Pré-História
Pouco nos debruçamos sobre o período da pré-história. Tantos milênios
para apenas uma aula, nos faz ter a sensação de que essa passagem da nossa
quase-história possui pouca ou nenhuma importância.
Pouco nos debruçamos sobre o período da pré-história. Tantos milênios para
apenas uma aula, nos faz ter a sensação de que essa passagem da nossa
quase-história possui pouca ou nenhuma importância.
Até mesmo a divisão clássica desse período em Paleolítico, Neolítico e
Idade dos Metais nos desanima em buscar o que se esconde por trás de tantas
possíveis "descobertas" que nós humanos fizemos.
Será que não
poderíamos entender esse longo inverno da humanidade como um grande processo de
construção das sociedades ou será que devemos nos ater à visão histórica
que dita a pré-história como uma sucessão de descobertas da espécie?
Se fizermos a primeira escolha, com certeza estaremos dando ao homem o papel de
construtor de sua História ao passo que a segunda opção nos coloca a meros
agentes passivos diante das transformações.
Na realidade, ignoramos o período no qual o homem se fez Homem através de vários
processos de conhecimento sobre si e sobre a Natureza e a partir do qual
acumulamos o saber e dominamos o mundo a nossa volta.
Da pré-história nos interessa analisar os significados dessas transformações
muito mais do que acompanhar passo a passo cada uma das mudanças.
Nesse sentido, do paleolítico é importante entendermos o processo de formação
da família como resultado não de um espontaneismo, mas da necessidade da
preservação da espécie. Tanto que é a partir daí que os grupos humanos, de
um modo geral, impõe-se o tabu do incesto.
Mais, nesse
momento os homens passam a dominar o fogo, a utilizar instrumentos de trabalho
que são encontrados ao acaso, o que significa que constantemente os homens estão
em um processo de domínio sobre a Natureza e sobre si mesmos.
A transição para o período seguinte, o Neolítico, é quase que imperceptível
pois não há um grande fato que a assinale. Em outras palavras, quando tratamos
a história enquanto um processo, fica sempre difícil encontrarmos divisores de
períodos.
Assim, é preferível entendermos o Neolítico como o momento no qual as relações
entre os homens se alteram substancialmente, o que irá dar origem ao que
chamamos de Civilização marcada pela produção de excedentes econômicos, de
grupos fortes que se apropriam desses excedentes, do nascimento da propriedade
privada, das classes sociais e do Estado.
Sem dúvidas, tratar a história com seus significados, ou melhor, de forma analítica
é, às vezes, muito mais difícil do que trabalhá-la de forma tradicional.