ESCOLÍADAS

 

                 I

As armas e os Barões do Magistério,

da praia do Progresso desertaram

e em escolas da Ignorância a sério,

seu reino e seu poder edificaram.

Rumo ao abismo em transporte aéreo,

em ricos gabinetes se instalaram,

tentando recordar suas lembranças,

em cargos, que a idade fez crianças!

 

                  II

É este o Ensino, que é governado

por velhos e por novos já doentes,

uns fazendo do Presente Passado,

outros dando aos do Passado presentes:

Ó maldito Ensino-do-mau-olhado,

que por mais vezes que ir à bruxa tentes,

fazes massacres neste Povo Novo,

fazendo de entulho os filhos do Povo!

 

                III

Cesse, Ignorante e Velha Lisboa,

fama da Legislação que fizeste,

quanto mais a tentas tornar boa,

mais dela se espalha a tua peste!

Não venhas dar a tua crise à toa,

a nós, a quem nunca nada bom deste,

ninguém por cá te ouve, por mais que brades,

com excepção de Alguns dos teus compadres!

 

                IV

Aldeias sem condições e distantes,

onde as Tágides são a Oratória,

portas de Abril fechadas como dantes,

crianças surrentas de Amor e Glória,

coabitam lá...professores andantes,

tentando fazer contas de memória:

metade do que ganham...Medicina,

cinquenta por centro p´rá gasolina!

 

                V

Só vós "Córgides" minhas podeis ser

a nossa tábua de salvação!

Ensinai-me minhas musas a ler,

a vossa Regionalização.

Dai-me um estilo grande para dizer,

as mágoas do vosso coração,

saia de vós o rumo dum desejo:

JAMAIS ADORAR AS MUSAS DO TEJO!

 

                VI

Que eu Canto um Novo Ensino libertado,

sem ter frio ou fome a Comunidade,

onde o professor não seja exilado,

onde a família seja Unidade,

e onde a mentira do atestado,

se troque por responsabilidade!

Um Ensino, da Verdade sinónimo,

e não como este de hoje: o seu antónimo!

 

DUREDÃO SELVA (anagrama de Eduardo Alves)

BOLETIM INFORMATIVO DA CASA DO PROFESSOR

                                                   (1982)

 

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