Da Honestidade Religiosa Cristã

As igrejas têm se dividido ao longo desses 2.000 anos por conta de seus diferentes entendimentos quanto a formas de culto e formalidades, como no caso da Eucaristia ou quanto ao tratamento do poder mundano, das aspirações de fortuna, das opções de sexualidade, etc.

Contudo, as igrejas não têm se dividido por causa da prática evangélica, do Evangelho, do amor ao próximo - e nem se unem em favor disso. Quantos não são os pastores e padres que andam de carro blindado, com segurança, não frequentam lugares pobres e tensos, mas as festas dos reis da terra? Quantos se esforçam em fazer seus membros obedecerem a formalidades de ritual e negligenciam o mesmo empenho para que pratiquem o amor ao próximo? Quantas igrejas têm mendigos na porta? Ou os acolhe, ou os expulsa, como deveriam expulsar os que vendem mercadorias "gospel".

Jesus não falou ao pobre rico "vai e me entregue suas riquezas, livre-se delas" mas falou "vá e as dê aos pobres". Como pode então as igrejas acumularem terras, metais preciosos, fortunas? Jesus falou que ninguém pode servir a dois senhores e chamou de loucos aos que acumulam riqueza - Isaías profetizou contra os latifundiários de Israel.

Jesus, no teste do deserto, rejeitou usar dos poderes sobrenaturais para se saciar, o que perverteria e banalizaria tais poderes; Jesus rejeitou testar Deus em sua fidelidade, expondo-se a riscos desnecessários, por exibicionismo; Jesus rejeitou ter o poder sobre os povos, porque teria de se dobrar aos sentimentos e ambições identificados como satânicos, Jesus não queria dominar sobre ninguém. Então, como as igrejas e lideranças podem ter tais posturas e anseios? Teriam então cedido às tentações do deserto?

Jesus foi avisado pelos discipulos que um outro alguém, que não andava com o seu grupo, estava fazendo milagres em Seu nome; o que fez Jesus? Disse para os apóstoloso irem lá reprimir essa pessoa? Não, Jesus o tratou como colaborador.

Jesus nunca se mostrou um dominador, alguém que se esforçou em fazer os outros se curvarem e aceitarem sua vontade: Eles simplesmente pregou e viveu o que pregou, daí ser O CAMINHO, porque imitá-lo, ser como Ele, era a fórmula da salvação.

O que Jesus pregou foi para todos, seus mandamentos, seu exemplo, foram pregados como o caminho da salvação, logo, não há nenhum mistério a ser revelado para poucos escolhidos! Quem condiciona a salvação e seus beneficios a uma iniciação secreta está na verdade semeando o Mal, mentindo, não se salvando e criando impedimentos aos outros para se salvarem - são os sepulcros caiados, limpos, mas inuteis, coisas de mortos, que Jesus se referiu.

O rito cristão é apenas uma formalidade, um formato, para a prática religiosa, onde Jesus é tido como Deus. Mas, Jesus não pediu religião, pediu prática de vida! Uma coisa tão simples e acessível a qualquer um e, ao mesmo tempo, tão dificil, porque amar ao todos é ferir parte de nossa face bestial e viver a fé é um desafio diante do mundo que nos faz incrédulos e sem esperança - viver dependente da Providência de Deus é muito mais dificil que ter na cintura uma pistola "abençoada" ou uma conta milionária.

Não há coisa mais absurda que cristãos investirem milhões em dinheiro, milhares de horas de trabalho, em favor de disputas com a ciência (em favor do criacionismo) ou com ideologias politicas, enquanto tantos padecem da falta de alguns míseros trocados diários, ou de atenção.

Se queres viver o Cristo, então, seja honesto com Ele e com você mesmo.

O mesmo digo para os crentes das demais religiões: sejam honestos com a sua crença e com você mesmo e não tenha medo de rejeitá-la, se vires que não tens a natureza ou força para vivê-la, estarás fazendo melhor do que aquele que bate no peito e diz "eu sou 100%" mas vive em pecados secretos e devoradores.