Escolas do 1ºCEB e Jardins de Infância:

                 O novo ( velho) aquecimento!

 

 

 

  Por: Eduardo Ribeiro Alves

Nestes finais de Junho, começaram a chegar às Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico e Jardins de Infância, as anunciadas salamandras (fogões a lenha), para reforçar o aquecimento, «uma das maiores carências do parque escolar», conforme é referido no Boletim Municipal de Abril último. Um pouco tarde, diga-se em abono da verdade, já que foi em Dezembro que o Plano de Actividades foi aprovado, o qual contempla 70 mil contos para «aquecimento de edifícios escolares». Confessamo-nos pouco convencidos (também) com esta política do aquecimento, que se continua a implementar sobretudo nas Escolas e Jardins das nossas freguesias rurais. É lamentável que se julgue resolvida esta «enorme carência», instalando  a um canto da sala uma salamandra “Made in France”, que se destina (mais uma vez) a ser alimentada por um combustível em francês designado de  “bois”, mas que no nossos português local  significa uma lenha de fraca qualidade (por vezes verde e podre), a qual irá ser acesa com pinhas que os alunos irão trazer de casa. Assim, durante os longos meses do Inverno, logo de manhã na fria sala de aula, continuará a ser tarefa de todos tentar acender esta “maravilhosa invenção”, por vezes com o vento a empurrar o fumo para dentro da sala, obrigando a ter de escancarar portas e janelas. Primeiro que o calor chegue aos pobres miúdos, é uma eternidade e nem os aquecedores “a barras”, que fazem disparar os disjuntores dos quadros eléctricos, tiram o tremelicar do queixo! Só lá para o meio-dia, a sala estará o mínimo confortável, mas  foi toda a manhã uma constante luta, primeiro para acender o lume e depois para não o deixar apagar. Alunos e professores, por várias vezes, tiveram que acarretar lenha para  municiar o fogão e vir cá fora lavar as mãos sujas da resina e do carvão. É este o ambiente do dia a dia do Inverno, que pelos vistos vai continuar, ainda que melhorado um nadinha!

Será que os  serviços técnicos não sabem como aquecer decentemente as nossas Escolas/Jardins? Sem dúvida que não ignoram que para isso era necessário calafetar portas e janelas, revestir as paredes e os tectos com materiais especiais, isolar e aquecer também átrios e mesmo instalações sanitárias! E todos também já sabemos que continuar com o aquecimento a lenha é uma má aposta: além de pouco eficiente, suja pessoas, instalações e mesmo trabalhos escolares e feitas bem as contas  (com lenha de boa qualidade), verifica-se  que nem mesmo é o combustível mais económico.

Quanto a nós, este o novo (velho) aquecimento continuará a não resolver a tal «enorme carência». Dever-se-ia ter optado por um outro tipo de caloríficos, apetrechados de radiadores distribuídos pelas salas de aula e demais instalações e já agora de preferência “Made in Portugal”. E atendendo ao facto de mesmo ao lado de muitas das nossas Escolas/Jardins, existirem outras instalações sedes de Junta de Freguesia, ou de Associações locais ligadas ao desporto e à cultura, porque não fazer um trabalho de parceria com estas entidades, montando um sistema de aquecimento colectivo, que servisse a todas elas?  Há que procurar desde já uma nova mentalidade também neste domínio do aquecimento  dos espaços públicos,  sabendo usufruir dos benefícios do gás natural,  que, como há poucos dias foi anunciado, irá muito  em breve também chegar a  Trás-os-Montes!

Nas Escolas/Jardins, que as nossas crianças frequentam, há bafio, sujidade, um ar gelado e casas de banho com sanitas sem tampas, sem toalheiros e sem suportes para papel. Pensamos que não seria difícil dar às nossas Escolas/Jardins e consequentemente às nossas crianças, o conforto e a comodidade que merecem; bastaria para tanto transferir para elas uma parte da “energia” gasta em exibicionismo político e no desporto radical!

 

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