Cachoeira


 A principal causa da formação de uma cachoeira é a diferença na resistência à erosão oferecida pelas rochas cortadas pelos rios. Falhamentos ou diques de rochas ígneas mais resistentes podem secionar o curso de um rio e também dar origem a cachoeiras. Estas, contudo, são de duração efêmera. Em pouco tempo a erosão as reduz a simples corredeiras. O Salto de Itu, Estado de São Paulo, tem a sua origem graças ao contato do embasamento cristalino granítico com os sedimentos paleozóicos menos resistentes. Muitas cachoeiras do interior do Estado de São Paulo são formadas graças à maior resistência dos basaltos que formam grandes derrames sobre arenitos menos resistentes à erosão. A tendência destas cachoeiras é regredir, isto é, remontar rio acima, mantendo sempre o desnível graças ao solapamento da base menos resistente (figura 1).

Figura 1

As célebres cachoeiras do Iguaçu e Sete Quedas, na bacia do Paraná, são formadas desta maneira. Correm sobre o chamado "trapp" basáltico. Graças à erosão remontante auxiliada pelo diaclasamento vertical formam-se quase sempre neste caso os chamados canhões, que são sulcos profundos deixados pela regressão da cachoeira. Estes sulcos podem atingir vários quilômetros de extensão, como se verifica nos grandes canhões do citado salto de Sete Quedas e também na famosa cachoeira de Paulo Afonso, que se situa em rosas eieníticas intensamente diaclasadas no sentido vertical, o que deu origem à formação da cachoeira e do profundo e extenso canhão que se segue a jusante.

Um aspecto muito interessante originado pelo erosão fluvial é o das pontes naturais, formadas pela penetração e escoamento da água em fendas situadas logo a montante de cachoeiras. Quando o alargamento das fendas aumentar a ponto de toda a água fluir através delas a erosão as alarga ainda mais, e o antigo leito a jusante da fenda é abandonado e forma a ponte. Para isso é necessário que a fenda seja perpendicular à direção do rio e seja intercomunicável com o nível mais baixo, o que é o óbvio. Outro tipo de cachoeira pode ser formado se a erosão for mais intensa no vale principal de um rio do que no vale de um dos seus afluentes (as causas podem ser várias: tectônicas, litológicas ou climáticas), que ficará então em nível mais elevado, formando os chamados vales suspensos.

Outro aspecto curioso da erosão fluvial é dado pela formação dos caldeirões e marmitas. Trata-se de verdadeiras perfurações cilíndricas profundas, formadas pelo redemoinho das águas, ao turbilhonar após uma cachoeira ou em uma corredeira. Os seixos aí depositados, em seu movimento circular, desgastam a rocha segundo o formato descrito. No Salto de Itu, Estado de São Paulo, ocorrem belos caldeirões, tendo um aspecto pitoresco junto ao polimento natural daquele granito róseo.