ENTREVISTAS
MOORE É SEMPRE O MELHOR
por Joseph P. Rybandt
Antes desta entrevista, eu estava um pouco nervoso, afinal, trata-se
de Alan Moore. Este é o homem que escreveu Watchmen
e V de Vingança, que revitalizou Miracleman e o Monstro
do Pântano. O seu trabalho em WildC.A.T.s foi brilhante.
Até mesmo hoje, ele continua a empurrar para frente o meio com
Do Inferno e Lost Girls, e aqui estou falando com ele sobre
Supreme. Supreme? Eu poderia encher páginas desta
revista falando de outro trabalho seu, mas Supreme? Meu caro, não
sabia eu que agradável surpresa iria ser!
SUPER-HOMEM VERSUS SUPREME: PRIMEIRO ASSALTO
Desde a concepção de Supreme ou de qualquer outro
benfeitor conhecido, têm-se feito comparações com
o Super-Homem. Esta é uma idéia da qual Moore
não foge:
Da maneira pela qual o vejo, ele é um super-herói arquetípico
que provavelmente foi construído usando o Super-Homem como modelo;
basicamente, um tipo grande com capa. Suponho que se pretendia que Supreme
fosse a versão do Super-Homem na Image, só que bem feito.
Esta noção do Super-Homem foi parte de um atrativo
para pôr algo da vitalidade da qual a personagem tanto necessitava.
O próprio Super-Homem parece ter estado perdido durante vários
anos, não é mais o personagem do qual me recordo. O que
o fazia atrativo para mim parece que se perdeu numa onda de revisionismo.
Como fui uns dos que de certo jeito ajudou a trazer a moda do revisionismo
aos quadrinhos, tenho que levar parte da culpa por isso. Mas creio que
pode ter havido um excesso no caso do Super-Homem original.
Com Supreme, Moore está procurando no passado o
que o Super-Homem representava para ele: pura maravilha e assombro.
O que acontecia com o Super-Homem era uma incrível energia
imaginativa que se punha em jogo com aquela personagem original. Parte
daqueles conceitos que se associavam ao Super-Homem, e que parecem antiquados
hoje em dia, eram maravilhosos naquela época. A idéia da
cidade engarrafada de Kandor, Krypto o Supercão, Bizarro, tudo
aquilo. Estas eram idéias fantásticas, e era aquilo o que
me fazia voltar cada mês ao Super-Homem, quando tinha dez anos.
Queria averiguar mais sobre aquele incrível mundo com todos aqueles
fascinantes detalhes.
Saltamos rapidamente à 1996 e aparece Supreme:
O que decidi fazer foi recriar aquele sentido de riqueza, algo que
tinha a mesma energia e esplendor dos mitos originais de Super-Homem.
Moore não está aqui para contar de novo velhas histórias
de Super-Homem, mas para começar algo novo:
Na mitologia original de Super-Homem havia Brainiac, que andava de
um lado para outro encolhendo cidades e conservando-as em garrafas sem
finalidade aparente, salvo algum tipo de obsessão colecionista.
[Com Supreme] temos um vilão chamado Optilux que transforma mundos
inteiros numa forma de luz coerente e os guarda em prismas. Ele está
quase numa missão religiosa para transformar toda a matéria
e o universo em luz. É reminescente do conceito de Brainiac, mas
há algo distinto nele. Há talvez mais possibilidade de sentido
poético.
OS PRIMEIROS DOZE NÚMEROS
Agora mesmo, Alan tem intenção de fazer doze números
de Supreme, mas dá a entender que poderia haver mais. Ele
também me assegurou que os seguidores de Supreme vão
receber uma visão totalmente nova da personagem:
Estes doze primeiros números serão principalmente um
novo relato da história revisada de Supreme. Uma vez que os tenham
lido, você saberá tudo a respeito do passado de Supreme.
Para fazer isto, Alan vai usar uma grande quantidade de flashbacks
para montar a história.
Em cada um dos números aparece uma história feita ao
estilo do período no que estamos pensando. Por exemplo, no meu
segundo número, há duas histórias de flashback: um
relato ao estilo dos anos 40 que revisa a origem de Supreme, e uma história
ao estilo do Superboy dos anos 60, na que atua um grupo que apresenta
semelhanças com a primeira Legião dos Super-Heróis.
Assim, há duas histórias de oito páginas apresentadas
ao mesmo tempo com a história global contida nas 24 páginas,
na qual atua o Supreme do presente. Temos estas histórias de recordações
nostálgicas sendo apresentadas paralelamente. As duas estão
interrelacionadas de um jeito que não será evidente até
a fim da minha saga de doze números, quando eu começo a
encaixar alguns dos fatos.
E quanto aos próprios doze números, dê uma olhada
rápida nos seis primeiros números da série, provenientes
da fantástica e maravilhosa mente de Alan Moore:
SUPREME #41
O meu primeiro número prepara Supreme ao que virá e apresenta-nos
A Supremacia, que é como Krypton, Asgard ou Oa [planeta dos Lanternas
Verdes]. Serve a essas finalidades.
SUPREME #42
Visitamos Littlehaven, a pequena cidade onde Supreme atuou nos 1930 como
Kid Supreme. Neste número, apresentamos a Liga do Infinito, um
grupo de jovens super-heróis procedentes de diferentes períodos
de tempo.
SUPREME #43
Aqui descobrimos o que aconteceu com a Cidadela Suprema, que é
o quartel general do Supreme. É uma gigantesca ilha tecnológica
envolta numa permanente nuvem de tempestade. Temos uma aventura na qual
ele revisita a Cidadela Suprema.
SUPREME #44
Damos uma olhada nos Super-homens Aliados de América, grupo no
qual Supreme, junto com Glory e outras poucas personagens criados por
Liefield, pertenceram nos anos 40. Eu criei uma meia dúzia de novos
membros para o grupo, para se ter algo como a Sociedade da Justiça;
esta equipe tem cerca de quinze membros.
SUPREME #45
Tratamos dos anos 50 e do Supremium, que é um estranho mineral
branco que tem a ver com tudo o que é relativo ao conceito do Supreme.
SUPREME #46
A reapresentação de Suprema, não que ela não
tenha sido apresentada antes, mas voltamos a apresentá-la de qualquer
jeito. Ela é a versão feminina do Supreme, e será
bem interessante.
Creio que não me arrisco ao dizer que tudo isto vai ser bastante
interessante e muito divertido. Alan leva o conceito de Supreme
muito a sério:
Trato de ser o mais estrito possível. Nem se trata de uma paródia.
Há coisas engraçadas aqui, mas quero fazê-lo de um
jeito sério.
A RELAÇÃO DE ALAN COM A IMAGE
Ao contrário do que alguns de vocês possam pensar, o continuado
trabalho de Alan com a Image não é só
por dinheiro. Enquanto falo com Alan, a sensação
de que ele está fazendo isto pelo bem da indústria prevalece.
Alan corrobora esta sensação com as suas próprias
palavras:
Ao menos no futuro previsível, os quadrinhos de super-heróis
provavelmente dominarão o mercado de quadrinhos. Eles serão
principalmente voltados para meninos com cerca de treze anos. Já
que a maioria destes garotos querem mais quadrinhos de super-heróis,
isso é o que receberão. Seria melhor, no entanto, que esses
quadrinhos tivessem mais conteúdo, mais encanto. Assim como acho
que não afirmo estar numa missão divina nem nada semelhante,
se eu posso tentar fazer um trabalho que pretenda reintroduzir os elementos
que eu acredito serem importantes nos quadrinhos de super-heróis,
ao atual estilo de Image, isso me satisfaria.
Entretanto, a situação financeira tampouco vai mal.
O dinheiro que vem de WildC.A.T.s ou Supreme, é muito bem vindo.
É muito útil de se ter uma fonte de rendimentos que me permite
seguir adiante fazendo os projetos que no meu coração aprecio
mais, como Do Inferno, Lost Girls, os CDs que estou para fazer, os projetos
mais escuros e marginais, que é onde o meu verdadeiro interesse
se encontra.
Aqueles que ainda estão aguardando que Alan visite novos
territórios, além das personagens estabelecidas, podem ter
seus desejos atendidos graças a Homage Comics:
há conversas sobre a possibilidade de que eu me una a Homage
com uma série de autor, pertencente a mim. Eu tenho desfrutado
muito trabalhando com o pessoal da WildStorm. Assim como o pessoal do
Extreme Studios, que estão me tratando bem, quero seguir fazendo
coisas para a WildStorm. Assim, iremos fazer esta coisa de autor, que
ainda está em preparação, mas quando estiver perto
de sair, garanto que teremos tempo de falar sobre ela.
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