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Introdução

Cheguei a uma conclusão: o aspecto mais importante de um nó é a dificuldade para desfazê-lo.
Falo isso quando tomo a experiência de trabalho em espaços coletivo como é o Circo - e mais especificamente, falo da Central do Circo, em São Paulo.
Podemos avaliar o aspecto da dificuldade de fazer os nós, mas cada pessoa desenvolve mais ou menos habilidade para este ou aquele nó, o que torna esse aspecto bem relativo. Outra forma de avaliação, é a funcionalidade do nó, aspecto que também varia, pois um nó perfeito para determinada função pode ser desastroso em outra.
Quando defendo a dificuldade de desfazer um nó como determinante da sua qualidade, é simplesmente porque pode ser necessário em algum momento que uma pessoa sem nenhum conhecimento sobre o assunto precise desfazer algum: se este for um bom nó, esta tarefa fica mais fácil.

Como fazer os nós e termos usados

É muito fácil um leigo se frustrar ao tentar executar um nó um pouco mais elaborado. Aprendi meio na marra, que você só consegue executar um nó, se souber como segurar a corda e entender cada uma das partes que a compõe, pois diferente do que se possa pensar, uma corda candidata a receber qualquer tipo de nó, deixa de ser uma simples corda e passa e ter várias partes.
Vou citar apenas as fundamentais:

Ponta de trabalho - é a ponta com a qual executamos o nó. Dela partem as voltas, meios-nós, laçadas e tudo mais que seja necessário

Ponta fixa - é a ponta que fica estática, ou porque prescindimos dela para fazer ou nó, ou simplesmente porque ela está presa a algo.

Laçada - são alças que se formam no meio de uma corda, por vezes necessárias para que se conclua um nó.

Curva - ela só está citada aqui, para não cometermos o erro de achar que qualquer deformação numa corda é uma laçada.

 

Espaço de trabalho - é a parte da corda que normalmente manuseamos, ou porque precisamos fazer uma laçada, ou porque temos que livrar a ponta de trabalho do peso que existe sobre o nó.

Espaço fixo - é o que exerce força sobre o nó. Quando damos um nó em volta de algo, devemos ter cuidado se o espaço fixo entra pela frente ou por trás do objeto do nó.

Volta - é a evolução da laçada. Se levarmos a parte da corda que está circulada no desenho acima na direção da seta, teremos como resultado uma volta. A atenção aqui, deve ser sobre a posição da ponta de trabalho: verifique sempre se ela está por cima ou por baixo do espaço fixo, pois isso influenciará no resultado.

Existem outras nomenclaturas, mas não acho que seja o caso de citar todas. As que eu coloquei aqui são apenas para por um pouco de figuras na página, porque senão fica muito chato. Nas páginas de cada nó eu vou dar mais informações se achar que elas são importantes.

A Saber!

Eu não sei quantos livros em português existem, mas eu tenho dois.
Um é em português do Brasil: "O Livro dos Nós", de Arnaldo Belmiro, publicado pela Ediouro.
O outro é em português de Portugal: "Manual dos Nós", de Maria Constantino, publicado pela Editorial Estampa.
Abaixo, eu transcrevi a introdução do livro da Maria Constantino, que dá informações bem legais sobre a história dos nós. Eu mantive o texto original, sem adaptar palavras que não são de uso corrente no Brasil, por respeito ao original e pela curiosidade dos termos diferenciados.

Boa leitura!

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A maioria das pessoas utiliza a palavra nó para designar aquele emaranhado que é costume fazer-se num bocado de linha de costura, numa corda ou, até mesmo, nos atacadores dos sapatos. Porém, na verdadeira acepção da palavra, um nó equivale a qualquer tipo de ligação feita numa corda ou pedaço de cordel, segundo uma de duas maneiras distintas. A primeira consiste em passar a ponta solta (chicote) de um pedaço de cordel através de uma laçada (ou seio) e, depois, puxar do outro lado ate apertar bem. O segundo método consiste em entrelaçar ou atar entre si dois pedaços de cordel ou de corda.

Existem, contudo, vários tipos diferentes de nós, e cada um deles serve um determinado propósito. Os nós fixos ou de bloqueio contribuem para impedir que as extremidades de uma corda esfiapem, além de evitarem que a corda deslize através de orifícios ou de qualquer outro tipo de abertura. Os nós fixos ou de bloqueio também servem para tornar mais pesada a extremidade de um pedaço de corda, facilitando o seu lançamento. Os nós de encurtamento são usados para criar laços corrediços ou laçadas, bem como para reduzir o comprimento da corda, evitando que esta tenha de ser cortada. Os nós de ligação têm duas aplicações: tanto servem para prender ou segurar um objecto ou um pedaço de corda, como para manter bem juntos dois ou mais objectos ou pedaços de corda. As voltas ou amarras são utilizadas para prender uma corda em torno de um objecto, por exemplo, uma vara, um mastro ou uma argola, e, por último, a emenda é aquele nó que serve para ligar duas cordas uma à outra.
Estima se que cerca de 90 por cento da totalidade dos nós conhecidos até hoje tenham sido inventados por marinheiros, enquanto os restantes 10 por cento terão sido criados por pessoas com actividades tão diversas como os pescadores à linha, arqueiros, livreiros e talhantes, carpinteiros e alpinistas, cirurgiões a estivadores, e, como não podia deixar de ser, pelos carrascos, aos quais ficámos, aliás, a dever o nó de forca ou de enforcado! Clifford W Ashley (1881 1947), nascido no porto de pesca da baleia de New Bedford, Massachusetts, foi uma das maiores autoridades mundiais na arte de fazer nós. A sua obra, intitulada The Ashley Book of Knots, publicada pela primeira vez em 1944, tornou se a bíblia de todos os fazedores de nós que se prezam. Nele, Ashley descreve o processo de feitura de, aproximadamente, 4.000 nós, recorrendo para o efeito a 7.000 ilustrações.

Ninguém está em condições de garantir com segurança qual destas profissões terá sido a verdadeira autora dos nós, visto que, ao que tudo indica, as primeiras pessoas a fazerem nós terão sido os homens das cavernas, que, ao aprenderem a caçar e a pescar, precisaram deles para fazer funcionar os arcos, flechas, armadilhas a as redes a canas de pesca. Testemunhos arqueológicos de há 10.000 anos mostram nos que o homem do Neolítico já recorria a nós simples, meias voltas, voltas de fiel, nós de rizes a nós corrediços.
Ao longo da História, a por todo o mundo, os nós e as cordas enodadas têm se revelado de grande importância, por exemplo, quando usados como calendários ou meio de registro de acontecimentos importantes, ou como marcos de memorização de transacções comerciais ou, ainda, métodos de refrescar a memória. É provável que o ábaco, precursor das actuais máquinas calculadoras, e o rosário, utilizado pelos cristãos para fazerem as suas orações, tenham sido ambos inventados a partir de simples cordas enodadas.
Os nós também figuram na mitologia. O mais famoso de todos os nós mitológicos foi o nó górdio Segundo a lenda, Górdio, um simples camponês, chegou a rei da Frísia Como governante, já não precisava da sua carroça de agricultor, pelo que atou os arreios num intrincado nó e ofereceu-o de presente ao deus Zeus, no seu templo. Como ninguém parecia capaz de desatar aquele nó, o oráculo do templo profetizou que aquele que um dia desfizesse o nó górdio viria a tornar-se senhor de toda a Ásia. Quando Alexandre, o Grande, deparou com aquele problemático nó, não perdeu tempo: cortou-o de um só golpe com a espada. Tecnicamente, o nó estava, assim, desfeito, e a profecia cumpriu-se, pelo que, hoje, cortar o nó górdio significa agir depressa e sem hesitações perante as situações difíceis.
Embora cada um destes nós sirva um propósito diferente, ninguém precisa de conhecer as suas centenas de variedades na totalidade. Afinal, o homem do Neolítico sobreviveu só com meia dúzia! Contudo, convém sabermos qual o tipo de nó mais aconselhável para cada situação.

Uma das principais razões que presidem à escolha de um determinado nó em detrimento de outro reside na sua resistência relativa. Os nós robustos são de particular importância para os alpinistas, que mostram preferência pelos nós grossos, de várias camadas. Este tipo de nó aguenta a tensão (ou esforço) e evita que a corda acabe por ceder. Os alpinistas vigiam regularmente os nós durante a escalada, especialmente quando utilizam uma corda rija, por ser a mais difícil de atar e a menos flexível. Como tal, os alpinistas vão fazendo essa vigilância para garantir que todos os nós se mantenham seguros. Entre outros factores que influenciam a escolha de um determinado nó incluem-se a velocidade e a facilidade com que ele pode ser feito, o seu tamanho e a sua fiabilidade.

Como distinguir os diferentes tipos de cordas e de cabos

Aprender a distinguir as propriedades de uma corda e saber como mantê-la em boas condições é um aspecto essencial de qualquer fazedor de nós. A palavra «cabo» descreve, geralmente, um produto entrançado, entrelaçado ou torcido, com mais de 10mm de diâmetro. (Contudo, existem excepções, visto que alguns cabos especiais de alpinismo têm, apenas, 9mm de diâmetro.) A tudo o que seja mais fino vamos chamando, sucessivamente, corda, cordel ou linha.
Os cabos a as cordas são conhecidos no seu conjunto como cordames, mas também surgem frequentemente designados como materiais. Quando a corda é utilizada numa função especifica passa a chamar se cabo, como, por exemplo, o cabo de cala, o cabo de reboque ou o cabo salva vidas. Por vezes, alguns cabos adoptam designações ainda mais específicas: um cabo de lançamento leve ou pesado, ou aquele que é utilizado para puxar uma corda mais pesada através de uma fenda por exemplo, a partir de um convés de barco, debaixo de água, até ao cais de atracação , é conhecido pelo nome de cabo de ala e larga.

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