ESCULTURA
 
A sós.
No escuro a amplitude da sala perde-se.
A madrugada nos abraça, num triângulo sem religião.
A ausência de luz é quase absoluta. Ausência para ceder lugar ao silêncio.
Vez ou outra, o suspirar.
Sonar.
Sonhar.
Gata e rato.
Gata que não quer matar, só brincar.
Vida e morte, sorte.
A quietude fala mais alto, significa mais que qualquer palavra neste momento.
A atmosfera exige cuidados; cuidados em encontrar o desejo mútuo de nos beijar, de nos tocar a alma...
Visão desnecessária; a madrugada anfitriã olha por nós, como cuida dos amantes em todos os continentes, desde todas as épocas.
Tato.
Pelo tato nos procuramos nesta sala, neste palco, neste altar, neste céu de estrelas; pelo tato percorremos o silêncio.
Sem juras de amor.
Sem murmurar o “para sempre”.
Sem a necessidade do futuro – agora é a eternidade.
Sem etiqueta; sem etiquetas; sem caras e bocas.
Só o tato bom do amor.
Só o ofegar.
Só o “a sós”.
Escultura.
Esculpir seu corpo é minha missão. Suas formas estão na memória de minhas mãos. Estou como o artista extasiado com a recompensa do resultado do esforço de sua arte.
Criação.
Loucura.
Por um momento, música itálica programada no aparelho “high-tec”, sem interferências, acompanha o ato mais antigo entre macho e fêmea, homem e mulher.
Êxtase.
Silêncio, madrugada, silêncio!
Meu amor descansa. Hoje ela invadiu guerreira noite adentro, sem pudor.
Silêncio, madrugada, silêncio!
Meu amor está descansando, nua e livre, nas palmas criadoras de minhas mãos.
Adormeceu.

 

 

 
Ateliê da Alma
Direitos Autorais Reservados: Nilton Bustamante

Imagem Original - Fotografia Nú Artístico
Cedida por PLÍNIO SGARBI

 

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Página atualizada em: 31/10/2003
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