EDITORIAL

 

        Aqui Andrães...onde a simplicidade humana está ainda semeada entre as ervas daninhas do analfabetismo!

        Aqui  Andrães...onde as enxadas, os arados, as forquilhas, são também ainda planetas, que giram à volta do Sol!... onde de Verão a poeira e o suor mudam de cor a pele, onde de Inverno os caminhos lamacentos do "Porto" do "Alquedrombo", da "Fonte Velha", da "Enxertada", caiam à sua maneira calçado e roupas!...

        Aqui Andrães, terra esquecida de muitos, mas por outros lembrada na época das colheitas para a explorarem! Sim em Andrães não só se semeia, como também se colhe, contudo (e infelizmente!) também se explora! Aqui Andrães, terra onde também os intermediários exploram, apesar duma esperança cada vez mais crescente numa batata e num vinho que "oxalá que subam" e numa carne e num azeite, que "oxalá que desçam!".

        Aqui Andrães, Centro Cultural e Desportivo, aqui Cruzeiro, sim aqui Cruzeiro, a quem saúdo!

        Sim eu te saúdo, Cruzeiro, até aqui eras tu unicamente aquele momento rústico e granítico situado no centro desta terra, que tão bem conheces e tanto amas certamente, porque és testemunha há muitos anos das festas e romarias, do bairrismo, do folclore, mas também das procissões, dos funerais, das calamidades!...

        Eu te saúdo, Cruzeiro!... Eu te saúdo e aproveito para te pedir esta ovação bem merecida, da nossa parte, Centro Cultural e Desportivo, concedendo-nos a honra de darmos o teu nome ao nosso Boletim, que vai ter o teu nome e não te irá comprometer e envergonhar, mas antes fazer sentir-te orgulhoso por possuir o teu nome!

        Bem hajas, por confiares em nós, Cruzeiro!...

Eu te saúdo, Cruzeiro-Monumento-Testemunho!...

Longa vida para ti, Cruzeiro-Boletim!...

(Eduardo Alves)

Jornal CRUZEIRO

(nº1 - 1977)