O entendimento das
profecias começa quando as especulações históricas vão cedendo lugar para
um estudo sério e profundo das fontes de referência usadas por Nostradamus.
Nesse passo têm se empenhado um grupo de pesquisadores sérios dos quatro
cantos do mundo. Desse modo são colocados de lado muitos escritores que fizeram
sucesso. É bom que se diga apenas sucesso comercial, pois não conseguiram
quase nada válido com relação às palavras do sábio. Por outro lado,
venderam ao mundo modelos inexatos baseados muitas vezes em suas próprias
fantasias, nada tendo com a realidade.
Um escritor vendeu milhões
de livros e escreveu muitas coisas inexatas como, por exemplo, quando
Nostradamus cita um rei da Antiguidade chamado Hieron e ele diz que tal palavra
vinha de hieros e significava sagrado.
Outros “estudiosos” apresentam contagens mirabolantes a partir de cronologias e ciclos encontrados nos próprios escritos do sábio, quando então apareciam personagens medonhos e ocorreriam as invasões que aparentemente são tomados dos próprios escritos do profeta. Estes, porém, esquecem de fazer a lição de casa e ver que Nostradamus de uma forma muito inteligente tomou de empréstimo esses personagens e acontecimentos de um livro muito em moda na época do sábio ao menos para as pessoas mais letradas, pois estava em latim: “Líber Mirabilis”, e mostram uma total falta de pesquisa verdadeira: iludem-se e iludem os seus leitores com as palavras de Nostradamus que estão ali para iludir o profano, como ele mesmo adverte na única quadra em latim do seu trabalho:
LEGIS CAUTIO CONTRA INEPTOS
CRITICOS.
Quid legent hosce vérsus maturè
censunto,
Profanum vulgus et inscium ne
attrectato;
Omnesque Astrologi Blenni,
Barbari procul sunto,
Qui aliter facit, is rìte,
sacer esto.
Quem ler estes versos que
os pese com maturidade,
Profanos, pessoas curiosas
e néscios deixem-nos:
Fiquem fora os astrólogos
interesseiros, os bárbaros,
Quem não agir assim, arque
com as conseqüências.
Esta busca de um “método”
na ordenação das quadras e geralmente muitos “estudiosos” aparecem aqui,
pois não tem profundidade nenhuma e acham que Nostradamus seria ingênuo de
colocar um método que qualquer um pudesse descobrir. Esquecendo-se que o sábio
era alquimista e lembrando-se que até hoje os profanos tentam entender alguma
coisa de alquimia e rapidamente desistem.
Cada quadra é um ponto de
profunda reflexão e desse modo acaba fornecendo um espelho da mente do
analista. Aos mais sábios reflete coisas mais sábias, permanentes e veras.
Para os mais tolos refletem tolices que em pouco tempo de desfazem como fumaça.
As profecias funcionam como o esoterista Albert Cousté chama as cartas do Taro
de “A máquina de Imaginar”. Se o taro reflete a relação entre os homens,
“As Profecias” refletem a relação entre grupos, seus governantes, povos.