ANOTAÇÕES

As Aventuras da Liga Extraordinária

Por Jess Nevins (jjnevins@ix.netcom.com)

Esse texto é divulgado com a permissão do Autor. Thanks, Jess!


Capítulo V: Um Poder Oculto e Dominador...

Página 6, quadrinho 5

O vício de Holmes por drogas já foi notado antes, tanto em livros [The Man With The Twisted Lip (O Homem Com O Lábio Deformado), entre outros] quanto fora deles. O assunto tem maior atenção em The Seven Per Cent Solution (A Solução dos Sete por cento), de Nicholas Meyer, na qual Sigmund Freud ajuda a curar o vício de Holmes por cocaína e, depois de prolongadas sessões de psicanálise, revela a raiz da compulsão de Holmes em ver a justiça sendo feita (envolvia uma infância infeliz e o pai que assassinou sua mãe).

Porém, a alegação de que Holmes é um sodomita jamais foi (por razões óbvias) feita em publicações e raramente foi feita. De certo modo, é uma dedução razoável; o desgosto de Holmes pelas mulheres (com a notável exceção de Irene Adler) é famoso, e a amizade íntima dele com Watson é um indicativo. Mas não há nenhuma evidência de que Holmes seja um sodomita. Holmes é assexuado; ele é uma personagem imparcial que nunca cederia ante sentimentos primitivos como a luxúria.


Página 7, quadrinho 6

Em O Problema Final, Holmes, à beira de capturar Moriarty e já tendo sobrevivido a dois atentados contra sua vida, mostra um receio por rifles de ar. Ele pode ter falado do rifles de ar de Moran, que é descrito em The Adventure of the Empty House:

Uma arma admirável e sem igual. Silenciosa e de tremendo poder: Eu conheci Von Herder, o mecânico alemão cego que a construiu por encomenda da falecido Professor Moriarty.

Em The Adventure of the Empty House, Holmes escapa de ser soterrado por pedras pelo Coronel Sebastian Moran.


Página 7, quadrinho 7


Moran é membro da inteligência militar britânica, o MI5. Em The Adventure of the Empty House, sabemos que Moran estava no Afeganistão e no Himalaia durante as décadas de 1870 e 1880, e desde então ele deveria ter sido envolvido no Grande Jogo - trabalho de inteligência - contra os russos. Porém, é preciso salientar que o MI5 só foi criado em 1909 como uma facção interna da Agência de Serviço Secreto. Em 1891, a filial do governo britânico responsável pelo trabalho de espionagem era a Divisão de Inteligência do Ministério Exterior e Serviço Diplomático.

Mas é claro que, no mundo da Liga, Moriarty sempre está à frente destes assuntos....


Página 8, quadrinho 1


Os pontos de interrogação vistos aqui e mais adiante e a imagem do homem com cabeça de ponto de interrogação, visto no porta-cigarros de Holmes na página 3, quadrinho 2, podem ser um código ou símbolo que indica um agente da inteligência britânica.


Página 8, quadrinho 2


Três nomes são visíveis nas folhas de papel sob a escrivaninha de Moriarty. O primeiro, Blake, pode ser o Tenente Edward Blake, o herói de Blake of the Rattlesnake or the Man Who Saved England (Blake, do Cascavel, ou o Homem Que Salvou a Inglaterra), escrito por Fred T. Jane (Jane, a propósito, era o homem responsável pela série Jane de manuais de defesa). Blake do Cascavel é uma excitante história de como a Inglaterra derrota a França e a Rússia em uma guerra principalmente naval.

Mas é mais provável que seja Sexton Blake, criado (provavelmente) por Harry Blyth, cuja primeira aparição ocorreu em 1893, na revista Halfpenny Marvel # 6. Blake começou como um comum, embora inteligente e próspero, detetive, mas após um ano ou dois que seu editor decidiu fazer dele uma cópia de Sherlock Holmes, ele alcançou seu maior sucesso. Blake foi publicado mais ou menos sem parar desde 1893 e teve mais histórias escritas sobre ele do que sobre qualquer outro personagem.

O segundo nome é Klimo, referência ao herói de Guy Boothby em The Duchess of Wiltshire's Diamonds (Os Diamantes da Duquesa de Wiltshire), de 1897. Klimo é um detetive brilhante, de certos modos influenciado por Holmes, que está tão entediado com a falta de oposição que ele próprio inventa, e leva a cabo, um roubo (dos diamantes do título), simplesmente para lhe dar algo o que fazer.

O terceiro nome, parcialmente obscurecido, é Nikola, ou Doutor Nikola. Nikola foi criado por Guy Boothby e apareceu em cinco romances, começando com A Bid for Fortune, or Doctor Nikola's Vendetta (Um Convite à Fortuna, ou A Vingança do Doutor Nikola), de 1895. Nikola era um mestre do crime ao estilo de Moriarty que pretendia dominar o mundo; pode ser que ele seja visto por Moriarty como um rival perigoso.

Talvez o dispositivo próximo à cavorita seja a mochila anti-gravitacional vista em A Tale of Negative Gravity (Um Conto de Gravidade Negativa), de Frank Stockton, ou simplesmente um telefone pneumático (um interfone vitoriano), ou ...bem, outra coisa qualquer.

A idéia de que a inteligência britânica teria recrutado Moriarty enquanto ele ainda estava na faculdade a 30, 40 anos antes dos eventos de Liga, é um anacronismo, pelo menos nos fatos históricos de nosso mundo. A inteligência britânica, nas décadas de 1850 e 1860, só consistia do Departamento Topográfico e Estatístico do Ministério da Guerra, e era amplamente visto - e não sem razão - como sendo inofensivo e bastante inútil . Eles eram mais uma operação sem fundos dirigida por amadores, ou uma organização que realizava recrutamentos. Mas este é o mundo da Liga, onde as coisas são muito diferentes...


Página 9, quadrinho 7


Battersea é um subúrbio de Londres na margem Sul do Tâmisa, do lado oposto a Chelsea. A Feira de Battersea, ocorre no parque de Battersea, palco de várias feiras e exposições.


Página 9, quadrinho 8


É apropriado que Moriarty, O Napoleão do Crime, tenha um busto de Napoleão, outro pretenso conquistador mundial, em seu escritório. Note a relevância disso numa história de Holmes intitulada Adventure of the Six Napoleons (Aventura dos Seis Napoleões).


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