Introdução

Durante a Primeira Guerra Mundial, o povo russo, liderado por Wladimir Ilitch Lênin e Leon Trotsky, derrubou o governo do czar Nicolau II e assumiu o poder, instaurando no país o regime socialista.
Sentindo-se ameaçadas, as nações capitalistas européias deram apoio aos latifundiários e industriais, que se opuseram à revolução. Depois de Derrubar os inimigos internos e externos, o socialismo se consolidou e, após a Segunda Guerra Mundial, as Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) se transformaram numa grande potência.

 

Desenvolvimento

 

A REVOLUÇÃO RUSSA

A revolução bolchevique de outubro

Percebendo a impotência do governo provisório, os bolcheviques tornaram-se a única força organizada, sob a liderança de Trotski e principalmente de Lênin. É dele o programa de reformas denominado Teses de Abril, que, sob o lema "Pão, Terra e Paz", propunha a transferência do poder para os sovietes, a nacionalização dos bancos, o controle operário sobre as usinas, a ocupação das terras pelos camponeses e o restabelecimento da paz. Em julho, os bolcheviques organizaram um levante em Petrogrado, causando grande confusão. O governo conseguiu conter a revolução. Trotski foi preso e Lênin refugiou-se na Finlândia.

Lvov deixou seu lugar para Kerenski, que formou novo governo de coalizão, que durou apenas um mês, e o país se dividiu radicalmente entre esquerda e direita. Em outubro, Lênin chegou secretamente a Petrogrado e, juntamente com Trotski, organizou uma insurreição, criando a Guarda Vermelha, milícia revolucionária formada por trabalhadores e bolcheviques. Foram convocados todos os sovietes das grandes cidades e, em novembro (outubro, no calendário russo), a Guarda Vermelha tomou os pontos estratégicos de Petrogrado e cercou o palácio de inverno.

Kerenski, abandonado por suas tropas, teve de fugir e se exilou mais tarde. Os sovietes, no dia seguinte, reuniram em congresso, confiando o poder a um Conselho de Comissários do Povo, presidido por Lênin, com Trotski nas relações exteriores e Joseph Stálin nos negócios internos. A tomada do poder pelos bolcheviques em Petrogrado foi seguida por movimentos semelhantes por parte dos sovietes locais em toda a Rússia, mas em muitas regiões houve resistência.

O governo de Lênin

Foi Lênin - homem de ação e teórico marxista - quem conduziu o país para o socialismo. Em nome dos interesses da revolução, assumiu o governo, procurando satisfazer de imediato as exigências populares: aboliu a propriedade privada e doou terras para os camponeses, estabeleceu o controle operário sobre as usinas e lançou uma proposta formal para a conclusão de um acordo de cessar-fogo e para o início das conversações de paz. Os países aliados, porém, se recusaram a reconhecer o governo soviético, que em dezembro iniciou isoladamente as negociações com a Alemanha e seus aliados, na cidade de Brest-Litovsk, na Bielorrússia. Em março de 1918 foi assinado o tratado de paz, em condições ruinosas para a Rússia, e a capital soviética transferida de Petrogrado para Moscou, como medida de segurança.

Lênin pretendia agora reerguer a produção russa. Porém, suas medidas foram retardadas pelas hostilidades externas e por frequentes sublevações internas, contrárias ao novo poder. Antigos oficiais czaristas, cossacos e prisioneiros russos do exército austríaco constituíram o exército contra-revolucionário, chamado Exército Branco. Seguiram-se várias batalhas travadas entre brancos e vermelhos. Em agosto de 1918, Lenin foi gravemente ferido num atentado e os comunistas reagiram com a adoção de uma política de terror, com fuzilamento de reféns, julgamentos sumários e execução de suspeitos. Para reprimir as manifestações de resistência foi criada uma polícia secreta, a Tcheka, que mais tarde se transformaria na KGB.

Seria essencial levar a revolução comunista aos países industriais do Ocidente. O Comintern foi formado em 1919 para organizar e financiar esse esforço. Ramo do Partido Comunista, essa organização operava sob a proteção de seu Comitê Central. Deveriam ser criados ou formados, no exterior, partidos comunistas submetidos às ordens de Moscou, a partir de cisões nos partidos social-democratas. Lênin introduziu uma política denominada comunismo de guerra, que pressupunha quatro conjuntos de medidas:

1- Nacionalização de todos os meios de produção e transporte;
2- Abolição do dinheiro e sua substituição por símbolos de permuta e bens e serviços gratuitos;
3- Imposição de um único plano para toda a economia nacional;
4- Introdução do trabalho compulsório.

A NEP e a organização da União Soviética

A produção industrial e agrícola durante o governo de Lênin não foi suficiente para reabastecer o país, ocasionando a deterioração da moeda e o enfraquecimento do comércio. Isso impossibilitou a aplicação imediata de um comunismo integral. Por isso, em 1921, Lênin procurou adotar uma política mais flexível, cuja finalidade imediata consistia em induzir os agricultores a venderem seus produtos e os comerciantes privados a servirem de intermediários entre produtores e consumidores. Foi inaugurada a Nova Política Econômica (NEP): "abandonar temporariamente a implantação do socialismo para se tomarem os domínios econômicos do capitalismo de Estado".

Nesse esquema de capitalismo dirigido e controlado, o Estado não requisitaria mais as colheitas e os camponeses pagariam um imposto e poderiam vender a safra. A NEP liberou o comércio interno, permitiu o pagamento de horas extras de trabalho, estimulou os investidores estrangeiros e indiretamente reconheceu o direito à propriedade privada abolida ao tempo do comunismo de guerra. O estado mantinha o monopólio do comércio externo mas algumas das maiores organizações industriais foram autorizadas a negociar diretamente com o exterior. A importação de máquinas modernizou a indústria e os agricultores e comerciantes foram estimulados a se agrupar em cooperativas. A NEP favoreceu o crescimento das rendas internas, porém, foi responsável pela formação de uma categoria de intermediários que enriqueceram com facilidade e estavam pouco dispostos a aceitar o socialismo.

Consolidada a revolução, a Rússia estava pronta para acionar as instituições que a transformariam numa grande potência. Assim que a NEP foi adotada, Lênin assinara um acordo comercial com a Inglaterra, rompendo seu isolamento e dando ao regime contornos definidos. A Ucrânia e as regiões do Cáucaso e da Ásia Central uniram-se numa federação e, juntamente com a Rússia, formaram, em 1922, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Lênin morreu em janeiro de 1924, e a sucessão foi disputada por membros influentes do partido - Trotski e Stálin. Para impedir o retorno ao capitalismo, o governo impôs severas restrições e pesados tributos ao comércio privado e o poder da Tcheka foi ampliado, para garantir a segurança do Estado. Stálin, que tinha o controle da máquina governamental, conseguiu desarticular a oposição em 1927, expulsando Trotski e seus aliados como dissidentes.

O governo de Stálin (1927-1953)

A crescente prosperidade da URSS convenceu os empresários de que o restabelecimento de relações diplomáticas com o estado soviético abria boas perspectivas de expansão comercial. Em 1924 o Reino Unido reconheceu a URSS e, no espaço de um ano, todas as grandes potências, exceto os Estados Unidos, seguiram-lhe o exemplo.

A NEP, que possibilitara a restauração da economia russa após a guerra civil, não teria utilidade na realização da meta de Stálin: o industrialismo. Então a URSS entrou na era dos Planos Quinquenais. O primeiro plano (1928-1932) visava sobretudo à transformação industrial. O setor privado desapareceu, em proveito do Estado. Foram investidas grandes somas em eletrificação e no desenvolvimento da indústria pesada. No setor agrícola, foram formados os kolkhozes (fazendas coletivas) e os sovkhozes (fazendas estatais), assegurando a mecanização da agricultura.

O segundo plano quinquenal (1933-1937) pretendia desenvolver sobretudo a indústria leve, a de bens de consumo. A economia planificada apresentou resultados excepcionais. A URSS foi o único país do mundo que não sofreu a crise de 1929, fechada em si mesma, vivendo das trocas internas, não conheceu nem a superprodução nem o desemprego. A produtividade energética cresceu consideravelmente e a indústria metalúrgica passou a ocupar a terceira posição do mundo.