Tejupares: o terceiro desenho

Em 1979, fazendo parte da exposição "Que viva Canudos", intitulamos Tejupares a reunião de pinturas baseadas nas fachadas coloridas existentes em muitas cidades nordestinas. Dos registros fotográficos que fizemos na época, o que nos interessou foi considerar a fachada como elemento autônomo, isolando-a da paisagem. Estudamos variações das estruturas compositivas, construindo novos desenhos e combinações cromáticas, evitando o realismo descritivo e ocupando os limites retangulares da tela. A pintura propriamente dita era de fatura fina e plana à base de óleo.
Agora , resolvemos trabalhar o "terceiro desenho", confrontando nossa visão atual com as matrizes: a experiência com o "primeiro desenho", fonte inicial de estudo, hoje enriquecida pela abrangente documentação fotográfica publicada por Anna Mariani, e as nossas pinturas de 79, consideradas como o "segundo desenho".
Recortando a madeira, ampliamos o valor do contorno das formas. Concentrando o olhar nos detalhes, fizemos surgir novas situações para compor relevos, frisos e cores, desfuncionalizando ainda mais a fachada. Adicionando matéria ao suporte, fechamos o foco para percebermos rebocos. Pintando com tintas ralas revelamos manchas, caiações anteriores. Associando formas geométricas com adornos florais inseridos desproporcionalmente à escala das silhuetas dos suportes, exercitamos opções de convívio entre imagens distintas nesses frontais salientes de embutidas moradas.

Aprigio e Frederico

Recife, janeiro de 1998