Nº1
Entrada
Artedafome... Milhares de anos se passaram para que chegassemos até aqui, esperamos estar sabendo chegar a mesa alheia proporcionando-lhes a melhor maneira de saborear todo o alimento que despejamos aqui. Não tenham medo, podemos ferir a principio, mas nossos males veem para o bem, e se vierem para o mal com certeza não chegou a comida certa a sua mesa, caro mortal.
Esse espaço não é unilateral, ajude-nos doando a comida que vc tem em casa afim de que outros possam desfruta-la também, como estais a fazer agora. Desde já deixaremos nosso endereço de contato e despensa, dedicada a guardar, sabias palavras, ou não, de criticas, elogios e contribuições. O endereço é: artedafome@yahoo.com.br
Apresentações:
O Espirito da Velha Vadia & Meu Nome é Vargas. Esses dois seres criam e alimentam a Artedafome.
Sei que sou humano, cheio
de fatalidade e hipocrisia, mas humano não seria se me
entregasse sem lutar a essas panteras, o que é então ser homem?
Fera? Sei que não chego a perfeição mas me faz crescer a busca
por ela. O engrandecimento da minha alma prescinde da minha luta
por um mundo melhor. posso até não viver pra ver claramente a
revolução da sociedade, mas ei de suportar esse porém, pois
não preciso ver para crer que a estrada da mudança vai além da
minha curta e simples vida(existência).
Sinto por não poder olhar nos teus olhos e dizer essas palavras,
é muito fácil mentir através de mascaras ou catalizadores de
comunicação, mas, esforços faço para escrever de alma, para
que essas letras atravessem seus olhoss, e toquem algo além do
seu cérebro, além da matéria. não me preocupo que você saiba
o meu nome, pois para mim de nada ele presta.
(Autor Oculto)
O Limiar
A incerteza do momento é o que transforma tudo numa coisa magica
e assustadora. Mais um transeunte cambaleia solitário no asfalto
sob os primeiros raios da manhã que chega. O céu envolve-se num
momento mágico onde é impossível dizer se é dia ou noite, a
fronteira magnifica entre o ontem e o amanhã.
Os carros aos poucos passam irrompendo o silêncio que acalma e
angustia os que não conseguiram pregar os olhos a noite inteira.
Um grito surge na claridade da escuridão, é impossível
identificar de qual arranha-céu poderia ter partido aquele brado
aterrorizante. Cada cão e cada homem é agora suspeito de roubar
o silêncio que ninava a solidão. A melancolia amarga do momento
mágico começava a adocicar e a virar grãos cristalinos de uma
alegria estúpida e ao mesmo tempo sábia. Por um estante parece
que o mundo para e todos saboreiam um grão com a ponta vermelha
da língua.
O céu agora sorri azulado, as nuvens pintam um quadro magnifico
no céu ensolarado. As pessoas começam a se aglomerar, os carros
começam a passar com mais regularidade. A marcha apressada dos
humanos vista de cima, parece apenas uma caminhada displicente
num bosque frio e pedregoso. Os edifícios desalmados olham para
seus rebanhos apressados, como pais desnaturados olham os filhos
correrem para o perigo, para as grades do mundo. As luzes
tornam-se mais forte, o barulho aumenta e todo o momento de
fantasia torna-se um pesadelo constante e assustador.
Talvez muitos não parem para olhar o céu, mas todos sabem que
algo de especial aconteceu antes deles chegarem ali. Algo que
apenas a solidão de estar num parapeito de madrugada olhando o
nascer de um novo dia e o morrer do anterior pode mostrar, a
magia indescritível de estar no meio do nada, numa estação
atemporal entre o ontem e o amanha...
Talvez solidão, melancolia, sonhos ou só ilusão...
"Meu Nome é Vargas"
José (Carlos Drummond de Andrade)
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E
agora, José?
Sua doce palavra,
sua gula e jejum,
seu instante de febre,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se enconstar,
sem cavalo preto
sua gula e jejum
você marcha, José!
José, para onde?
Malvados
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