Deltas
Quando o rio desemboca no mar ou num lago, dá-se a deposição de grande parte da massa de
detritos trazidos em suspensão. Não havendo correntes marinhas que transportem os detritos
trazidos pelo rio, forma-se um cone de sedimentação, que avança lentamente mar adentro.
Pela semelhança com a forma do D grego, este tipo de depósito recebe a denominação de delta,
sendo de muito importância pela sua larga distribuição, que entre os depósitos do presente, quer do
passado. Graças às freqüentes oscilações do nível dos oceanos durante a época pleistocênica,
puderam os deltas atingir grande área. Sendo a área coberta pelas águas muito maior do que a área
coberta pelas águas muito maior do que a área emersa, é provável que a área total dos deltas atuais
atinja cerca de 5 milhões de km2. Os sedimentos depositados em ambiente deltaico possuem grande
número de características, que podem servir para identificá-los como tal. Entre elas, a mais
importante é a associação de três tipos de camadas que se formam em diferentes profundidades,
como mostra a figura 1.
Figura 1
A superior é conhecida como "topset". Poder-se-ia denominá-la camadas de topo. É horizontal e
possui características litológicas semelhantes às dos depósitos fluviais. Trata-se de ambientes
heterogêneos, pelo fato de poderem ser formados em ambiente subaéreo e subaquático,
apresentando ambos características diferentes. Nas camadas subaéreas ocorrem com freqüência
muitos restos orgânicos, sobretudo de origem vegetal, dispondo-se as camadas de maneira lenticular.
Entre os fósseis, podem ocorrer tanto os marinhos como os continentais. Já "topset" subaquático
não ocorrem restos vegetais e os sedimentos de granulação mais fina, como silte e argila, são mais
abundantes.
Em regiões mais profundas as camadas dispõem de maneira oblíqua, inclinadas no mesmo sentido
da correnteza responsável pela deposição recebendo a denominação de "forest". Os sedimentos
desta região do delta possuem características de sedimentos marinhos, principalmente pela natureza
dos fósseis. Finalmente, a camada mais profunda e mais distante da desembocadura do rio é
chamada "bottomset" , ou camada de fundo, de características exclusivamente marinhas, quer
litológicas, estruturais, quer paleontológicas, no caso de o delta ser marinho.
Com o desenvolvimento do delta, que pode atingir espessuras consideráveis no caso de haver um
movimento transgressivo do mar, estas três diferentes camadas entrosam-se de modo complexo,
confundido-se também entre elas as camadas tipicamente fluviais, formadas pelo eventual avanço dos
sedimentos fluviais. Com o crescimento irregular dos deltas e com a formação de barras, formam-se
freqüentemente lagos, do que resulta a formação de depósito lacustres também entrosados junto às
demais camadas do delta.
A importância geológica dos deltas é grande, dada a abundância de sedimentos antigos que se
formaram em ambiente deltaico, o que se sabe graças às suas características estruturais e litológicas.
Calcula-se em cerca de 6 milhões de quilômetros quadrados a área ocupada hoje pelos sedimentos
de antigos deltas. Além disso, importantes estruturas acumuladoras de petróleo podem relacionar-se
a arenitos formados em antigos canais de deltas do passado, tal como ocorre em vários campos
petrolíferos do Texas, E.U.A.