Possêidon, o Senhor dos Mares


O nascimento de Possêidon (Netuno), relaciona-se com o sacrifício de um cavalo, para que seu pai Cronos o devorasse no lugar do filho. A seguir, se gabará de ter criado o cavalo e inventado as rédeas. Quando Zeus libertou os Ciclopes do Tártaro, estes presentearam os três irmãos com armas de guerra. A Possêidon coube o tridente, capaz de gerar fontes e terremotos. Depois da guerra com os Titãs, Possêidon recebeu os mares como resultado do sorteio que fez com seus irmãos. Tornou-se assim o senhor dos mares, das tempestades, das secas das enchentes, dos terremotos e das águas correntes e dos rochedos, muito embora os rios tivessem divindades próprias. Divindade espalhafatosa, Possêidon era também o senhor da ira, sempre pronto a tomar o reino de seu diplomático irmão Zeus. Corresponde ao inconsciente e as emoções internas do homem. Sempre inconstante e impossível de se dominar. Era capaz de criar maremotos, terremotos, soltar terríveis monstros marinhos contra aqueles que não satisfizessem seus desejos. Possêidon vivia nas profundezas do mar, em um local desconhecido, em um suntuoso palácio. Percorria seu vasto domínio num carro puxado de cavalos brancos, acompanhado por um cortejo de Nereidas, Centauros-marinhos, hipocampos e delfins. Quando as tempestades apaziguavam-se e as vagas abriam-se em suaves ondulações. Possêidon é o profundo da alma, as águas intempestivas, aquilo que está além do reinado visível de Zeus. Um de seus títulos é Gaiaochos, "detentor (que abraça, marido) da Terra". É interessante notar o oceano contendo a terra, nutrindo e abraçando ao corpo do mundo. Assim Possêidon é o senhor de tudo aquilo que não vemos, mas nos circunda. A fúria desse deus é um signo desses monstros que existem em nós, mas não percebemos. Essa divindade também emprega um profundo amor naquilo que admira, se entregando de forma apaixonado aos relacionamentos amorosos. Associa-se com as forças lunares e noturnas de Ártemis, senhora da alma feminina instintiva. O processo netuniano corresponde a entrar novamente nessa esfera, que pode ser turbulenta e destruidora. Uma esfera que pode nos dominar por sua absoluta imprevisibilidade e conteúdo irascível. Netuno esconde em algum lugar da alma, o que realmente queremos. O contato com o elemento água, com a fúria dos elementos e tempestades. Os terremotos interiores que nos despertam para a água e oceano que temos dentro de nós, mas sempre dominados e sob o comando do Pai dos Deuses, o divino Zeus. Netuno nunca teve um real domínio em terra firme. Sempre perdeu as disputas pelas cidades as quais ele ofereceu sua proteção para outros deuses. Isso demonstra claramente que seu domínio não está no social e visível, mas no profundo e insondável. Identificar-se com Netuno é abrir as portas para um processo alquímico de nosso elemento mágico, o contato com as águas universais que não vemos, mas que nos cercam. O elemento do espírito, do ser total e revelado. A alma universal. Possêidon é o senhor dos portais para a saída do mundo físico e vulgar, a volta para a maternidade, ao líquido amniótico, a gestação. Assim ele abre o caminho para a volta de onde viemos e para onde voltaremos, o nosso real elemento escondido. Precisamos entrar em harmonia com esse deus intempestivo, com a raiz "aquosa" de nós mesmos, para não entrar com conflito com esse terrível deus, o senhor das catástrofes.

by Frater Cronos