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ENGENHARIA
SOCIAL
O
termo é intrigante e até pomposo não é mesmo? Engana-se quem
pensa que tem a ver com ciências exatas ou sociologia,
Engenharia Social é o método de se obter dados importantes de
pessoas incautas através da velha e conhecida lábia... No
popular é um tipo de vigarice mesmo pois é assim que muitos
habitantes do underground da Internet operam para conseguir
senhas de acesso, números de telefones, nomes e outros dados que
deveriam ser sigilosos; tapeando os outros...
Como
fazem isso? Simplesmente perguntam... É claro que para se obter
êxito é preciso um certo talento para enganar os outros. Até
fora da Internet é comum o uso desse artifício, por exemplo:
alguém liga para sua casa fazendo-se passar por um funcionário
de sua agência bancária ou da administradora de seu cartão de
crédito, confirma alguns de seus dados pessoais como nome,
telefone e endereço e pede sua ajuda pois as senhas estão sendo
trocadas por segurança e é preciso que você diga sua senha
para que as providências sejam tomadas... Esse seria um dos
casos mais básicos de Engenharia Social mas a sofisticação
desse tipo de golpe pode ir muito mais longe dependendo do
artista que o aplica e também do nível técnico e treinamentos
da vítima.
A
tecnologia avança a passos largos mas a condição humana
continua na mesma em relação a critérios éticos e morais...
Enganar os outros deve ter sua origem na pré-história portanto
o que mudou foram apenas os meios para isso.
Em
redes corporativas que são alvos mais apetitosos para invasores
e abelhudos o perigo é ainda maior e pode estar até sentado ao
seu lado. Um colega poderia muito bem tentar obter a sua senha de
acesso mesmo tendo uma própria pois sabe-se que muitos dos
ataques sofridos em redes partem de funcionários ou ex-funcionários
insatisfeitos... Uma sabotagem feita sob a sua senha parece bem
mais interessante do que com a senha do autor não é mesmo?
Revirar
lixo também é uma prática comum nesse campo pois muitos
documentos importantes com dados sigilosos podem ser obtidos
dessa maneira. Uma relação de nomes com telefones, endereços e
outros que tais; uma lista de passwords e até mesmo um simples
organograma pode servir para alguém passar-se por outro que seja
seu superior na escala hierárquica.
Convém
atentar para o fato de que além da abordagem simpática e confiável
ou mesmo autoritária e imperativa o engenheiro poderá estar
munido de outros recursos conseguidos em abordagens preparatórias:
nomes de funcionários reais, códigos ou jargões conhecidos do
pessoal da comunidade, alegação de urgência e etc...
Kevin
Mitnick que é ou foi um dos hackers mais conhecidos do mundo,
esteve preso nos EUA até o começo deste ano é ou era um
verdadeiro expoente entre os engenheiros sociais. Diz-se que suas
habilidades nesse campo são muito mais avançadas do que em
conhecimentos técnicos de informática propriamente dita. Leiam
alguns trechos do livro O Jogo do Fugitivo de Jonathan Littman
– Ed. Rocco que descrevem como Kevin agiu em alguns casos e o
que pensava a respeito:
“Aos
13 anos já revirava lixeiras perto de companhias telefônicas
para encontrar manuais técnicos jogados fora.”
“Mitnick
telefona para os escritórios dos Oakwood Apartments. Sabe que os
Oakwoods fazem parte de uma enorme cadeia nacional. Ele gosta do
jogo, da farsa que está prestes a representar. Ele já sabe qual
é a estrutura de pessoal da companhia, mas, quando liga, pede
desculpas, explicando ser um funcionário novo. É amistoso e
confiável , e as pessoas parecem gostar dele naturalmente. A
mulher que o atende pega o cadastro do atual ocupante do 107b.
Absolutamente nenhum problema.”
“Ele
faz seu trabalho de detetive basicamente com telefones. Imita o
alvo, envia por fax autorizações com assinaturas autenticas,
diz que um incêndio queimou os arquivos. Qualquer tipo de
estratagema que seja capaz de imaginar.”
“No
Wells Fargo só é preciso o código diário e o número da
previdência social para ter acesso às informações privadas do
cliente. Mitnick liga para uma filial cujo número encontra num
catálogo, finge ser um gerente e consegue
obter o código do dia. A seguir, telefona para a filial onde seu
alvo tem conta e convence o caixa a ler tudo o que consta no cartão
de assinaturas dele: números da conta e da previdência social,
nome de solteira da mãe e endereço comercial. Ele digita o número
da conta acrescida dos últimos quatro dígitos do seu número de
previdência no telefone. Ouve a voz sintetizada do computador
recitar um resumo do extrato bancário.”
“Às
vezes faço engenharia social, diz Mitnick . Estou dirigindo e
penso: e se ela cair nesse papo? Aí pego o telefone e mando
brasa. Quer dizer, não se precisa de grandes estudos ou
planejamentos. Alguns dos lugares mais interessantes foram
investigados assim. É como se eu telefonasse para essa ou aquela
divisão, visse que havia algum idiota lá e metesse um blablablá.”
Pois
bem, agora que já sabem o que é a Engenharia Social e que
funciona na base da manipulação psicológica, o que fazer para
se precaver?
Em
empresas é recomendável que exista uma política de segurança
centralizada e bem divulgada para que todos saibam a quem
recorrer em casos de dúvidas além de orientação e
esclarecimentos aos usuários. No caso particular eu sugiro um
upgrade no desconfiômetro mas não a ponto de se tornar uma
pessoa desconfiada de todos, paranóica... Basta estar sempre
alerta para pedidos de dados sigilosos, nunca divulgar senha
nenhuma em qualquer circunstância pois a mesma perde o sentido
se não se mantiver secreta. |