CIGARRAS
Nilton Bustamante
Alma,
encanto da Criação, urge planetária.
Sopro de
vida, poema Divino, em corpo material.
Terra, escola nos ciclos das Ciências, morada dos
habitantes – trabalhadores estudantes - que buscam a observação
dos exteriores para saber o que levam no íntimo.
Descobrirem-se e transformarem-se.
O trabalho, tão necessário, tornaram-no rude; pesaram os
ombros, olhares só incredulidade, os desejos somente
poder... Tornaram-se formigas, os homens.
Interessam-se somente pelo que podem receber vantagem. Egoísmo,
nada mais.
Almas
poetas, cosmonautas, mensageiros, vieram em socorro. Almas
poetas exemplificam a coragem ao serem frágeis. Sonhadoras. Algo
já esquecido, ou não aprendido.
Almas poetas,
cigarras dos tempos, ensinam cantos e encantos,
exclamam a viabilidade de transpor as impossibilidades: Quando
o homem desvirginou o azul, o poeta há séculos já vislumbrava
outras galáxias. Quando o homem mapeou o genoma, o poeta há
muito já passeava pelo espírito. Quando o homem dominava a
guerra, o poeta desde sempre entendia-se com a paz. Quando o
homem formiga regrediu com o risco de voltar a ser
pedra, o poeta fez poesias e amou.
Almas poetas exclamam lágrimas, risos, encontros, desencontros,
sentimentos sem fim das contemplações humanas.
Almas
poetas, arautos, proclamam a vida para os homens lembrarem-se
que há coração... Mostram que a matéria pode ser acumulada,
nunca incorporada. Ensinam que o espírito somente cresce,
expande, quando faz do amor oferta generosa.
Homens-formigas, Super-homens de aço, de pedra, de vazio
crescente, ouvem... ouvem... os poetas.
Autor: Nilton Bustamante
São
Paulo, Brasil
07-07-2003 |