ciclopes o capacete que o permitia se tornar invisível. Assim ele age, sem ser percebido, esperando para revelar o destino aos homens pelos seus atos e crimes. Era também o senhor das raízes e fecundação. Ao raptar Perséfone, de sua ciumenta mãe, Deméter causou o inverno e a morte as colheitas na terra. Preocupado com a fome, Zeus ordenou a Hades que devolvesse Perséfone para a mãe. Mas astuto e decidido, Hades deu um semente de romã para que a jovem comesse. Ao retornar dos infernos, a mãe perguntou preocupada a filha se ela tinha comido algo no reino infernal. Assim, Perséfone ficou presa aos infernos tendo de viver lá metade do ano. No verão, ela vive com a mãe, onde as colheitas são produtivas, no inverno com Hades, onde Deméter chora a ausência da filha e as sementes não germinam. Com esse mito, fica demonstrado que Plutão também tem domínio sobre a vida e a morte vegetal, das colheitas e do trabalho humano na terra. Hades vive seus domínios muito além das águas caprichosas de Possêidon. Ele é o senhor do invisível, enquanto seu irmão do visível mas não compreendido e não explorado. A força e o poder de Hades estão além dos domínios da alma. Vai onde o homem não conhece e não pode tocar. Ele é o conhecimento final da vida, aquilo que está onde os atos dos homens os levam. Plutão é o senhor do oculto e do imanifesto. Daquilo que não é visto, mas tem de ser descoberto como um ultimato. A enorme viagem da alma que ocorre depois da alma é como um caminho iniciático. É cheio de uma ritualística talvez incompreensível. Quando alguém morria levado por Tánatos, devia ser enterrado com uma moeda sob a língua, o ósculo, para o pagamento do barqueiro Caronte. A alma era levada por Hermes (Mercúrio) até as profundezas infernais, depois do terrível Cérbero, aquele que guarda a entrada do Hades, permitindo a entrada, nunca a saída. Aqueles que não tivessem o ósculo não poderiam entrar na barca de Caronte para atravessar o rio Aqueronte e vagavam eternamente nas margens do rio Cócito, formado por suas lágrimas. Caronte nunca remava, apenas os mortos. Depois perdiam suas memórias no rio Lete e eram julgados pelo tribunal infernal. Os culpados viveriam sendo torturados no Tártaro e os heróis e justos, na Ilha dos Bem-Aventurados e nos Campos Elíseos. Os Infernos tiram a vida e não a devolvem mais. Mas é graças os Infernos e ao retorno de Perséfone que a colheita pode retornar. Assim fica claro, que do submundo do mundo que vem a força de germinação do alimento do homem. É também o reino da morte, da morte do homem, do desconhecido, do passo que se deve ser dado mas sem saber para onde. É no invisível reino do desconhecido que está a chave para a vida. É no invisível que está a resposta e o combustível do homem e de seu caminho. A morte norteia a todas as religiões. A vida que será tomada após a morte é o dogma de todo o conhecimento religioso e místico. A morte é como uma fenda enorme, onde vem e volta muita energia. O significado final de Plutão é que devemos nos reconciliar com esse deus obscuro, forte e sempre presente, com o invisível de nossa alma de todo o que nos cerca. Ele sendo o senhor da morte nutre a vida. Ou compreendemos nossas energias de morte ou não poderemos nascer realmente. É um rito de passagem. Todo nascimento pressupõe uma morte. Para renascermos iniciados, temos de morrer e abandonar o velho.