>
Antivírus
– Testes comparativos – Entrevista
O
objeto desta entrevista compõe-se de três testes comparativos
entre produtos antivírus:
1 - University of
Magdeburg- dezembro/2000 http://superdicas.com/virusalerta/anti-virus_teste.html
. Publicado no site Virus
Alerta.
2 - Teste Anti-Vírus
2001 feito pela organização Hispasec http://www.oocities.org/br/segurancamaxima/sm_av_test.htm
3 - Teste Anti-Vírus
2001 feito por Marcos Velasco http://www.oocities.org/br/segurancamaxima/sm_av_test.htm
. Ambos publicados no site Segurança
Máxima (http://www.seguranca-maxima.com) .
Os
entrevistados são três especialistas no assunto:
Marcos
Velasco
(marcosvelasco@uol.com.br)
tem 29 anos e é Programador profissional, especialista em segurança
eletrônica de dados, com vasto conhecimento em vírus/trojans/worms
(tanto em criação, quanto proteção), alem de conhecimento
aprofundado em diversos formatos internos de arquivos, e Windows
Internals. Trabalho na área de informática há
praticamente 20 anos (desde os 9 anos de idade, sempre na área
de programação), e 13 anos dedicados a pesquisa de vírus.
Francisco
Javier Panizo Beceiro, formado engenheiro mecânico,
modalidade industrial, pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI)
de São Paulo, em 1973, trabalha com Suporte à Informática
desde 1985.
Tem se dedicado à área de Segurança de Dados e Vírus de
Computador, desde 1987, e além de ser o responsável técnico do
Site VÍRUS ALERTA - no endereço http://www.superdicas.com/virusalerta
- cuida da moderação de uma lista de discussão específica
sobre esse assunto, e que recebeu duas indicações da revista
Info Exame, como excelência nessa área.
O Francisco pode ser contatado pelo e-mail: consultoria@sti.com.br
Felipe
Moniz (fmoniz@ig.com.br)
é especialista em segurança de sistemas. Trabalhou na Aladdin,
trazendo o conceito de segurança de conteúdo para o Brasil, e
hoje atua como consultor na área de análise de
vulnerabilidades, detecção de intrusos e proteção, além de
desenvolver um software para testar a segurança de websites.
Apesar do currículo imenso, que acumula até viagens
internacionais para participar de seminários, Felipe tem apenas
19 anos.
Ary
– Um internauta que se utilizasse dos resultados desses testes
para definir qual programa antivírus deveria usar estaria
comprando três deles em menos de um ano... A que se pode
atribuir essas discrepâncias nos resultados dos testes?
Panizo
- A grosso modo os
resultados variam devido a:
a. diferentes amostras de vírus e trojans utilizados;
b. diferentes pontos de medição - alguns valorizam mais a detecção,
outros a capacidade de remover as infecções, e outros ainda a
capacidade de detecção de novos vírus (método heurístico);
De qualquer modo, a escolha de qualquer um dos produtos que se
destacaram em qualquer um dos ensaios é uma aposta bem segura.
Mas a seleção daquele que aparece entre os 3 melhores em todos
os ensaios é uma aposta quase que perfeita.
Velasco
- Acho
que não somente a quantidade de vírus detectados tem verdadeira
importância, isto dependera de uma serie de fatores, incluindo:
- se é mais valido comprar um software ou usar um gratuito ? A
interface do produto precisa ser fácil ou não importa ? O help
tem necessidade ? O suporte ? O antivírus precisa
estar em português ou não importa ?
Os
testes que realizei, não foram auditados por nenhuma empresa,
mas, pelo menos, fui contatado por boa parte delas, para
esclarecer dúvidas e ao mesmo tempo, ate na possibilidade de
trocas de exemplares de vírus, para que incluam em seus bancos
de dados.
A
diferença de resultados, deve-se principalmente, ao fato dos
tipos e "qualidades" dos vírus utilizados.
Por exemplo, existem muitos vírus que são "raros" e
que não são encontrados facilmente pela internet, e alguns
destes, as próprias empresas de antivírus não o possuem.
Vou
citar o exemplo de 1, conhecido como "PKZip 3.0", este
e´ um trojan para ms-dos, desenvolvido em 1995, que faz a
eliminação de diversos arquivos do HD, ele é considerado um
dos vírus mais raros.
Poucas
empresas o possui. Portanto, os antivírus Viruscan e
Norton, que são bem antigos, tem mais facilidade para detectar vírus
DOS (antigos), mas, os antivírus mais modernos, possuem novas técnicas
para detecção genérica, não se preocupando com
compatibilidade retroativa e recursos do gênero, portanto, tem
melhor tecnologia para detecção de vírus novos.
Então, ai está, para mim, a diferença dos resultados,
justamente, na "qualidade" dos vírus.
Moniz
- O que me
preocupa em relação aos testes são os critérios de avaliação,
muitas vezes estabelecidos em cima de um único produto, e a
escolha de softwares que não representam a categoria de antivírus.
É como pegar um time de vôlei, só porque lá tem um cara que
joga umas peladas, para jogar contra times de verdade em um
campeonato de futebol. Resultado: o time de vôlei fica em último
lugar no campeonato de futebol e dizem "esse time é o pior
time de futebol que existe". Não é o caso da Symantec, por
exemplo, que tem um time de vôlei (Norton Internet Security) e
um time de futebol bem definido (Norton Antivírus). Mas é o que
acontece com a Aladdin que tem um time de vôlei (eSafe Desktop)
que tem um jogador de futebol, mas não um time de futebol (um
antivírus-antivírus). O eSafe foi apontado como pior time de
futebol nos testes de antivírus, e ele é um time de vôlei. Ou
seja, não deveria estar ali.
Ary
- O
usuário pode se beneficiar com os resultados desse tipo de
teste? Podem servir como parâmetro decisivo na compra do
produto?
Panizo
- Sim, principalmente se sua condição de risco for
levada em consideração na escolha do produto a ser utilizado.
Se você está sujeito a condições de riscos desconhecidos, e não
consegue deixar sua vacina antivírus sempre atualizada, deve
escolher um dos produtos que tenham tirado melhores resultados
nos testes de detecção com uso de métodos heurísticos. Só
para exemplificar: nessa condição, e usando os ensaios levados
a cabo pelos pesquisadores da University of Magdeburg, a escolha
dos produtos deveria ficar apenas entre o VirusScan (o primeiro
neste tópico), F-Secure ou AVP (segundo e terceiro
respectivamente).
Velasco
- Primeiramente,
acho que o usuário deveria observar se está disposto a pagar
por um antivírus ou não. Partindo desta idéia, ele
ira fazer uma verificação do que realmente tem
necessidade. Os benefícios dos testes, servem nada mais,
para mostrar a eficiência de cada produto e para também tirar a
duvida de muitos usuários, que as vezes paga para ter um antivírus
"bom", mas, quando observa os testes, vêem que existem
produtos gratuitos que fazem muito melhor o trabalho.
Acredito que os testes servem sim, como parâmetro.
Moniz
- Existem vários
casos. Tem aquele cara que usa um determinado antivírus que
nunca deixou ele na mão e nunca deu problema, e faz isso há
anos. Então, ele vê um desses testes e resolve trocar de antivírus.
Mas ao fazer isso, ele não sabe que correrá dois riscos. O
antivírus novo pode falhar alguns meses ou dias depois de ter
feito a troca, o que lhe dará rapidamente uma sensação falsa
de proteção - será que aquele teste estava realmente certo? O
antivírus novo pode conflitar com outros programas da máquina
das formas mais esquisitas possíveis, até mesmo por ter mais
recursos ou recursos diferentes de monitoramento - não seria
melhor eu ter continuado com aquele antivírus que estava ótimo?
Tem aquele cara que resolve usar dois antivírus ao mesmo tempo e
aí, se ele não fizer as configurações necessárias, corre
também risco de conflitos. Enfim, o usuário que já possui um
antivírus, e se o mesmo nunca deu problemas, deve se preocupar
somente com as atualizações. É a melhor opção, e a mais
segura também, principalmente para o usuário que ainda não
domina o computador.
Ary
- Os
testes usam milhares de tipos de vírus... Até que ponto isso é
necessário? São tantos os vírus que representam perigo real?
Panizo
- Não exatamente,
inclusive porque um dos maiores especialistas do mundo em vírus
de computador, o sr. Joe Wells, afirma que não existem mais de
uns 600 vírus realmente disseminados no mundo, atacando nossos
micros.
Mas o uso de uma base maior, determina - de forma
estatisticamente mais perfeita - quais são os produtos mais
confiáveis e seguros.
Velasco
- Não
são tantos os vírus que representam perigo real, mas, de
qualquer forma, hoje, com a Internet sempre em expansão, devemos
ter em mente, que, todos os dias, são lançados dezenas de novos
worms, trojans e vírus pelo mundo e que a forma de contaminação
pode alcançar milhares de computadores em apenas algumas horas
(como foi o caso do Melissa e o I Love You).
Portanto, teremos sempre necessidade de produtos como antivírus,
mas, também, produtos que permitam detecção genérica, sem a
necessidade de atualizações constantes, visto que, antivírus,
trabalham geralmente, com assinaturas.
Moniz
- Os vírus que
representam maior perigo são aqueles que surgirão amanhã. E
ainda existe um vírus que ataca bastante, que existe desde o início
das primeiras contaminações: o vírus da desatualização.
Qualquer antivírus bom desatualizado vira um péssimo antivírus.
Não se pode confiar totalmente na proteção contra vírus
desconhecidos dos antivírus. No dia em que isso for possível, não
haverá mais atualização de tabelas de antivírus.
Ary
- Para
a segurança do sistema o que é mais importante em relação a vírus,
o software antivírus ou hábitos preventivos? Que hábitos são
esses em sua opinião?
Panizo
- Depende do conhecimento técnico do usuário sobre este
assunto. Para quem conhece razoavelmente bem, o uso de antivírus
pode até ser considerado irrelevante. Mas para a maioria dos usuários
o uso de um bom antivírus, aliado a uma atualização constante
de suas vacinas, é essencial para a paz de espírito, e a
segurança de seus dados e programas.
Alguns hábitos, entretanto, são básicos, e todos deveriam usá-los:
1. nunca executar programas em anexos de e-mails, principalmente
se você não pediu para receber isso;
2. nunca fazer download de programas, principalmente pequenos
utilitários, de sites não confiáveis;
3. não deixar disquetes dentro do drive - essa é a fonte básica
de infecção dos vírus de boot;
4. deixar seu programa de e-mail, seu Excel e seu Word, executar
macros, ou ActiveX, por conta própria - e se receber um aviso
desse, jamais deixar a execução continuar se você não souber
- que tais macros ou ActiveX são seguros;
Velasco
- Acho
um grande erro as pessoas acharem que, por estarem com antivírus
instalado, estão totalmente protegidos. Hoje, para se ter
uma boa segurança, precisamos ter uma combinação de produtos e
ainda, ter os próprios hábitos preventivos. Um hábito
que temos seguir sempre: NÃO acreditar em programas
que venham por email, principalmente em formatos (exe, com, shs,
vbs, vbe, js, je, doc, xls, entre outros), todos podem conter vírus,
trojans ou worms, podendo fazer um verdadeiro estrago no sistema.
Um outro habito... para quem não quer correr riscos contra worms
scripts, entre no registry e troque as entradas de todos os
wscript.exe e cscript.exe para notepad.exe, desta forma, terão
muito menos problemas contra worms-scripts. Outros hábitos,
precisariam ser explicados mais tecnicamente... mas, de qualquer
forma, muitos usuários poderão se beneficiar de melhor segurança,
utilizando-se de um firewall pessoal, para complementar o pacote.
Ary
- Como
se faz isso de trocar as entradas de wscripts.exe?
Velasco
- Basta
você executar o regedit.exe (que vem em todas as versões do
Windows), e fazer a pesquisa por "wscript.exe" e depois
por "cscript.exe"... exemplo, na chave:
HKEY_CLASSES_ROOT\VBSFILE\Shell\Open\Command
Dentro
desta chave, esta:
wscript.exe
"%1" %*
devemos
modifica-lo para:
notepad.exe
"%1" %*
Ary
– Sugiro aos leitores que não sabem como interferir no
Registro do Windows que não o façam...
Moniz
- O primeiro
deles é a atualização, é a certeza de que o sistema está
sendo atualizado. Seja manualmente ou automaticamente. O segundo
deles é a informação. A informação
dá a importância de cada atualização e ensina métodos de
prevenção. Há também, além dos vírus, o universo dos
trojans, cavalos-de-tróia, e dos worms, que se propagam através
de emails. Temos que nos preocupar.
Ary
– Sintam-se à vontade
para dar suas mensagens aos leitores desta matéria.
Panizo
- Sugiro fortemente a leitura de sites que tratam do
assunto vírus de computador, e segurança de dados. Se seu forte
não for o inglês prefira os sites brasileiros mais conceituados
nesse campo. Um dos mais ativos, e consultados, é o VÍRUS
ALERTA. Você pode consultar suas dicas, calendários de ataque,
e biblioteca técnica de vírus, no endereço http://www.superdicas.com/virusalerta
.
Abraços.
Velasco - Estejam
sempre atualizados em relação aos softwares de proteção e
nunca pensem que "jamais" serão invadidos, roubados ou
contaminados por vírus, pois isto é um erro real....
Gostaria
de fazer agradecimento pela oportunidade de apresentar minhas
opiniões aqui.
Obrigado.
Moniz
- Valorizem o
material desenvolvido aqui no Brasil sobre segurança, como este
artigo e os testes de nosso amigo Marcos Velasco. E colaborem. É
importante errar, antes de acertar. É importante tentar - o que
não se pode é ficar sem fazer nada. Nós precisamos é de
iniciativa nossa para melhorar a segurança dos nossos
computadores, dos computadores desse país e que um dia nossos
filhos e netos irão utilizar.
Isso,
de mandar mensagem, sempre desperta meu lado político. :)
Ary
– Eu é que agradeço a colaboração destas três feras.
Acredito que como eu os leitores desta entrevista tiveram muitas
dúvidas esclarecidas. Obrigado. |