HOMEM
DIVINO É SEU ESPIRITO EM ORIGEM
(PITAGÓRAS)
EM
GUERRA COM Z´U
(Raul Seixas)
NO PRINCIPIO
NÃO HAVIA
EXISTÊNCIA OU INEXISTÊNCIA
O MUNDO ERA ENERGIA NÃO
REVELADA.....
ELE VIVIA, SEM VIVER, POR SEU PRÓPRIO
PODER
E NADA MAIS
HAVIA...
( HINO DA CRIAÇÃO, DO RIG VEDA
)
O SER
INTEGRAL CONHECE SEM IR,
VÊ SEM OLHAR
E REALIZA SEM FAZER
( LAO TSE
)
COMO DOIS
PÁSSAROS DOURADOS POUSADOS NO MESMO GALHO,
INTIMAMENTE
AMIGOS, O EGO E O EU HABITAM O MESMO CORPO.
O PRIMEIRO
INGERE OS FRUTOS DOCES E AZEDOS DA ARVORE VIDA;
O SEGUNDO
TUDO VÊ EM SEU DISTANCIAMENTO.
(UNDAKA UPANISHAD)
ILUSTRAÇÃO
DEZ- "Os Vedas comparam a alma e
a Superalma a dois pássaros amigos pousados na mesma árvore. Um dos
pássaros (a alma individual atômica, o ego ) está comendo os frutos da
árvore, os quais representam a gratificação
material dos sentidos como o
sexo ilícito ilustrado aqui; e o outro pássaro (Krsna) está simplesmente observando Seu
amigo.
Desses dois pássaros --
embora eles sejam idênticos em qualidade -- um está cativado pelos frutos da
árvore material, enquanto o outro está simplesmente testemunhando as atividades
de Seu amigo. Krsna é o pássaro que
testemunha, e a alma corporificada é o pássaro que come. Embora sejam amigos,
ainda assim um é o Senhor e o outro é o servo. Porém, se de uma ou outra maneira
o pássaro que come volta seu rosto para Seu amigo, que é o Senhor, e conhece
Suas glórias, imediatamente se libera de todas as
ansiedades.
"Embora os dois pássaros
estejam na mesma árvore, o pássaro que come está totalmente
absorto
na ansiedade e na depressão
como desfrutador dos frutos da árvore. Mas se de uma forma ou outra
ele
se volta para seu amigo que
é o Senhor e toma conhecimento das glórias d'Ele -- o pássaro que sofre
se
liberta imediatamente de
todas as ansiedades." Arjuna agora
voltou-se para seu amigo eterno. Krsna, e compreende o Bhagavad-gitã através d'Ele. E assim, ouvindo
Krsna. ele pode compreender as
glórias supremas do Senhor e libertar-se de toda
lamentação.
Aqui o Senhor aconselha que
Arjuna não se lamente com a mudança
corpórea de seu velho avô e seu
mestre. Ele
devia antes sentir-se feliz de matar os corpos deles
na luta justa para que eles possam purificar-se
imediatamente
de todas as reações das
diversas atividades corpóreas. Aquele que dedica sua vida ao altar dos
sacrifícios, ou ao
campo de batalha apropriado,
se purifica de imediato das reações corpóreas e se promove a um estado superior
de vida. Assim, não havia motivo para lamentação de Arjuna.
O MITO
FUNDAMENTAL SEGUNDO A TRADIÇÃO DA INDIA
ANTIGA
No princípio
-- que não foi há muito tempo, mas no
instante eterno -- encontra-se o Eu. Todos
conhecem
o Eu, mas ninguém pode descrevê-lo, assim como o
olho vê, mas não vê a si mesmo.
Ademais, o Eu é o que é, tudo o que é, logo, não se lhe
pode dar nome.
Não é antigo nem
novo, nem grande nem pequeno, não tem forma, mas não é
disforme.
Não tendo contrário,
é aquilo que todos os contrários têm em comum: é a razão
que faz com que não haja
branco sem negro, e nenhuma forma sem o seu oco.
Todavia, o Eu tem dois lados, o interior e o exterior. O
interior se chama nirguna,
o que quer dizer que
ele não possui nenhuma qualidade e que dele nada se pode
dizer,
nada pensar. O exterior se
chama saguna, o que quer dizer que
podemos
considerá-lo como a
realidade, a consciência e a alegria eternas.
O relato seguinte tratará
sobre o lado do saguna.
Por causa da alegria, o
Eu brinca sem cessar, e seu jogo, que
se chama lila,
assemelha-se ao canto, ou à
dança, que são feitos de som e silêncio, de movimento e
repouso.
Assim, o jogo do Eu consiste em se perder e se reencontrar, num
jogo de esconde-esconde
sem começo e sem fim. Quando
se perde, perde todos os seus membros: perde a
lembrança de ser a única e
exclusiva realidade e brinca de ser a vasta
multidão dos seres e das
coisas que
formam este mundo. Quando se reencontra,
reencontra seus membros, recupera
a memória e redescobre que é
eternamente o ser único por detrás da multidão, o tronco
em
meio aos galhos, que sua
aparência de multidão é sempre maya,
o que significa "ilusão", "artifício",
"poder
mágico".
O jogo do Eu é pois semelhante a um espetáculo em que o
Eu é a um só tempo ator e
público.
Quando entra no teatro, o
público sabe que o que vai ver não é nada mais que uma
representação, mas o ator
hábil cria uma ilusão, maya, da
realidade,
que provoca no público o
prazer, ou o medo, o riso ou as lágrimas. É assim que
na alegria ou na dor de
todos os seres, o Eu, enquanto
público, está absorvido em
atenção diante dele mesmo,
enquanto ator.
Uma das numerosas imagens do
Eu é o hamsa, o Pássaro Divino que põe o
mundo,
sob a forma de um ovo.
Conta-se também que com a sílaba ham o Eu expira,
dispersando todas as
galáxias no espaço, e que com a sílaba sa ele aspira, remetendo tudo
à
unidade original. Logo, se
se repete as sílabas ham-sa, ou sa-ham, o que quer
dizer
"eu sou aquilo", onde
"aquilo" (o Eu) é o que cada ser
é, o que todos os seres são.
Quando expira, o Eu se chama Brahma, o criador. Quando está no intervalo
entre expirar e
aspirar, o Eu chama-se Vishnu, protetor de todos estes mundos. E
quando aspira, o
Eu chama-se Shiva, o que destrói a
ilusão.
Este relato, assim sendo,
não tem começo, nem fim, pois que o
Eu expira e aspira, se perde
e se reencontra, por toda a eternidade.
Estes períodos são por vezes
chamados seus dias e suas noites -- cada dia e cada
noite durando um kalpa, o que representa 4 320 000
de nossos anos. O dia, ou manvantara,
está dividido ainda em
quatro yuga ou épocas,
nomeados segundo os lances do jogo
de dados: primeiramente,
krila, o lance perfeito
que conta quatro pontos;
secundariamente,
treta,
que conta três; terciariamente, dvapara, que conta dois;
e
quaternariamente,
kali, o pior de todos,
que vale um ponto.
Krita
yuga é a
Idade de Ouro, o tempo da felicidade total no número, na forma, e em todas as
belezas do mundo dos sentidos, e que dura 1 728 000 anos.
Treta
yuga
é um pouco
mais curta, durante 1296 000 anos, e assemelha-se a uma
maçã dentro da qual haveria um só verme: as coisas apenas começam a ir mal e
cada prazer é maculado por um pouco de inquietude.
Dvapara
yuga
é ainda
mais curta. Sua duração é de 464 000 anos, e então as forças da luz e das
trevas, o bem e o mal, o prazer e a dor, estão em equilíbrio. E por fim, os 432
000 anos da efêmera.
kali
yuga,
em que o
mundo é abatido pelas trevas e decrepitude e o Eu se perde aponto de toda
sua
beatitude se mostrar sob a
aparência do horror. Enfim, o Eu se manifesta sob a forma de Shva, com dez
braços e corpo azul, envolto em fogo, para dançar a terrível dança tandava,
na qual o universo, tomado incandescente pelo
calor
do deus, se transforma em
cinzas e retorna ao nada. Mas a ilusão desaparece e o Eu se reencontra em sua
unidade e felicidade originais, e pela duração de um outro kalpa de 4 320 000 anos, permanece
no pralaya de paz total
antes
de se perder de
novo.
Os mundos que se manifestam
assim que o Eu expira não são somente
o nosso e aqueles que vemos no céu, pois,
além destes, há mundos que
são tão pequenos que 10 mil deles poderiam se esconder na ponta da língua de uma
borboleta, e outros tão grandes que todas as nossas estrelas poderiam caber no
olho dum camarão de um desses mundos. Há
também mundos no seio de nós
mesmos, e em redor, que escapam aos nossos cinco sentidos, e todos estes
mundos, grandes e pequenos, visíveis e invisíveis, são numerosos como os grãos
de areia do Ganges.
Através de todos esses
mundos que se manifestam, todos os seres dotados de sensibilidade passam pelos
seis caminhos, ou divisões da roda do devir. São os seguintes, contando no
sentido dos ponteiros do relógio, a partir do ponto superior da
roda.
O primeiro é o domínio do
deva, quer dizer, dos
deuses e dos anjos no ápice da felicidade e
perfeição
espiritual. O segundo é o
domínio do ashura, dos
anjos sombrios que revelam o Eu na beatitude da
cólera.
O terceiro é o domínio dos
animais mamíferos, peixes, pássaros e insetos. O quarto é
o
domínio do naraka, que é a aflição mais
profunda e o fracasso espiritual, na parte inferior da
roda,
compreendendo os purgatórios
de gelo e de fogo, revelando o Eu no êxtase da
dor.
O quinto é domínio do
preta, quer dizer, de
espíritos frustrados, de ventres imensos, e
bocas minúsculas. O sexto e
último é o domínio da humanidade. Todos os seres nos
seis
caminhos estão ligados à
roda do devir por seu carma, que
significa ação motivada pela finalidade -
quer seja boa ou má. Cada
ser deseja os frutos da ação, só enquanto continua
a
ignorar sua natureza
verdadeira, pois que pensa: "entrei na
existência, e cessarei de
existir, um
dia", e não
se dá conta de que não existe "eu",
nem ego, exceto o único e
original, além de todo tempo
e todo espaço.
Assim aquele que,
descartando todas as idéias e todas as teorias, e
considerando
longa e intensamente a
sensação de "eu sou", tomará
consciência - de imediato -
que não há eu, senão o Eu.
Esse se chama jivan-mukta,
ou liberto, enquanto
está em sua forma
individual, antes da morte do corpo e antes da dissolução
de
todos os mundos no fim do
kalpa. Para ele não
existem o "eu" e o "outro", o "meu" e o "teu", o
sucesso e o fracasso. De
todos os lados, o interior e o exterior, percebe todos os seres, todas as
coisas,
todos os acontecimento, como
sendo apenas o Eu que se compraz em
suas formas inumeráveis.
Sinal Vida
Veja Vida