PALAVRAS DO MESTRE
Por certo sabeis que não só comecei por não aceitar a mensagem do Cristo, mas também por perseguir furiosamente muitos dos primeiros cristãos até ao dia em que senti o irresistível chamamento na estrada de Damasco. Notai que durante este período de não aceitação e de perseguição ao novo impulso que o cristianismo constituía, eu não era ateu ou materialista; era um homem religioso que seguia fielmente (assim o julgava) a lei. Não foram, portanto, o materialismo ou o ateísmo que me fecharam os olhos e me voltaram, durante anos, contra uma nova e mais potente manifestação da Verdade. Não foi por isso que eu comecei, por não reconhecer o Messias e a sua mensagem, mas sim por fanatismo, separatismo e exclusivismo religioso.
Desde então, reconhecido que foi o meu erro, tomei sobre mim o encargo de proteger e iluminar especialmente todos os que caem em qualquer tipo de cegueira fanática, bem como os que duvidam de uma causa nobre. Dirijo-me, hoje, sobretudo por estes motivos, a todos os crentes que sigam uma religião, estejam associados a qualquer organização espiritista ou grupo esotérico ou apenas sigam os seus ensinamentos. Peço-vos que eviteis o erro do fanatismo, da pretensão do exclusivismo da verdade e do sectarismo separatista. Peço-vos que eviteis a neofobia. Peço-vos que tenteis lembrar que a verdade tem muitas faces (algumas, por vezes, insuspeitadas e até estranhas). Peço-vos, enfim, que procureis sempre o conselho sussurrante da voz silenciosa que clama do fundo da vossa alma a fim de que possais reconhecer o verdadeiro Messias e a sua mensagem quando ele se manifestar.
Gostaria também de focar um ponto relacionado ainda com essa encarnação com São Paulo: acaso já vos enterrogastes por que motivo o Senhor na estrada de Damasco e nos fatos que se seguiram, me veio escolher como um dos seus apóstolos? Já vos interrogastes a cerca da razão disso ter acontecido comigo - que sempre o tinha desacreditado da mesma forma que sempre tinha perseguido os seus primeiros crentes - e Nào com outros cristãos que já existiam e que de coração puro e devotado se entregavam à nova mensagem? Não seria, porventura, uma injustiça? Aqueles que já seguem os ensinamentos trazidos ao mundo através de qualquer sociedade ou grupo esotérico ou do labor espiritista certamente saberão responder a esta pergunta, uma vez que possuem os necessários conhecimentos que lhes são comuns. Portanto, dirijo-me (com muito amor) aos que apenas aceitam a apresentação ortodoxa da verdade. Sem dúvida que a minha escolha se ficou a dever não aos méritos (que não tinha) dos anos de vida que nessa encarnação já haviam passado, mas aos méritos por mim conseguidos em anteriores encarnações e que, por motivos circunstanciais e condicionamentos do cumprimento do dever, estiveram escondidos - mas nunca perdidos - durante um certo número de anos.
Quero ainda fazer dois pedidos a todos os discípulos do mundo:
O primeiro é que procureis, sempre que for possível, concentrar-vos um pouco, dirigindo as vossas energias aos cientistas do mundo com o fim de ajudá-los a aceitarem e provarem, objetivamente, a existência de um mundo invisível por detrás do mundo físico mais denso, e que o seu intelecto analítico possa ser inspirado e completado pela intuição (isto é: a penetração amorosa e direta na essência das coisas, dos fenômenos e dos seres).
O segundo pedido é especialmente destinado aos discípulos que servem nos diversos grupos esotéricos, espiritualistas e espiritistas solicitando-lhes que não procurem aquilo que de fato os possam separar, mas antes o que substancialmente os une e, ainda, que se preparem para confirmar a vinda do Senhor e para o servir de todas as formas possíveis. Isto é o mesmo que lhes pedir para serem universais, de mente livre e coração aberto em vez de fanáticos e separatistas.
Faço desta forma, a ligação entre o fim e o início do que hoje trouxe para vos dizer, visto que em breve o silêncio culminará as minhas palavras.
Dou-vos a minha benção em nome do Cristo, em nome do Verbo emanado do Grande Silêncio, em nome do sopro cósmico do Pai Divino.