Depoimento de C.P.

"Tenho 31 anos, sou advogada, tenho um marido médico e uma filha de 6 anos. Sofro de pânico, minha primeira crise foi aos 20 anos ,ainda quando era solteira, durante a faculdade de arquitetura que eu cursava em outra cidade onde morava sozinha. Não houve diagnóstico, voltei à casa dos meus pais e, como você, eu não dormia à noite e nem comia (cheguei a pesar 48 kg e messo 1,68 de altura) fiz um breve tratamento com uma psicóloga e melhorei quando me apaixonei pelo meu marido, porém a ansiedade nunca me abandonou. Há mais ou menos 3 anos, as crises e, principalmente, o medo de ter medo voltaram, mas eu já era casada e mãe e não podia me dar ao luxo de sentir essas coisas ( diziam meus pais). Então, meu marido me dignosticou com Síndrome do Pânico e me encaminhou a uma psiquiatra. Com a medicação melhorei novamente, iniciei o curso de Direito na universidade local, onde sempre me destacava pelas notas altas. Quando pensei que já estava livre desse pesadelo, veio o ano da minha formatura e o pânico voltou. Me formei com louvor mas nunca consegui trabalhar, pois tinha medo de ter uma crise e não conseguir cumprir minhas obrigações de advogada. Perdi 28kg em 4 meses, tenho negligenciado minha filha, pois tenho medo de ficar sozinha com ela em casa e ter uma crise, então sempre que posso deixo-a na casa da minha mãe, não vou nem à esquina de minha casa sozinha. Quando meu marido está de plantão no hospital vou dormir com minha filha na casa da minha mãe. Enfim, vivo hoje, sem dúvida o meu pior momento. Fui hoje à minha psiquiatra, mas tenho medo de tomar a medicação e ainda não iniciei o tratamento. Prometi a mim mesma e à minha família que vou lutar e a partir de amanhã começarei a tomar a medicação.

Sonho em um dia acordar, levar minha filha ao cinema, jantar fora e me sentir bem.

Atenciosamente

C.P.