Vila Real: urgência
duma Associação de Defesa Ambiental (A.D.A.)
Por:
Eduardo Ribeiro Alves*
A Assembleia Municipal
de Vila Real aprovou por unanimidade em Junho do corrente, o
"Regulamento para o Conselho Consultivo do Ambiente". Como o próprio
nome indica, trata-se dum órgão meramente consultivo da presidência, o que lhe
retira à partida qualquer intervenção activa na política do ambiente do
executivo municipal. Vila Real é um
concelho com gravíssimos problemas ambientais, desde as sucatas e
"trastes" velhos aos incêndios, passando pelo abate descontrolado da
floresta, pela qualidade das nossas águas, pelos cães abandonados, pela falta
de esgotos, pela recolha e tratamento dos resíduos sólidos urbanos, é uma
infinidade de tarefas de preservação ambiental, que urge levar na devida conta.
Quem vive na cidade, nem sempre se apercebe de alguns destes problemas
ambientais, deixando-se por vezes entreter com pequenas ninharias, como a dum
simples papel do Multibanco arremessado ao chão. Pasmava de surpresa, se visse
as medas diárias de lixo que chegam ao nosso aterro municipal, dito sanitário e
até pedagógico...
Começaram as obras no Aterro Sanitário Intermunicipal (ASI),
a ser implantado na Agó – Mosteirô. Já aqui alertámos para algumas questões
importantes relacionadas com o ASI neste local, sobretudo devido à contaminação
das águas de toda aquela região, já que o novo aterro está a ser implantado mesmo
em cima de algumas minas e nascentes de superfície, que alimentam pequenos cursos
de água, furos domésticos e redes de rega agrícolas! Continuamos a não perceber
os benefícios que Vila Real vai usufruir do aceitar o lixo dos outros seis concelhos,
pertencentes à Associação de Municípios do Vale do Douro Norte! E ninguém esclareceu
ainda por onde circularão os camiões carregados de lixo!
O equacionar destas e de outras questões ambientais, facilmente nos leva a concluir, que mais que um "Conselho Consultivo do Ambiente", o que faria falta a Vila Real era antes uma Associação de Defesa do Ambiente - A.D.A., que não se ficaria por responsabilidades meramente consultivas, pois reger-se-ia por diversos normativos legais, nomeadamente pela Lei 10/87 de 4 de Abril, que lhe atribuiriam entre outras as seguintes regalias e direitos:
- Apoio técnico, jurídico e financeiro,
prestado pelo IPAMB (Instituto de Promoção Ambiental).
- Direito de participar e intervir
na definição da política do ambiente.
- Direito de consulta e informação
geral sobre projectos de recuperação paisagística; recuperação de centros
históricos, reabilitação e renovação urbana; ordenamento e fomento florestal,
agrícola, de caça e de pesca; estudos de impacto ambiental; bem como criação e
gestão de áreas protegidas.
- Direito a solicitar aos
laboratórios oficiais a realização de análises sobre a água, o solo e a
qualidade do ar, bem como divulgar publicamente os seus resultados.
Evidentemente que para este executivo municipal, não interessa a constituição duma A.D.A. em Vila Real ( facilmente se depreenderá porquê!). Torna-se urgente que ao menos as pessoas mais responsáveis das populações mais afectadas (Mosteirô, Andrães e Portela) avancem por si mesmas na constituição duma A.D.A., reivindicando à cidade políticas equilibradas, que terminem de vez com esta segregação do nosso mundo rural.