“No
Gravity” não é somente um projeto
solo, mas sim a expressão subjetiva da carreira
de Kiko Loureiro. Essa frase resume em poucas palavras
o que é o primeiro álbum solo do guitarrista
da banda Angra. O “Guitar Hero” brasileiro
despeja todas as suas influências em um único
álbum, buscando assim a essência de
um cd instrumental, o que é bem complicado
hoje em dia. Segundo o próprio guitarrista,
ele escolheu esse nome, “Sem Gravidade”,
pois sente que quando ele está no palco executando
sua música, ela o leva a “viajar”.
Neste álbum, Kiko Loureiro além de
utilizar todas as suas técnicas na guitarra,
grava outros instrumentos como o baixo, o teclado
e a percussão, sobrando a bateria na qual
ficou a cargo do competentíssimo Mike Terrana
(Rage). O baterista provou ser um dos melhores do
mundo mostrando que mesmo sendo alemão conseguiu
aprimorar-se nas técnicas e ritmos brasileiros,
que estão em evidência no álbum.
No Gravity foi produzido e mixado na Alemanha por
Dennis Ward (Angra, Pink Cream 69) e nele se vê
a qualidade atingida pelo produtor que com o passar
dos anos vem melhorando e buscando sonoridades limpas
e novas.
Como o cd é instrumental mas de Heavy Metal,
Kiko Loureiro quis mostrar logo de cara a sua técnica
e versatilidade em “Enfermo”, música
rápida e ótima para uma abertura de
cd. “Endangered Species” segue o álbum,
esta que talvez seja a faixa mais pesada e mostra
toda a influência de Kiko nos guitarristas
Steve Vai e Joe Satriani. “Escaping”
talvez seja uma das mais técnicas e ela remete-se
no “riffão” do guitarrista Joe
Satriani (essa sem dúvida é uma das
que mais se verifica suas influências). “No
Gravity” é aquela balada que vicia,
com um solo no começo que perdura até
o final. Ela te prende e te passa uma emoção
diferente de baladas comuns.
“Pau-de-Arara” tem um clima bastante
brasileiro. Começa com um baião, característico
do nordeste brasileiro e do nada entra no Heavy
Metal melódico mostrando as nuances que o
cd causa. “Tapping Into My Dark Tranquility”
mostra a técnica de two-hands adquirida no
decorrer da carreira de Kiko Loureiro. “Beautiful
Language” é a mais mpb de todas, pois
segundo o próprio Kiko Loureiro todos os
brasileiros tem um pouco de sua cultura, não
precisa ter medo de soltá-la. O cd fecha
com “Choro de Criança”, considerada
uma faixa de ninar e para terminar o álbum
com calma e maestria.
Kiko Loureiro provou para o Brasil e o mundo como
se faz um cd de Heavy Metal instrumental. Com suas
influências regionais e internacionais, mostrou
que não são somente guitarristas estrangeiros
que tem reconhecimento e qualidade no cenário
mundial.
LINE UP: Rodrigo
Hidalgo - guitar
Ricardo Winandy - bass
Rafael Pensado - drum
Miguel Spada - keys
Danilo Herbert - vocal Lançamento: 2004
Gravadora: Unimar Music Site
Oficial
JUST
THE TWO OF US... ME AND THEM - MIND FLOW (31/03/05)
POR: THIAGO RAHAL NOTA: 1
2 3 4 5 6 7 8 9 9,5
10
Antes
de tudo, tenho que falar da qualidade que os músicos
nacionais têm atingido durante os anos. Várias
bandas vêm lançando debuts de primeiríssima
qualidade, e nessa linha surge mais uma banda de
prog metal, o Mindflow. Aliás, vale ressaltar
o surgimento de bandas muito boas do estilo no país
e que sempre buscam originalidade e musicalidade
diferentes.
O Mindflow surgiu em 1999 com músicos bastante
competentes, contando com a seguinte line up: Danilo
Herbert nos vocais, Rodrigo Hidalgo na guitarra,
Ricardo Winandy no baixo, Miguel Spada nos teclados
e Rafael Pensado na bateria. O álbum “Just
The Two Of Us... Me And Them” é conceitual,
e a história baseia-se num sonho de Rodrigo
Hidalgo que virou realidade. Ele sonhou que seu
primo (piloto de avião) sofreu um acidente
aéreo. O guitarrista não contou pra
ninguém o ocorrido para ninguém e
eis que alguns dias depois o sonho tornou-se realidade.
A arte gráfica do cd é muita bem feita
e dá uma noção maior sobre
a historia do álbum. Meeting Her Eyes é
pesada, rápida e trabalhada, mostrando toda
a qualidade musical dos membros da banda logo no
início. The Logic Behind Heads And Tails
é a típica música prog metal,
prendendo o ouvinte até o final com suas
mudanças de andamento. O cd segue mantendo
quem o escuta sem desligar o som ou mudar de música
com a belíssima balada Invisible Messages,
demonstrando o bom gosto da banda. Aliás,
essa faixa está sendo tocada atualmente nas
rádios e vem agradando muitas pessoas Brasil
a fora. Honesty é a melhor do cd na minha
opinião, é a mais progressiva de todas
e mostra claramente todas as influências da
banda, sem é claro deixar de lado sua personalidade
própria. 2nd Dawn é a música
mais longa do álbum e trás um clima
muito interessante, não perdendo o pique
do álbum e mais do que isso, mostrando o
porquê da banda ser uma das revelações
do Brasil em 2004.
O Mindflow mostrou profissionalismo e competência.
Sendo este o primeiro álbum, que com o tempo
a banda conquiste o reconhecimento de todos da cena
nacional e mantenha o alto nível de seus
trabalhos.
LINE UP: Jens
Ludwig - guitar
Diek Sauer - guitar
Tobias "Eggi" Exxel - bass
Felix Bohnke - drum
Tobias Sammet - vocal Lançamento: 2004
Gravadora: Nuclear Blast Site Oficial
O
Edguy após o álbum Mandrake (2001)
e o ao vivo Burning Down The Opera (2002) conseguiu
ótimos resultados e se tornou uma das grandes
bandas de Power Metal Melódico da cena mundial.
E em 2004 eis que lançam um novo petardo,
o álbum Helfire Club que mostra toda a evolução
do grupo e ainda trás influências novas,
como o hard rock e o peso que faltavam em algumas
composições dos cds anteriores. É
claro que o projeto Avantasia criado pelo vocalista
Tobias Sammet ajudou a alavancar a banda, mas o
Edguy conseguiu nesse novo álbum fazer algo
diferente das demais bandas.
A banda está mais entrosada, graças
ás extensas turnês e gravações
dos álbuns. Ainda por cima, o grupo quase
não teve mudanças na formação
que conta com Tobias Sammet (Vocais), Jens Ludwig
(Guitarra), Diek Sauer (Guitarra), Tobias “Eggi”
Exxel (Baixo) e Felix Bohnke (Bateria), Este novo
álbum teve a participação especial
da orquestra filarmônica de Babelsberg.
O álbum começa com uma saudação
de Tobias Sammet (“Senhoras e senhores, bem
vindos ao circo dos horrores”) que não
perdeu o seu lado comediante e alto astral. Em seguida
a faixa de abertura “Mysteria”, que
com certeza será o começo dos shows
da banda e que é uma música bem típica
do power metal melódico: rápida, vocais
agudos e refrões marcantes. “The Pipper
Never Dies” é a mais longa do álbum
com seus 10 minutos de duração. Também
é bastante cadenciada, o que deixa a música
mais atraente, alem de ter ótimos corais
e mostrar o quanto à banda está amadurecida.
Em seguida, “We Don´t Need A Hero”
é mais uma típica faixa de metal melódico,
com destaque aos refrões. Já “Down
To The Devil” é mais cadenciada e com
um trabalho muito expressivo das guitarras colocando
peso a música. “King Of Fools”
é o primeiro single da banda e conseqüentemente
a faixa de trabalho (possue até um vídeo
clipe, bastante cômico diga-se de passagem,
falando sobre o “Rei dos Tolos”). A
música mais acessível ao grande público
já começa com um teclado marcante
e mais conta mais uma vez com o refrão grudento
que é a característica do Edguy.
As baladas do álbum, “Forever”
e “The Spirit Will Remain”, foram muito
bem feitas dão maior ênfase a participação
da orquestra. “Under The Moon” e “Rise
Of The Morning Glory” mostram mais uma vez
o lado hard rock que a banda quis demonstrar nesse
álbum. Já a faixa “Lavatory
Love Machine” é sem duvida a mais engraçada
e divertida de se ouvir; é bem Hard Rock
estilo anos 80 e deve ter uma energia excelente
ao vivo. Segundo o próprio Tobias Sammet,
ele compôs esta música vindo ao Brasil
no avião para a gravação do
DVD do Shaman, “Ritualive”.
O Edguy provou que pode se fazer Heavy Metal Melódico
com qualidade e sem cair na mesmice da cena atual.
Sem sombra de dúvidas, Helfire Club é
o melhor disco da banda. Agora é esperar
a passagem deles pelo Brasil em outubro, com a gravação
do DVD em São Paulo no festival Rock the
Planet. Para quem tiver a oportunidade de assistir,
será imperdível.
LINE UP: Michael
Romeo - guitar
Juhani Malmberg - guitar
Janne Wirman - keys
Jarí Kainulainen - bass
Mirka Rantanen - drum
Timo Kotipelto - vocal Lançamento: 2004
Gravadora: Century Media Site
Oficial
Mesmo
quando estava no Stratovarius, Timo Kotipelto sempre
quis fazer algo diferente e por isso lançou
seu primeiro álbum solo “Waiting For
The Dawn” (2001) que obteve críticas
muito boas da imprensa mundial. Após toda
a turbulência que o Stratovarius, principalmente
Timo Tolkki causou, o vocalista lança mais
um álbum solo, desta vez com algumas datas
marcadas para shows (inclusive no Brasil). “Coldness”
segue a mesma linha do álbum anterior, porém
na minha opinião e de muitas pessoas, o cd
supera o debut.
O Line Up é praticamente o mesmo do álbum
de estréia e conta com Janne Wirman (Teclados,
Childrem of Bodom), Mirka Rantanen (Bateria), Jarí
Kainulainen (Baixo), Michael Romeo (Guitarra, Symphony
X) e Juhani Malmberg (Guitarra). O álbum
foi todo gravado no FinnVox estúdios em Helsink,
Finlândia.
A faixa de abertura é bem Stratovarius “Seeds
of Sorrow”, bastante rápida e contendo
belos duetos de guitarra e teclados, aliados à
competência de Timo Kotipelto que abusa dos
agudos. A faixa “Reasons” é o
primeiro single e também possue um vídeo-clipe
gravado, onde Timo participa quase todo ele dentro
de um carro em alta velocidade numa estrada coberta
pela neve, característica da Finlândia.
A música é bem Hard Rock e sem dúvida
é uma das melhores composições
do vocalista. Neste álbum Kotipelto buscou
criar composições mais pesadas e obscuras
como em “Around”, “Snowbound”
e “Journey Back”. O álbum termina
com duas canções mais cadenciadas,
“Take Me Away” e “Here We Are”
que mostram o entrosamento da banda, mesmo esta
sendo formada por convidados.
Kotipelto mostrou que mesmo fora do Stratovarius
pode compor muito bem. Ele não deveria ficar
somente na sombra de Timo Tolkki, mas sim ter participado
mais das composições da banda. Vamos
ver como a banda e Kotipelto estão ao vivo
no Rock The Planet em São Paulo dia 02 de
outubro. Quem sabe não role alguns clássicos
do Stratovarius...
LINE UP: Fabbio
Nunes - guitar
Nelson Magalhães - guitar
Daniel Melo - keys
André de Lemos - bass
Renê Shulte - drum
Hugo Navia - vocal Lançamento: 2004
Selo: Hellion Records Site
Oficial
THE
END OF BEGINNING - LOST FOREVER (21/07/04)
POR: THIAGO RAHAL NOTA: 1
2 3 4 5 6 7 8 9 9,5
10
Não
é só o estado de São Paulo
que tem ótimas bandas de Heavy Metal, o Rio
de Janeiro também revela suas pérolas
no metal. O Lost Forever é a mais recente
banda carioca a nascer na cena, o mais incrível
disso é que eles fazem um prog-metal de excelente
qualidade calcado no lado mais direto do estilo,
sem é claro fazer com que o ouvinte viaje
em suas músicas. Suas influências são
mais claras em bandas como Symphony X e Evergrey,
mas como sempre o Dream Theater aparece e muito
no som do grupo.
Como o estilo pede, as músicas são
complexas e muito bem trabalhadas pelos integrantes
do Lost Forever. Logo de cara, “Mater Et Magistra”
mostra os pesos das guitarras, com riffs excelentes.
Ótima composição para abrir
o disco, prendendo o headbanger no som da banda.
“Among The Crowd” segue a mesma linha
da primeira faixa do álbum, não perdendo
o pique em nenhum momento. “The Lies Behind
The Mirror” mostra o lado mais progressivo
da banda, sendo mais cadenciada sem deixar os riffs
de lado, o ponto forte do Lost Forever. “Spirits
from the Ice Gardem” é a mais épica
e longa do álbum. Nela a banda mostra quão
o prog-metal é um estilo diferente, iniciando
lenta e em seguida com riffs pesados e a cozinha
trabalhando perfeitamente, lembrando muito o Dream
Theater. Esta faixa sem duvida é um dos destaques
do álbum. “End of Century” já
é mais direta, junto com “Damned Train”
que inicia ao som de um trem em pleno vapor. “A
Season Between” é a única balada
do cd, preparando o ouvinte para a última
faixa, muito bela e relaxante. “Above The
Sins” é dividida em duas partes: a
primeira, “Dying Dreams”, começa
mais uma vez com um riff maravilhoso e se desenrola
muito bem; já a segunda parte, “The
Remains of Myself”, fecha o álbum com
mais peso ainda, lembrando até mesmo bandas
de Thrash Metal.
The End of Beginning é um ótimo álbum
para quem gosta de prog-metal e o Lost Forever sem
dúvida é uma das melhores bandas do
estilo no Brasil, restando apenas adquirir mais
experiência em estúdio e com as turnês
Brasil afora, para assim a banda receber a crítica
que merece.
LINE UP: Marcelo
Barbosa - guitar
Bruno Wambier - keys
Michel Marciano - bass
César Zolhof - drum
Alírio Neto - vocal Lançamento: 2004
Selo: Hellion Records Site
Oficial
O
Brasil pode respirar aliviado, pois ultimamente
bandas de muita qualidade têm surgido no país,
principalmente no prog-metal. O Khallice é
um exemplo que já conta com 10 anos de estrada,
mas que havia lançado apenas uma demo e agora
finalmente lançou seu debut, o álbum
The Journey. A banda é de Brasília,
a conhecida capital do rock nacional, mas que não
contava com uma banda de metal de qualidade e com
ótima produção em seu álbum.
Como era de se esperar, a influência principal
da banda é o Dream Theater, principalmente
no vocal de Alírio Netto (o grupo americano
definitivamente se tornou um ícone do metal
progressivo).
The Journey começa com a épica “Lonelliness”.
Peso, duetos de guitarra e teclado e a cozinha muito
bem montada já demonstram a competência
da banda. “I´ve Lost My Faith”
inicia poderosa e depois segue para o lado mais
cadenciado do progressivo. É impossível
de não perceber a influência do vocalista
James Labrie (Dream Theater) nesta faixa. “Spiritual
Jewel” já é mais lenta, puxada
para o rock progressivo mais antigo, sem é
claro deixar de lado os duetos no decorrer da música.
“Wrong Words” já mais direta
e acessível ao povo em geral. A seguir, “Thunderstorm”
é a típica faixa cadenciada do progressivo,
com várias levadas de altíssimo nível.
“Vampire” é a mais poderosa do
álbum na minha opinião e a que mais
me agrada, porque abrange desde o peso de sues riffs
até a complexidade que o estilo pede. “Turn
The Page” segue a linha épica, lembrando
às vezes bandas como Jetro Tull e Deep Purple,
tornando o som da banda ainda mais diferente dos
demais. “Prophecy” chega a ser Power
Metal, com velocidade em seus riffs iniciais e a
cadencia no decorrer da música. Enfim, a
faixa título que demonstra todas as influências
da banda em uma canção só:
complexa, peso nas guitarras e belos trabalhos nos
vocais.
Esperamos que como o Khallice, outras bandas de
prog-metal do Brasil possam lançar seus álbuns
e mostrar ao mundo que o país não
é só Angra, Shaman e Sepultura. Parabéns
a banda e que continue sua estrada como sempre fez.
LINE UP: Pedro
Santos - guitar
Rodrigo Campilho - guitar
Raphael Montechiari - keys
Bruno Coelho - bass
André Dias - drum
Larissa Frade - vocal Lançamento: 2004
Selo: Hellion Records Site
Oficial
IN
PEACES ON THE LUNAR SOIL - VENIN NOIR (11/07/04)
POR: THIAGO RAHAL NOTA: 1
2 3 4 5 6 7 8 9
10
Assim
como a Europa, o Brasil também revela bandas
de muita qualidade em todos os estilos no metal.
Com o Venin Noir não é diferente,
seguindo a linha do gótico-doom e procurando
obter resultados diferentes de outras bandas, o
grupo chega até em algumas musicas a lembrar
o hard-rock e o tradicional, mostrando o quão
são diferentes e competentes.
A Hellion Records novamente aposta em bandas nacionais
e lançou para todo o Brasil o segundo álbum
do Venin Noir “In Pieces on the Lunar Soil”.
Como o estilo gótico pede, as músicas
partem para um lado mais sombrio e depressivo. Esse
fato ocorre devido à voz belíssima
de Larissa Frade e dos teclados com toques de erudito.
Bom, vamos ao que interessa, as músicas.
O álbum começa com “Better Days
Never Come” que sem duvida é a faixa
mais gótica do cd. “The Wine”
já é mais direta, porém nunca
deixa de lado o gótico, influência
muito clara da banda. "Redemption Through Pain"
chega a ter em seus solos grande influência
do progressivo. "A Letter to a Narrow Allegiance"
segue a linha mais hard rock da banda, sem deixar
de lado sua essência. A seguir, músicas
com uma veia mais tradicional deixam o álbum
menos depressivo e mais acessível aos headbangers
em geral. A faixa “The Lunar Soil” é
dividida em duas partes "a view to yesterday",
praticamente uma introdução (belíssima
por sinal) para a segunda parte "perfect and
cold", mais agressiva, pesada e bastante épica,
fechando o álbum com maestria.
Venin Noir mostra que não é uma banda
qualquer e que está na cena do metal por
competência e muita garra.