Revolução
Industrial
A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, integra o conjunto das
“Revoluções Burguesas” do século XVIII, responsáveis pela crise do
Antigo Regime, na passagem do capitalismo comercial para o industrial.
INTRODUÇÃO
A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, integra o conjunto das
“Revoluções Burguesas” do século XVIII, responsáveis pela crise do
Antigo Regime, na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Os outros
dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a
Revolução Francesa, que sob influência dos princípios iluministas, assinalam
a transição da Idade Moderna para Contemporânea.
Em seu sentido mais pragmático, a Revolução Industrial significou a substituição
da ferramenta pela máquina, e contribuiu para consolidar o capitalismo como
modo de produção dominante. Esse momento revolucionário, de passagem da
energia humana para motriz, é o ponto culminante de uma evolução tecnológica,
social, e econômica, que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média.
A) O PROCESSO DE PRODUÇÃO
Nessa evolução, a produção manual que antecede a industrial conheceu duas
etapas bem definidas, dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo:
O artesanato, foi a forma de produção característica da Baixa Idade Média,
durante o renascimento urbano e comercial, sendo representado por uma produção
de caráter familiar, na qual o produtor (artesão), possuía os meios de produção
( era o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalhava com a família
em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo
da matéria-prima, até o acabamento final; ou seja não havia divisão do
trabalho ou especialização. Em algumas situações o artesão tinha junto a si
um ajudante, porém não assalariado, pois realizava o mesmo trabalho pagando
uma “taxa” pelo utilização das ferramentas.
É importante lembrarmos que nesse período a produção artesanal estava sob
controle das corporações de ofício, assim como o comércio também
encontrava-se sob controle de associações, limitando o desenvolvimento da
produção.
A manufatura, que predominou ao longo da Idade Moderna, resultando da ampliação
do mercado consumidor com o desenvolvimento do comércio monetário. Nesse
momento, já ocorre um aumento na produtividade do trabalho, devido a divisão
social da produção, onde cada trabalhador realizava uma etapa na confecção
de um produto. A ampliação do mercado consumidor relaciona-se diretamente ao
alargamento do comércio, tanto em direção ao oriente como em direção à América,
permanecendo o lucro nas mãos dos grandes mercadores. Outra característica
desse período foi a interferência do capitalista no processo produtivo,
passando a comprar a matéria prima e a determinar o ritmo de produção, uma
vez que controlava os principais mercados consumidores.
A partir da máquina, fala-se numa primeira, numa segunda e até numa terceira e
quarta Revolução Industrial. Porém, se concebermos a industrialização, como
um processo , seria mais coerente falar-se num primeiro momento (energia a vapor
no século XVIII), num segundo momento (energia elétrica no século XIX) e num
terceiro e quarto momentos, representados respectivamente pela energia nuclear e
pelo avanço da informática, da robótica e do setor de comunicações ao longo
dos século XX e XXI, porém aspectos ainda discutíveis.
B) O PIONEIRISMO DA INGLATERRA
A Inglaterra industrializou-se cerca de um século antes de outras nações, por
possuir uma série de condições históricas favoráveis dentre as quais,
destacaram-se: a grande quantidade de capital acumulado durante a fase do
mercantilismo; o vasto império colonial consumidor e fornecedor de matérias-primas,
especialmente o algodão; a mudança na organização fundiária, com a aprovação
dos cercamentos (enclousures) responsável por um grande êxodo no campo, e
consequentemente pela disponibilidade de mão-de-obra abundante e barata nas
cidades.

Docas de Londres
Outro fator determinante, foi a existência
de um Estado liberal na Inglaterra, que desde 1688 com a Revolução Gloriosa.
Essa revolução que se seguiu à Revolução Puritana (1649), transformou a
Monarquia Absolutista inglesa em Monarquia Parlamentar, libertando a burguesia
de um Estado centralizado e intervencionista, que dará lugar a um Estado
Liberal Burguês na Inglaterra um século antes da Revolução Francesa.
C) PRINCIPAIS AVANÇOS DA MAQUINOFATURA
Em 1733, John Kay inventa a lançadeira volante.
Em 1767 James Hargreaves inventa a “spinning janny”, que permitia a um só
artesão fiar 80 fios de uma única vez.
Em 1768 James Watt inventa a máquina a vapor.
Em 1769 Richard Arkwright inventa a “water frame”.
Em 1779 Samuel Crompton inventa a “mule”, uma combinação da “water
frame” com a “spinning jenny” com fios finos e resistentes.
Em 1785 Edmond Cartwright inventa o tear mecânico.
D) DESDOBRAMENTOS SOCIAIS
A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do
trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população
rural para as cidades, com enormes concentrações urbanas. A produção em
larga escala e dividida em etapas irá distanciar cada vez mais o trabalhador do
produto final, já que cada grupo de trabalhadores irá dominar apenas uma etapa
da produção.Na esfera social, o principal desdobramento da revolução foi o
surgimento do proletariado urbano (classe operária), como classe social
definida. Vivendo em condições deploráveis, tendo o cortiço como moradia e
submetido a salários irrisórios com longas jornadas de trabalho, a operariado
nascente era facilmente explorado, devido também, à inexistência de leis
trabalhistas.
O desenvolvimento das ferrovias irá absorver grande parte da mão-de-obra
masculina adulta, provocando em escala crescente a utilização de mulheres a e
crianças como trabalhadores nas fábricas têxteis e nas minas. O agravamento
dos problemas sócio-econômicos com o desemprego e a fome, foram acompanhados
de outros problemas, como a prostituição e o alcoolismo.
Os trabalhadores reagiam das mais diferentes formas, destacando-se o movimento
“ludista” (o nome vem de Ned Ludlan), caracterizado pela destruição das máquinas
por operários, e o movimento “cartista”, organizado pela “Associação
dos Operários”, que exigia melhores condições de trabalho e o fim do voto
censitário. Destaca-se ainda a formação de associações denominadas “trade-unions”,
que evoluíram lentamente em suas reivindicações, originando os primeiros
sindicatos modernos.
O divórcio entre capital e trabalho resultante da Revolução Industrial, é
representado socialmente pela polarização entre burguesia e proletariado. Esse
antagonismo define a luta de classes típica do capitalismo, consolidando esse
sistema no contexto da crise do Antigo Regime.