Vida e Obra de Bernardo Guimarães
  poeta e romancista brasileiro [1825-1884 - biografia]

 
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bravo!, edição especial de 2006
Revista coloca "A Isaura" entre os livros essenciais
Edição especial da Bravo! 100 livros essenciais da literatura brasileira de todos os gêneros inclui “A Escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães. O livro ocupa o 74 lugar. O primeiro foi atribuído ao Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Os editores da revista admitem que os critérios para a elaboração da lista contêm o viés da subjetividade, até porque, acrescenta este site, em casos como esse uma pretensa objetividade seria discutível. Segue a transcrição do que a revista publicou sobre “A Escrava Isaura”

A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães

Sofrimentos do amor narrados em meio ao drama dos escravos acabaram por tornar a história uma referência no imaginário do país

Livro dos mais conhecidos de nossa literatura, A Escrava Isaura (1975) é considerado o melhor romance do mineiro de Ouro Preto Bernardo Guimarães (1825-1884). A história se tornou um megassucesso, no Brasil e no mundo, depois de ter sido transformada em telenovela em 1976 pela Rede Globo, numa adaptação dirigida por Milton Gonçalves e roteirizada pelo Gilberto Freire. Trata-se de obra de molde regionalista, pois abrange a zona rural de Minas Gerais e de Goiás; e romântica, pois aborda a questão abolicionista de maneira sentimental, com um olho mais no bom-tom do que na crítica, numa época em que escritos sobre o tema praticamente não existiam.

Vilão, herói, heroína, amor à primeira vista. Os motivos românticos que foram o cerne da narrativa não constituem novidade, mas são tratados como bastante destreza por Guimarães. A obra fez imenso sucesso junto ao público feminino da época, que vivia numa sociedade em que mulheres somente saíam às ruas acompanhadas e em dias preestabelecidos. Não se trata exatamente, no entanto, de uma história de amor, mas do sofrimento do amor, que se deixam perceber pelos conflitos da escrava, que não tem o direito de amar, e os do homem casado, que não pode trair a esposa. O tratamento dos personagens é superficial: planos, estáticos, eles mantêm os mesmos defeitos e virtudes durante toda a narrativa.

A linguagem de Bernardo Guimarães é influenciada pelos padrões românticos. O vocabulário é rico e vasto, compreendendo palavras não só do acervo do romantismo como as de caráter regional. O coloquialismo e a oralidade típica dos “causos”  são maiores nos trechos que reproduzem a falta dos escravos. Sobre a crítica ao preconceito e aos “abomináveis e hediondos” crimes da escravidão, convém não exagerar. Toda a beleza da escrava advém do fato de seus traços serem europeus: “A tez é como o marfim do teclado, alva que não deslumbra, embaçada por uma nuança delicada, que não sabereis dizer se é leve palidez ou cor-de-rosa desmaiada”. Fisicamente, ela nada fica a dever às damas da corte.

Bernardo Joaquim da Silva Guimarães estudou em seminário e entrou para a faculdade de direito de São Paulo aos 22 anos, tendo concluído o curso em 1952. Em conjunto com Álvares de Azevedo, Aureliano Lessa e ouros, entregou-se à boêmia na mocidade. Foi juiz, jornalista e poeta. Depois, foi nomeado professor de retórica e poética no Liceu Mineiro pelo governo de então província de Minas Gerais. Constança, uma de suas filhas, falecida aos 17 anos, imortalizou-se na literatura como a musa de Alphonsus de Guimaraens, a que “morreu fulgente e fria”.

A estréia literária de Bernardo Guimarães se deu com uma coleção de poemas: Cantos da Solidão, publicadas em 1852, em que predomina o lirismo. Tendo passado quase toda a sua vida no planalto central, Bernardo Guimarães tem amplo contato com o sertanejo, fonte de inspiração para vários de seus romances, como O Ermitão de Muquém (1869) e O Garimpeiro (1872). Outra obra sua de grande êxito foi O Seminarista, de 1872.