MUSA
E POESIA
O
criar liga-se ao sentimento. E o sentimento, algumas vezes, está totalmente
envolvido, não tem senso do lógico, do certo, do possível; quer-se somente
"abrir" os olhos e sentir a boa sensação.
É
uma gangorra entre a realidade e a fantasia, entre os pés no chão e a cabeça
nas praias das Filipinas, é a emoção da possibilidade do logo mais, do a sós,
do estar vivo e eterno, contrastando com o estar vivo em mais um dia.
É
deixar o coração correr fogoso pelas campinas, é colher flores, esticar as mãos
aos céus e "arrumar" as nuvens desajeitadas; é colocar a musa
querida no colo e rolar pela relva, dar beijos que selam a confiança, a
entrega...
É
estar nu, mesmo que com roupas; é ser verdadeiro mais que confidencial.
Na
quietude do escuro da madrugada, que pede, que atiça, que provoca, ser o que se
permitir; buscar com a liberdade das quatro paredes a simbiose (transmutar o
multi em uno).
Se
um dia ao sair de sua realidade e permitir-se visitar um sonho, minha poesia
estará vestida de nudez, mãos estendidas e atentas para lhe abraçar. Após o
sonho, acorda-se, mas valerá a pena brincar nessa gangorra.
Poder-se-á ter a
sensação que enquanto “sonho” está-se acordado, e enquanto acordado está-se
dormindo.
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