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Cultura universitária |
Na cultura universitária, observou-se, principalmente a partir da
Segunda Guerra Mundial, um decréscimo dos estudos humanístico
tradicionais. Isso atingiu também o ensino médio, onde esses
estudos - que ocupavam cerca de 60% do currículo durante o Império
e a Primeira República - ficaram reduzidos a perto de 20% do conteúdo
curricular com a reforma do ensino de 1971.
Essas disciplinas clássicas deixaram de ocupar uma posição-chave
na formação dos professores secundários. Tornaram-se
estudos especializados, envolvendo apenas aquelas pessoas que têm
um interesse destacado por eles.
A tecnoburocracia dominante nos anos da ditadura militar adotou providências
para neutralizar a posição crítica da cultura universitária.
Essas providências, foram, entre outra, as seguintes:
1º) Procurou-se fazer crer que vivemos num país em plena fase
de desenvolvimento econômico e de progresso social, onde há
lugar para todos, desde que trabalhem e cumpram seus deveres.
2º) Excluiu-se o estudo de filosofia do curso de 2º grau. Isso
prejudicou a formação do adolescente, numa fase da vida em
que são decisivas as preocupações com os valores da
vida e do ser humano.
3º) Introduziu-se o vestibular unificado, com questões de múltipla
escolha ( só no final da década de 1970 voltou a redação).
Numa linha quase exclusivamente informativa, em prejuízo da finalidade
formativa do curso de 2º grau.
4º) Multiplicaram-se as instituições superiores particulares.
Essas escolas dedicaram-se especialmente ao ensino das ciências humanas
e sociais ( pedagogia, história, letras, estudos sociais, etc. ).
Tais medidas geraram tensões nos ambientes universitário,
fazendo com que a defesa de um ensino meramente técnico passasse
a coexistir com uma linguagem crítica e "de protesto contra as ilusões
do desenvolvimento e as suas máscaras autoritárias".
Essas tensões não ocorreram apenas dentro das universidades,
mas atingem todo o processo cultural brasileiro.
Verifica-se, então, nos meios universitários, o choque entre
duas tendências: a primeira, que reflete os interesses das classes
dominantes; a segunda se constituiu na tendência crítica que
busca recriar o conhecimento como meio não só de conhecer
mas também de transformar o mundo.
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