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PROCESSOS DE CONFORMACÃO DOS METAIS |
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1.1 FUNDIÇÃO |
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A fundição vem a ser a conformação de um metal ou liga metálica efetuada no estado liquido. Consiste em aquecer o metal até que ele se funda e se transforme em um líquido homogêneo. Em seguida, este liquido será vertido em moldes adequados onde, ao solidificar-se, adquirirá a forma desejada . |
Os processos de fundição podem ser classificados quanto pelo processo de vazamento (gravidade, pressão, centrifugação) ou pelo processo de moldagem (areia, molde permanente, cera perdida e casca, etc.) |
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1.2 FORJAMENTO |
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O forjamento vem a ser a conformação plástica do metal no estado sólido, mediante esforços mecânicos aplicados sobre os mesmos. Este trabalho mecânico poderá ser: a frio ou a quente, conforme se faça a uma temperatura inferior ou superior a de recristalização. As peças obtidas por forjamento, ou qualquer outro processo de conformação plástico, são densas, não apresentando vazios internos, em virtude dos esforços mecânicos aplicados. |
O forjamento pode ser classificado basicamente em duas categorias: forjamento em matriz aberta e forjamento em matriz fechada. |
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1.3 LAMINAÇÃO |
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A laminação e o método de conformação mais importante, pelo fato de ser, quase sempre, a antecessora de outro processo de conformação mecânica. |
A laminação consiste em modificar a seção de uma barra de me tal, forçando-se a sua passagem entre dois cilindros, entre os quais ha uma distância menor que a espessura inicial da barra. O arrastamento da barra entre os cilindros se processa graças as forças de atrito que se desenvolvem na superfície de contato dos cilindros e da barra que esta sendo laminada. |
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2. SOLIDIFICAÇÃO DE UM METAL LÍQUIDO DENTRO DE UM MOLDE |
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Metais são constituídos de átomos. A maioria dos metais são sólidos a temperatura ambiente (exceção Mercúrio). Se aquecermos uma peca de metal dentro de um recipiente, ate que ele se funda, verificamos que ele não mais retém seu formato original , em razão dos átomos no estado fundido se moverem livremente e serem facilmente separados uns dos outros. |
Se o metal e resfriado, a partir deste estado, ao ser atingida uma temperatura específica, os átomos começarão a se alinhar uns aos outros 1iberando energia na forma de calor. |
Esta temperatura e a temperatura de solidificação, na qual ocorrem uma serie de fatores, os quais devem ser considerados. |
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CONTRAÇÃO: |
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Todo metal sofre contração durante o seu resfriamento. Essa contração e uma somatória de 3 contrações |
- contração no estado líquido. |
- contração durante a solidificação (3 a 7% em volume) |
- contração no estado sólido. |
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Considerando-se um metal líquido dentro de um molde ou lingoteira, o seu resfriamento ocorrera por condução de calor através das paredes laterais e fundo do molde. Haverá certo resfriamento através do ar, na parte superior, mas este será relativamente pequeno. |
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A solidificação ocorrera das superfícies laterais do molde e da parte inferior, em direção ao centro, formando estruturas colunares, ou, dependendo do tipo de metal e da temperatura do metal ao ser vazado, estruturas mistas, com grãos colunares e grãos equiaxiais . A solidificação se processara continuamente ate que, na parte central, próximo a superfície do lingote, a última fração de metal líquido se solidifique, formando nesta região um vazio, denominado de rechupe. A forma, dimensões e localização deste dependerão do tipo de molde utilizado, do metal propriamente dito, e dos cuidados adotados, como por exemplo, o emprego de massalotes ou adição de elementos químicos para "acalmar" o aço. |
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SEGREGAÇÃO: |
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Durante a solidificação de um metal líquido, ocorrera sempre a segregação de diversos elementos químicos para a parte líquida, concentrando-se na região central da peça ou lingote. No caso do aço, que é uma liga basicamente constituída de átomos de ferro e carbono, alem de elementos residuais do processo de fabricação, os elementos segregados seriam o próprio carbono, o fósforo , manganês, cromo e níquel. |
A segregação se caracteriza como urna área que contem elementos químicos numa proporção diferente das demais áreas da peça. |
A segregação assume diversas formas, como resultado dos diversos processos que ocorrem durante a solidificação do aço dentro do lingote. Quanto maior o lingote, menor será a probabilidade de controlar o processo de solidificação, e mais pronunciada será a segregação. O movimento do aço líquido relativamente as superfícies de solidificação influenciará também na forma final da segregação. |
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INCLUSÕES NÃO METÁLICAS: |
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A presença de inclusões não metálicas no aço deve-se a dois fatores : |
(a) decorrentes do processo de fabricação (escória e refratários) e |
(b) decorrentes do processo de desoxidação. |
Mesmo os melhores aços, fabricados através de técnicas |
modernas, tais como fusão a vácuo e eletroescoria, possuem inclusões não metálicas. |
Nos lingotes fundidos de forma convencional, a presença de inclusões não metálicas se dá na parte inferior do mesmo, quando se tratar de inclusões que não flutuam no metal líquido. A extensão destas inclusões está relacionada com a forma e condições de vazamento do aço, e em |
particular da temperatura de fundição ou vazamento. A maioria das i inclusões apresentam a forma esférica, nos lingotes. Algumas inclusões são plásticas, deformando-se durante os processos de conformação mecânica dos lingotes. Outras são quebradiças. Dentre as principais inclusões temos os óxido , silícatos , sulfetos e aluminas. |
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2. DESCONTINUIDADES TIPICAS |
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2.1 FUNDIDOS |
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A causa e a forma das descontinuidades nas peças fundidas depende de: |
- comportamento do material durante a solidificação |
- geometria e dimensões da peça |
- condições de resfriamento |
- bolsas de gás |
- trincas de contração |
- trincas de tensão |
- inclusões não metálicas |
- segregação |
- juntas |
- granulação grosseira |
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2.1.1 RECHUPES |
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Rechupes são vazios de diversos tipos e formas nas peças fundidas, cansadas pela contração dos metais durante sua solidificação. Podem ser internos a peca, rechupes externos (na região dos massalotes) , macro rechupes micro rechupes (nos espaços interdendríticos) , rechupes lamelares, etc.. |
O rechupe ocorre, pois a primeira parte do metal a se solidificar e aquela que esta em contato com o molde ou seja, aonde ocorre a maior troca de calor, e a solidificação progride em direção aos pontos mais quentes na forma de frentes. |
Através de técnicas de alimentação, procura-se trazer estes pontos quentes para fora da parte útil da peça, em regiões que deverão ser cortadas. Em peças de geometria muito complicada, isto nem sempre e possível, devendo-se sempre contar com estes vazios, que porem, de vem ser controlados o melhor possível. |
O conhecimento da técnica de alimentação de uma peça e sempre de muita valia ao operador de ultra- som que poderá mais facilmente detectar o rechupe e caraterizar |
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2.1.2 BOLSAS DE GÁS |
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São vazios de paredes geralmente lisas, causados por gases oclusos pelo metal. Estes gases podem ser oriundos de um alto teor de gases no metal líquido, de reações metal-areia, umidade excessiva do molde ou dos machos, má extração de gases do molde, falta de respiros, turbilhonamento no canal de descida, etc. |
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2.1.3 TRINCAS DE CONTRAÇAO |
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São trincas intercristalinas, geralmente de grande extensão e de forma irregular. Ocorrem geralmente nos estágios finais de solidificação, como resultantes um estado de altas tensões de contração. |
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As causas principais são mudanças bruscas de seções, má colapsibilidade de machos, restrições a contração pelos canais de alimentação ou massalotes, etc. |
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2.1.4 TRINCAS DE TENSÃO |
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Ocorrem geralmente devido a estados de tensão elevados, devido a variações bruscas de temperatura, superaquecimento localizado, mudanças pronunciadas de seção, etc. São trincas transgranulares e retas, com aspecto brilhante da fratura. Geralmente são trincas passantes na seção, iniciando sempre na superfície. |
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2.1.5 INCLUSÕES NÃO METALICAS |
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São provenientes principalmente do arraste de material de moldagem pelo jato de metal liquido ou quebra do molde ou macho. Estas inclusões dispersam-se por todo o volume da peça, preferencialmente na região superior de fundição. |
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2.1.6 SEGREGACÃO |
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À medida que o material líquido se solidifica na forma de frentes de solidificação, certos elementos e impurezas migram a sua frente para a porção líquida ou pontos quentes. Estas regiões são as ultimas a solidificar e conterão estes elementos segregados, em altos teores. |
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2.1.7 JUNTA FRIA |
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São descontinuidades causadas pelo encontro de duas correntes de metal a baixa temperatura, o que não permitem a sua mistura completa. Podem ser causados por entupimentos de canais de ataque, massalotes ineficientes, baixas temperaturas de vazamento, etc.. |
Nos aços inoxidáveis isto ocorre com maior freqüência devido a forte oxidação da superfície líquida. |
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2.1.8 GRANULAÇÃO GROSSEIRA |
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O metal bruto de fusão apresenta uma estrutura cristalográfica muito grosseira dendrítica, localmente agravada por segregação. Esta granulação deve obrigatoriamente ser destruída por tratamento térmico, que provocara a recristalização com refino estrutural. Assim sendo, a peça submetida a tratamento térmico incorreto ou insuficiente, ou então devido a problemas metalúrgicos durante a fusão, pode apresentar áreas de grande atenuação sônica, chegando ate a absorção total em casos de peças de seções muito espessas. |
A granulação grosseira e típica de aço austeniticos que possuem grande tamanho de grão, o qual praticamente não é modificado por tratamento térmico. |
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2.2 FORJADOS |
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O forjado e sempre produto da transformação mecânica de um bloco fundido, o lingote. Como tal, sua qualidade dependera da boa técnica de fundição, de um grau de deformação mecânica e do subsequente tratamento térmico. |
O forjado tem propriedades direcionais, devido ao seu processo de fabricação. |
As descontinuidades geralmente aparecem alinhadas e são mais dispersas quanto mais elevado for o grau de deformação. |
Normalmente o forjado é um produto com características superiores aos fundidos. |
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As principais descontinuidades são: |
Rechupes |
Trincas de Forjamento |
Trincas de Tensão |
Dobras |
Segregação e granulação grosseira |
Inclusões não metálicas |
Trincas de Flocos |
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2.2.1 RECHUPES, SEGREGAÇÃO E GRANULAÇÃO GROSSEIRA |
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Estas descontinuidades são originárias do lingote, e seu efeito pode ser minorado por um bom forjamento. Aparecem geralmente com mais intensidade na região da cabeça original do lingote e ao longo do centro de forjados cilíndricos. |
Estas descontinuidades são por vezes eliminadas por trepanação, |
ou atenuados por reforjamento com o objetivo elimina-las ou recristaliza-las. |
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2.2.2 TRINCAS DE FORJAMENTO |
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Ocorrem durante a deformação mecânica devido a falta de plasticidade (temperatura de forjamento muito baixa, excesso de segregação) |
Pode ser trincas planas no núcleo ou cilíndrica a superfície. |
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2.2.3 DOBRAS |
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São porções de material superpostas e não caldeadas com incrustação de carepas, aflorando a superfície |
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2.2.4 TRINCAS DE FLOCOS |
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São trincas de pequeno comprimento causados por acumulo de hidrogênio em contornos de grão, rompendo-os |
Devem-se a ma técnica de desgaseificação do meta1 líquido. Podem ser evitadas por tratamentos térmico de difusão de hidrogênio por longos períodos. |
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2.3 LAMINADOS |
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Assim como o forjado, o laminado é um produto da formação mecânica de um bloco fundido, o lingote laminado tem, igualmente ao forjado, propriedades mecânicas direcionais, devido ao seu processo de fabricação |
As descontinuidades geralmente aparecem alinhadas e dispersas |
Dentre as principais descontinuidades destacam-se: |
Trincas de laminação; dobras; segregação e granulação grosseira; |
inclusões não metálicas; dupla laminação. |
Com exceção da dupla laminação, as demais já foram descritas e apresentam características semelhantes descritas para os forjados. |
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2.3.1 DUPLA LAMINAÇÃO |
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Ocorre principalmente nos produtos laminados (chapas) devido a falta de plasticidade do material decorrente da temperatura de laminação muito baixa ou excesso de segregação no material. |
Localiza-se geralmente a meia espessura do material . |
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Referencia : Apostila ABENDE |
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