Japão,
outubro de 1974. Começava a ser exibida a série que seria um
marco na história da arte da animação, obra-prima da ficção
científica.
Idealizada
por Yoshinobu Nishizaki e realizada por Reiji Matsumoto, a série
logo conquistou a atenção e o coração dos japoneses nos anos
70. Não se tratava, no entanto, de um sucesso construído à
base de cenas de lutas ou de um suposto tecnicismo relativo à
corrida espacial.
Yamato
é bem mais do que isso. A história é envolvente em todos os aspectos,
seja na complexidade da trama ou no desenvolvimento dos personagens,
todos com sentimentos e emoções bastante realistas, o que os tornava
ainda mais cativantes, já que suas paixões, conflitos, medos e
angústias eram apresentados ao público, de certa forma criando
um antagonismo com o seu heroísmo.
Essa mistura
de paixão com tecnologia fica bem demonstrada na inspiração
de Nishizaki, que resgatou do fundo do oceano o maior orgulho da
marinha japonesa, o encouraçado Yamato, e o transformou na única
espaçonave capaz de salvar a Terra.
Com uma
trama bem elaborada, personagens bem desenvolvidos e a arte sob
o comando de Reiji Matsumoto, só restava a trilha sonora, que ficou
sob a responsabilidade de Hiroshi Miyagawa, que compôs uma trilha
sonora fantástica, repleta de músicas em estilo clássico, que
transmitiam e aumentavam toda a carga de emoção contida nos
episódios e filmes.
Esse cuidado
extremado na produção resultou numa grande legião de fãs pelo
mundo todo, fazendo com que Yamato se tornasse um clássico,
continuando a ser admirado mesmo 24 anos após seu início e 15
anos após o seu encerramento.
Graças
ao carinho dos fãs, os produtores Nishizaki e Matsumoto anunciaram
que pretendem lançar um novo filme de Yamato, 15 anos após o filme
que finalizou a série.
Yamato teve
sua exibição no Brasil entre 1983 e 1985, pela Tv Manchete, nos
programas Clube da Criança, apresentado pela Xuxa, e Circo Alegre,
apresentado pelo palhaço Carequinha. A dublagem foi feita pela
Herbet Richers, no Rio de Janeiro.
Foram
exibidas apenas a segunda e a terceira fases, sendo que foram ao
ar a versão americana da série o cometa império e a japonesa
de "A Crise do Sol", o que ocasionou um fato bastante
curioso: a utilização de nomes americanos e japoneses na
terceira fase.
Na série
"Cometa Império", os nomes dos personagens foram os mesmos
utilizados na série americana, com exceção de Lola. O grupo
de tripulantes da Argo (Yamato) foi chamado de Patrulha Estelar
(em inglês, Starforce; em japonês, Yamato). A dublagem seguiu
exatamente a dublagem americana, mantendo as referências (forçadas)
americanas.
Talvez a
própria dubladora não tenha percebido que se tratava de um desenho
animado japonês e tenha se surpreendido com a terceira fase,
repleta de kanjis e nomes completamente diferentes, além de seguidas
referências ao Japão e algumas cenas politicamente incorretas,
como o IQ9 levantando o vestido da Lola.
Assim,
tivemos nomes mesclados: os principais oficiais tiveram os nomes
americanos usados na segunda fase mantidos, enquanto os secundários
mantiveram os nomes japoneses originais. Novamente, Lola foi a
grande exceção, já que seu nome original é Yuki e na versão
americana, Nova.
Fato
curioso foi a pronúncia dos nomes americanos. De Wildstar, pronúncia
corretamente utilizada nos episódios iniciais, chegou-se a
WitheStar, muitas vezes utilizadas ao longo da série. O Dr.
Sane (pronuncia-se seine) foi chamado simplesmente de San.
Deslock (désloque) virou Deslock (deslóque).
Exibido
sem nenhum destaque da imprensa, numa emissora que estava começando,
o desenho conseguiu um grande sucesso entre o público
infanto-juvenil. Ao lado de outros desenhos japoneses, ajudou a
construir o sucesso da Xuxa, conhecida até então como modelo e
namorada do Pelé, que não raramente aparecia em seu programa.
Em meio
a tantas reprises que são apresentadas, e programas ruins, fica
a dúvida sobre o motivo daS TV's brasileiras não exibirem
novamente a Patrulha Estelar, anime que se tornou o maior clássico
da animação japonesa de todos os tempos.