O Salão da Intelectualidade – pobres, negos, gentis e a Cocota
Num lugar não muito distante daqui, existe uma sociedade que vive nas periferias de um grande salão. O Salão da Intelectualidade é onde se reuni a maior parte da dita elite intelectual, que neste mundo se considera verdadeiramente intelectual. Do salão só participavam os mais nobres e “intelectuais” indivíduos da sociedade, o pobre, o nego e o gentil só participava quando era o mais notável dos mais notáveis e era aceito pelos demais. Existiam escolas que credenciavam para a entrada de indivíduos dentro deste salão. Sendo sincero, apenas as escolas da elite conseguiam o maior número de credenciamento para o cargo de elite-intelectual. De tempo em tempo o pobre, o gentil e o nego se revoltava por não conseguirem participar do salão, mas nunca conseguiam entrar neste. O Sr. Ilustríssimo Burguise era o sócio majoritário do salão, junto com ele apenas os mais próximos de suas idéias podiam ser acionistas. Pessoa inteligentíssima, o Sr. Ilustríssimo Burguise, construiu o salão para criar hierarquias no conhecimento, fragmentá-lo e fazer com que o conhecimento fora no muros do salão fosse ignorado. Mas as revoltas do gentil, do pobre e do nego continuavam, e sempre reivindicando uma forma de entrada no salão. Apesar de saber que suas escolas de credenciamento não os preparavam, eles não estavam questionando isto, eles queriam é entrar naquele salão custe o que custar. Para os intelectuais isto era um incomodo, e o Sr. Ilustríssimo Burguise teve uma excelente idéia para acabar com essas revoltinhas: _vamos colocar alguns destes que concorda com nossas idéias, para isso vamos contratar Cocota para colocá-los aqui dentro, depois eles mesmo irão sair. Bem, Cocota era uma puta da elite que fazia trabalhos sujos, ela sempre conseguia credenciamentos, convites, convocações e etc. Ela tinha as manhas pra entrar no salão e levar outros. O Sr. Ilustríssimo Burguise disse ao nego, ao pobre e ao gentil que só faria isso por um bom tempo, enquanto consertava as escolas deles que não estavam funcionando. Mas aqui pra nós, para o Salão da Intelectualidade ter parte do gentil, o nego e o pobre dentro do salão, era fantástico, contanto que estes negassem seu conhecimento antes do salão e apenas referendasse as verdades que os sócios do salão acreditassem. Vários coelhos e uma só metralhada: o pobre gentil nego pararia de importunar o porteiro pedindo pra entrar no salão; alguns entrariam com Cocota e outros ficariam do lado de fora acreditando que tudo vai mudar; e não precisaria consertar a escola. Jogada de mestre. Cocota agora faria seleções estudando entre os gentis, negos e pobres, quem dentre estes tinham a capacidade (mais se pareciam com os Intelectuais) para entrar no Salão da Intelectualidade. Todos aqui sabem que Cocota faz o trabalho eficientemente bem. Começada a “Operação Cocota Tem a Chave”, não se via mais revolta, também não se via mais consertos nas escolas. O que se via mesmo é muita gente boa negando seu conhecimento e não lutando, só para entrar num salão fétido. Hoje o Salão da Intelectualidade é mais heterogêneo, mas continua a afirmar as verdades dos sócios, fragmentar o conhecimento e excluir os outros negos, gentis e pobres. A puta virou heroína tanto para o gentil nego pobre como também para o Sr. Ilustríssimo Burguise e seus sócios. Essa é uma história verídica que foi vista por um amigo de um amigo meu.
Texto gentilmente cedido pelo:
Movimento Panétnico Pajé Baltazar de Luanda
21 de Agosto de 2005
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