EM
REVISTA !
Meus
sentimentos em
posição de sentido, passo em revista.
Repasso
para marcar presença,
qual é a ausência?
Sinto
falta do orgasmo - não um qualquer - e sim o libertário.
Totalizo
no final a culpa dos infortunados, o que fazer?
Qual
é a culpa da liberdade?
Qual
é a liberdade sem culpa?
Quem
– ou o quê – quando está preso sempre sonha com a fuga.
Os
desejos, mesmo antes de sê-los, são condenados.
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A vida não é só gozo, é também desgosto – insistem uns.
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A conformidade teatral é a boa política – insistem outros.
Mas
grito que não quero, que não agüento a solidão.
A
solidão de um beijo distraído, de um gemido morto.
Abram-se
as janelas, as portas!
Destelhem-se
os que nos protegem.
Vamos
gritar, de cio, nus e sem máscaras.
Dê-me
seus seios agridoces, estou com fome.
Para
que poupar tanta energia?
Quero
tratá-la com indecência agora e um pouco mais além.
Jogá-la
às minhas feras, no circo da impiedade, sem normas, nem horas.
Não
me venha agora me mostrar o roteiro dos seus deveres.
Para
que esconder?
Tire
o lenço do pescoço, afinal você não é francesa.
Vão
rir de suas marcas pelas ruas e chorar em suas casas, os coitados.
Então
sorria largo e desfile...
De
uma forma ou de outra sempre estamos em revista, então?
E
se você gostar?
E
se eu não agüentar?
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Peitos para fora, cabeça erguida, em posição! Vamos nós outra vez...
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