MEGALÓPOLE

 

 

   

...ao passar pela via expressa da marginal unissonamente com os demais carros, para quem ia em direção da monotonia, o frio do leito do rio subia pelo meu olhar apático, quando, de súbito, como num conto de ficção, a cidade feito um monstro ergueu-se assustadoramente junto à madrugada nublada, vindo do horizonte e tomando conta dos espaços.

Que impacto!  

A cidade se portava como um animal selvagem, quando não sabemos prever suas ações e reações. Tudo é enganador e suspeito: da mesma forma quando  a fera nos olha melancolicamente como criança triste querendo carinho, ou  se está somente prestes a atacar a qualquer descuido fatal.  

Sensação de medo e insegurança foi o que, entre outras coisas, senti.

                 

Com o sentimento de espanto foi incrível observar  a cidade, fera disforme com a pele cinzenta, encardida, com luzes berrantes iluminando lugares estratégicos (iscas). Era como se a tivesse conhecido naquele momento.  

É,  tive repúdio àquela pobre coitada, agonizante em solidão, onde as suas vítimas, todas devoradas, estavam aprisionadas em seu interior por grades feitas de ganâncias, egoísmos, orgulhos, interesses, acomodações e de todas as possíveis degradações conseqüentes da neurose dessa sociedade, vítima do sistema.  

E, naquele momento, tomei consciência de que também estava sendo devorado já quase totalmente...  

Como fugir das garras desta fera?


 
 
Ateliê da Alma
Direitos Autorais Reservados: Nilton Bustamante

 

Acervo de todos os Registros 
no Livro de Visitas, 
assim como 
das mensagens recebidas dos amigos.

 

Site desenvolvido por:
Márcia Posthuma
Página atualizada em: 07/11/2003
Designer:
Todo conteúdo destas páginas são protegidos 
por Leis de Direitos Autorais e não podem ser usados para qualquer propósito, 
sem autorização por escrita do responsável.

 Counter