ANTEMUNDO SEM FUTURO

O IMPROVÁVEL

Um dos melhores filmes sobre a luta de classes é uma sarcástica e incisiva tomada de dez minutos, feita em 10 de junho de 1968, fora do portão da Wonder Factory - uma fábrica de baterias - nos subúrbios de Paris. A maioria dos trabalhadores era formada por mulheres, mão-de-obra não-especializada, mal paga, menosprezada e que manuseava dejetos químicos. Eles iniciaram a luta em 13 de maio e ainda estavam em greve, quando foram filmados. As concessões que arrancaram do patrão foram muitas, em termos de melhores condições de trabalho, e poucas, considerada a energia posta na luta. No meio do grupo que discutia está uma mulher, com seus vinte anos, que, meio gritando, meio chorando, diz: "Não, não estou retornando. Eu nunca mais porei meus pés ali de novo! Vá lá e veja você mesmo o chiqueiro que é... aquela sujeira onde trabalhamos..."

Em 1996, um documentário entrevistou pessoas envolvidas naquela luta: homens e mulheres trabalhadores, capatazes, um datilógrafo trotskista, representantes de vendas, ativistas sindicais, o chefe do partido comunista local que tentou convencer a jovem mulher a retornar ao trabalho. Ela, porém, não deixou rastros. Poucos se lembravam bem dela. Ela deixou a fábrica logo depois dos eventos e ninguém sabe o que aconteceu com ela e nem seu nome inteiro, só o seu primeiro nome: Jocelyne.

Ficamos com uma questão decisiva não respondida, a questão posta por Jocelyne: na vida pacífica "normal", os hábitos e normas pesam sobre nós, e é quase inevitável se submeter. Mas quando milhões de grevistas constroem um força coletiva, tornam indefeso o Estado e sem valor o discurso da mídia, levam um país à beira da mudança total, e percebem que lhes é dado um aumento de salários que logo será devorado pela inflação... Percebem, também, para o que retornam, agora que sabem da miséria que os aguarda, nos próximos trinta anos?

Alguns responderão que Jocelyne e seus companheiros de trabalho não estavam esclarecidos, ou não encontraram a verdadeira luz, alguns afirmarão que os operários sofrem com a ausência de organização, outros que eles falham espontaneamente, enquanto outros especialistas dirão que maio de 68 foi levado à derrota porque a evolução capitalista não criou ainda os pré-requisitos da...

Os ensaios a seguir não solucionam o problema - isto não é um exercício de matemática ou adivinhação, em que teríamos de encontrar a resposta certa. Eles apenas levantam estas e outras questões.

De fato, um dos textos, A Luta de Classes e seus Aspectos mais Característicos nos Anos Atuais, foi primeiramente concebido não muito depois que a fábrica Wonder, como muitas outras, retornou ao trabalho. Leninismo e Ultra-esquerda vem de 1969. Capitalismo e Comunismo foi escrito em 1972, a pedido de vários operários, que o fizeram circular, na Renault.

WALL STREET VERSUS MURO DE BERLIM

Todos os três ensaios pretendem reafirmar o comunismo contra uma ideologia denominada "marxismo" - oficial, acadêmico ou esquerdista.

Por que nos dizemos comunistas? Quanto mais um termo significa, tanto mais ele é deturpado pela ideologia. Como "liberdade", "autonomia", "humano" e inúmeras outras, a palavra comunismo foi distorcida, virada ao avesso, e é hoje sinônimo de vida sob um Estado benevolente/ditatorial totalitário. Somente um despertar comunista - livre, autônomo, humano – devolverá significação a essas palavras.

Embora o senso comum proclame que o pensamento radical está superado, os últimos 25 anos oferecem uma prova ampla de sua relevância.

O QUE ESTÁ SUPERADO?

A luta de classes? Não é necessário ler 2000 páginas de Marx para entender que os despojados dos meios de produção têm lutado contra (e geralmente tem têm sido derrotados por) aqueles que os oprimem.

O valor, definido pelo tempo socialmente necessário para fabricar as mercadorias? O capitalismo é obcecado pela redução do tempo! Informática, auto-estradas e telefones celulares aumentam a velocidade da circulação. Trabalho, consumo e lazer aceleram cada ato da vida, num fluxo cada vez mais rápido. Paul Virilio assinala que a economia não produz somente objetos, mas velocidade e objetos, na medida que produzem velocidade. Embora não se reivindique marxista, Virilio descreve um mundo que se orgulha de reduzir o tempo necessário para produzir e consumir tudo, um mundo que se orienta para o tempo mínimo - pelo valor.

O lucro que age como a força dirigente deste mundo? Qualquer um que tenha perdido seu emprego, depois de dar 20 anos de sua vida a uma empresa, pode ver que o capital é valor acumulado buscando constantemente se incrementar e que destrói seja o que for que o impeça disso.

O decrescente número de operários de fábrica no ocidente, a queda do muro de Berlim, e o encolhimento dos grupos de extrema-esquerda significam a ruína final do comunismo somente para aqueles que retrataram os operários como o sal da terra, igualaram socialismo e economia planificada, e se entretiveram marchando na rua com uma bandeira do Vietnã do Norte.

O colapso dos assim chamados países socialistas mostrou como a economia domina. O ocidente e o oriente passaram, de um extremo ao outro, por crises de acumulação. A recuperação da lucratividade exigiu um novo mecanismo de produção em Cleveland, um novo regime político no Kremlin. O capitalismo de Estado não faliu porque as pessoas estavam fartas do totalitarismo, mas quando tornou-se incapaz de manter e dar substância à sua opressão.

A planificação econômica centralizada só funcionava para desenvolver indústrias de bens de capital. E o poder burocrático residiu num compromisso com os camponeses, por um lado, e com os operários, por outro (emprego vitalício e um mínimo de previdência social, em troca de submissão política: mesmo os expurgos periódicos contribuíram para a promoção social e assim para o apoio operário aos burocratas). Isso pode ter ido bem na Rússia, em 1930, mas não em 1980 - para não falar da Alemanha Ocidental ou Tchecoslováquia, em 1980. O capitalismo necessita de alguma forma de pólos de valor acumulado conflitantes, e portanto de uma certa quantidade de concorrência política e econômica.

A quebra da URSS não é a refutação definitiva de Marx, mas a verificação de Das Kapital. O politburo podia burlar seu mercado interno, mas não escapou das pressões do mercado mundial. É o mesmo mercado que força a demissão de milhares de proletários em Liverpool e põe abaixo os diques burocráticos que bloqueavam o fluxo de dinheiro e mercadorias em Moscou. O espectro ainda nos ronda, o Wall Street Journal escreveu em 1991, se referindo ao Manifesto de 1848: "A análise de Marx pode ser aplicada à surpreendente desintegração dos regimes comunistas, construídos sobre as fundações de seu pensamento mas infiel às suas prescrições."

1968 E TUDO AQUILO

No passado, houve revoltas operárias que enfrentaram abertamente tanto o Estado quanto o movimento operário institucionalizado. Muitas delas violentas, por exemplo, depois da primeira guerra mundial. Mas, por volta de 1970, a sublevação foi mais global e profunda. Ao contrário de 1871, 1917-21 ou 1936-37, nos países industrializados, o capital subordinou a totalidade da vida, transformando cada vez mais atos e relações cotidianas em mercadorias, unificando a sociedade sob sua dominação. A política, enquanto programas políticos opostos, caiu em desuso. Em 68, os sindicatos e partidos operários franceses foram capazes de sufocar uma greve de 3 semanas, feita por 4 a 5 milhões de trabalhadores, mas não podiam mais apresentar uma plataforma alternativa à dos partidos "burgueses". Quem atuou na greve geral não esperava mais de um possível governo de esquerda do que um pouquinho de bem-estar. Economia mista era a ordem do dia: com ênfase na intervenção do Estado quando a esquerda governasse; ou das forças do mercado, quando os votos favorecessem a direita.

As relações mercantis passaram a mediar as mais simples necessidades humanas. O sonho americano é de quem for rico o bastante para ele. Mas o carro atraente nunca é o que você comprou, mas o do comercial na TV. As mercadorias são sempre melhores nos cartazes. Enquanto o paraíso operário ao estilo russo deixou de ser válido, o céu do consumidor pareceu incansável - pela natureza. Dessa forma, nenhum futuro seria encontrado através da fábrica: nem o pesadelo do outro lado da cortina de ferro, nem o sonho deste lado. Como resultado, o local de trabalho já não é mais onde se começa a construir um mundo melhor. Embora o livro da Internacional Situacionista, A Sociedade do Espetáculo, tivesse poucos leitores naquele tempo, sua publicação (em 1967) foi precursora das críticas posteriores. É verdade que aquele período também foi de sindicalização para muitos trabalhadores oprimidos e mal pagos que finalmente a conseguiram no século XX. Só uma minoria da classe operária recusou a sociedade, rebeldes com uma causa, à margem da força de trabalho, especialmente o jovem. Mas a onda mundial de greve e rebelião permanece incompreensível sem sua característica subjacente: recusa massiva da fábrica e da vida oficial. "Quem quer trabalhar?", perguntava Newsweek em meados dos anos 70.

Até agora, quase todos os grevistas ocuparam o local de trabalho e não foram além. De todos os gestos de transgressão: a tomada dos serviços de gás e de transporte por grevistas poloneses em 1971, a auto-redução italiana, ocupações, greves "sociais" (motoristas de ônibus, pessoal de hospital e caixas de supermercado provendo transporte, tratamentos de saúde e alimentação gratuita, eletricitários cortando fornecimento para burocratas ou empresas, e milhares de outros exemplos) - dificilmente algum poderia ter sido um começo de comunização. A interrupção do trabalho e a violação da mercadoria não se fundiram num ataque ao trabalho como mercadoria, ou seja, ao trabalho assalariado como tal. Desde a prisão até a educação infantil, tudo esteve sob fogo, mas o assalto permaneceu fundamentalmente negativo.

A falta de iniciativas criadoras para transformar a sociedade permitiu a manutenção do capitalismo. As sublevações históricas não tiveram data de nascimento ou morte, mas certamente a da Fiat foi mais do que um símbolo - um marco. Durante anos, a empresa de Turimm sofreu interrupções constantes das linhas de montagem, absenteísmo em massa e assembléias. Porém, a desordem organizada não superou positivamente a negação. Assim, os gestores foram capazes de atacar uma (razoavelmente grande) minoria, com a ajuda passiva de uma exausta maioria temerosa por seus empregos. Os radicais romperam com a lógica social, mas não a transformaram em algo novo. As ações violentas (mesmo armadas) gradualmente se desconectaram do chão de fábrica. Em 1980, a companhia demitiu 23.000 dos 140.000 operários. A greve parou a fábrica por 35 dias, no fim dos quais 40.000 operários da Fiat tomaram as ruas. Então os sindicatos assinaram um compromisso pelo qual os 23.000 receberam indenização do Estado. Depois, muitos milhares seriam demitidos pela reestruturação.

BLUES DOS PROLETÁRIOS TRISTES

Desde então, as derrotas da classe operária se deveram à sua posição defensiva contra um inimigo constantemente móvel. Apesar de firmemente entrincheirada nas minas e oficinas, a militância operária não resistiu à reestruturação. O trabalho é forte na medida em que é necessário ao capital. Ou, então, pode manter-se, durante algum tempo, com apoio do resto da comunidade operária, e permanecer como um contingente de força de trabalho não lucrativa. Nos anos 70 e 80, os operários tinham número e organização, mas foram derrotados porque a economia os privou de sua função, que é a sua arma social. Nada forçará o capital a empregar trabalho que não é útil para ele.

Ao mesmo tempo, os autônomos "comitês de ação", "grupos de base" etc., que eram os órgãos da atividade de base dentro e fora do local de trabalho, desapareceram. Quando novos organismos de coordenação surgiram, nas greves nas ferrovias (1986) e de enfermeiros (1988) na França, não sobreviveram e se dissolveram (muitos poucos doaram sua energia aos recentemente formados sindicatos de base e foram integrados pelo capital).

Durante anos, os proletários da linha de montagem se recusaram a ser tratados como robôs, enquanto uma minoria rejeitou o trabalho e a sociedade de consumo. O capital respondeu instalando robôs, suprimindo milhões de empregos e renovando, intensificando, adensando o que restou de trabalho não especializado. Ao mesmo tempo, um desejo generalizado de liberdade foi convertido em liberdade de comprar. Em 1960, quem imaginaria o cartão de crédito? Seu dinheiro - sua liberdade... Os famosos slogans de 68: Nunca trabalhe! Exija o impossível! foram ridicularizados quando as pessoas se viram forçadas a se agarrar a seus empregos e lhes foram ofertadas sempre mais abundantes e frustrantes mercadorias para comprar.

Muitos comparam a situação de hoje à dos anos 20 e 30, incluída a ameaça fascista. Mas, diferentemente das insurreições e da contra-revolução armada que ocorreram entre 1917 e a segunda guerra mundial, o atual refluxo proletário foi uma lenta e demorada absorção de grandes setores da classe operária no desemprego e no trabalho precário. Se há esperança, ela está com os proles, disse Winston (personagem de Orwell, no livro 1984). É como se muitos dos proles de 1994 tivessem surgido alguns anos antes dessa data, tomassem o mundo em suas mãos e se recusassem aceitá-lo ou mudá-lo. Décadas antes, seus avós se aprisionaram atrás dos portões de fábrica (Itália, 1920), muitas vezes com armas. Lutaram e morreram, mas as propriedades sempre terminaram com os patrões.

Não há como negar essa derrota. O capitalismo vence, mais fluído e imaterial do que há 25 anos, universalizando tudo de uma maneira abstrata, passiva, televisiva, negativa. Num comercial dos anos 60, o operário da fábrica de automóveis vê a foto de um novo carro e se maravilha: "Quem fez este modelo?" Em tempo parcial ou flexível, o operário da fábrica de automóveis do ano 2000 assistirá Crash na TV, enquanto seu filho joga um vídeo com programas baixados por ele mesmo. A humanidade nunca foi tão unida e dividida. Bilhões de pessoas vêem as mesmas imagens e têm vidas cada vez mais separadas. As mercadorias são produzidas em massa e indisponíveis. Em 1930, milhões de pessoas foram demitidas devido ao colapso econômico. Hoje, recebem pensões numa fase de crescimento, porque a recuperação da economia é capaz de produzir lucros sem eles. De fato, resolvida a crise de lucratividade dos anos 70, a maioria dos capitalistas está em melhor situação do que antes. O paradoxo é que a produtividade do trabalho cresceu tanto que o capital não necessita de empregar mais trabalho para se valorizar.

ALTAS ESPERANÇAS...

O movimento operário que existia em 1900 ou em 1936, não foi esmagado pela repressão fascista nem comprado por eletrodomésticos. Ele se destruiu como força de transformação porque tentou preservar a condição proletária, e não superá-la. Na melhor das hipóteses, conseguiu uma vida melhor para as massas fatigadas, na pior, foi lançado em duas guerras mundiais. Agora, tudo isso pertence ao passado. A popularidade dos filmes sobre cultura operária significa sua passagem da realidade para as lembranças e museus. Os stalinistas fizeram da social-democracia uma centro-esquerda. Tudo move para a direita e os trotskistas logo se chamariam de democratas radicais. O que outrora era um ambiente revolucionário é preenchido por fatalismo e nostalgia. Quanto a nós, não temos saudades de um tempo em que Brejnev era chamado de comunista e milhares de jovens pararam as ruas cantando A Internacional quando estavam de fato apoiando grupos que procuravam ser a esquerda da esquerda.

A proposta do velho movimento operário era tomar o poder sem transformar a sociedade, limitando-se a geri-la de outra maneira: pondo o preguiçoso à trabalhar, desenvolvendo a produção, introduzindo a democracia operária (no princípio). Somente para uma minúscula minoria, "anarquista" bem como "marxista", uma sociedade diferente significa a destruição do Estado, da mercadoria e do trabalho assalariado, embora ela raramente tenha definido isso como processo, mas como um programa a pôr em prática depois da tomada do poder, muitas vezes depois de um longuíssimo período de transição. Esses revolucionários não apreenderam o comunismo, como movimento social cuja ação mina os fundamentos do poder de classe e do Estado, e o potencial subversivo das relações fraternas, abertas e comunistas que reemergiram em cada profunda insurreição (Rússia, 1917-19; Catalunha, 1936-37...).

Não há mais necessidade de criar as precondições capitalistas do comunismo. O capitalismo está em toda parte, muito menos visível do que há 100 ou 50 anos, quando as diferenças de classe se revelaram ostensivamente. O trabalhador manual identificou num relance o proprietário da fábrica, conheceu ou pensou que conheceu seu inimigo, e percebeu que estaria numa situação melhor no dia em que ele e seus companheiros conseguissem se livrar do patrão. Hoje, as classes ainda existem, mas ocultas por infinitos graus de consumo, e ninguém espera da propriedade estatal da indústria um mundo melhor. Hoje, o "inimigo" é uma relação social impalpável, abstrata embora real, que tudo permeia e está em toda parte: os proletários são aqueles que produzem e reproduzem o mundo, podem romper com ele e revolucioná-lo. O objetivo é a imediata comunização, não totalmente completada antes de uma geração ou mais, mas iniciada já. O capital invadiu a vida, determina como nós alimentamos nosso gato, visitamos nossos amigos e, nessa mesma medida, nosso objetivo só poderia ser a fábrica social, invisível, totalitária, impessoal (ainda que o capital saiba como usar pessoas para defendê-lo, a inércia social é uma força mais conservadora do que a mídia e a polícia). A comunidade humana é acessível: sua base social está presente, muito mais do que há um século. Só a passividade impede sua emergência. Nossa necessidade vital, o nosso outro, parece tão fechada e distante ao mesmo tempo. Os vínculos mercantis são igualmente fortes e fracos.

As rebeliões de Los Angeles em 1991 ultrapassaram as de Watts em 1965. A sucessão de rebeliões nos EUA revela uma fração significativa da juventude que não pode ser integrada. Aqui e ali, apesar do desemprego em massa, os trabalhadores não querem ser chantageados, nem aceitar diminuições dos salários em troca da criação de empregos. Os proletários coreanos demonstraram que a "empresa mundial" difunde agitação fabril ao mesmo tempo que lucros, e a "atrasada" Albânia pariu uma revolta moderna. Quando uma importante minoria que está farta da realidade virtual começar a realizar as possibilidades, a revolução emergirá de novo, terrível e anônima.

Isto é dedicado à Jocelyne, a proletária anônima.

1997



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