1. PROJOR -
Projeto gêneros do jornal
Financiamento:
FAPESC/CNPq
Responsável: Adair
Bonini.
O estudo dos gêneros
textuais está alicerçado em dois campos de necessidades: o campo
teórico e o aplicado. Em termos do debate científico, este tipo
de estudo visa contribuir para o esclarecimento de conceitos
ainda bastante nebulosos, tais como: suporte de textos, tipo
textual e comunidade discursiva. A discussão destes conceitos
envolve a reconsideração de teorias já tradicionais, como a
teoria da comunicação, e um esforço inter e trans-disciplinar.
No campo aplicado, os estudos dos gêneros textuais se deparam
com a necessidade de se conhecer melhor o modo como as práticas
sociais e discursivas dos diversos meios sociais se concretizam
em gêneros de textos. Este conhecimento é especialmente
importante para o campo do ensino de linguagem, como um a forma
de levar os estudantes a práticas de linguagem que de fato se
realizam socialmente. É também um modo de se conhecer e intervir
positivamente nas práticas de linguagem de diversos meios
sociais.
O estudo dos gêneros
do jornal é uma necessidade premente no âmbito do ensino de
linguagem e formação de professores, uma vez que tais gêneros
são de grande relevância social, dada a importância dos meios de
comunicação de massa na sociedade. Soma-se a isso, o fato de que
são raros os estudos que descrevem e interpretam os gêneros
menos conhecidos do meio jornalístico. As poucas pesquisas com
gêneros do jornal geralmente têm voltado seus interesses para a
notícia e o editorial, sendo que, devido a isso, pouco se sabe,
fora do ambiente profissional/prático do jornalismo e em uma
perspectiva acadêmica mais rigorosa, sobre a reportagem, a
entrevista, o perfil, a nota jornalística, etc., quanto a suas
funções sociais e estrutura composicional.
A presente pesquisa,
além de buscar um melhor entendimento desses gêneros, investe
também em uma inovação científica, ao abordar um conjunto de
gêneros. Tradicionalmente, a análise de gêneros tem considerado
exemplares individualizados, ou seja, já discretizados e
facilmente reconhecíveis no meio social de origem (tais como o
resumo de artigo de pesquisa, a carta de promoção de vendas e a
resenha científica). O presente projeto, por outro lado, propõe
uma pesquisa das inter-relações em um conjunto de gêneros
sócio-historicamente constituído, o dos gêneros que integram o
jornal, o que põe em cena gêneros ainda não claramente
estabilizados no meio. O estudo do modo como os gêneros
funcionam no jornal também conduz à discussão do papel do
suporte de textos.
Orientado pela teria
sócio-retórica de Swales (1990), o projeto busca alcançar dois
grandes objetivos: 1) produzir um inventário dos gêneros,
subgêneros e pré-gêneros do jornal, em relação ao modo como
estão acoplados ao suporte e ao meio social; e 2) produzir uma
interpretação estrutural e funcional do jornal, em relação a
suas características de suportar gêneros e de ser uma peça-chave
em um amplo processo interacional e discursivo. A metodologia do
projeto envolve uma microanálise (partindo dos gêneros em
direção ao suporte e à comunidade discursiva) e uma macroanálise
(partindo do suporte e de seu contexto social em direção aos
gêneros e demais mecanismos de textualização). O corpus do
projeto compõe-se de 272 exemplares de nove jornais brasileiros.
Este projeto está em
andamento desde 2001. Parte dos resultados da pesquisa já foram
ou estão sendo divulgados. Atrelado a ele, foram produzidas duas
dissertações: uma sobre a reportagem e outra sobre a nota de
jornal.
REFERÊNCIAS:
BHATIA, V. K. Analysing genre:
language use in professional settings. New York: Longman, 1993.
BONINI,
A. Em busca de um modelo integrado para os gêneros do jornal.
2001. In:
VASCONCELOS, Sílvia I. C. C. de.
(Org.) Discursos
midiáticos e ensino: diálogos (im)pertinentes.
(Título provisório; livro em preparação)
______.
Os gêneros do jornal: o que aponta a literatura da área de
comunicação no Brasil? Linguagem em (Dis)curso,
Tubarão/SC, v. 4, n. 1, p. 205-231, jul./dez. 2003.
CHAPARRO, Manuel Carlos. Sotaques d’aquém e d’além mar:
percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro.
Santarém/PT: Jortejo, 1998.
HEMAIS, B.;
BIASI-RODRIGUES, B. A proposta sócio-retórica de John M. Swales
para o estudo de gêneros textuais. In: MEURER,
J. L.; MOTTA-ROTH, D.; BONINI, A. (Orgs.) Gêneros
textuais sob diversas perspectivas. (no prelo)
MELO,
José Marques de (Org.). Gêneros jornalísticos na Folha de S.
Paulo. São Paulo: FTD, 1992.
______.
A opinião no jornalismo brasileiro. Petrópolis: Vozes,
1985.
SWALES, J. M. (1990) Genre analysis: english in academic
and research settings. New York: Cambridge University
Press.
2.
Laboratório de
Práticas Discursivas III: práticas discursivas na indústria
hoteleira
Responsáveis: Adair
Bonini
Débora de Carvalho
Figueiredo.
As pesquisas
desenvolvidas neste projeto procuram produzir dados e reflexões
no campo das relações entre linguagem e trabalho. Mais
especificamente, tais pesquisas se atêm à problemática do
atendimento ao cliente no setor hoteleiro da cidade de
Florianópolis. Uma vez que se trata de uma cidade eminentemente
turística, o projeto se mostra viável e útil em termos
aplicados. Por considerar a interação verbal, os gêneros
textuais e o discurso em uma esfera social específica ainda
pouco explorada, também possibilita a obtenção de dados
inovadores em termos de tais objetos de estudo. Os pressupostos
teóricos e metodológicos considerados são provenientes da
Análise crítica do Discurso (Fairclough, 1992; Chouliaraki e
Fairclough, 1999) e da Análise de Gêneros (Swales, 1990, 1998;
Bazerman, 2004). Objetivos do projeto: 1. levantar os gêneros do
atendimento no setor hoteleiro; 2. determinar aspectos
relacionados à eficácia comunicativa na interação
atendente/cliente nesse setor; 3. determinar aspectos relativos
às identidades na interação atendente/cliente; e 4. determinar
as relações de poder na interação atendentes/cliente. Para dar
conta desses objetivos, o projeto prevê o seguinte conjunto de
atividades: 1. estudo dos materiais de treinamento (em termos de
gêneros e discursos); 2. estudo da organização do hotel; 3.
estudo das interações: eletrônica, telefônica, face a face; e 4.
produção de feedbacks para os informantes envolvidos diretamente
na pesquisa (gerência e atendentes).
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