Magalhã...o referendo local!

 

Por: Eduardo Ribeiro Alves

 

É uma aldeia muito especial a Magalhã! Pertence a três freguesias e a dois concelhos: a S. Martinho de Anta (Sabrosa), a Andrães e a Abaças (Vila Real).  No seu dia a dia, os moradores têm assim de  recorrer a três juntas de freguesia, a duas câmaras municipais, a duas comarcas, a dois postos da GNR, a duas associações de bombeiros, a duas repartições de finanças. Pertença comum de toda a comunidade é só a igreja, a escola e o cemitério.

A população dedica-se à agricultura e ao pequeno comércio. Mas a pastorícia é a actividade mais tradicional, existindo na aldeia ainda mais de duas centenas de cabeças de gado caprino e ovino, que outrora pernoitavam na povoação, mas que hoje,  mercê da luta de alguns moradores mais responsáveis, dormem em currais fora da aldeia, apesar de não possuírem  as condições higiénicas necessárias. Quanto ao fabrico e à venda do queijo,  apesar da proibição, não é  difícil encontrá-lo  a 600$00 a dúzia em Roalde, S. Martinho de Anta, Paços, Vilela, Fonteita, Abaças ou mesmo em Sabrosa, Régua e Vila Real.

 Na escola, o número de crianças não chega à meia dezena, mas existe quase uma vintena de jovens na aldeia, alguns deles com 12º ano completo, com carta de condução e curso de computador, em demanda do primeiro emprego. A grande fatia da população emigrou para a França (onde se calcula estar mais de cem pessoas da aldeia), para a Alemanha e Suíça. Por ocasião da festa anual em  honra de Santa Maria Madalena, que se realiza no primeiro domingo de Agosto, Magalhã é visitada pela maioria dos seus emigrantes, que enchem as três tabernas da aldeia. Pelas ruas e pelos campos fervilham então pessoas e crianças, falando Português à mistura com Francês e Alemão.

A aldeia tem cerca de 100 fogos (alguns fechados quase todo o ano) e aproximadamente  uma centena de eleitores residentes, distribuídos pelas três freguesias referidas. Grande parte deles estão recenseados na freguesia de Andrães, mas teme-se que comecem a “fugir” para as outras freguesias. Já cerca duma dezena o fizeram para Abaças, por causa  de terem direito à assistência médica no Centro de Saúde local  e fala-se noutros eleitores com vontade de se transferirem para S. Martinho de Anta...consta-se que muito em breve o “Mário” (presidente da Junta) vai começar com a distribuição de refeições aos idosos da Magalhã, à semelhança do que já acontece com os de S. Martinho, Anta, Roalde e Garganta.

Para se fazer uma deslocação à sede da freguesia, se for Abaças é  rápido, já que pela senhora da Guia é perto e bom caminho;  para S. Martinho também  é fácil, com o novo acesso alcatroado das Fragas, dali a Roalde  é um salto; Andrães... continua a ser a sede mais longínqua, quer se vá por Fonteita, por Jorjais, ou S. Cibrão a viagem é sempre demorada e a estrada sinuosa.

É urgente acabar com esta vergonhosa divisão administrativa, em que vive a povoação da Magalhã. O recente Artº 240º da Constituição da República Portuguesa (referendo local), poderá ser, quanto a nós, uma boa possibilidade de resolver esta situação. Assim, numa consulta a realizar preferencialmente  em Agosto dum ano próximo, a população residente e emigrante dever-se-ia pronunciar sobre o futuro da Magalhã: Andrães, Abaças ou S. Martinho de Anta?! Evidentemente que antes deveria haver a garantia de que ninguém ficaria prejudicado, nem mesmo as já existentes vinhas de “benefício” letras  E e F.

E já que “uma desgraça nunca vem só”, que se aproveite também para  resolver mais esta da rede telefónica,  é que o  indicativo para a Magalhã é  054 - Peso da Régua!

 

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