Mãe!
Mãe Terra. Sim o planeta também é mãe.
Ao semear o solo fértil, faz rebrotar a vida em milhares de outras.
Os ciclos, as estações, tudo coopera em favor da eclosão da
continuidade da vida.
Mãe Terra, que acolhe as mulheres, suas dignas parceiras, que nos
úteros abrigam o óvulo fecundo, cheio de vida.
Neste planeta feminino, as mães são as
jardineiras cuidando do bem maior.
Mãe Terra, matriarca.
Bendita é a mãe Terra, com suas cicatrizes que registram a ingratidão
dos homens; da mesma forma a mulher-mãe também possui cicatrizes
profundas causadas pela ingratidão. Mas mesmo quando maltratadas
reservam um traço de esperança, contando que a renovação da espécie
como da vida são impulsionadas por uma vontade divina que a tudo
compreende e releva, sobrepondo-se a todos e ao próprio tempo.
Bendita a mãe que luta e foge da insânia dos “faraós” para
preservar a vida de seu filho. E os “faraós”, os “césares”, os
“herodes”, dos tempos contemporâneos são a fome, a miséria, a
doença, a desagregação social, as drogas, a deterioração dos
bons costumes, a mercantilização da fé,...
Bendita é a mãe que sofre com seu filho pregado na cruz da vida.
Bendita é a mãe que ora pelo seu filho e que não dorme enquanto não
o vê retornar ao lar são e salvo.
Bendita é a mãe que alimenta seu filho com o néctar da vida,
ensejando os melhores sentimentos, sonhos e destino.
Bendita é a mãe que marca com seu amor, mesmo em áridas almas pagãs
de filhos perdidos.
Bendita é a mãe que tem consciência da responsabilidade do “dom”
da vida, que se esmera na educação e orientação dos seus
filhos, impondo limites e repreendendo séria e energicamente
quando se desviam pelos atalhos sem saída - que só levam a lugar algum
e decepções amargas.
Mulher mãe, seu corpo é seu universo. É a própria representação do
nosso planeta Terra.
Tão bendita tu és, mulher-mãe, que Deus confiou a ti a divindade da
criação.
Feliz aquela que, no retorno, entregar seu filho a Deus, melhor do
que quando o recebeu.
Que confortante é seu colo, alcova mais segura e serena, que faz
adormecer na mais profunda confiança a criança que se recolhe e se
entrega.
Bendita quando adota um filho. Sublime quando adota não um corpo, mas a
alma que há nele.
Benditas são as mães que choram pelos seus filhos nos presídios, nos
cárceres, nas masmorras. Os erros, as falhas, podem ser de um, ou de
outro, ou de ambos; podem estar chorando as conseqüências de graves
faltas tanto na orientação, como no aprendizado. Mas, se Deus confiou
um ao outro, é porque a Sua Sabedoria de Pai Celestial nos faz ver que
a boa educação leva uma vida inteira e o grande aperfeiçoamento em
muitas outras vidas
Todo o esforço é válido.
Benditas são as “loucas da Praça de Maio”, empunhando cartazes de
seus filhos desaparecidos pela violência da intolerância ideológica.
Benditos são os seios maternos africanos, nordestinos, de
terceiro-mundo, quando não têm mais nada a oferecer aos seus filhos,
nem mesmo a esperança. Não se pode criticar vivendo “fora desses
cenários”.
Benditas são as Marias, as Lurdes, as Aparecidas, as Fátimas, todas as
Senhoras.
Benditas as amas-secas, as amas-de-leite e as madrastas, sinceras, e as
lobas com seus Remos e Rômulos.
Há mães que não geraram vidas em seus úteros, às vezes inférteis,
mas em suas almas souberam prover o mais necessário para seus filhos: o
amor!
Nos berços de ouro, na caminha improvisada, até mesmo na manjedoura, a
verdadeira mãe sabe que o tesouro maior é o seu filho.
A mãe consegue ver em seu filho o traço de anjo, onde outros olhos só
vêem o feio, o grotesco, a miséria, os crimes. A mãe vê com os
mesmos olhos do Criador.
Devemos nos conscientizar que mesmo aquele mais degenerado, desregrado,
atrasado, em todos os aspectos, criminoso bestial, ainda assim,
têm uma semente sagrada adormecida em sua essência, pois é
fruto do Perfeito, Obra de Deus.
Tudo que Deus cria é bom, temos que fazer nossa parte, nos esforçando
para o grande crescimento.
Não importa quantos caminhos errados, quantas máculas a carregar,
todos um dia seremos perfeitos, próximos de Deus, a zelar pelo
Universo, expandindo a Obra Divina. Por isso, não nos cabe o direito de
instituir a pena de morte contra quem quer que seja, pois se aquele
“ser” veio “nascer” entre nós, foi por uma providência divina.
Todos têm o direito de evoluir. Se há seres que não conseguem
conviver em sociedade, isole-os, mas com cuidados saneadores para
reformarem-se, se possível, nunca aniquilá-los pelo ódio, pela
vingança revestida de justiça. Todos estamos errando, a cada dia, a
cada momento, pensamentos e atos inconfessáveis. Quem de nós,
honestamente, está limpo de todas as culpas? Se assim fora não mais
estaríamos nesse “vale reformatório”.
Estamos todos aprendendo uns
com os outros.
Um dia vendo um filme bíblico, ainda adolescente, me revoltei
profundamente a ponto de desejar a morte sumária de todos aqueles que
apedrejavam, amaldiçoavam, humilhavam e por fim felicitavam-se pela
condenação e morte de Jesus.
Quando, de súbito, uma voz interna, providencial, perguntou-me:
“- E se uma daquelas pessoas que foram agora condenadas à morte pela
sua boca fosse você em tempos passados? Continuaria, ainda assim, o seu
veredicto?
E o que o torna melhor do que aqueles algozes, se tu, como eles,
sentenciou em cego ódio?”
Confesso que fiquei paralisado e nada pude responder.
Se Deus constituiu uma vida, que direito temos para destituí-la?
Bendita é a vida!
Bendita é a mulher!
Bendita é a mãe que gerou seu filho não no útero, mas em sua alma!
E às mulheres-mãe que falharam desgraçadamente, que abortaram, que
não aceitaram o filho deficiente, que jogaram no lixo a criança
indefesa, que se aprimoraram na plástica do corpo enquanto a alma se
afeava, a nossa oração.
Homenagem ao Dia das Mães
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