CRÔNICA DA ENGENHARIA
Engenharia nº 458/1986
Considerações e Divagações sobre o Tempo
José M. de Alvez Netto*
O Que é o tempo? É dimensão? Matéria? Sensação? ou Abstração? O professor secundário costuma definir: é uma sucessão de momentos...
Os ingleses costumam dizer: "Time is money", por que medimos nossa produtividade e a nossa remuneração em função do tempo.
Já o despreocupado propõe: "Vamos matar o tempo" (Na realidadem entretanto, é o tempo que nos mata...).
Os homems adquirem a noção de tempo obeservando que um acontecimento vem depois do outro e alguma ações demoram ou duram mais do que outras ou ainda que o Sol se levant de manhã e se põe no fiu da tarde, mas que depois voltará a nascer.
Foi exatamente a sequencia regular de dias e noites que levantou a questão para os homens.
Mas, voltando à difícil questão: - O que é o tempo? A questão é realmente difícili porque não dispomos de nenhuma outra idéis que fosse mais simples e pudesse servir de comparação.
As coisas parecem simples, mas na realidade não deixam de ser complicadas. A água é uma substância complexa , o amor é complicado, e assim por diante.
O tempo tem um sentido psicológico, De certa maneira é apenas uma quarta dimensão, embora possa parecer diferente e independente, porque nos falta o elemento comparativo. Não se poder pensar em tempo sem imaginar em espaço e velocidade, mesmo porque o tempo, como se verá, é relativo.
As autoridades e os executivos sabem que o tempo é irrversível, irrecuperável e a na natureza, ilimitado, (A eternidade é um conceito existente em relação a Deus).
Para o físico o tempo está relacionado com a matéria e a sua unidade se define com referência à ela.
Em termos ciêntificos a definição de tempo apresenta algumas complicações, não existindo uma única maneira de caracterizá-lo. Pode-se falar em tempo aparente, tempo civil, tempo legal, tempo médio, tempo oficial, tempo legal, tempo sideral, tempo solar, tempo tropical, tempo uniforme, tempo universal, etc.. São coisas diferentes, cada uma com sua definição própia.
O tempo biológico se distingue do tempo físico, para um menino de seis anos, uma hora parece ser mais longa do que um dia inteiro para uma homem de 70 anos.
O tempos e a velocidade estão sempre condicionados: Para uma pessoa que esteja se deslicando com uma certa velocidade o tempo não é a mesma coisa que o de outra pessoa que esteja parada (esse aspecto tem implicações com as viagens espaciais).
como vivemos na Tessa e ete nosso planetea tem im movpmento próprio de trotaçõ, esytamos todos nórs girando com uma grande velocidade (mais de 1600 km/hora junto ai equador). Além disso, a Terra que em méfia se encontra a 1500000000 km do sol, percorre a sua órbita elíptica com uma velocidade que, para nós é fabulosa, mas que apesar de participarmos, nem sentimos.
Em sua evolução contínua o homem vem procurando medir o tempo cada vez com maior precisão. Pela primeira vez o tempo foi medido pelo deslocamento de uma sombra de árvotre, Depois surgiu o Gnomon (nome díficil de um pequeno bastão cuja a sombra projetada sobre uma superfície indicava a variação do tempo).
Mais tarde vieram os relógios, começando pela Clepsidra que foi construida por Amenofis III (1550 A..), o Relógio de Água, o Relógio baseado no movimento do Pêndulo. o Relógio com corda e âncora e recentemente o Relógio de quartzo.
Os relógio não deixam de ser aparelhos que imitam a rotação da Terra, Indicando mais ou menos o decorrer do tempo. Estamos dizendo mais ou menso , porque o tempo certo ou verdadeito é dado apenas pelo dia sideral relativo ao movimento da Terra.
Aqui surgem novas complicações: O movimento do nosso planetra em torno do Sol sofre influencias da lua e de outros planetas e, além disso a órbita descrita em uma ano nunca se repete mais, ocorrendo variações na trajetória elípitica. Por outro lado o movimento de rotação da Terra também apresenta irregularidades imprevisiveis.
Sabemos que a Terra vem retardando o seu movimento de rotação, felizemente muitíssimo pouco: A duração do dia aumenta 0,00164 segundos em cada século.
Outros aspectos curiosos podem ser mencionados: Hoje, quando atravez de um telescópio observamos uma galaxia, por exemplo a Espiral Triangular que esgota a 2.350.000 anos luz de distância, estamos, nesse exato momento vendo uma coisa como era há mais de 2 milhões de anos atráz! Se estivessemos localizados em uma estrela observando a luz emitida da Terra, passaríamos a observar os acontecimentos e a História do passado.
Como a nossa medida do tempo está vinculada ao movimento da Terra foi necessário estabelecer um ponto de referência na suprefície da terrestre, uma linha de partida. Essa linha que se denomina Limite de data foi definida no Oceano Pacífico, junto a Samôa. O Oeste dessa linha está o dia anterior e a Leste inicia e prossegue o novo dia, de tal maneira que o viajante poderá partir de um ponto no domingo e chegar no seu destino no sábado anterior, desde que cruze a linha para o Leste.
Voltando à idéia da eternidade, deve-se ao escritor Hendrick a linda concepção que segue:
"Muito longe, nas plagas boreais, numa terra denomida Svihjod,
eleva-se um penhasco impotente, de cem milhas de altura e cem milhas de circuferência.
De dez em dez séculos um passarinho pousa nesse rochedo, para aguçar
o seu bico.
Quando, desse modo, a avezinha houver consumido o penhasco todo, ter-se-ia escoado
um único dia da eternidade."
Para terminar estas curiosar observações é interessante observar que a definição do segundo (unidade de tempo) teve de ser mudada para a seguinte: "Um segundo legal é 9'192631770 períodos de radiação correspondendo à transição entre dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de Césio.
*Professor catedrárico da USP. Engenheiro e consultor e gerente de projeto do CENC. Membro do corpo de especialistas da ONU.