É TEMPO DE SE APAIXONAR
Onde se quer chegar?
Olha-se compenetrado janela afora, bate-se contra a vidraça
transparente.
Da mesma forma olho para o céu chuvoso convidativo para um passeio de
amor; trombo contra a realidade transparente, mas que está rígida impondo
limites.
Uma volta, um vôo, uma pequena fuga repleta de excitação. É uma ida
sem tempo, sem memória, um encontro com a paixão.
Um alô ao “Pequeno Príncipe” que está em seu planetinha. Preciso
aprender algo mais sobre “jibóias e elefantes”; algo mais beleza dos
sentimentos – não se precisa aprender o francês, o bom príncipe é
universal.
Dê-me logo seu pescoço para chupar-lhe os desejos. Não tenha medo. Não
sou vampiro, não tenho capa, nem caninos acentuados - sou apenas um homem.
Quero sua jugular, do veneno do seu receio, de suas dúvidas, das suas contradições
ao dizer não e sim ao mesmo tempo.
Ao fechar os olhos vejo nós dois voando pela noite romântica, entre
sorrisos cúmplices, e ao amanhecer fazendo o desjejum num hotel dos Jardins.
Onde chegar?
Qual a dosagem, qual a coragem?
Somos totalmente livres, ou nossa liberdade é vigiada?
Precisamos de céu aberto na noite escura para encher os peitos e
suspirar; refletir em nossos olhares o brilho da sedução.
A atração é um clássico – atravessa as épocas sem sair de moda.
Bem que você poderia colocar uma rosa entre os dentes e dançar para
mim. Tomar uma chuva de poesias...pés descalços, areia quente, pensamentos
indecentes.
Não comece tocha acesa tocando fogo em tudo. Não tenha pressa, se puder
queime aos poucos, pois temos ainda outros vôos ao pequenino planeta de um
menino de cabelos de anjo, que compreende os amantes.
Em qualquer lugar, em qualquer época podemos nos encontrar e viajar. Uma
paixão que pode ser rompedora, como um navio abrindo ao meio o iceberg – ao
contrário do filme.
Estamos apenas nos conhecendo: eu a mim e você a si mesma.
Podemos nos perguntar: até que ponto podemos nos atrever? Há a vidraça
transparente da realidade – não pode ser quebrada, cuidado!
Será um caminho para mostrar o que nos falta? Ou certificar-se de vez
que tudo está certo em nossas vidas e que somos até felizes?
Eu sei, não somos mais crianças; só os jovens arriscam-se em sonhar. Só
os loucos engolem-se nos estacionamentos de carros e pessoas circulantes;
somente os repletos de eternidade oferecem a jugular na praia escura deitados e
nus, querendo conversar com um pequeno príncipe estelar que desde 31 de julho
de 1944 ganhou para sempre a companhia de Antoine de Saint-Éxupéry após
levantar vôo de reconhecimento no Mediterrâneo para não mais aterrissar em
terras de guerras –quando não estão no minúsculo planeta, estão no deserto
conversando.
A
paixão é para aqueles que se esqueceram de envelhecer.
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