Do
céu para a terra sem cair: A Percepção, a revolução e o novo mundo
Erahsto Felício de Sousa[1]
Ano
de 2006. A Classe Operária não foi ao paraíso – ou foi ao paraíso
da Burguesia! O Capital apesar de ser discutido ainda não foi superado
pelas idéias proletárias. Sendo sincero, o Capital é muito mais
vivido (no sentido de ser aplicado) do que discutido. Estamos num espaço-tempo
em que até os maiores críticos do Capital o vivem intensamente.
Escreve-se um livro contra e se vive a favor. Mas até mesmo estes
antagonismos, próprios do sistema, alimentam as discussões. A televisão
nos dá uma idéia de realidade fantástica e assombrosa sobre o mundo.
Não há mais necessidade de livros, jornais ou revistas, a TV e a
Internet já cobriram tudo. O desenvolvimento
é o apelo essencial que faz os proletários terem fé e os capitalistas
atrasarem a revolução. Mas a revolução já não é um fato apenas,
ela também é compreendida como uma situação, um conjunto de práticas
adquiridas e usadas para uma mudança (também como a revolução dos
astros). Há quem diga que o milagre não chegou, há quem diga que
estamos vivendo o milagre. Enquanto isso a contemplação tem sido a prática
proletária. Quando não contemplam diretamente os capitalistas,
contemplam indiretamente através dos seus dirigentes. O Espetáculo reina no mundo do fragmentário e todos só buscam a
abundancia do morto. A contemplação continua e o capitalismo nos faz
acreditar que as verdades provêm da ciência. Os proletários assim
como não detêm os meios de produção, também não detêm a
linguagem, a ciência, a História, o mundo. Existe a necessidade de
mudar tudo isso, mas as receitas do século XIX, e suas reformulações
não contribuíram decisivamente. Nossas heranças medievais vêm sendo
sistematicamente dissolvidas ao passo que corremos cada vez mais rápido
para o não humano. Até que
provemos o contrário, a Classe Operária não vai ao Paraíso.
Cientificismo
entre as armas do capital
“Vivemos dentro de um
Sistema (economia, política, relações sociais...), e este é o
regulador das vidas, em todas as suas minúcias. (...) Uma de suas
vertentes, e talvez a mais danosa, é a que se refere a imposição de
uma visão fragmentada, logo distorcida, tornando as pessoas incapazes
de um raciocínio mais amplo, é
como se estivessem adormecidas para o que acontece a sua volta,
limitando-se a um pensamento mecanicista. “
Ragi Tafer em Crise
de Percepção (Gunh Anopetil).
Para erigir o novo por sob o mundo feudal,
os burgueses não tiveram apenas que tomar os meios de produção. Não
era questão de dominar apenas as bases econômicas. Aquele mundo onde o
mítico-religioso, os estamentos, e as linhagens consangüíneas
“corriam pelas veias sociais” não aceitaria novos dominadores. A
burguesia podia deter a economia, mas para que detê-la se não para
controlar o societal? Foi necessário destruir a linguagem vigente, e
criar uma nova forma de conceber o mundo. Deus sozinho não foi capaz de
dar aos burgueses o poder. As novas forças produtivas pediam algo mais
concreto, já que a essência das propostas burguesas era o material. As relações de produção produziram relações pautadas
em uma linguagem suficientemente capaz de destruir a idéia feudal.
Saímos do medievo onde toda resposta se
encontrava em Deus, e adentramos em um mundo que há verdades científicas
prontas para todas as questões a serem ainda formuladas. Não importa a
natureza dos questionamentos, Copérnico, Galileu, Newton, os
Iluministas, os Enciclopedistas substituíram Deus pela Razão, ou
melhor, contribuíram para a queda do feudal religioso-cristão pelo
burguês religioso-científico. Parece não haver nada no mundo que não
fuja a regra da razão e da ciência. Por hora até mesmo Allan Kardec[2]
disse que o espiritismo é religião, filosofia e ciência (parece que pelo menos aqui a ciência não foi totalmente
fragmentada). Se antes o ocidente via Deus em tudo, hoje até para ver
Deus invocamos a sacrossanta lógica do racionalismo. A questão é
saber se o racionalismo é uma forma de percepção de mundo que
corresponde universalmente nos fatos em
si ou se somos envoltos por uma possessão – uma noosfera:
esfera das coisas de espírito
– que nos faz enxergar razão em tudo.
Onde
quer que pisemos, seja nos círculos de discussão da sociedade
capitalista (por exemplo, marxistas financiados pelas agências de
fomento), ou nas aulas de História, certamente concordaremos que “historicamente,
a burguesia desempenhou um papel revolucionário” (MARX; ENGELS,
1848). As revoluções burguesas ao passo que desenvolveram os modos de
produção, moldou a seu modo às relações sociais. Sem laços sanguíneos
ou sentimentos nobres e servis, a porta aberta foi a da falsa relação
de “liberdade, igualdade e fraternidade”. Tentamos de modo insucesso
ver a autenticidade destas palavras em nosso cotidiano. Esta tríade
erigida sob uma base material nos condiciona a pensarmos racionalmente
que temos livre-arbítrio frente
o capital e o racionalismo. As revoluções burguesas não só nos
entregou de mãos beijadas e de braços abertos à racionalidade como
herança grega, mas também nos impôs a ficarmos de mãos atadas e de
braços atados quanto a liberdade de aceitação. A burguesia fez todas
suas façanhas revolucionárias se converterem em verdades materiais.
O racionalismo
científico diz explicar-nos todos os fenômenos existentes e
mostrar que a verdade provém da ciência, ele trabalha com verdades
sobre o fato em si. Esse apego
Clássico à razão retorna a cena, mas a serviço da burguesia, não
porque os gregos estavam certos, mas porque este apego é condição
suficiente para derrotar os princípios feudais. Essa herança clássica
transfigura-se no cientismo (cientificismo),
que segundo o Dicionário Aurélio é a “Atitude
segundo a qual a ciência dá a conhecer as coisas como são, resolve
todos os reais problemas da humanidade e é suficiente para satisfazer
todas as necessidades legítimas da inteligência humana”. Em
suma, acredita-se que é a ciência uma portadora da verdade e das
necessidades da humanidade. Com tanta ciência, a humanidade está longe
de ter suas necessidades atendidas. Aqui não posso
ainda condenar a ciência, pois esta é uma atividade muito mais antiga
– milenar – que o próprio capitalismo, mas devo
dizer que o cientificismo, essa religião da ciência, é danoso a
qualquer sociedade humana.
A ligação entre esse cientismo e a razão
é mais estreita do que possamos imaginar. Por exemplo, as
“descobertas” dos epistemólogos do racionalismo (Copérnico,
Galileu, Newton) mais do que uma atividade intelectual, elas devem ser
entendidas como práticas políticas, visto que não passaram de redescobertas.
Três séculos antes de Cristo, Aristarco de Samos já entendia que a
Terra era redonda, que gira em torno de si todos os dias e em torno do
Sol durante um ano. Eratóstenes um século mais tarde mediu o raio da
Terra com uma considerável precisão. Quatro séculos antes da era
cristã, Demócrito já concebia a existência de átomos por pura intuição.
Essa forma de ver o mundo precisava ser retomada, ela poderia fazer ir
por terra todos os ideais que “aprisionavam” os medievais. É
por este motivo que “e a ciência da ideologia mostra sua outra cara,
a ideologia da ciência” (ROTHE, 1969).
Enquanto os epistemólogos traziam antigas
novidades ao mundo, os militantes (Iluministas, Enciclopedistas)
introduziam um paradigma para conceber o mundo. Era uma revolução semântica
cujo produto foi a queda das idéias feudais. Com toda certeza a
burguesia foi revolucionária para derrubar o feudalismo e para se
conservar no poder. Hoje o imaginário conserva os produtos da revolução
burguesa, não como uma atividade revolucionária, mas como verdades
postas e esclarecedoras.
Mas analisar o capitalismo moderno não é
só cientificismo e queda feudal, é perceber como o Espetáculo tomou conta de todas as estruturas sociais. “Tudo
que era vivido diretamente tornou-se uma representação” (DEBORD,
1967). Quando não sabemos o valor de determinado número em uma equação,
atribuímo-lo o valo “x”. Este valor é uma representação de um número existente que
nós não conhecemos. Mas o que tudo isso te haver com o capitalismo
moderno e com a obra de Debord? Bem, o capital percebeu que havia
lacunas no processo de dominação do homem, e que estas correspondiam
às partes do imaginário não condicionadas unicamente pelas (não)
condições materiais. (A ciência não domina estas partes, mas está
incessantemente tentando.) Sendo estas subjetivas (sentimentos e outras
abstrações) o capital não conhecia seu valor, logo não poderia dominá-la.
Dessa forma ele criou representações para estes valores desconhecidos.
Amizade, esperança, felicidade, compaixão, transcendência, amor. Tudo
virou um “x”, uma
mercadoria com fetiche, tudo
pôde ser representável, logo mensurável, logo dominável.
Para legitimar toda a dominação
capitalista um fator foi decisivo: a academia científica, a
universidade. Este “templo do saber” é o local escolhido para criar
verdades e alienar indivíduos. Um dos seus principais objetivos é
atender as demandas do mercado. Isto inclui produzir mercadorias:
estudantes incultos e incapazes de questionar a sociedade; e técnicas
necessárias para o desenvolvimento do capitalismo. Se é verdade que há
muito de militantismo nas universidades, é ingênuo pensar que na
academia é possível
desenvolver atividades criativas (revolucionárias), pois ela é apenas
uma contemplação das verdades da ciência atual. Mesmo que queiramos
mudar os paradigmas, certamente só será aceito como ciência, se
contemplemos outros cientistas. A universidade é o templo do fragmentário
e da conservação do velho mundo. Ela é tanto responsável por nos
mostrar razão e ciência em tudo – incluindo em nossas subjetividades
–, como por tornar o
conhecimento humano mais uma ferramenta de dominação. Vaneigem,
entediado com o espetáculo do conhecimento, se aventura no conhecimento
do espetáculo: para que viver e crer em uma ciência que não nos
contempla? Enquanto isso a academia continua a instaurar a História-Verdade
(burguesa), criando uma condição de entendimento para a sociedade que
o modelo de humano correto é o ocidental e que o capitalismo é natural
ao ser humano. As subjetividades humanas já correspondem a uma
objetividade material (mercadoria). Hoje o capitalismo desenvolvido
busca explicar de forma científica as relações de sentimentos, hoje a
dominação é quase total no fragmentário.
Não há mais o que se assustar. A ciência
cria verdades, depois diz dar “um salto de qualidade” e destroem
todas essas para criar outras. Hoje cientistas já questionam os antigos
clones, dizem que um raio de luz sofre desvio e que o fóton tem matéria,
que o homem nunca foi à Lua (óbvio, os astronautas ou cosmonautas são
apenas garotos propagandas)... Criando e destruindo, se alterando
incessantemente para sempre surpreender o humano. Mas ela não apenas
cria suas verdades para no próximo piscar de olhos destruir, ela também
cria verdades cujo objetivo é a destruição. Já não podemos mais
pensar em desenvolvimento que contemple a ciência e a tecnologia como são
concebidas. A ciência ao desenvolver a medicina, fez o grande favor de
criar doenças; ao modificar a natureza, fez questão de destruí-la; ao
criar o ar condicionado, poluiu todo ar não condicionado. Se para os
cientistas, “a natureza? ela que se adapte”, pros políticos
capitalistas, “o povo? ele que se adapte”. O desenvolvimento-sustentável
não passa de um insustentável acumulo de novas-mercadorias-velhas.[3]
Percepção
como um diagnóstico
“...os cientistas são
homens inseridos num contexto cultural lingüístico, e nada podem nos esclarecer sobre o mundo em si. Podem dizer quais são as teorias sobre o mundo no estado
atual das crenças / conhecimento científico.”
Luther Blisset em O
Século XX Debaixo dos Pés (Guerrilha Psíquica).
Vivendo sob as bases materiais do
capitalismo moderno, em meio ao Espetáculo
da abundância do irreal, e com a visão do racionalismo
científico o que resta ao ser humano na tentativa de viver em
liberdade? Frijof Capra nos diz de “uma nova visão de mundo” para
superar nossa crise de percepção.
Raul Vaneigem e os Situacionistas clamavam pela “inversão de
perspectiva”, o momento em que criaríamos novamente. Hakim Bey
acredita que toda esta cultura é uma mentira, todas estas verdades
nunca existiram, é tudo falso, o único princípio verdadeiro é o Caos.
Não sei até onde podem ser conceitos diferentes, se diferentes, até
onde podem ser antagônicos? É como se a árvore encontrasse o humano e
não o matasse, percebe-se que eles são um ser total. Há até então
um consenso: esta sociedade é insuportável, a sociedade boa é a
sociedade pós-revolucionária. Vivemos então numa espera masoquista. A
Revolução ainda não veio, tanto é que continuamos na reino da
sobrevivência, todas as experiências tem virado livros acadêmicos ou
cartilhas políticas. As mudanças do campo semântico têm apresentado
apenas as necessidades do capital. O ser humano depois do capitalismo não
criou uma nova visão de mundo, não inverteu a perspectiva nem percebeu
o Caos que existe.
Categoricamente pode-se afirmar que nenhum
paradigma é absoluto. Edgar Morin afirma: “nossa
realidade não é outra senão a nossa idéia da realidade” (MORIN,
2001); não passa de uma interpretação. Usemos o exemplo da dialética.
Para Hegel a dialética correspondia ao real, a sociedade e as idéias
eram questões da dinâmica dialética (tese x antítese = síntese).
Bem, para mim – e acho que para Wittgenstein e Blisset – a dialética
é mais uma das inúmeras teorias das quais pode-se interpretar o mundo
e a História. Ser a dialética a mais usada não pressupõe que seja a
mais útil, talvez seja a mais interessante para alcançar os resultados
desejados. Não existe o certo,
existe o que algumas pessoas entendem como certo. Como pensarmos em fato em
si quando apenas 2% do nosso sistema neurocerebral nos conecta ao
mundo exterior, enquanto 98% do conjunto são de funções internas?
Quando o cego posto em frente a um
holograma nada consegue perceber, não é que o holograma não exista,
mas o cego é incapaz de senti-lo. Talvez há algo que o racionalismo não
explique, mas que exista. Se pensarmos no medievo de forma racionalista,
podemos dizer que os habitantes da Europa no séc. XIII acreditavam em
monstros marinhos que “não existiam”. Não existiam em si, pois
posto que eles acreditavam, isto já fazia alguma diferença. As crenças
medievais eram legitimadas pela idéia do divino. A religião mudou, e
hoje a ciência é também uma questão de fé. Antes os padres se debruçavam
por sob Deus para elucidar as questões da sociedade e do mundo, agora
é a vez dos cientistas se debruçarem sob a ciência.
O racionalismo
científico não é a única e nem a mais correta forma de
interpretar o mundo. Um xamã pode ter outras formas de conceber o mundo
muito mais útil para si e pra seu grupo. Os próprios Árabes medievais
nada entendiam de secularismo (divisão entre o religioso e o político-civil),
enquanto os cristãos ocidentais já tinham ouvido do próprio Jesus a
frase “daí a Deus o que é de
Deus e a César o que é de César”. São concepções de mundo
diferentes, e quem pode dizer, sem sua carga cultural, qual das duas é
a certa? Acreditar também que o racionalismo é uma interpretação
imparcial do mundo é o mesmo que defender os livros didáticos como
neutros dentro duma classe escolar. Não. Ambos estão a serviço de
seus detentores.
Ser a ciência um conjunto de
conhecimentos socialmente adquiridos não tem nada haver com seu valor
universal, apenas com seu valor cultural. Uma das características da ciência
é o seu potencial de trabalhar as partes para depois conhecer o todo.
Cada ciência cuidando de sua “ossada” e o conjunto delas forma o
todo (vide universidade). Essa forma especializada de conceber o mundo
nos impede de conhecer o todo, pois nunca se trabalha a complexidade (tecer
junto) no cotidiano. As novas descobertas da física contemporânea
mostram que a própria linguagem da ciência é deficitária e não
consegue atender as demandas das novas teorias. A linguagem
universal da matemática começa a pedir uma matemática da linguagem universal. Não é apenas uma questão de
militância política. Para a própria ciência os paradigmas já devem
ser mudados.
Depois, torna-se saudável perceber a ciência, o cientificismo, a razão, o racionalismo, o capital e o capitalismo como culturas. Ah sim, e a cultura? Mais do que a maior de todas as mercadorias, ela é o maior de todos os fetiches. Com quanto tentamos nos olhar e perceber o que é “natural” do ser humano percebemos o quanto somos absolutamente culturais. Mesmo que falemos em espírito, alma, essência... todos estes termos são banhos culturais que disfarçados de verdade tentam nos envolver. Ela não apenas nos faz comprar todas as outras mercadorias como pensavam os Situacionistas, mas antes disto ela torna tudo mercadoria. Todas vezes que colocarmos a cultura no singular ela se apresentará como um objeto morto que generaliza e esvazia de conteúdos humanos. Culturas não é só aquilo que abstraímos e cremos enquanto cultural, mas é a resistência, a sobrevivência em símbolos. Uma imagem que se tenta estabelecer da luta do cotidiano. E mesmo assim corre-se o risco de tornar mercadoria![4]
Infelizmente as limitações das culturas
nos impedem de, por hora, criar novas linguagens e novos paradigmas
suficientemente capazes de destruir as vigentes. Mas o grande problema
é que até mesmo as críticas ao próprio racionalismo,
como imposições da classe dominante, são feitas racionalmente, dentro
da linguagem e da cultura dominante. É como se pedíssemos ao nosso
inimigo, armas para lutar contra ele. Nos oferecem balas de festim,
espadas de espumas e mapas falsos. O resultado é que acabamos, vez em
quando, contribuindo para as novas revoluções do capitalismo.
O próprio marxismo é científico, logo
racional. Ele pode oferecer modelos de entendimento desta sociedade, mas
continua a perceber o mundo a partir do material fragmentário. As
palavras de ordem da sociedade burguesa foram: matéria, exploração e
alienação. Entendê-las é necessário, mas por si só não é
suficiente. Isto não é uma condenação ao marxismo, mas um aviso: a
burguesia revolucionou tomando os meios de produção e criando
uma nova forma de conceber o mundo que superou o modelo feudal, não
basta tomar o poder, deve-se superar a crise de percepção. Posto que
as práticas revolucionárias criam novos campos semânticos e afirmam
novas verdades, o marxismo ainda não interpretou o mundo fora da
linguagem do cientificismo. Em parte foi este o trabalho dos
Enciclopedistas quando da queda do feudal, criar uma nova linguagem que
abarcasse o novo mundo burguês. Talvez seja esta uma experiência a ser
aprendida com as revoluções burguesas e não apenas tomar os meio de
produção.
Por sua vez, a História também tem
discutido o seu lugar, se na ciência ou não. O Metodismo Científico
(dito Positivista) de Ranke tentou alinhar a História às ciências
exatas, mas mostrou-se totalmente parcial para atender a classe
dominante. (Neste caso a idéia de que o sujeito era escravo do objeto
fazia-se entender como uma imparcialidade universal) Por outro lado, a
crítica Presentista apresentou uma História engajada, mas que atendia
também a classe dominante na busca pela democracia capitalista. É da
oposição a estas duas concepções de História que surgiu uma nova
concepção que visa construir uma relação entre sujeito e objeto em
que não haja escravos nem dominadores. A Nova História (As Novas Histórias)
discutiu também uma História vista de baixo, vista pelos dominados,
onde o historiador é um sujeito político. Nessa concepção é quase
consenso que o passado não existe e que a História não se interessa
pelos fatos, mas por seus significados. Apesar disto ser grande avanço,
as condições sociais se encarregam de fazer a História, ainda assim,
produzir verdades científicas. Benjamin, contrário a cientificidade
histórica, entendia a História como uma ação política para levar
esperança ao proletariado. Esta esperança era levada não por a História
ser científica, mas por comunicar experiências. É um sentido claro de
olhar para o passado e ver a luta de classes, e ver como os derrotados
lutaram contra os dominadores. Perceber como essa luta não acabou, e
que para os derrotados descansarem em paz é preciso que vençamos os
dominadores. É uma guerra no campo da História. Já a crítica Pós-Moderna
e de Certeau vem discutir a inexistência de verdades e fatos na História.
Esse é um entendimento onde a realidade é inapreensível, o passado é
inalcançável, e a História é uma criadora de verdades
que dependem dos métodos de pesquisa e da influência do presente. A
historiografia é a relação entre um lugar, procedimentos de análise
e construção dum texto. É uma luta contra o cientificismo, mas sem
desvalorizar a História, pois esta tem um papel fundamental na superação
da crise de percepção.
Revolução
como forma de humanidade
“O desafio que a
reificação lança à criatividade de cada um não está nos ”o que
fazer?” teóricos, mas na prática
do ato revolucionário. Aquele que não descobrir na revolução a
paixão axial que permite todas as outras só pode alcançar uma
caricatura do verdadeiro prazer”.
Raul Vaneigem em Saudação
ao Operário Revolucionário (A Arte de Viver para as Novas Gerações).
Os situacionistas acreditavam que o desvio
(détournement)[5]
seria a prática permanente da teoria revolucionária.[6]
Posicionavam-se contra o sentido dominante da linguagem, dicionários e
gramáticas. Neste caso o contra-sentido
era chamado à legitimidade para uma ação revolucionaria. Não se pode
fazer uma crítica unitária[7]
utilizando a linguagem do velho mundo, temos que ao criticar este mundo,
criar um novo (eu apliquei o desvio nas idéias situacionistas). O fato
é que as condições materiais e mesmo nossa cultura criam grandes
entraves para iniciar a subversão do mundo dominante para um mundo sem
dominação.
Apostar na matéria e no fragmentário
como base para uma sociedade foi o grande trunfo do capital. Ora, se
mesmo a matéria não importa em si, mas é dependente de uma interpretação
(abstração) dos seres humanos, aqui se pode apresentar uma inversão
de perspectiva. O tempo todo estamos saindo do concreto para o abstrato,
como se eles não fossem um só. É como se todas as abstrações
dependessem unicamente das bases materiais, como se fossemos apenas estômago,
não pelas delícias, e sexo, não pelos amores. Mulher ou homem /
prazer, dinheiro / felicidade, diploma / conhecimento, carro / status sócio-sexual,
casa / lar. A própria afirmação que foram as necessidades materiais,
e não as opções subjetivas, que fizeram o homem deixar a vida de caçador
coletor para a de agricultor perpassa por um entendimento de mundo
pautado no material. Ver o mundo como ações do subjetivo humano não
escravas das condições materiais é bom começo.
Quando interpretamos o mundo de forma
racionalista, imediatamente ficamos escravos do objeto e do objetivo.
Temos que acreditar naqueles que dizem ter explicado de forma racional
os fenômenos. Acreditar em átomo sem vê-lo, acreditar em
teletransporte de fóton sem conhecer nada sobre física contemporânea.
É uma nova religião na qual somos escravizados.
A subversão possível deste mundo pode
ser a coesão entre objetos e sujeitos, sujeitos e sujeitos, objetos e
objetos, e objetivos e subjetivos. Isto não torna o objeto escravo do
sujeito – posto que de alguma forma já o é –, mas cria um
entendimento de interpretações sobre algo e não verdades em
si. O subjetivo em si não
pode superar as condições materiais na qual nos encontramos, mas pode
indicar novas formas de superação do estado atual de coisa que nos
tornamos. Deve-se criar uma linguagem, uma forma de ver um novo mundo
ainda a ser inventado.
Todas essas concepções de mundo que
tentam, através do fragmentário, representar o real devem sucumbir ao
universo do total. Parece que nesse caso a idéia que os Árabes tinham
sobre o mundo torna-se interessante. Não se pode mais separar o que é
político do que é religioso, econômico e social, tudo é
‘culturas’. A dissolução de todos os divórcios da humanidade deve
voltar à tona. Teoria e prática, subjetivo e objetivo, sonho e
realidade, tudo configurado em um só, pois posto que sempre foram assim
(Caos).
Dissolver o fragmentário é reinterpretar
o mundo de forma que um novo campo semântico apareça como
potencializador de novas interpretações. A idéia é que possamos
viver entre as coisas de espírito sem que nos aprisione. Um espaço,
onde toda teoria é mais uma das muitas possíveis, e a verdade possa
ser entendida como doença semântica.
Não há espaço em meio à sociedade em
que possamos apostar na ciência fragmentária para conceber o
desenvolvimento do mundo. Esse desenvolvimento, onde a abundancia do
morto (mercadorias) é o objetivo final, não contempla nossos anseios
autênticos. Apostar em viver é implicar todas as forças para destruir
o mal da sobrevivência. O futuro não pode mais ser pensado como o espaço
ideal das ciências e das técnicas. Assim não podemos mais fugir dum
devir que é humano e subjetivo. Essa ciência não pode gerar paz ao
mundo, pois ela é pautada na desigualdade. Superá-la é antes de tudo,
entender que ela já tem pouco a nos oferecer. Quanto mais ela nos
“ajuda”, mais ela nos aprisiona. A primeira corrente a quebrar deve
ser o dos apegos (apesar deu estar escrevendo num computador).
A prática permanente deve voltar. Desviar
os sentidos da ciência, pô-la a serviço da destruição de verdades
pode ser um caminho. É a unidade total chegando em meio ao fragmentário
e sem pedir licença vira o fragmentário contra ele mesmo. O Caos
volta, as pessoas lembram dele e ignoram a presença das farsas. Os
panfletos não mais tentam provar com números que o governo é
corrupto, mas trás consigo a necessidade de que as pessoas vivam sem
limites. As faixas nas ruas trazem convites a piqueniques na hora do
trabalho. Saciar o anseio de poder ser irracional e não ser taxado de
doente. Construir um humano que crie novas teorias e que não seja
ridicularizada pelas dominantes. Destruir o dominante. O unitário volta
e explica-nos que não há mais identidade individual, nem poder
coletivo, quem dirá saber excludente. Os analfabetos nos dão aulas
sobre a vida. Os marginais de rua ensinam-nos a viver de desvio. A
academia começa a escrever livros sobre a revolução e a revolução
ignora as verdades da academia. Para o burguês o mundo parou. Para o
povo ele começa a girar!
Novo
mundo entre as calçadas do presente
“História,
materialismo, monismo, positivismo e todos os “ismos” desse mundo são
ferramentas velhas e enferrujadas que já não preciso ou com as quais não
me importo mais. Meu princípio
é a vida, meu fim é a morte”.
Renzo Novatore em Citações
Extras (TAZ).
Esse sussurro que o capital tenta ignorar
já é incomodo demais para que não nos remeta a um novo mundo. Da Baía
dos Porcos vemos pinceladas de esperança dum povo disposto à mudança.
Todos os heróis para si reuniram-se em torno da caricatura de
opressores para saldar as lágrimas da criança que chorou na revolução.
Nenhuma das acusações de violações dos direitos humanos humilha
qualquer humano que busque sua liberdade. Os juizes de agora querem
ignorar a restauração da esperança, condenando-os por métodos ou
crenças consideradas equivocadas. Deixemos para burgueses esse
julgamento, a nós importa ver o novo mundo construído nos olhos de
cada um que lutou. Não importam mais quais são as direções de luta
do proletariado, nenhuma união da classe pode se fazer pela exige de
uma ideologia. Saldar a todos que lutam, e ser sensível a cada
transformação e a cada significância que possamos abstrair dos
canaviais de uma ilha. Não se trata mais de pensar nos generais, mas
pensar nos gerais. Fidel e Che há algum tempo deixaram seus gritos
ecoando na história, mas a única coisa que esta pode nos dar é a
esperança da mudança.
Não tão longe dali, na selva Lacononda,
índios guerrilheiros nos ensinam sobre um novo mundo erigido sob seus pés
desde o primeiro pensamento de libertos viver. O comandante, que não é
um indivíduo, mas um povo, sempre surge com mais comunicados que nos
comprova a existência de uma zona que vai além do espaço, pois é psíquica,
climática e emotiva. Para cada árvore a salva do império,
não só vale uma festa com direito a música e dança, mas um gozo
espontâneo e inocente em meio a uma guerrilha. Nem pensemos em criticar
métodos, pois tendo alma, esses seres humanos são muito mais que uma
parca geografia política. Seus ensinamentos têm um formato de um livro
de páginas infinitas, mas que pode ser lido e um piscar de olhos. As
mascaras nos lembra o não-indivíduo.
E neste mesmo tempo o nome múltiplo e seu
exército de eu’s derrubam um prédio apenas com a força do
pensamento. A polícia não sabe como deter este herói mitológico
urbano. Como se enquadra uma destruição patrimonial através da
guerrilha psíquica? As obras de arte tremem ao ouvir tal nome, elas têm
a certeza que logo de desfragmentaram e deixaram sua existência
enquanto arte mercadoria. Um teatro se forma em meio a uma multidão e
de repente todos são atores. A história não o classifica, o Estado não
o detém: além do avatar, existe o profeta. Instaurasse uma assembléia
de todos e as deliberações individuais serão sentenciadas conforme o
prazer pela causa. A causa está ganha.
A autogestão generalizada do subúrbio
francês, que invés de se suicidar como o
tedioso preferiu criar a vida, não para de brincar de revolução.
2005, 2006 ad infinitu. Se
queimar carros não for o suficiente queimemos a cidade. O urbanismo é
tão importante quanto o rótulo do refrigerante preto. Os venenos se
voltam contra a burguesia e começa a surgir um jardim onde cada grama
corresponde ao valor de liberdade. Os conselhos começam por se
apropriarem de seu trabalho e terminam ao dissolver o trabalho. Nenhuma
lógica racionalista é empregada na hora de decidir sobre a vida.
Quando o prazer não rege, todas as perspectivas são convidadas a
orientar os humanos em suas decisões. Não há nada para nos freiar,
tiramos os freios dos carros, não há mais carros.
Aí uma roda de capoeira inicia-se, não
percebe se é angola ou regional. Sendo sincero, até quem não
“sabe” jogar capoeira entra e faz sua parte. O berimbau marca o som
que nos fala de burguesia selvagem e de operariado libertário. São dez
da manhã e não há público, todos estão na roda pra jogar. Cada um
que é mestre de si, fala duma experiência do tempo que o mundo vivia
parado, e todos eles saúdam o tempo quando voltou a passar.
Esse não é um mundo feito após a revolução,
mas um mundo que em si é a revolução. Ele não tardará a chegar,
pois caso alguém o reivindique, ele já começará a aparecer. Todos
podem através de suas práticas criar suas teorias. E felizmente há
teoria para tudo, pois há prática para tudo. O certo e o errado
morreram com a ultima pessoa a morrer por arma de fogo (ela acabou de
morrer). O fragmentário sobrevive com aqueles que contemplam um
universo menor, eles não são recriminados, mas felizmente não detêm
a verdade, porque ninguém a detêm.
Mas os novos campos semânticos não são
suficientes para abarcar este novo mundo. As armas existiam e os exércitos
também, como destruir em um piscar de olhos todo maquinário (material
e imaterial) burguês? É o mal da sobrevivência que fez com que as
pessoas não optassem por não viver. As novas formas de ver os mundos
ajudaram a perceber que há tudo a ganhar, quando não há nada a
perder. Lemos 1984, Admirável Mundo Novo,
Impérion, e decidimos não esperar.
E depois a autogestão generalizada
destruiu co suas brincadeiras típicas do bom lazer humano acabar com as
forças da ordem. A opressão do capital nada pôde, pois quando
policiais e exércitos marchavam contra os conselhos operários, contra
as TAZ’s, os trabalhadores do banco quebrava o caixa, os servidores públicos
excluía o banco de dados dos opressores... Cada travessura dessa custou
a estes homens boas gargalhadas e o prazer de poder viver sem opressão.
Mas preciso dizer que muitos cabeças vazias (militares que defendem a
ordem) ainda assim marcharam contra os humanos, mas tiveram de combater
ex-militares que agora em vez de armas carregavam animais e flores. Se
houve morte? Sim existem aqueles que só tiraremos das fábricas e de
nossos espaços com um bom fuzil na mão.
Enquanto isso a academia mal percebia o
novo mundo surgindo, as pessoas que burlaram a sobrevivência
(pescadores do esgoto e marginais de ruas) já queimavam livro após
livro que falasse sobre desenvolvimento ou tecnologia. Quando duma crise
dita econômica, as pessoas não procuraram emprego, mas plantaram nos
jardins das praças públicas, e cavaram poços artesianos nas escolas públicas.
Os apocapitalistas
(capitalistas que buscam o fim dos tempos) corriam para o futuro, e os
seres humanos escavavam sítios arqueológicos para contemplar a antiga
luta dos oprimidos. Surgiam carros voadores para os bonecos eletrônicos
(filhos de apocapitalistas) e as crianças brincavam de arco e flecha.
As cirandas voltaram, o pega-pega abandonou os policiais – essas
torres que amparam os burgueses – para fazer os velhos pegarem uma
juventude que sempre esteve com eles.
Só há unitário, Caos e inversão de perspectiva. As pessoas chamam as outras de eu,
e conversam como vocês como se fosses tu. Não há mais fragmentos,
estamentos, nem derramamentos. Se a ciência não se tornou una, ela se
tornou una para cada indivíduo. Talvez a redenção tenha vindo e o Anjo da História chegará tarde demais. A História, tal como
qualquer outra idéia já faz parte do cotidiano sem que precisemos mais
clamar pelos intelectuais.
Não há mais o que reivindicar da História.
Antes o passado servia para que as pessoas captassem momentos bons,
porque os de então eram péssimos. O passado era a alavanca de um
progresso. Todos ou com medo do passado ou querendo instaurar no passado
o futuro. No novo mundo não há mais devir histórico. Não há mais
objetivo político, quem dirá científico. A vida é algo tão novo,
posto que só havia sobrevida, que as pessoas pouco pensam no futuro e não
tem necessidades do passado. Assim ele não mais nos empurrará para o
futuro, não haverá progresso nem regresso. O presente eterno anunciado
no século XX se subverte e se forma como um espaço onde passado,
presente e futuro são apenas relações do imaginário. A máquina do
tempo é o próprio agir humano.
Watts,
Lacononda, Paris, Canudos, Luanda,
Palestina, em todas as zonas geográficas um presente foi sentenciado: a
luta é o próprio novo mundo. Não nos importa mais qual é a ideologia
alemã, o mundo ganha ares revoltos e calmarias em cada mente
individual. O pouco que o velho mundo nos deixou só serve mesmo para
destruí-lo. Seres humanos serão mais que cidadãos. Aqui na Bahia
identidade não terá nada haver com Registro Geral. O homem que sabe
que sabe vai saber que o homem sabe. Os proletários de todo o mundo vão
fazer o que derem na telha. Todos aqueles “revolucionários” de
outrora, que mudaram vossos meios, não cansaram de pedir mudança até
hoje. Os humanos que caíram na guerra de classes não levantarão até
que o novo mundo se apresente para seus herdeiros. Tomar como verdade a
racionalidade e o capitalismo é negar a necessidade de novamente
revolucionar, tomar como verdade as idéias dos revolucionários de
ontem é ignorar suas práticas hoje.
Referências:
·
BENJAMIN, Walter. Sobre o
Conceito de História. In: Obras
Escolhidas. Magia e técnica, arte e política. São Paulo:
Brasiliense, 1987
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acesso em 22 de março de 2006.
·
MASSARÃO, Leila Maria. Michel
de Certeau e a Pós Modernidade: ensaio sobre pós-modernidade, História
e impacto acadêmico. www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=professores&id=21,
acesso em 8 de fevereiro de 2006
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Frederich. Manifesto do Partido Comunista. In: ALMEIDA, J. e CANCELLI,
V.: 150 Anos de Manifesto
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ROTHE, Eduardo. A
conquista do espaço no tempo do poder. http://geocities.yahoo.com.br/anopetil,
acesso em 19 de abril de 2006.
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SITUACIONISTA,
Internacional. Situacionista:
teoria e prática da revolução. São Paulo: Conrad Editora do
Brasil, 2002.
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VANEIGEM, Raul. A
Arte de Viver para as Novas Gerações. São Paulo: Conrad Editora
do Brasil, 2002.
·
______________. Aviso
aos navegantes a respeito da autogestão generalizada. http://geocities.yahoo.com.br/anopetil,
acesso em 22 de março de 2006.
[1] Estudante do curso de graduação em História da UESC. erahsto@yahoo.com.br
[2] Teórico da Doutrina Espírita Cristã.
[3]
Essa eterna crise do capitalismo nos
prova que mesmo o desenvolvimento irá sempre nivelar o social por
baixo. Não há mais como esperar que o capitalismo se torne humano.
“Não quero um mundo em que
a garantia de não morrer de fome seja a certeza de morrer de tédio”
Maio de 68.
[4] Para esta discussão sobre culturas e mercadoria a obra de Certeau A Cultura no Plural, e o livro Situacionista: Teoria e Prática da revolução dão contribuições significativas. No segundo livro há um artigo de Debord sobre o evento no Bairro de Watts em Los Angels quando a população pobre rebelou-se e invés de roubar as mercadorias, negou-as queimando, com exceção dos mantimentos e armas.
[5] Ver Um guia prático para o desvio de Debord e Wolman, em http://geocities.yahoo.com.br/anopetil.
[6]
O détournement
parece ter sido uma arma de muitos autores e movimentos da segunda
metade do século XX e início do XXI. Hakim Bey e Blisset em seus
textos aplicam bastante o desvio de sentido.
[7] “Por crítica unitária entendemos uma crítica dirigida globalmente contra todas as zonas geográficas onde se instalaram diversas formas de poderes sócio-econômicos separados, e que se pronuncia também globalmente contra todos os aspectos da vida”. Debord, Guy. Definições mínimas de organizações revolucionárias. Em http://geocities.yahoo.com.br/anopetil.
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