Capítulo 11

Zachary não sabia se preferia voltar com Taylor e não ver Dayla ou ficar ali naquela casa de gente doida.

Taylor>> Vem, Zac. - Pressionou.

Zachary>> Tá. - Voltou com o irmão.

Dayla>> Agora vem o mais difícil..

Prya>> Mais difícil? - Já não estava mais invisível.

Dayla>> Ahan. Você vai ter que descer pela janela pra fingir que foi mesmo comprar o pão.

Prya>> Poutz.

Dayla>> Mas eu te ajudo, não se preocupa. - As duas foram para a janela, que era no segundo andar.

Prya>> Dayla eu sempre fui cagona pra essas coisassss..

Dayla>> Shhh, calma..

Prya foi para o lado de fora da varanda, segurando os braços de Dayla.

Dayla>> Isso, agora solta suas pernas, eu tô te segurando.

Prya>> Tááá.

Dayla>> Eu vou te esticar e te soltar.

Prya>> Aiiiiiiii.. tá..

 Sense e Isaac estavam conversando no sofá, Sense de frente para a janela, Isaac de costas. De repente, Sense viu duas perninhas balançando no ar. Ela forçou a vista, tentando entender o que era.

"Puta merda.." Sense pensou.

Isaac>> Pra onde você tá olhando? - Olhou pra trás, Sense virou o rosto dele de pressa.

Sense>> Pra lugar nenhum não, é que eu achei que tivesse algo no seu cabelo.

Isaac>> É? - Passando a mão por seu próprio cabelo.

Sense>> É..

Dayla>> Vou te soltar. - Soltou a irmã, que caiu que nem uma jaca podre no chão.

Prya>> AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH.

Sense naquela hora deu um pulinho de susto.

Dayla>> Aqui, pega. - Jogando um saco onde tinha pão, presunto, queijo, para eles lancharem.

Isaac>> Prya?? - Se levantou do sofá. Sense fez o mesmo. Os dois abriram a porta e ela já estava em pé, segurando o saco do lanche.

Prya>> Oi.

Isaac>> Prya, o que aconteceu com você? - Ela tava toda descabelada, machucada pois tinha sido atropelada de leve e acabara de cair do 2o andar.

Prya>> Nada.. - Ajeitando o cabelo. - Eu fui comprar um lanche pra gente. Bora lanchar?

Isaac>> Ahan. - Ela o puxou pelo braço, e os três entraram em casa, com Prya mancando.

Sense e Prya serviam a mesa, enquanto Isaac esperava quietinho em sua cadeira, em silêncio. Tinha medo de dar qualquer movimento em falso, e estava louco pra sair dali.

Prya>> Tá tudo bem, Ike? Cê tá esquisito!

Isaac>> Eu??

Prya>> Uhum.

Isaac>> Impressão sua!

Enquanto isso, Zachary estava desesperado pra falar com Dayla. Queria pedir desculpas, pois não tivera a menor intenção de chateá-la, simplesmente ficara desesperado quando Taylor aparecera no parque. Resolveu ligar.

Dayla percebeu seu celular tocando e quando viu quem era, pensou em não atender. Mas, ao mesmo tempo, bateu uma saudade enorme, e uma vontade muito forte de falar com ele.

Dayla>> Fala. - Seca.

Zachary>> Dayla........ - A voz mole.

Dayla>> Fala logo, Zac.

Zachary>> Me perdoa, por favor.. eu fiquei nervoso, o Taylor não pode saber de jeito nenhum qu-- Foi interrompido por ela.

Dayla>> Ele já sabe, Zac.

Zachary>> Quê??

Dayla>> É. Ele já sabe.

Zachary>> Sabe como?

Dayla>> Ele viu a gente se beijando no colégio.

Zachary>> E como você sabe? Ele te disse?? Dayla!! Por que você não tinha me falado?

Dayla>> A Sense que me contou, ela me fez prometer que eu não contaria pra você. - Bufou. - E aí? Vamos levar à tona essa história ou tá afim de deixar pra lá? - Sem paciência nenhuma.

Zachary respirou fundo, entristecido com o que ela dissera. Se ela mesma cogitara essa hipótese, talvez ela a quisesse. Agora entendera porque Taylor estava tão estranho com ele.

Dayla>> Hein, Zac. Decide logo, tá.. não quero enrolação pra cima de mim. Não quero me dedicar a uma coisa à toa.

Zachary>> Eu, eu não sei.

Não estava preparado pra tomar decisão alguma, tinha que pensar um pouco. Comprar uma briga com seu irmão não era uma coisa tão agradável assim. Se já estava complicado sem que Dayla e Zachary expusessem o romance deles, quando isso acontecesse iria ser o inferno.

Dayla>> Poisé, se você tá na dúvida é melhor a segunda opção.. deixar pra lá.

Zachary>> Não é isso, Dayla.. não é uma questão de dúvida.

Dayla>> Quando a gente diz ' eu não sei ', significa que tá em dúvida. Olha, é melhor mesmo deixar pra lá, viu? Tchau. - Desligou, mais puta ainda. Era melhor nem ter atendido.

Um vazio enorme dominou seu peito, como quem tinha certeza que tinha feito a pior escolha. Mas, não tinha muitas opções, não iria fazer Zachary brigar com o irmão, principalmente se ele não tivesse certeza do que queria. Era melhor dar um tempo, esperar um pouco, ver a solução do feitiço que botara em Taylor, para depois resolver seu problema com Zachary.

Já ele ficara um tempo ainda com o celular no ouvido, sem acreditar no que acabara de ouvir. Será que tudo isso fora por causa do empurrão que dera nela? Taylor passou por ele, não disse nada e seguiu para a sala de televisão.

Zachary não iria ficar forçando a barra com Dayla também. Ela quem tomou a decisão, ela quem desligou o telefone, ela quem fizera as coisas rumarem para esse lado. Aproveitaria a situação para fazer as pazes com seu irmão. Chegou na sala de televisão, devagar e sentou no braço do sofá, de frente pra ele.

Taylor>> Que foi?

Zachary>> Preciso falar com você.

Taylor>> Não tô afim.

Zachary>> É importante.

Taylor bufou, puto da vida. Virou os olhos e olhou para ele, de saco cheio.

Taylor>> Fala logo então.

Zachary>> Eu sei porque você tá tão chateado.

Taylor>> Nossa, que bom!.. - Voltou a olhar pra TV.

Zachary>> Quero te pedir desculpas, Taylor. Eu não sabia que você gostava tanto da Dayla assim. Mas, eu também tava gostando muito dela.. acabou rolando.

Taylor>> Olha aqui, Zac, se você veio aqui pra falar qualquer merda de você e da Dayla, fique sabendo que eu não quero saber!

Zachary>> Eu só queria que você soubesse que não tem mais nada. Acabou. - Com o olhar triste para o irmão. - Se quiser investir, vai em frente. - Foi a coisa mais difícil que Zachary teve que dizer na vida. - Ela só não teve tempo direito de te conhecer melhor, mas se isso acontecer.. tenho certeza que vai rolar alguma coisa entre vocês. Você sempre teve todas as garotas que quis, Taylor. - Sorriu sem graça pra ele. - Bye.

Saiu da sala de televisão e foi andando devagar para o seu quarto. Pensava se ainda poderia contar com a amizade e carinho de Dayla, ou se até isso perdera. Não achava que ela tinha motivo o suficiente pra não querer ser mais amigo dele, mas cabeça de mulher era algo imprevisível. Até então, eles estavam ótimos. E essa perda repentina de Dayla na vida dele estava machucando seu peito.

Resolveu dar uma volta pelo seu bairro, pegou a bicicleta e saiu por aí. Qualquer menina ruiva de cabelos longos, ele parava o olho, na esperança de ser Dayla. Mas nunca era. Foi, então, no parque que passeara com ela, precisava encontrá-la de qualquer jeito. Mas, não viu ninguém, estava sozinho por lá.

Enquanto isso, Dayla estava em seu quarto, melancólica. Não tirava seus pensamentos em Zachary, seus olhos até se encheram d'água uma vez. Folheava o livro de feitiços, à procura de algum antídoto para o feitiço do olhar, mas não encontrara algum. Percebeu que sua saída poderia estar na loja onde comprara aquele livro. Lá poderia ter alguém que pudesse ajudá-la.

Arrumou sua bola e trocou de roupa, foi até a loja. Botou um óculos escuros e prendeu o cabelo, tentaria o máximo passar despercebida por seus mestres caso ela os encontrasse por lá. De repente, seu celular tocou. Era Zachary.

Dayla>> Oi, Zac. - Falou mais calma.

Zachary>> Oi.. tá ocupada?

Dayla>> Um pouco.

Zachary>> Tá.. depois a gente se fala então.

Dayla>> Ok. - Desligou.

Tula>> Você quer ajuda? - Dayla se assustou.

Dayla>> Oi. - Sorriu sem jeito. - Quero.. er. Você sabe se existe algum livro de antídotos?

Tula>> Claro, existe sim.. mas tá em falta. Vai chegar só semana que vem.

Dayla>> E você sabe se tem todos?

Tula>> Bom, não sei, mas tem bastante.

Dayla>> Você sabe se tem o antídoto pro feitiço do olhar?

Tula>> Huuum, esse é beeem complicado. - Dayla fez uma carinha de desânimo. - Que eu saiba o melhor feitiço é a pessoa se amar verdadeiramente outra..

Dayla>> Tá, mas digamos que seja uma pessoa beeem difícil de se apaixonar?

Tula>> Olha, o outro antídoto é muuuito complicado mesmo. Às vezes bruxos muito experientes têm dificuldade de realizá-lo. Mas se quiser muito posso fazer o pedido do livro que tem esse antídoto.

Dayla>> Faz isso pra mim, por favor?

Tula>> Claro!

Dayla>> Em uma semana chega então?

Tula>> Isso, geralmente em uma semana. Deixa seu telefone comigo que eu aviso.

Dayla ia começar a anotar seu telefone num papel para a moça, mas achou melhor não. Ela poderia conhecer um de seus mestres, comentar algo com eles, e o seu número ali no papel era uma prova que ela esteve ali. Caso contrário, seria a palavra dela contra a da vendedora.

Dayla>> Deixa, eu venho aqui semana que vem. - Sorriu.

Tula>> Tudo bem então.